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A GRANDE RENUNCIA

1. ÂMBITO E CONTEXTUALIZAÇÃO
Também designado por “The Great Realization,” “The Great
Repriorization,” “The Great Reset,” entre outros.
São sentidos amplos, e pegando no conceito “reset”, iremos abordar
aprofundadamente do que se trata este fenómeno.
Fala-se de reset quando um sistema não consegue continuar a operar
conforme os seus parâmetros habituais, sendo necessário reprogramá-lo.
A crise provocada pela pandemia COVID-19 deixou em evidencia algumas
falhas do sistema, salientando a necessidade de reiniciar a economia
mundial e os seus modelos.
De acordo com dados do FMI (Fundo Monetário Internacional), a
economia mundial sofreu uma contração de 4,9% durante 2020, porém,
as perdas não ocorreram uniformemente.
Enquanto o PIB da Zona Euro registou uma queda de 7,2%, no conjunto
dos paises emergentes foi mais moderada, situando-se em 2,4%. Esse
grave colapso afetou especialmente as famílias de classes baixa e média-
baixa.
Daqui, despoletou-se uma discrepância entre a riqueza detida pelos mais
abastados e esta não detida pelos mais desfavoráveis, surgindo então um
problema relativo à desigualdade, o que veio colocar em evidencia (se já
se encontrava dantes, ainda mais) as deficiências dos sistemas de saúde, a
precariedade dos empregos e as difíceis perspetivas dos jovens para
terem acesso às oportunidades que exigem uma formação académica
cada vez mais especializada.
Surge então a proposta feita por Klaus Schwab, presidente executivo do
Fórum Economico Mundial (FEM), de um “Grande Reinício” da economia
mundial que permita adotar um modelo diferente.
Para sustentar tal proposta, vê-se necessária a adoção e implementação
de novos alicerces que sustentem o sistema económico e social.
Tendo esta contextualização em conta, vê-se a revolta das massas na
vontade de quererem um sistema que as satisfaça e pronto, pelo que foi
nos EUA que o movimento ganhou a sua força, e a partir de onde depois
se difundiu, chegando até à Europa, e a Portugal.

Da adução gráfica, pode-se extrair um crescimento do número total de


demissões, tendo este uma subida mais intensa no período 2020-2022
(acentuadíssima entre 2021-2022), relativamente a todos os anos
anteriores. As famílias (agente económico), durante o enclausuramento
que lhes foi imposto com vista à salvaguarda da sua saúde, tiveram o
tempo suficiente para repensar (“re” -priorizar, realizar) e reestabelecer as
suas prioridades, mormente as suas carreiras profissionais, contrapostas
com o benefício que retiram das mesmas.
Suscitaram um problema económico, o “trade-off” entre trabalho
(L – labour) e lazer (l). Tal troca vem com um custo de oportunidade
associado. Há que fazer uma ponderação axiológica entre ganho e
sacrifício, dos quais advém, respetivamente, consumo e lazer.
Quanto mais sacrifício se faça, maior será o financiamento do consumo, e,
inversamente, menor será o tempo disponível para se dedicar ao lazer.
Build Back Better – é então preciso construir um sistema de forma mais
igualitária, mas, seguindo a esteira de George Orwell, “quando todos são
iguais, há uns mais iguais que outros”. O que irá acontecer, na prática, e
em Portugal já se sente, é maior regulamentação e mais impostos, com a
diferença que a sua implementação, desta vez, será a nível global.
A intervenção estatal, com base em diretrizes das grandes instituições
mundiais – aquela que nos influencia concretamente, a UE –, aumentará
substancialmente e a economia tenderá a ser ainda mais planeada do que
já é. As empresas terão uma flexibilidade muito reduzida antes de
consultarem uma imensidade de diretrizes tecnocráticas e burocráticas no
âmbito do combate às desigualdades, à discriminação, às alterações
climáticas, bem como às modas do politicamente correto.
Atendendo apenas aos impactos incidentes sobre o mercado de trabalho
na economia portuguesa, do fenómeno do “The Great Reset”, aqueles
podem ser deduzidos prontamente apontando para a subida da inflação,
atingindo esta já em 2022, pelo mês de maio, não apenas as componentes
com preços mais voláteis, mas também aquelas mais estáveis, tais como
os bens essenciais. Na zona euro, a inflação chegou a 5,1% em janeiro e
vários paises registaram um aumento substancial da inflação ao longo dos
últimos meses.
O ponto que está a concentrar maior atenção do BCE e dos analistas é
aquele relativo à evolução salarial que, caso seja superior ao esperado
pelo final de 2022, poderá acelerar o processo de normalização da política
monetária do BCE e antecipar o calendário da primeira subida da taxa de
juro.
A inflação explicada em regueifas – inflação é a subida generalizada dos
preços dos bens do consumidor. Não basta apenas que um produto veja o
seu preço aumentado, como é necessário que os bens e os serviços, no
geral, vejam esse mesmo efeito. Quando no ano anterior se comprava
uma regueifa a cada domingo, ao final de 4 domingos tinha-se 4 regueifas;
no presente ano é possível comprar apenas 3, há um domingo que se ficou
sem regueifa, isto porque o rendimento disponível das famílias –
rendimento que as famílias dispõem de, num determinado periodo
tempo, com o fim de consumir e/ou poupar - diminuiu.
A inflação acaba por ser uma espécie de um corte do salário invisível, i.e.,
não se pode imputar a culpa nem aos empregadores nem ao governo,
logo, o consumidor fica sem poder reclamar a sua perda de rendimento e
quebra de consumo.
2. OS IMPACTOS FUTUROS DO “THE GREAT
RESET”, JÁ SE SENTEM
Entre as componentes mais estáveis cujo preço acelerou no início deste
ano estao alguns serviços de educação e saúde, as rendas, os restaurantes
e cafés.
Uma comparação com a área do euro das medidas apresentadas aponta
para uma tendência ascendente da inflação similar à observada em
Portugal.
Centeno diz que inflação é “um fenómeno muito complexo e difícil de
avaliar”, e que a “rapidez da retoma cria tensões e pressões temporárias
relacionadas”, sendo tal mais visível em certos setores.
Ao decompor estas alegações, o que se pode deduzir é o facto de se estar,
pelo menos para já, ainda em regime de transitoriedade do ciclo
económico, sendo que este tem sofrido oscilações bastante amplas, o que
conduziu a flutuações no saldo orçamental global.
De tais flutuações, não se cria um regime de sustentabilidade, o governo
não poupa o suficiente para nas situações de maior necessidade poder
despender do acumulado via receitas públicas (T – taxes). É em sequência
de crescimento económico – aumento do PIB, o qual conduz a aumento
dos salários, por conseguinte há aumento da receita fiscal
(designadamente do IRC, IRS, IVA, etc.), e o SOP (SOP = T – G, i.e., SO com
a exceção dos juros de divida pública) tende a aumentar. Inversamente, o
governo, otimamente, deveria cingir-se ao necessário e indispensável na
despesa pública (G – government spending), recorrendo a uma descida
das prestações sociais. Não é criada a “almofada” suficiente para amparar
a queda e a sua intensidade, quando a flutuação do clico económica for
uma recessiva.
A expetativa do Banco Central é que a maior procura pelos bens
duradouros face a serviços, se reajuste nos próximos tempos, em que a
“procura deslocar-se-á novamente para os serviços”, fazendo do turismo
“o motor da continuação da retoma económica”, do qual é exemplo
Lisboa, notou Centeno.

3. ADOÇÃO DE POLÍTICAS ÚTEIS

A resposta imediata à inflação deve ser dada pela política orçamental.


Sendo uma das funções do Estado a estabilização macroeconómica,
compete-lhe a si, mediante a sua atuação discricionária, tomar iniciativas.
De acordo com este objetivo, o governo terá de ter em conta o Hiato do
Produto – diferença entre o PIB real observado e o PIB real natural ó
Yg=Y-YN – sendo este o indicador usado para aferir o nível da produção
quando a economia utiliza fatores produtivos consistentes com um
crescimento sustentado e uma inflação estável. No longo prazo, o
diferencial entre o produto real observado e o produto potencial é nulo e
a taxa de crescimento do produto potencial determina o crescimento da
atividade económica; no curto prazo, o hiato do produto depende do grau
de utilização dos recursos disponíveis, o qual condiciona as pressões
inflacionistas existentes na economia.
O produto potencial (YN) é uma variável não observada que pode ser
estimada com recurso a diversas metodologias, existindo um elevado grau
de incerteza em torno das suas estimativas. Esta incerteza é ampliada
pelas especificidades da crise pandémica e pela dificuldade em destrinçar
os seus efeitos mais permanentes.
Tendo estes conceitos definidos, deve o governo, agora que a economia
está abaixo do YN (e assim se estima que manterá até 2023), como
exposto pelo gráfico infra:
 recorrer a uma política contracionista, por exemplo, diminuindo os
gastos com a despesa pública (G) e diminuir a sua receita (T)
Se o fizer, estará a adotar uma política orçamental contra cíclica – política
orçamental que tem o intuito de atenuar a amplitude da oscilação em
determinada parcela do ciclo económico.
TRABALHO REALIZADO POR:
A) Jeanlexander Ferreira 22106207
B) Marcelo Vieira 22109288
C) Nuno Mesquita 22104837
D) Vítor Reis 22103732

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