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RESUMO
Este trabalho tem por objetivo apresentar uma breve análise histórica acerca do processo
de centralização e descentralização do poder público, ocorrido com a transição para o
sistema neoliberal e suas implicações sobre a Educação, perpassando pela a crise
econômica, privatização gradual do sistema, os financiamentos destinados à educação e
as mudanças ocorridas sobre as formas de gestão e avaliação do sistema educacional.
ABSTRACT
This work aims to present a brief historical analysis of the process of centralization and
decentralization of public power, occurred with the transition to the neoliberal system and
its implications on education, passing by the economic crisis, gradual privatization of the
system, funding for education and the changes on the forms of management and
evaluation of the educational system.
INTRODUÇÃO
1
Graduanda do curso de Licenciatura Plena em Pedagogia da Universidade do Estado do Pará – UEPA,
5º semestre, 2011.
e a comunidade escolar como clientes. A atuação das empresas estrangeiras sobre o a
economia nacional gerou cortes inevitáveis de verbas que, no caso do Brasil, já eram
mínimas, não ocasionando melhorias que possibilitassem qualidade educacional. Ainda
assim, a educação passa a ser vista como solução para os problemas econômicos surgidos
a partir desse processo de mudança, já que a ideia era da Escola diretamente ligada ao
sistema produtivo e, portanto, geradora de trabalhadores preparados para o mercado.
O modelo educacional implantado adquire características altamente
tradicionalistas e disciplinadoras, que impõem uma linha de aprendizagem conteudista à
sociedade e disseminadoras de uma cultura reinterpretada por esse tradicionalismo,
construindo identidades pessoais que não questionam a sociedade.
Verifica-se, então, a tomada de decisões educacionais sendo realizada por
pequenos grupos, na imagem de Ministérios e Conselhos de Educação que, longe de
discutirem democraticamente as capacidades, conteúdos e valores buscados pelo processo
educativo, disseminam na população a ideia de fracasso do sistema educacional para
justificar o tradicionalismo assumido.
A crise econômica se personifica na visível falta de empregos e a educação
passa a ser a “mágica” que solucionará as problemáticas surgidas. Os discursos nacionais
e internacionais se focam na necessidade imediata de se ajustar a educação às novas
necessidades da economia e da produção e, junto com eles, à necessidade de se
privatizarem os serviços públicos, através da ideia do modernismo e eficácia da
administração privada.
Tudo na sociedade passa a ser visto como serviços e produtos a serem
adquiridos pelo poder aquisitivo dos cidadãos (ou a minoria deles, visto que a maioria da
população não terá os benefícios gerados pelo capitalismo). O Estado fica, então,
incumbido de estimular tal consumo, sob o risco de, do contrário, ser associado a modos
obsoletos de governo. As instituições educacionais passam a ser espaços onde se geram
indivíduos com habilidades mecânicas e técnicas, que saibam trabalhar, a baixos custos
salariais e que não questionem os modelos de produção. A escola, assim vista como um
produto a ser consumido, perde sua importância social e passa a ser avaliada pelo seu
peso de mercado, como geradora de riquezas individuais e benefícios privados.
Deve-se ressaltar que as instituições escolares não haviam sido idealizadas
para atender a toda a sociedade. Inicialmente a escola atendia somente os filhos das
famílias mais abastadas, passando depois a atender as mulheres e, posteriormente, as
famílias menos favorecidas. Esse processo de abertura, porém, foi feito sem que tenha
havido uma reestruturação do sistema educacional. Percebe-se, assim, a dificuldade em
se realizar políticas educacionais que atendam as necessidades da sociedade, já que a
Educação está vinculada, diretamente, aos interesses do mercado nacional e internacional
e, consequentemente, tornou-se instrumento de disseminação do capitalismo.
Descentralização e Privatização
Defendia-se que a livre escolha faria com que os professores tivessem mais
dedicação, preocupação e interesse pelas crianças. Desta forma, as instituições que não
cumprissem com os objetivos sociais, seriam substituídas por outros “fornecedores”.
Como resultado, a educação passaria a ter seu valor estipulado pela força de mercado, de
acordo com seu valor de demanda. Automaticamente, a mercantilização do sistema se
concretizou em taxas e doações que nada mais eram do que cobranças de matrículas
camufladas, realizadas mesmo nas escolas conveniadas. O montante público destinado às
instituições privadas foi se tornando cada vez maior e, automaticamente, o das escolas
públicas diminuiu, fortalecendo o sistema privado, encarecendo a oferta desse serviço e
prejudicando a qualidade do ensino público.
Foi de grande peso nesse intento de privatização, a presença do Banco
Mundial. Uma instituição financeira, internacional, com grande percentual de ações
norte-americanas, que veio a reforçar as recomendações feitas quanto aos resultados
educacionais, à avaliação destes e à inversão de capital humano. Entre as propostas do
Banco Mundial, ressalta-se uma maior articulação com o setor privado na oferta de
educação e focava suas atenções na Educação básica (primária e secundária), por
considerá-las auxiliares na redução dos índices de pobreza ao aumentarem a
produtividade do trabalho dos pobres.
Através desse posicionamento do Banco Mundial, surgem, ao longo das
décadas, documentos nacionais norteadores dos objetivos internacionais para a educação
brasileira, como a Carta Educação aprovada no Fórum Capital-trabalho de 1992. O que
ficou claro a partir disso era a busca de adequação dos objetivos educacionais às novas
exigências do mercado internacional e interno e a consolidação do processo de formação
do cidadão produtivo. A Carta Educação, em seu contexto, ressaltava continuamente a
necessidade de articulação entre as redes escolares e universidades com o setor produtivo
e as empresas. Uma forma de direcionar a educação aos objetivos do mercado e à geração
de mão-de-obra para os meios de produção.
Segundo Gentili (1998)
“[...] essa tendência trata de transferir a educação da esfera política para a
esfera do mercado, negando sua condição de direito social e transformando-a
em uma possibilidade de consumo individual, variável segundo o mérito e a
capacidade dos consumidores”
Conclusão
Referências