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BARONE, ROSA ELISA M.

EDUCAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS : QUESTÕES PARA


O DEBATE. BOLETIM TÉCNICO DO SENAC, Rio de Janeiro: v. 26, n. 3, p. 3-18, set./dez.,
2000.

Rosa Elisa M. Barone é Socióloga, Mestre em Educação: História e Filosofia da Educação pela
PUC-SP, Doutora em Educação: História e Filosofia da Educação pela PUC-SP. Atualmente é
professora na Universidade Bandeirante de São Paulo. Desenvolve trabalhos voltados para as
áreas de Educação e Políticas Públicas e Educação e Trabalho. Além dos artigos publicados em
periódicos, é autora do livro \"Canteiro-escola: trabalho e educação na construção civil\".

Barone propõem discutir o tema da educação sobre o quadro das políticas públicas na
contemporaneidade relacionadas com o contexto sócioprodutivo e político brasileiro e as
concepções neoliberais gestadas no âmbito internacional. Aponta que estas políticas estão
diretamente vinculado ás políticas educacionais e na definição das políticas públicas sociais.

A autora retrata que o quadro sócio-político e econômico desenhado desde anos 70 teria
implicado na definição das políticas sociais, na relação entre o público e o privado e na
redefinição do papel do Estado.

Ela conta que no campo da educação emergem novas solicitações feitas à educação e à escola, à
comunidade, aos trabalhadores, tendo em vista a busca de maior produtividade, qualidade e
competitividade, marcadas por uma economia de mercado.

A autora conceitua a “nova ordem” mundial como sendo a internacionalização, mundialização e


globalização dos mercados econômicos, com a tendência de redefinição do papel do Estado em
decorrências das transformações tecnológicas e organizacionais que produzem diferentes
impactos no campo das políticas sociais e públicas.

Revela que esta “nova ordem” redefine o conceito de espaço e tempo a partir, principalmente, das
tecnologias baseadas na microinformática. Mostra que a mudanças nas relações de demanda do
trabalho, mudando o perfil do emprego, buscando um trabalhador que esteja conectado ao
processo de mudança.Uma força de trabalho mais qualificada e apta a “aprender a aprender” as
novas competências que são exigidas para a vida em sociedade. E atribui à educação básica de
caráter geral, o papel estratégico de promover o desenvolvimento das novas capacidades
requeridas do trabalhador.

A autora realiza uma critica as diretrizes dos organismos financeiros internacionais que através de
sua política neoliberal, aplica ajustes estruturais na economia dos paises em desenvolvimento,
como uma imposição aos processos de modernização, e a absorção de novas tecnologias, sob o
risco de reforçarem a sua exclusão.

Informa que cabe ao Estado nesse processo de readaptação desempenhar ações de caráter
compensatório de ajustes econômicos, definindo novas relações entre o público e o privado,
criando fundos destinados ao financiamento de programas sociais, visando garantir uma estrutura
institucional que propiciasse a superação de problemas históricos da política social da América
Latina.

Rogério A. Venegeroles aluno de pós-graduação da Segmentum Instituto de Educação para o Curso de Gestão com ênfase em
Coordenação, avaliando a disciplina:Legislação e Políticas Públicas .
Mostra que o Brasil foi fortemente marcado pela presença de políticas sociais sem direitos
sociais. E estabelece ao Estado o papel de salvaguardar os detentores de capital, em nome dos
interesses do mercado.

Avisa que às organizações não-governamentais, se propõem a intermediar o dialogo entre as


instancias do governo e os interesses da sociedade.Relata que há uma crescente participação da
iniciativa privada nos campos ligados à educação e ao meio ambiente.

Destaca o desenvolvimento da noção de responsabilidade social vinculada ao crescimento do


“terceiro setor” da organização (espontânea) da sociedade civil para o trato de temas públicos.
Mostra que nos últimos anos essas idéias vêm se materializando através de iniciativas privadas no
campo da educação pública.Através de uma união entre as empresas e as escolas, reiterando o
pressuposto neoliberal de que o Estado seria inoperante na gestão escolar.

Chama atenção para um “novo consenso” destacando a inclusão de aspectos relativos ao


desenvolvimento humano, à educação, à tecnologia e ao meio ambiente. Solicitando a ampliação
das medidas econômicas que objetivem o desenvolvimento sustentável, igualitário e democrático.
Um discurso que busca recuperar a importância de investimentos em políticas sociais, reiterando
e reforçando os preceitos políticos definidos como "Terceira Via".

Coloca que este modelo de crescimento definido para os países em desenvolvimento tem
produzido impactos no campo da educação. Com ênfase no ensino básico para crianças, a
descentralização, o financiamento, o modelo de gestão e o incentivo à participação da iniciativa
privada, e o sistema de avaliação.

Destaca que o “lugar” da educação na contemporaneidade é um lugar privilegiado nos processos


de reestruturação produtiva, no desenvolvimento econômico e para inserção de grande parte da
força de trabalho em uma sociedade permeada pelos códigos da modernidade. Uma concepção
alicerçada nos pressupostos da economia. Ou seja,

/…/ educar para a competitividade, educar para o mercado, educar para incorporar o
Brasil no contexto da globalização. Tal visão restrita acabou por deixar de lado muitos
dos valores que anteriormente vinham informando o fazer educacional: educar para a
cidadania, educar para a participação política, educar para construir cultura, educar
para a vida em geral.

Lança que há um consenso de que a solicitação de uma formação geral é demanda dos novos
processos produtivos e da base informacional que marca a sociedade contemporânea.

Demonstra que a proposta do Banco Mundial para a educação está baseada na geração de capital
humano para o novo desenvolvimento. E que investir na educação básica é chave para o aumento
sustentável de taxas de crescimento econômico, para a superação das desigualdades e para a
obtenção de um ambiente político estável. Estes pressupostos têm orientado as ações do Banco
Mundial reiterando a estreita relação entre educação e desenvolvimento econômico.E esses
projetos que habilitam os governos ao recebimento dos empréstimos.

Rogério A. Venegeroles aluno de pós-graduação da Segmentum Instituto de Educação para o Curso de Gestão com ênfase em
Coordenação, avaliando a disciplina:Legislação e Políticas Públicas .
Conta que a CEPAL apresenta a educação como mecanismo essencial e prioritário para assegurar
o acesso universal aos códigos da modernidade. Apostando no domínio de um conjunto de
conhecimentos e destrezas, transmitidos pela escola, necessários para a participação na vida
pública e também para o aumento da produtividade.

Reconhece que a Conferencia Mundial de educação para Todos está voltada para a idéia de
"satisfação das necessidades básicas de aprendizagem", cuja realização solicita a integração da
educação às demais políticas sociais. Mostra que a proposta de Jomtien dá ênfase à educação
enquanto estratégia integradora do homem à sociedade contemporânea e ao mundo do trabalho.

Contrariando a idéia de deixar nas mãos do mercado mundial a decisão sobre qual projeto de
desenvolvimento implantar nos diferentes países.

Segundo a autora o relatório elaborado por Jacques Delors, reitera o papel central da educação
para os processos de desenvolvimento sustentável, busca soluções e/ou encaminhamentos para os
problemas socioeconômicos. E para o campo da educação, propõe o conceito de "educação ao
longo de toda a vida", estratégia identificada como uma das chaves para o século XXI. Quatro
pilares orientam a proposição educativa: aprender a conhecer, aprender a viver juntos, aprender a
fazer e aprender a ser.

Reforça os princípios da Conferência de Jomtien, as necessidades básicas de aprendizagem e


propõe combinar a escola clássica com as contribuições exteriores à escola, o que possibilitaria
ao educando o acesso às diferentes dimensões da educação: ética e cultural, científica e
tecnológica e econômico-social.

O relatório resgata a importância do setor público quer na proposição quer na condução da


política educacional. Ao mesmo tempo, reforça a definição de parcerias enquanto estratégia
capaz de garantir o acesso de um maior número de pessoas aos serviços educativos.

A UNESCO enfatiza a necessidade de que as políticas educativas promovam a inclusão dos


excluídos, não mais através de medidas compensatórias como ocorria no passado, mas
introduzindo modificações no sistema educativo comum que permitam ajustar o ensino às
diferenças individuais, sociais e culturais. Ao mesmo tempo, destaca a importância de fortalecer a
função do Estado para assegurar a igualdade de oportunidades.

Segundo ela há um movimento que aponta a educação como "mecanismo" facilitador e


potencializador da capacidade das pessoas na realização de tarefas, no processamento e utilização
das informações, na adaptação às novas tecnologias e métodos produtivos. Considera-se, ainda, o
investimento em educação como a melhor forma de aumentar os recursos da população mais
pobre.

Mostra que as reformas propostas partem da idéia de uma gestão democrática e modernização do
sistema, visando uma redução da ação estatal e a incorporação pelas instituições estatais de
práticas de gestão características do setor privado. Com base nos parâmetros da Qualidade Total
na escola pública e, ainda, a ênfase na autonomia da escola como estratégia para a
descentralização do sistema.

Rogério A. Venegeroles aluno de pós-graduação da Segmentum Instituto de Educação para o Curso de Gestão com ênfase em
Coordenação, avaliando a disciplina:Legislação e Políticas Públicas .
Revela que as ações do governo federal têm como eixo a implantação de um modelo de reforma
do sistema de ensino articulado ao modelo de reforma do Estado brasileiro. Observando uma
lógica de reformar sem aumentar as despesas, procurando adequar o sistema educativo às
orientações e necessidades prioritárias da economia.

Destaca que as ações propostas partem de opções e decisões políticas ao projeto de sociedade que
os governos definem para os diferentes cenários históricos e conjunturais. Enfatizando o texto da
nova Lei de Diretrizes e Bases (LDB), que apresenta dentre suas características uma maior
flexibilidade na organização e funcionamento do ensino; A implantação do o Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento do Ensino e de Valorização do Magistério (FUNDEF),
objetivando garantir as transferências de verbas para o Ensino Fundamental dos Estados, Distrito
Federal e Municípios; E à definição dos Parâmetros Curriculares Nacionais e ao Sistema de
Avaliação do Ensino Básico (SAEB). O objetivo dos Parâmetros foi o de fornecer subsídios para
a elaboração e/ou revisão curricular de cada Estado, Município e escola, orientando a formação
de professores.

Faz uma ressalva para a exclusão do tema da educação de jovens e adultos no cenário da
educação básica. Parecendo que a esta modalidade de ensino foi conferido estatuto político
assistencial e compensatório, cuja responsabilidade vem sendo atribuída à iniciativa privada.

Por fim realiza criticas à gestão para ganhos de qualidade e eqüidade, considerando que não há
garantias de que o processo de descentralização seja a melhor forma para enfrentar os problemas
da educação. Questiona-se qual é o papel do Estado nos sistemas descentralizados e, ao mesmo
tempo, sobre o que e como descentralizar, questões que exigem uma avaliação constante do
processo. Propõe aprofundar uma reflexão sobre os impactos das mudanças socioprodutivas no
campo educacional.

A autora é muito feliz quando demonstra a visão de educação assumida pelo sistema educacional
brasileiro, que atende a uma proposta de cunho neoliberal, com o objetivo de alinhar o Estado na
condução de políticas educacionais, voltadas para obedecer a uma à lógica mercadológica,
exercendo um papel fundamental na divisão internacional do trabalho, fornecendo mão de obra
qualificada e barata, e consumidores para os paises desenvolvidos, deixando a democracia nas
escolas postuladas a um papel secundário.

Analisa-se um descompromisso do poder público com suas responsabilidades na área


educacional, secundarizando o papel e a importância das decisões e ações de natureza política,
deixando de ter centralidade às condições estruturais relativas à formulação e à gestão da
educação responsável pela ineficiência e ineficácia do sistema de ensino.

Para concluir percebe-se que há uma necessidade de refletir e intervir sobre o papel e funções
que vêm sendo desempenhados pelas instancias governamentais em direção à construção da
escola pública de qualidade que acata a uma lógica da economia de mercado que tende a
promover, não a sua democratização, mas o seu desmonte.

O texto destina-se a todos os profissionais da área de educação que buscam compreender o


discurso assumido pelo Estado, em busca de uma melhoria da qualidade de ensino da educação
brasileira.

Rogério A. Venegeroles aluno de pós-graduação da Segmentum Instituto de Educação para o Curso de Gestão com ênfase em
Coordenação, avaliando a disciplina:Legislação e Políticas Públicas .

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