Os desafios da educação e do ensino no contexto do capitalismo contemporâneo:
reflexões e perspectivas
Niterói - Rio de Janeiro
2023 Antecedentes
Os gregos antigos acreditavam que a educação deveria ser voltada para o
desenvolvimento da virtude e do caráter, e não apenas para a aquisição de conhecimento. Por isso, a educação era um processo constante e contínuo, que durava a vida toda. Os filósofos eram considerados os principais educadores da época, pois eram responsáveis por transmitir os valores e ideias que moldavam a sociedade grega.
A educação na Grécia Antiga se dividia em duas partes principais: a educação
física e a educação intelectual. A educação física é relacionada também ao treinamento militar, onde este, era colocado em prática, porém a educação intelectual era totalmente teórica e raramente era colocada em prática, diferente do sistema de educação do capitalismo contemporâneo.
No capitalismo contemporâneo, a educação e o ensino são vistos como uma
forma de investimento no capital humano, isto é, enriquecimento da mão de obra, consequentemente aumentar sua produtividade e seus lucros. Isso leva a uma ênfase cada vez maior na formação de habilidades técnicas e em áreas consideradas essenciais para o mercado de trabalho, como ciência, tecnologia, engenharia e matemática.
A educação e as mudanças do capitalismo no século XX
Após a crise de 1929, o sistema Capitalista Liberal entrou em colapso, devido a
quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque. O Presidente da época, Franklin Roosevelt implantou o chamado New Deal com medidas propostas por John Keynes.
Ao fim da Segunda Guerra Mundial, alguns países da Europa adotaram o
chamado Estado de bem-estar social, a fim de reconstruir o cenário de devastação deixado pela guerra. Para garantir o Estado de bem-estar social, é necessário contar com uma máquina estatal robusta e abrangente que possa disponibilizar serviços essenciais, como saúde, alimentação, saneamento e educação, a todos os membros da sociedade. Para que esse sistema possa operar adequadamente, é fundamental que sejam aumentadas as receitas provenientes de impostos. Contudo, os empresários não estavam dispostos a arcar com uma carga tributária mais alta. Com isso, em meados dos anos de 1970, durante a ditadura militar de Augusto Pinochet foi desenvolvida uma recente doutrina que se inspira no liberalismo e busca diminuir o envolvimento do Estado, reduzir a burocracia estatal e ampliar a presença do setor privado na economia, o neoliberalismo.
Com a expansão do neoliberalismo, o setor da educação sofre uma tendência de
privatização. Dessa forma, escolas e universidades privadas têm se tornado mais comuns. Correlacionando as teses, isso gera uma falta de acesso à educação, uma vez que, nem todos têm os recursos financeiros para pagar um educação de qualidade.
Podemos afirmar que, as desigualdades sociais e econômicas também podem ter
um impacto significativo na educação. A falta de recursos e oportunidades pode tornar mais difícil para alguns indivíduos receberem uma educação de qualidade e alcançarem sucesso no mercado de trabalho. Além disso, a privatização pode colocar a educação em conflito com as necessidades do mercado, resultando em uma educação limitada a objetivos comerciais em vez de objetivos educacionais mais amplos.
No entanto, a educação ainda é vista como um meio de ascensão social e
econômica. Salvo raras exceções, alguns governos continuam a investir pesado em programas educacionais para melhorar o acesso e a qualidade da educação para todos.
Por que a educação e a escola são tão escola atacadas?
Primeiramente, podemos citar as desigualdades no acesso à educação. Muitas
pessoas criticam a educação e a escola por causa das desigualdades no acesso à educação. Alguns argumentam que a educação é um privilégio reservado apenas para aqueles que têm recursos financeiros suficientes para frequentar escolas de qualidade ou universidades de prestígio.
A qualidade da educação e do ensino é frequentemente criticada, com muitos
alegando que as escolas não estão preparando adequadamente os alunos para a vida após a formatura. Outros apontam para problemas específicos, como a falta de recursos nas escolas ou a falta de diversidade no corpo docente, outros argumentam que a educação e a escola estão sendo usadas para atender a objetivos conflitantes. Por exemplo, as escolas podem ser pressionadas para fornecer uma formação técnica que atenda às necessidades do mercado de trabalho, em vez de oferecer uma educação mais ampla e humanística que desenvolva habilidades como pensamento crítico e criatividade.
Muitas vezes, a educação e a escola são vistas como um campo de batalha
para ideologias políticas conflitantes. Por exemplo, alguns grupos políticos podem argumentar que as escolas estão doutrinando os alunos com ideias liberais ou conservadoras.
Conclusão
As desigualdades sociais e econômicas podem afetar significativamente a
educação, tornando mais difícil para alguns indivíduos receberem uma educação de qualidade e alcançarem sucesso no mercado de trabalho. Isso pode levar a uma perda de talentos e habilidades, prejudicando o desenvolvimento econômico e social.
Por isso, os governos têm um papel importante a desempenhar na promoção de
uma educação de qualidade e no combate às desigualdades na educação. Isso inclui o financiamento adequado das escolas e universidades públicas, a garantia de igualdade de acesso à educação e a criação de políticas educacionais que promovam tanto a formação de habilidades técnicas quanto uma educação mais ampla e humanística.
Em resumo, a educação e a escola são frequentemente criticadas por uma
variedade de razões, muitas das quais são complexas e multifacetadas. É importante que essas críticas sejam consideradas cuidadosamente e que as mudanças sejam feitas com a finalidade de melhorar a qualidade e o acesso à educação para todos. Referências
1 Freire, Paulo, Pedagogia do Oprimido , EDITORA PAZ E TERRA S/A, 1987,
17ª edição.
2 Gadotti, Moacir, História das Ideias Pedagógicas, EDITORA Ática, 2009, 8ª
edição.
3 Claudinei Lombardi, José, Capitalismo, Trabalho e Educação, Autores
O futuro roubado com a reforma do Ensino Médio: dualidades educacionais, exclusão digital na pandemia da Covid-19 e o ensino politécnico como possibilidade pedagógica de formação integrada em espaços educativos