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Universidade Regional de Blumenau – FURB

Disciplina: História da Educação

Docente: Edison Lucas Fabricio

Discentes: Alyne Neves; Marília Goedert Mota; Adriano Walter Lange

Neoliberalismo na educação

O Neoliberalismo tomou forma logo após o fim da II Guerra Mundial, na região da


Europa e América do Norte, onde imperava o capitalismo. Teria sido uma reação teórica e
política totalmente contra o Estado intervencionista e de bem-estar. Seu texto de origem é O
caminho da Servidão, de Friedrich Hayek, 1944. Diz respeito a um ataque contra qualquer
limitação dos mecanismos de mercado por parte do Estado, denunciadas como uma ameaça
letal à liberdade, não somente econômica, mas também política. No entanto, o neoliberalismo
só começaria a ser colocado em prática na década de 1970, quando a crise do petróleo
desencadeou uma grande recessão capitalista que veio acompanhada de baixas taxas de
crescimento e altos índices de inflação, fatores determinantes para que as ideias neoliberais
ganhassem espaço.
Hayek e seus companheiros defendiam que as razões por trás da crise estavam
no movimento operário, que com suas reivindicações por melhores salários e pressão
para que o Estado investisse mais com o bem estar social, destruiu os níveis necessários de
lucros das empresas e, consequentemente, fez disparar a inflação, que logo desencadearia
uma crise generalizada. Para conter tal crise, seria preciso manter um Estado forte capaz de
refrear o movimento dos sindicatos e controlar o dinheiro através do enxugamento dos gastos
sociais e intervenções econômicas. Assim, atrás da estabilidade monetária, qualquer
governo alinhado ao neoliberalismo deveria reduzir os gastos com o bem estar social, o que
pode-se entender como gastos com a saúde, educação e fundos de pensão, e restaurar a taxa
“natural” de desemprego, ou seja, criar uma reserva de mão de obra para desconstruir o
poder dos sindicatos, além, obviamente, de reduções de impostos sobre os maiores
rendimentos e rendas. Em suma, esse cenário faria com que uma nova e “saudável
desigualdade” colocasse novamente a roda do capitalismo e do crescimento dos lucros para
girar.
Este novo panorama repercutiria também na esfera educacional, a qual se volta para o
trabalho, e, consequente e infelizmente, a formação para um cidadão crítico fica de lado.
Dessa forma, a escola enquanto instituição social, começa a ser pensada como uma empresa
produtiva e é com essa concepção que são planejadas as estratégias que direcionam as
políticas educacionais:
"A partir desse prisma, da mesma forma que se mede a produtividade de uma
empresa, faz-se necessário mensurar os “Índices de Qualidade” das escolas,
tendo em vista que, segundo os artífices do EQT, a qualidade é uma variante
que se mede e que, no caso da educação, essa medição é feita através de
provas padronizadas. Tal concepção justifica a classificação e o
ranqueamento das escolas, tão em moda nos dias atuais.
Nesse contexto, se estabelece uma hierarquização dos
estabelecimentos educacionais, instituindo a lógica da concorrência e da
competitividade entre as escolas e, no caso das instituições públicas,
atrelando o montante dos recursos a elas destinados ao seu desempenho nas
avaliações de qualidade." (ALMEIDA; DAMASCENO, 2015, p. 42)

Este é um dos pontos que podem ser retratados em relação à educação num contexto
neoliberal. Além disso, essa visa transformar os valores humanos como tal e as relações de
cada indivíduo consigo mesmo difundindo o modo de vida capitalista. Como se cada
indivíduo fosse um capital. E para isso se considera começar muito cedo na escola levando
em conta que o estudo precisa ser um investimento que produz renda, ou seja, a educação
também é vista enquanto algo que deve ser ¨rentável¨.
A escola Neoliberal tem como característica a eficiência, desempenho e
rentabilidade. Empreendedor de si mesmo, gerente de si mesmo, portanto capital. Uma
matriz muito mais geral e global da sociedade. Objetivando igualdade, cada indivíduo deve
elevar ao máximo possível suas capacidades simulando a competição e concorrência entre
alunos em testes e avaliações sistemáticas, fazendo professores e as próprias escolas
competirem entre si. E para essa falsa igualdade se instalar é necessário o neoliberalismo se
instalar em toda situação do mercado, situação de concorrência.
Para os pais poderem escolher escolas, eles se tornam consumidores, a ideia é que os
pais sejam responsáveis pelo dinheiro que podem gastar e sejam responsáveis pelo
investimento que fizeram nos seus filhos. Essa concorrência conduz a uma segregação
generalizada e sistemática, resultando em uma queda na qualidade da educação e população
escolar. O objetivo do neoliberalismo não é alcançado, apenas aumentando a desigualdade
entre crianças e a família:
“A partir da ideia de educação como investimento, os pensadores
neoliberais atribuem à educação a função de promotora da ascensão social e
do desenvolvimento econômico à luz dos ensinamentos da teoria do capital
humano. Para tanto, enfocam a necessidade de uma educação polivalente que
possibilite ao trabalhador se adequar às novas exigências impostas pelo
capital. Diante deste contexto, concluímos que a qualidade total na educação,
presente no discurso neoliberal, constitui-se de um pano de fundo, pois o que
se percebe são ações que conduzem à perpetuação do atendimento dos
interesses da classe dominante.” (ALMEIDA; DAMASCENO, 2015, p. 40)

Esse discurso ainda alcança diversos outros aspectos da educação tal qual questões
como educação a distância, Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), terceirização
de serviços nas escolas, educação domiciliar, entre outras, que apresentam intrínsecas
relações com o discurso neoliberal, que, em conclusão, devem ser analisados, reavaliados e
problematizados com o objetivo de produzir verdadeiramente uma educação de qualidade e
igualitária à todos, que não legitime o poder de poucos e a miséria de muitos.

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