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Organização e Gestão

Escolar da Educação
Básica
Organização e Gestão
Escolar da Educação Básica

1ª edição
2017
Unidade 3
Função social da escola
brasileira
3
Para iniciar seus estudos

Para iniciar seus estudos: Estamos começando nossa terceira unidade


da disciplina de Organização e Gestão Escolar da Educação Básica. Nas
unidades anteriores, discutimos a organização da educação brasileira e
sua legislação. Nesta unidade, vamos debater a função social da escola
brasileira no processo de formação das pessoas como sujeitos históricos,
ressaltando o papel da organização escolar como instituição formada
por esses sujeitos e seus desdobramentos na organização da sociedade.
Dessa forma, iniciaremos com a concepção e a função da educação como
uma construção histórica.

Objetivos de Aprendizagem

• Dialogar com a realidade e as mudanças educacionais brasileiras;


• Compreender criticamente como funciona a formação dos sujei-
tos da educação básica;
• Refletir acerca dos problemas que permeiam a educação básica.

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Organização e Gestão Escolar da Educação Básica | Unidade 3: Função social da escola brasileira

3.1. A realidade, as mudanças educacionais brasileiras e a


função social da escola
Cara(o) aluna(o), em sua formação educacional e sobretudo a partir da decisão da sua profissionalização para
o magistério, você tem se deparado com discussões acerca da função social da escola. Em geral, os debates
giram em torno da formação de cidadãos críticos, éticos e capazes de transformar a realidade e formação para
o mundo do trabalho.
Nesse sentido, a função social da escola está relacionada à construção do conhecimento e da cidadania,
mediante a disponibilidade de situações, nas quais os seus sujeitos trabalhem o respeito, a tolerância, a valoriza-
ção das diversidades (religiosas, culturais, físicas, étnico-raciais, de gênero, de orientação sexual, dentre outras),
mediante um diálogo pacífico.

A função social da escola está relacionada à construção de conhecimentos e à preparação


para a cidadania, cabendo à escola trabalhar de forma interdisciplinar os conteúdos de sua
matriz curricular e temas transversais imprescindíveis para a formação cidadã do estudante.

A escola, como principal responsável pela aprendizagem sistemática, deve propiciar a todos os sujeitos o acesso
aos instrumentos necessários à construção do conhecimento sistematizado, pois é essa apropriação que justifica a
sua existência. O conhecimento prévio, a experiência e a opinião devem ser valorizados, pois através de outros tipos
de conhecimento (filosófico, ideológico, senso comum, entre outros) é que se constrói o conhecimento científico.

Além do conhecimento científico, fruto de um método científico, há outros tipos de conhe-


cimento que não são testados nem foram submetidos por um método, como o ideológico, o
filosófico, o religioso e o senso comum. Na escola, esses conhecimentos devem ser valoriza-
dos e contribuem para a construção do conhecimento científico.

Para Demerval Saviani (2008), muitas vezes a escola perde de vista a sua função. O trabalho fundamental que
ela deve desenvolver nos estudantes é referente à leitura, à escrita, à matemática, às teorias básicas das ciências
naturais e da história e geografia humana, vinculado à realidade do estudante. Quando a escola foge do seu
foco, não garantindo a construção do conhecimento, tende a desfavorecer as classes mais vulneráveis financei-
ramente, pois estas necessitam da escola para ascenderem socialmente, superando as condições previamente
impostas. De acordo com Saviani (2008), a função social da escola é:
[...] impedir o desenvolvimento da ideologia do proletariado e a luta revolucionária. Para isso ela
é organizada pela burguesia como um aparelho separado da produção. Consequentemente, não
cabe dizer que a escola qualifica diferentemente o trabalho intelectual e o trabalho manual. Cabe,

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isto sim, dizer que ela qualifica o trabalho intelectual e desqualifica o trabalho manual, sujeitando
o proletariado à ideologia burguesa sob um disfarce pequeno-burguês. (SAVIANI, 2008, p. 23).
Pode-se corroborar que as afirmações colocadas no parágrafo anterior não perderam sua validade. Entretanto,
espera-se muito mais da escola, pois o conhecimento e a informação adquiriram abrangência muito mais dinâ-
mica e passaram a “constituir força produtiva direta, afetando o desenvolvimento econômico” (LIBÂNEO; TOS-
CHI; OLIVEIRA, 2012, p. 43).
A literatura considera que a finalidade da educação é resultado da estrutura do ambiente social e é identificada
como o conjunto de interesses comuns de um determinado grupo, e se efetiva de forma igualitária em todos os
seus membros.
O contexto que se impõe sobre os meios de produção e sobre o campo educativo diz respeito mais especifica-
mente à revolução da microeletrônica. Em nosso cotidiano, percebemos a presença diante de manifestações
relativas a aparelhos domésticos, smartphones, aparelhos de TV e som, serviços bancários, entre outros. Tais
manifestações nos fazem criar cada vez mais necessidades tecnológicas. Entretanto, no campo da produção, a
microeletrônica vem intensificando a automação industrial.
Observa-se a presença de técnicas de gestão do trabalho nas grandes indústrias relativas ao toyotismo, just in time
e kan ban. Assim, a microeletrônica permite:
a. o aumento da produção em tempo menor;
b. a eliminação de postos de trabalho;
c. maior flexibilidade e, ao mesmo tempo, maior controle sobre os processos de produção de trabalho;
d. barateamento e a melhoria da qualidade dos produtos e serviços. (LIBÂNEO; TOSCHI; OLIVEIRA, 2012, p. 77).
Tal realidade remete às novas organizações capitalistas e seus modos de produção. O homem deixa de ser aquele
ser histórico que mediante as relações que estabelece com outros se humaniza, mas torna-se um fator de pro-
dução, que precisa vender a sua força de trabalho.

Glossário

Pode-se caracterizar o Toyotismo, resumidamente, como um método de produção japonês


sustentado pelos princípios da “autonomação” e do “Just In Time”, com orientação da produ-
ção por demanda (ou seja, só é produzida a quantidade exata requisitada pela procura) e fle-
xibilização do trabalho e da mão de obra. O Toyotismo pode ser entendido como um modelo
de produção, também conhecido como Modelo Toyota de Produção. Just in time (fazer na
hora) se refere à diminuição dos custos de manutenção do estoque de peças (Fonte: http://
www.infoescola.com). Kan ban se refere ao controle das etapas da produção por meio de car-
tões de avisos

Nessa perspectiva, constata-se que os ideais de educação não são mais os mesmos para todos, tendo em vista
que não somente a classe dominante possui ideais distintos dos defendidos pela classe dominada como também
quer impor os seus ideais, fazendo com que a classe dominante os aceite.
Segundo Saviani (2008), a construção de um sistema educacional deve promover a transformação de toda a
estrutura social de maneira que a educação não se transforme em uma concepção mecanicista “segundo a qual,
enquanto reflexo da estrutura social, a educação não pode senão estar a serviço da classe dominantes.”

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Por outro lado, as marcas indeléveis da atualidade econômica recaem sobre a educação impondo drastica-
mente reformas estruturais em sua base social. Nesse sentido, Libâneo, Toschi e Oliveira (2012, p. 43) afir-
mam a urgente necessidade de reforma do sistema educativo, principalmente em países em desenvolvimento.
Esses autores afirmam:
O raciocínio sistematicamente reiterado por agências financeiras internacionais, como o Banco
Mundial, é o seguinte: novos tempos requerem nova qualidade educativa, o que implica mudança
nos currículos, na gestão educacional, na avaliação dos sistemas e na profissionalização dos profes-
sores. A partir daí, o sistema e as políticas educacionais de cada país precisam introduzir estratégias,
reorganização curricular, autonomia das escolas, novas formas de gestão e direção das escolas,
novas tarefas e responsabilidades dos professores. (LIBÂNEO; TOSCHI; OLIVEIRA, 2012, p. 43-44).
Nesse contexto, a educação brasileira procura se aproximar da realidade mundial a partir da Conferência Mun-
dial sobre Educação para Todos, realizada na Tailândia em 1990, e das orientações para a educação formula-
das pela UNESCO.
Você, cara(o) aluna(o), aprofundou seus conhecimentos sobre as políticas educacionais e sobre a Unesco na Uni-
dade de Ensino 2 e pôde compreender como as políticas públicas sociais da educação são elaboradas. Assim,
prosseguimos a apresentação desta unidade com foco nas mudanças educacionais brasileiras face às demandas
geradas pelo processo de globalização, fatores socioeconômicos e sobretudo pela função social da escola.
Diante do exposto, a formulação da legislação educacional brasileira procedeu ao atendimento dos pressupostos
de ampliação do atendimento escolar da educação básica por meio de diferentes planos e projetos governa-
mentais, implementando ações de ampliação da autonomia dos sistemas estaduais e municipais, das unidades
escolares, dos professores, como expresso no PNE 2014-2024:
O segundo Plano Nacional de Educação aprovado por lei representa uma vitória da sociedade
brasileira, porque legitimou o investimento de 10% do PIB em educação e adotou o custo-aluno-
-qualidade. Afinal, a Meta 20 existe para garantir todas as outras metas que trazem as perspec-
tivas de avanço para a educação brasileira, nas dimensões da universalização e ampliação do
acesso, qualidade e equidade em todos os níveis e etapas da educação básica, e à luz de diretrizes
como a superação das desigualdades, valorização dos profissionais da educação e gestão demo-
crática. (BRASIL, 2014, p. 23)
Entretanto, as reformas educacionais e as medidas implementadas de fato nem sempre acompanham as
intenções declaradas em virtude da obrigação política relacionada a procedimentos econômicos, interesses
governamentais em detrimento de uma política de Estado em favor do estabelecimento de um real sistema
de ensino nacional.
A preocupação com a realidade da educação brasileira, portanto, faz com que nos remetamos às transforma-
ções da sociedade no contexto da globalização quanto aos aspectos políticos, culturais, sociais, formação de
professores, organização do trabalho, gestão, entre outros aspectos a serem analisados no decorrer dos nossos
estudos. Vejamos o quadro 3.1, analítico das novas demandas para a educação.

Quadro 3.1 – Realidade social e exigências de mudanças para a educação

Valorização da educação formadora:


Trabalhador flexível e polivalente habilidades cognitivas, competências
sociais e pessoais

Finalidades compatíveis com os


Capitalismo e Escola
interesses de mercado

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Modificam os objetivos e as
Desenvolvimento social e econômico
prioridades da escola

Modificações nos interesses,


Exigências de mercado
necessidades e valores escolares

Mudança de práticas, meios de


Revolução tecnológica comunicação e desenvolvimento de
informática

Motivação dos professores a


Alteração na prática docente
trabalharem com novas tecnologias

Formação de indivíduos capazes de


aprender permanentemente em
Capacitação permanente
relação às novas tecnologias e novas
formas de organização do trabalho

Maior e melhor qualificação


profissional, desenvolvimento de
Formação global
atitudes e disposição para a vida na
sociedade técnico-informacional

Desenvolver conhecimentos,
capacidades e qualidades para a
Autonomia
autonomia, consciência criticada
cidadania.

Formação de cidadãos éticos e


Cidadania
responsáveis

Novas funções da escola frente à realidade social contemporânea.

Fonte: Libâneo, Toschi e Oliveira (2012, p. 62-63).

No contexto da revolução tecnológica, a educação assume, ao lado da formação para a cidadania, a finalidade
de desenvolver habilidades técnicas, sociais para servir ao mundo do trabalho, como descrito no parágrafo a
seguir. Logo, a educação é apropriação de saber social e desenvolvimento de potencialidades, com vistas à
formação integral do homem, ou seja, o desenvolvimento físico, social, profissional, político, cultural, afetivo,
filosófico, entre outros.
Nesse sentido, a política educacional tratou de aprimorar critérios para o oferecimento do ensino profissional com
a promulgação, em 2012, das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio:
Art. 2º A Educação Profissional e Tecnológica
Parágrafo único. As instituições de Educação Profissional e Tecnológica, além de seus cursos
regulares, oferecerão cursos de formação inicial e continuada ou qualificação profissional para
o trabalho, entre os quais estão incluídos os cursos especiais, abertos à comunidade, condicio-
nando-se a matrícula à capacidade de aproveitamento dos educandos e não necessariamente
aos correspondentes níveis de escolaridade. (BRASIL, 2012)

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Em paralelo as concepções apontadas acima, Saviani (2008) lembra o surgimento de algumas teorias, com o
objetivo de contrapor às teorias vigentes, fazendo a crítica e apontando as consequências sociais, políticas, eco-
nômicas, culturais da pedagogia oficial que era a pedagogia tecnicista. Decorrente dessa situação, nasce um
problema: a necessidade de se construírem pedagogias contra-hegemônicas, ou seja, que em vez de serem sub-
servientes aos interesses dominantes se alinhassem aos interesses dos dominados.

Glossário

Concepções pedagógicas contra-hegemônicas “são aquelas orientações que não apenas


não conseguiram se tornar dominantes, mas que buscam intencional e sistematicamente
colocar a educação a serviço das forças que lutam para transformar a ordem vigente visando
a instaurar uma nova forma de sociedade. Situam-se nesse âmbito as pedagogias socia-
lista, libertária, comunista, libertadora, histórico-crítica.” (verbete elaborado por Demerval
Saviani) Disponível em: http://www.histedbr.fe.unicamp.br/navegando/glossario/verb_c_
concepcoes_pedagogicas_contra_hegemonicas.htm

Como prática social, a educação se desenvolve nas relações estabelecidas entre os grupos, seja no ambiente da
escola, seja em outros grupos da vida social, caracterizando-se também como espaço social de disputa hegemô-
nica, esta no sentido de organização das atividades e conteúdos aos interesses das classes.
Diante das novas exigências para a educação a legislação educacional, em especial o Plano Nacional de Educa-
ção – PNE 2014-2015 – estabeleceu em suas metas bases para a educação profissional, como expresso na Meta
10 e em suas estratégias, entre as quais citamos as de número 10.2 e 10.3:
Meta 10: oferecer, no mínimo, 25% das matrículas de educação de jovens e adultos, nos ensinos
fundamental e médio, na forma integrada à educação profissional.
Estratégias:
10.2. expandir as matrículas na educação de jovens e adultos, de modo a articular a formação ini-
cial e continuada de trabalhadores com a educação profissional, objetivando a elevação do nível
de escolaridade do trabalhador e da trabalhadora;
10.3. fomentar a integração da educação de jovens e adultos com a educação profissional, em
cursos planejados, de acordo com as características do público da educação de jovens e adultos
e considerando as especificidades das populações itinerantes e do campo e das comunidades
indígenas e quilombolas, inclusive na modalidade de educação a distância (BRASIL, 2013).
Em conclusão, reafirmamos que, no desempenho de sua função social, a escola precisa ser um espaço forma-
dor de sujeitos e que permita a socialização do conhecimento que vai sendo construído paulatinamente. Dessa
forma, a educação resulta da interação entre a atividade humana e histórica que vai se construindo mediante as
relações sociais.

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3.2. Formação dos sujeitos da educação básica


A escola ainda ocupa um papel essencial para o desenvolvimento do ser humano, como sujeito crítico e cola-
borador na sociedade, sendo o sistema educacional amplo, bastante complexo e amparado de distintas funções
para etapas, níveis e modalidades de ensino. Sabe-se que a principal função da escola é desenvolver situações
para que os estudantes construam conhecimentos, ou seja, está diretamente relacionada ao processo de ensino
e aprendizagem.

Figura 3.1 – A formação escolar na atualidade e a solidariedade.

Um grande grupo de pessoas ao redor de um livro formado também por pessoas, educação solidária na atualidade.
Fonte: https://br.123rf.com/search.php?word=fun%C3%A7%C3%A3o+social+da+escola&srch_lang=br&imgtype=2&t_
word=Social+function+of+the+school&t_lang=br&mediapopup=41394959

A ação educativa visa à humanização do homem por meio da identificação dos elementos culturais acumula-
dos historicamente. Na escola são identificados e selecionados os elementos necessários e imprescindíveis ao
processo de aprendizagem. A escolha das metodologias, a organização dos meios, espaços e conteúdos são de
competência do currículo escolar, que deve estar alinhado ao projeto pedagógico, elaborado a partir das espe-
cificidades da escola. Tais proposituras seguem a base da formulação da Constituição Federal de 1988 para a
educação, conforme o art. 5:
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incenti-
vada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo
para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: (EC no 19/98 e EC no
53/2006)
I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

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II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;


III – pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições (BRASIL, 1988)
Nesse sentido, a escola deve trabalhar de forma a incluir todos os seus sujeitos, independentemente de credo,
cor, raça ou capacidade física e mental. Tais pressupostos nos remetem aos objetivos das Diretrizes Curriculares
Nacionais Gerais para a Educação Básica quanto à sua função de “[...] presidir as demais diretrizes curriculares
específicas para as etapas e modalidades” (BRASIL, 2013, p. 9) e ao que preconiza em:
Exige-se, pois, problematizar o desenho organizacional da instituição escolar, que não tem con-
seguido responder às singularidades dos sujeitos que a compõem. Torna-se inadiável trazer para
o debate os princípios e as práticas de um processo de inclusão social, que garanta o acesso e
considere a diversidade humana, social, cultural, econômica dos grupos historicamente excluídos.
Trata-se das questões de classe, gênero, raça, etnia, geração, constituídas por categorias que se
entrelaçam na vida social – pobres, mulheres, afrodescendentes, indígenas, pessoas com deficiên-
cia, as populações do campo, os de diferentes orientações sexuais, os sujeitos albergados, aqueles
em situação de rua, em privação de liberdade – todos que compõem a diversidade que é a socie-
dade brasileira e que começam a ser contemplados pelas políticas públicas. (BRASIL, 2013, p. 16)
Diante das novas exigências socioeconômicas que recaem sobre a escola, faz-se necessária uma análise crítica
da realidade sobre a formação dos sujeitos na educação básica. Nesse sentido, os autores Libâneo, Toschi e Oli-
veira ressaltam que a pedagogia tem levado a efeito o que segue no quadro 3.2:

Quadro 3.2 – Formação dos sujeitos da educação básica na atualidade

Ações Governamentais Ações Escolares

Adoção de mecanismos de Atenção à eficiência, à qualidade,


flexibilização e diversificação dos ao desempenho e às necessidades
sistemas de ensino e das escolas. básicas de aprendizagem.

Avaliação constante dos resultados


Estabelecimento de rankings dos
(do desempenho) obtido pelos
sistemas de ensino e das escolas
alunos, resultados esses que
públicas ou privadas, que são
comprovam a atuação e a qualidade
classificadas /desclassificadas.
do trabalho desenvolvido na escola.

Criação de condições para que se


Ênfase sobre a gestão e a
possa aumentar a competição entre
organização escolar, com a adoção
as escolas e encorajar os pais a
de programas gerenciais de
participar da vida escolar e escolher
qualidade total.
entre as várias escolas.

As ações realizadas pelas políticas educacionais e pelas escolas.

Fonte: Libâneo, Toschi e Oliveira (2012, p. 127).

O Quadro 3.2 descreve algumas das ações governamentais sobre as políticas educacionais e seus efeitos na
organização escolar, bem como na condução dos seus processos pedagógicos. Entretanto, tais formulações
devem ser vistas pelos educadores como novas formas de proceder os processos de ensino-aprendizagem de
maneira que se preserve seu caráter de formação cidadã por meio dos novos conhecimentos e habilidades téc-
nicas exigidos.

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Na perspectiva da articulação da escola com o mundo do trabalho, a solidariedade, a preservação dos valores
nacionais, as lutas pela democratização do ensino devem fazer parte das novas formas de ensinar e de aprender
de maneira que se construa uma ação educativa dualizada com a formação para a produtividade ao mesmo
tempo desenvolvendo a capacidade crítica, a consciência da importância da participação social e a formação
ética. (LIBÂNEO; TOSCHI; OLIVEIRA, 2012, p. 133).

A formação para a cidadania crítica e participativa diz respeito a cidadãos trabalhadores


capazes de interferir criticamente na realidade para transformá-la, e não apenas para inte-
grar o mercado de trabalho. (LIBÂNEO; TOSCHI; OLIVEIRA, 2012, p. 134).

Diante do exposto sobre o caráter dualizado da educação referente à formação para a produtividade e formação
para a cidadania, destacamos a Carta Magna brasileira no que tange aos princípios norteadores básicos da edu-
cação no país:
Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração decenal, com o objetivo de
articular o sistema nacional de educação em regime de colaboração e definir diretrizes, objeti-
vos, metas e estratégias de implementação para assegurar a manutenção e desenvolvimento do
ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades por meio de ações integradas dos poderes
públicos das diferentes esferas federativas que conduzam a: (EC no 59/2009)
I – erradicação do analfabetismo;
II – universalização do atendimento escolar;
III – melhoria da qualidade do ensino;
IV – formação para o trabalho;
V – promoção humanística, científica e tecnológica do País;
VI – estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção
do produto interno bruto. (BRASIL, 1988)

Além do conhecimento científico, fruto de um método científico, há outros tipos de conhe-


cimento que não são testados nem foram submetidos por um método, como o ideológico, o
filosófico, o religioso e o senso comum. Na escola, esses conhecimentos devem ser valoriza-
dos e contribuem para a construção do conhecimento científico.

Observamos, entretanto, que as políticas educacionais procuram aproximar a realidade das novas concepções
educacionais quando passam orientações para os sistemas de ensino estaduais e municipais fundamentarem
suas práticas regionais da maneira mais próxima possível da preservação dos valores principais da educação,

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sem, contudo, eximi-los da responsabilidade de caminhar junto às novas exigências para a formação para o
mundo do trabalho.
Nessa perspectiva, as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica, considerando as novas exi-
gências para a formação dos sujeitos da educação básica, preconizam os seguintes objetivos:
I – sistematizar os princípios e diretrizes gerais da Educação Básica contidos na Constituição, na
LDB e demais dispositivos legais, traduzindo-os em orientações que contribuam para assegurar a
formação básica comum nacional, tendo como foco os sujeitos que dão vida ao currículo e à
escola;
II – estimular a reflexão crítica e propositiva que deve subsidiar a formulação, execução e avaliação
do projeto político-pedagógico da escola de Educação Básica;
III – orientar os cursos de formação inicial e continuada de profissionais – docentes, técnicos,
funcionários – da Educação Básica, os sistemas educativos dos diferentes entes federados e as
escolas que os integram, indistintamente da rede a que pertençam. (BRASIL, 2013, p. 9)
A escola, como principal responsável pela aprendizagem sistematizada, deve propiciar a todos os sujeitos o
acesso aos instrumentos necessários à construção do conhecimento sistematizado, pois é essa apropriação que
justifica a sua existência. O conhecimento prévio, a experiência e a opinião devem ser valorizados, pois através
de outros tipos de conhecimento (filosófico, ideológico, senso comum, entre outros) é que se constrói o conhe-
cimento científico.
Demanda, portanto, um currículo atualizado, métodos de ensino atuais, de forma que os professores desen-
volvam metodologias interessantes, dialógicas, participativas e desafiadoras, problematizando os conteúdos e
incentivando a reflexão, a pesquisa, a formulação de hipóteses, as questões, a manifestação de opiniões e dúvi-
das, a troca de ideias e experiências entre grupos.

Diante do aprofundamento de questões tão desafiadoras para a educação brasileira,


chamamos você, cara(o) aluna(o), a debater com seus colegas sobre o papel da escola no
atual momento em que os novos caminhos que levam à construção do conhecimento a
partir da escolarização dos cidadãos recebem enorme carga de responsabilidade perante
as exigências de mercado. Então, reflita e discuta com seus colegas sobre o novo papel da
educação frente à revolução tecnológica no Fórum desafio.

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A “Pátio – Revista Pedagógica” dedicou sua edição no 3, “Para que serve a escola?”, de
novembro de 1997, à reflexão sobre a função social da escola. Entre as seções do periódico,
apresenta artigos e matérias relacionadas ao tema, como o texto “Um Modelo para Priori-
dades Educacionais numa Sociedade de Informação”, de Fredric M. Litto. Fonte: http://sme-
duquedecaxias.rj.gov.br/nead/Biblioteca/Forma%C3%A7%C3%A3o%20Continuada/Arti-
gos%20Diversos/internet/ARTIGO%20PATIO%20REVISTA%20PEDAG%C3%93GICA%20
N%C2%BA%203%20-%20nov%201997-jan%201998.htm.

3.3. Problemas que permeiam a educação básica


A história da educação brasileira revela que há um bom tempo o acesso à escola era privilégio de poucos, geral-
mente pertencentes às classes mais favorecidas financeiramente, logo a função social da escola nesse período
era excludente. Essa situação começa a mudar no século XX, após a Proclamação da República, apesar de ainda
persistirem alguns problemas que há tempos vêm se arrastando no cenário educacional e que comprometem a
igualdade na oferta do ensino público.
Até os dias atuais, permanecem na agenda da educação nacional a universalização do atendimento escolar, a
erradicação do analfabetismo e a melhoria da qualidade da educação, temas que estão presentes em documen-
tos legais como a Constituição Federal, o Plano Nacional de Educação (Lei no 13.005/14), o plano de metas e
compromisso Todos pela Educação, assim como acordos internacionais com foco na educação, como a Confe-
rência Mundial sobre educação para todos.
Em pleno século XXI, a agenda da educação acumula problemas do passado e anuncia outros novos desafios a
superar. É importante destacar a relação da educação com as condições de vida da população. A Organização das
Nações Unidas (ONU), por meio do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), vem apontando em suas pesquisas
que a qualidade de vida dos cidadãos de cada nação está diretamente relacionada ao desenvolvimento. No Bra-
sil, o IDH de 2016 demonstra estagnação, colocando o Brasil em 79o lugar entre 188 nações, o que caracteriza o
país com grande desigualdade e diferenças acentuadas no que tange à distribuição de renda.

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é a referência mundial, medida anualmente,


para avaliar o desenvolvimento humano a longo prazo. O índice, que vai de 0 a 1, é calculado
a partir de três variáveis: vida longa e saudável (saúde), acesso ao conhecimento (educação) e
um padrão de vida decente (renda). O Brasil ficou em 79o no ranking mundial em 2013, com
o índice de 0,744, entre os países com desenvolvimento humano elevado.

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Houve consideráveis avanços quanto ao acesso à escola, no entanto o desafio reside na expansão das possi-
bilidades de permanência dos estudantes e na qualidade do ensino. Nos últimos anos, as ofertas de vagas nas
instituições escolares públicas foram ampliadas de forma significativa, em algumas cidades o atendimento foi
universalizado, no entanto ainda são bastante elevados os índices de reprovação e evasão. Para assegurar a per-
manência do educando na Educação Básica, a LDB instituiu em seu artigo 5o a obrigatoriedade conforme abaixo:
Art. 5º O acesso à educação básica obrigatória é direito público subjetivo, podendo qualquer
cidadão, grupo de cidadãos, associação comunitária, organização sindical, entidade de classe ou
outra legalmente constituída e, ainda, o Ministério Público, acionar o poder público para exigi-lo.
§ 1º O poder público, na esfera de sua competência federativa, deverá: I – recensear anualmente
as crianças e adolescentes em idade escolar, bem como os jovens e adultos que não concluíram a
educação básica; II – fazer-lhes a chamada pública;
III – zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola. § 2o Em todas as esferas admi-
nistrativas, o poder público assegurará em primeiro lugar o acesso ao ensino obrigatório, nos
termos deste artigo, contemplando em seguida os demais níveis e modalidades de ensino, con-
forme as prioridades constitucionais e legais.
§ 3º Qualquer das partes mencionadas no caput deste artigo tem legitimidade para peticionar no
Poder Judiciário, na hipótese do § 2o do art. 208 da Constituição Federal, sendo gratuita e de rito
sumário a ação judicial correspondente.
§ 4º Comprovada a negligência da autoridade competente para garantir o oferecimento do
ensino obrigatório, poderá ela ser imputada por crime de responsabilidade.
§ 5º Para garantir o cumprimento da obrigatoriedade de ensino, o poder público criará formas
alternativas de acesso aos diferentes níveis de ensino, independentemente da escolarização
anterior. (BRASIL, 1996)
A leitura do artigo 5o da LDB9.394/96 remete à qualidade social da educação com relação ao combate à evasão
escolar, à repetência e distorção idade/ano/série ao implementar a obrigatoriedade da matrícula na educação
básica a partir de quatro anos de idade.
Em paralelo às questões gerais referentes às políticas governamentais anteriores, apresentamos, para nossa
reflexão acerca dos problemas que permeiam a educação básica, ocorrências geradas a partir das novas dinâmi-
cas sociais que eclodem no interior das escolas e que fazem parte das reivindicações de educadores e pais para a
melhoria da qualidade do ensino.
Tais preocupações fazem parte das discussões que levam à elaboração de orientações oficiais presentes nas Dire-
trizes Curriculares Nacionais da Educação Básica 2013, como também dos planos dos sistemas de ensino dos
Estados e Municípios.
Nesse sentido, o educando do ensino fundamental é visto como o sujeito que relaciona a aquisição da leitura e
da escrita aos usos sociais, referentes ao convívio familiar, sendo que a escola é o principal lugar onde ela passa
a se expressar publicamente. Dessa forma, nesse período de aquisição dos saberes, um dos papéis educacio-
nais escolares é o reforço das normas da conduta social, intensificando habilidades facilitadoras do processo
ensino-aprendizagem.

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Figura 3.2 – Problemas da Educação.

Indisciplina e desinteresse são problemas que devem ser contornados.


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arch=54863416&mediapopup=54863416

Os alunos adolescentes, com o desenvolvimento intelectual e afetivo, passam a elaborar pensamentos mais abs-
tratos e modificam seus relacionamentos sociais voltando-se para aqueles da mesma idade e também passam a
construir valores próprios. Nesse sentido, a educação escolar, por meio de uma relação dialógica, pode colaborar
com a importante fase por que passam os estudantes fortalecendo a construção da autonomia e a aquisição de
valores morais e éticos.
Tais premissas corroboram desafios para a escola no sentido de promover a inclusão digital dos alunos de forma
crítica e de acordo com os objetivos didáticos. Assim, cabe à escola problematizar o uso das novas tecnologias,
como também dos apelos comerciais no sentido de contribuir
[...] para transformar os alunos em consumidores críticos dos produtos oferecidos por esses meios,
ao mesmo tempo em que se vale dos recursos midiáticos como instrumentos relevantes no pro-
cesso de aprendizagem, o que também pode favorecer o diálogo e a comunicação entre profes-
sores e alunos. Para tanto, é preciso que se ofereça aos professores formação adequada para o
uso das tecnologias da informação e comunicação e que seja assegurada a provisão de recursos
midiáticos atualizados e em número suficiente para os alunos. (BRASIL, 2013, p. 113)
Para além do exposto com relação ao uso das novas tecnologias de forma crítica pelos estudante e à formação
adequada dos professores para o trabalho em sala de aula com os novos recursos tecnológicos, são enormes os
problemas que permeiam a educação básica, pois os problemas sociais, tais como violência, doméstica, abuso e
exploração sexual, exploração do trabalho, saúde, repercutem na vida escolar, e nem sempre a prática pedagó-
gica em sala de aula consegue resolver os problemas de aprendizagem.
Nesse sentido, a escola pode colaborar quando atua coletivamente, bem como quando se articula aos organis-
mos, Conselho Tutelar, para minimizar as questões sociais que afetam a educação. De acordo com a Lei no 8.069,
de 13 de julho de 1990 (que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente), são as seguintes as atribuições
do Conselho Tutelar:

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Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar:


I – atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as
medidas previstas no art. 101, I a VII;
II – atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as medidas previstas no art. 129, I a VII;
III – promover a execução de suas decisões, podendo para tanto:
a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social, previdência, trabalho
e segurança;
b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de descumprimento injustificado de suas
deliberações.
IV – encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua infração administrativa ou
penal contra os direitos da criança ou adolescente;
V – encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência;
VI – providenciar a medida estabelecida pela autoridade judiciária, dentre as previstas no art. 101,
de I a VI, para o adolescente autor de ato infracional;
VII – expedir notificações;
VIII – requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou adolescente quando necessário;
IX – assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta orçamentária para planos e
programas de atendimento dos direitos da criança e do adolescente;
X – representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação dos direitos previstos.
XI – representar ao Ministério Público para efeito das ações de perda ou suspensão do poder fami-
liar, após esgotadas as possibilidades de manutenção da criança ou do adolescente junto à famí-
lia natural.
XII – promover e incentivar, na comunidade e nos grupos profissionais, ações de divulgação e
treinamento para o reconhecimento de sintomas de maus-tratos em crianças e adolescentes.
(BRASIL, 1990)
Violência escolar e indisciplina dificultam a aprendizagem dos alunos e o trabalho dos professores. Entretanto,
[...] violência das sociedades contemporâneas, mas também da violência simbólica da cultura da
escola que impõe normas, valores e conhecimentos tidos como universais e que não estabelece
diálogo com a cultura dos alunos, frequentemente conduzindo um número considerável deles
ao fracasso escolar. Não só o fracasso no rendimento escolar, mas também a possibilidade de
fracassar que paira na escola, cria um efeito de halo que leva os alunos a se insurgirem contra as
regras escolares.
O questionamento da escola que está por trás desses comportamentos deriva também da rápida
obsolescência dos conhecimentos provocada pela multiplicação dos meios de comunicação e do
fato de, ao ter-se popularizado, o certificado que ela oferece já não é mais garantia de ascensão
e mobilidade social como já foi nos períodos em que a escola pública era altamente seletiva. Daí
decorre que o professor, para assegurar a disciplina em sala de aula, condição necessária para
o trabalho pedagógico, precisa agora legitimar a sua autoridade pedagógica junto aos alunos,
o que requer um esforço deliberado para manter o diálogo e a comunicação com eles. (BRASIL,
2013, p. 112– 113)

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Por outro lado, um dos problemas que envolvem a educação básica é a ausência dos pais. O envolvimento dos
pais nas atividades escolares deve se dar por meio dos órgãos de participação democrática, das reuniões de pais
e professores, das festividades etc., e não somente quando são chamados por indisciplina dos filhos.
O contato informal com os pais serve para que os professores compartilhem as responsabilidades pedagógicas,
respeitando-se as atribuições que cada sujeito deve ter nessa relação. Entretanto, é importante que fique claro
para os pais de que forma podem contribuir para a melhoria da qualidade do ensino.
Outro fator relacionado aos problemas vivenciados no interior das escolas está ligado às formas de comunicação
dos atos administrativos. Segundo Libâneo, Toschi e Oliveira referem-se à transparência na decisões e aprimora-
mento das formas de comunicação:
a. Comunicação como forma de competência dos indivíduos, isto é, saber comunicar-se com os outros e
ouvi-los;
b. A comunicação como característica dos processos de gestão, uma vez que as pessoas precisam estar
informadas das diretrizes do sistema de ensino, do que acontece na escola, das normas e rotinas admi-
nistrativas. (LIBÂNEO; TOSCHI; OLIVEIRA, 2012, p. 523-524).
Tais formações dizem respeito diretamente às intenções de melhorar as relações na escola e à eliminação do
autoritarismo, falta de respeito com o outro, entre outros aspectos das relações interpessoais e sociais que envol-
vem diretamente a participação da comunidade na escola.
Os problemas que permeiam a educação básica requerem da instituição escolar, assim como da família e dos
setores institucionais da sociedade, a promoção de articulações que levem à valorização da escola e do professor.
Da mesma forma, a gestão escolar deve cultivar o desenvolvimento de atitudes pautadas na ação participativa
em que todos participem da elaboração de normas de convívio e respeito registradas no Regimento Escolar, de
acordo com a legislação educacional.

Glossário

Efeito halo é um termo da psicologia que tem sido usado por autores da educação. É defi-
nido pela psicologia social como um fenômeno psicológico que interfere em um julgamento
correto dos fatos que vivenciamos no quotidiano. Descoberto em 1920 pelo psicólogo esta-
dunidense Edward Thorndike, o efeito halo fala a respeito de como temos uma primeira
impressão do indivíduo e como a usamos para criar uma impressão global dessa pessoa. No
caso da educação, o efeito halo diz respeito a julgamentos pré-estabelecidos que levam a
atitudes não condizentes com os princípios educacionais

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Considerações finais
Nesta unidade de estudo vimos os seguintes pontos:
• A finalidade da educação é resultado da estrutura do ambiente
social, e é identificada como o conjunto de interesses comuns de
um determinado grupo, e se efetiva de forma igualitária em todos
os seus membros.
• Com as transformações trazidas pela sociedade capitalista e com
a revolução tecnológica, a organização da sociedade é modificada
e não só ela, mas as relações sociais de produção, o entendimento
sobre o homem, sobre o trabalho e a educação.
• No contexto da revolução tecnológica, a educação tem como
finalidade desenvolver habilidades técnicas e sociais para servir
ao mundo do trabalho. Logo, a educação é apropriação de saber
social e desenvolvimento de potencialidades, com vistas à forma-
ção integral do homem, ou seja, o desenvolvimento físico, social,
profissional, político, cultural, afetivo, filosófico, entre outros.
• A realidade atual e as novas formas de produção a partir da
revolução tecnológica, ou da sociedade do conhecimento, do
novo modelo de mercado, impõem mudanças educacionais que
não condizem com os parâmetros igualitários na formação de
todos os cidadãos.
• Diante das novas exigências socioeconômicas que recaem sobre
a escola, faz-se necessária uma análise crítica da realidade sobre
a formação dos sujeitos na educação básica.
• Houve consideráveis avanços quanto ao acesso à escola, no
entanto um dos problemas da educação básica reside na expan-
são das possibilidades de permanência dos estudantes e quali-
dade do ensino.
• Nos últimos anos, as ofertas de vagas nas instituições escolares
públicas foram ampliadas de forma significativa, em algumas
cidades o atendimento foi universalizado, no entanto ainda são
bastante elevados os índices de reprovação e evasão.

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Considerações finais
• A leitura do artigo 5o da LDB 9.394/96 remete à qualidade social
da educação com relação ao combate à evasão escolar, à repetên-
cia e distorção idade/ano/série ao implementar a obrigatoriedade
da matrícula na educação básica a partir de quatro anos de idade.
• Diante dos problemas que permeiam a educação básica com rela-
ção aos problemas sociais, a educação escolar, por meio de uma
relação dialógica, pode colaborar com a importante fase por que
passam os estudantes fortalecendo a construção da autonomia e
a aquisição de valores morais e éticos.

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Referências bibliográficas
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constitucional promulgado em 5 de outubro de 1988, com as alterações
determinadas pelas Emendas Constitucionais de Revisão nos 1 a 6/94,
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LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática.
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Paulo: Vozes, 2006.

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