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ARTIGO

A pobreza como “disfunção” social:


a culpabilização e a criminalização do indivíduo

Poverty as "dysfunction" social: scapegoating and criminalization of the individual

Luana SIQUEIRA1

Resumo: O presente trabalho, fruto de pesquisa de doutorado, tem como objetivo problematizar a concep-
ção de pobreza bcomo “disfunção” dos indivíduos e as consequentes respostas que autorresponsabilizam,
culpabilizam e criminalizam os mesmos. Assim, buscamos o suporte teórico marxista, a lei geral de acumu-
lação capitalista e concluímos que a “pobreza” na sociedade capitalista é indissociada da riqueza e se mani-
festa numa variedade e heterogeneidade de formas, atingindo diferentemente populações e sujeitos, em
realidades singulares; além de que, seu enfrentamento não é compromisso natural ou até moral, que depen-
da de ações voluntárias e de boa vontade, tão pouco um fenômeno que se resolve com ações altruístas, au-
tossustentáveis e empoderadas, e que as ações de políticas sociais no marco da sociedade capitalista podem
atenuar e até resolver a pobreza absoluta, mas jamais a pauperização relativa.
Palavras-chave: Pobreza. Riqueza e Acumulação. Exploração.

Abstract: This work is the result of research conducted at the doctorate and aims to discuss the concept of
poverty as "dysfunction" of individuals and the consequent answers that the auto-responsabilizam,
culpabilizam and criminalize the same. For this we rely on the theoretical support, Marxists fundamentally
the discussion on the general law of capitalist accumulation and concluded that "poverty" in capitalist socie-
ty is indisociada of wealth, it is a phenomenon that manifests itself in a variety and heterogeneity of forms,
reaching unlike populations and subject, in natural realities; and that his face is not natural or even moral
commitment, that relies on volunteer actions and goodwill, so little a phenomenon that resolves itself with
altruistic actions, self-sustaining and that the actions of social policies within the framework of capitalist
society can mitigate and even resolve absolute poverty, but never the relative impoverishment.
Keywords: Poverty. Wealth and Accumulation. Exploration.

Submetido em: 2013/13/10. Aceito em 10/04/2014.

1Assistente Social e pedagoga. Doutora em Serviço Social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro
(UERJ, Brasil). Professora adjunta da Escola de Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ, Brasil). E-mail: <luanass81@yahoo.com.br>.
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Luana SIQUEIRA

Introdução mento capitalista, nem é o efeito marginal


de uma fase de crise. No capitalismo, esse
fenômeno é um produto estrutural de seu
Por que foi que cegamos? Não sei, talvez
um dia se chegue a conhecer a razão... desenvolvimento. É que o desenvolvi-
Queres que te diga o que penso? Diz... mento desse modo de produção, o au-
Penso que não cegamos, penso que estamos mento da riqueza socialmente produzida,
cegos... Cegos que veem, cegos que, vendo, não deriva em maior distribuição, mas
não veem. (SARAMAGO, 1995, p. 131)
em maior acumulação de capital. No capita-
lismo, a maior riqueza produzida signifi-

O
presente trabalho é resultante da ca maior apropriação privada, e não mai-
pesquisa realizada no doutorado or socialização da mesma. A acumulação
e que de forma resumida apre- de riqueza por um lado, é complementa-
sentamos o desdobramento de alguns da pela pauperização (absoluta ou relati-
debates fundamentais para a compreen- va) por outro. Nas palavras de Marx, “[...]
são e o enfrentamento da pobreza em di- a magnitude relativa do exército industri-
as atuais. Nosso objetivo não é propor al de reserva cresce […] com as potências
teses novas, mas provocar a reflexão so- das riquezas” (MARX, 1980, livro 1, p.
bre a retomada de compreensões referen- 747).
tes às mazelas sociais e o resgate de for-
mas moralizadoras e conservadoras de É a partir dessas considerações que po-
seus enfrentamentos. Assim, propomos demos identificar o papel central que a
uma discussão sobre o processo de pau- pobreza tem no pensamento marxista. Tal
perização com base na teoria marxista, centralidade sustenta-se no fato dela ser,
explorando as categorias da crítica da não um processo deflagrado pelas carên-
economia política para afirmar a tese de cias individuais ou até de um determina-
que a pobreza não é "desajuste individu- do grupo ou região, mas uma determina-
al", mas parte constitutiva da estrutura do ção estrutural do próprio Modo de Pro-
capital, não podendo ser suprimida por dução Capitalista.
meio das políticas
sociais de transferência de renda, de es- Efetivamente, a pauperização (absoluta e
tímulo ao voluntariado, ao empodera- relativa) é resultado do próprio desen-
mento ou expansão do chamado “terceiro volvimento do capital. Para Netto (2007),
setor”, mas somente a partir de uma mu-
dança no modo de produção. [...] a pobreza, na ordem do capital e ao
contrário do que ocorria nas formações so-
ciais precedentes, não decorre de uma pe-
Alguns pressupostos, “[...] toda ciência núria generalizada, mas, paradoxal e con-
seria supérflua se a forma de manifestação e a traditoriamente, de uma contínua produção
essência das coisas coincidissem de riquezas. [...] Se, nas formas de socieda-
imediatamente” (MARX, 1985, livro 3, p. 271). de precedentes à sociedade burguesa, a po-
breza estava ligada a um quadro geral de
A pobreza, na perspectiva marxista, não é escassez [...], [na sociedade burguesa ela se
o resultado do insuficiente desenvolvi- mostra] conectada a um quadro geral ten-
dente a reduzir com força a situação de es-

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cassez. Numa palavra, [na sociedade bur- tradição é assumida nesse trabalho como
guesa a pobreza] se produz pelas mesmas categoria fundamental de análise na ten-
condições que propiciam os supostos, no
tativa de romper com uma perspectiva
plano imediato, da sua redução e, no limite,
da sua supressão (NETTO, 2007, p. 143, gri- unilateral de leitura da dinâmica da soci-
fo nosso). edade capitalista. A ausência dessa cate-
goria (a contradição pobreza/acumulação)
Assim, a compreensão desse fenômeno na discussão e na proposição de enfren-
necessariamente implica no estudo da tamento da pobreza pode levar a alguns
riqueza. Em absoluto poderemos caracte- equívocos, que comparecem nas variadas
rizar corretamente os fundamentos da visões, apresentadas anteriormente, en-
pobreza, no capitalismo, sem considerar os quanto concepções sobre esse fenômeno,
processos que fundam a acumulação de suas supostas causas, e suas propostas de
capital. Assim, os estudos que desconsi- enfrentamento. Vejamos um desses equí-
deram esta determinação central do MPC vocos.
estão fadados a uma análise meramente
descritiva, sem a compreensão dos seus “Disfunção” social: o equívoco da
fundamentos. Portanto, trata-se de um culpabilização e criminalização do
fenômeno da própria “lei geral da acu- indivíduo
mulação capitalista”.
Decorrente do conceito positivista e fun-
Em idêntico sentido, as formas de inter- cionalista de “desajuste” ou “disfunção”,
venção social sobre as manifestações da desenvolve-se uma compreensão sobre a
“questão social” que apontam para “di- pobreza que, ao caracterizar suas causas,
minuir a pobreza” sem alterar em o pro- a concebe como: a) uma opção pessoal; b)
cesso e/ou o volume da acumulação capi- “disfunção”, “desajuste” ou como “patolo-
talista, não passam de paliativos pontu- gia” do indivíduo ou grupos “marginais”;
ais, mesmo que necessários no contexto c) “déficit” educacional e de capacidades.
capitalista, para amenizar a pobreza, sem
impactar nos fundamentos que a geram. Com este entendimento das causas, apre-
sentam-se as seguintes formas de enfren-
Assim, a análise marxiana, da qual parti- tamento: o higienismo, educação e “re-
lhamos, nos permite estabelecer alguns funcionalização”, adaptação (ou ajusta-
pontos críticos, e diminuir alguns equívo- mento corretivo) e “inclusão social”. A so-
cos de outras análises sobre a pobreza. lução da pobreza mediante a “autoajuda”
Como vimos, só é possível analisar esse e religião. O combate à pobreza mediante
fenômeno no Modo de Produção Capita- a “criminalização da pobreza”.
lista em articulação com a acumulação de
riqueza, numa dinâmica de exploração e a) A pobreza como opção (preguiça,
apropriação do valor produzido por ou- características pessoais)
trem. Dessa forma, Marx nos coloca um
desafio de não separarmos os fenômenos Esta visão está muito presente em livros
sociais pobreza e riqueza, portanto, a con- de autoajuda, em que a opção do indiví-

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duo, sua motivação, suas escolhas e com- e desajustes. A pobreza é aqui concebida
petências podem mudar sua condição de como uma patologia, como um desajuste,
pobre. Títulos como: “Só é pobre quem que deve ser curado, extirpado do orga-
quer”, “Pai rico, pai pobre”, “Como ser nismo saudável. O indivíduo (pobre),
rico”, embasados num forte empobrecimen- responsável pela sua situação de “desa-
to da razão e senso comum, atestam como juste”, de “patologia”, deve ser “refun-
aqui a pobreza passa a ser concebida co- cionalizado”, “curado” da sua condição,
mo algo mentalmente controlado e admi- como forma de devolver a normalidade
nistrado por cada pessoa. ao sistema.

Também, esta concepção da pobreza co- Vinculam-se a estas concepções de po-


mo opção encontra-se na suposição de breza os binômios: normalidade-anomia,
que há igualdade de oportunidades, em ajustamento-desajuste, funcional-disfun-
que os indivíduos concorrem ou perse- cional, integração-desintegração, inclu-
guem fins que alcançarão ou não segundo são-exclusão. A pobreza representa aqui
suas próprias condições ou escolhas. Com o aspecto patológico de cada um desses
a célebre e equivocada frase de que “há binômios, cuja solução para seu enfren-
trabalho para todos, basta querer” se in- tamento vincula-se às formas de “inclu-
dividualiza o problema e se reforça a ló- são” e “integração” (emprego, educação,
gica de subalternidade, em que indiví- atenção sanitária ou higienista, registros
duos devem se submeter a qualquer situ- civis, assistência, filantropia etc.), ou de
ação laboral em troca de qualquer quanti- reclusão e criminalização.
a.
Quando a pobreza é considerada como
b) A pobreza como “patologia”, “disfun- uma disfunção, ora o pobre é “incluído”
ção” ou “desajuste” do indivíduo ou ou “reajustado” mediante abrigos, assis-
grupos “marginais”2 tência e educação (protege-se o indiví-
duo), ora é “recluido” e reprimido, medi-
Ao partir da ideia, tanto positivista quan- ante encarceramento e criminalização
to funcionalista, de que a ordem social é (protege-se a sociedade ameaçada pelo
um sistema integrado e estável, embora indivíduo desajustado)
seja sujeito a melhoras, e que tal como um
organismo biológico pode sofrer “doen- c) A pobreza como consequência do dé-
ças” que devem ser curadas, desenvolve- ficit de educação ou de capacitação: a
se um conceito de patologia, de disfunção Teoria do “Capital Humano”
e de desajuste sociais. A ordem social,
para ser preservada na sua normalidade, Conceitua-se a pobreza como resultado
deve enfrentar essas formas de patologias da falta de capacitação do indivíduo; nes-
te sentido se dá à educação o status de
2 Sobre o conceito de marginalidade ver análise solução de todos os problemas, falseando
crítica em Lima (1983, p. 21). a realidade e culpabilizando os sujeitos.

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A origem da Teoria do “Capital Huma- para o combate à pobreza será a “Educa-


no”3 está ligada à obra de Theodore W. ção”: as pessoas se educam; a educação
Schultz. O pressuposto central dessa teo- tem como principal efeito mudar suas
ria é de que o trabalho humano, quando “habilidades” e conhecimentos; quanto
qualificado por meio da educação, é um mais uma pessoa estuda, maior sua habi-
dos mais importantes meios para a am- lidade cognitiva e maior sua produtivi-
pliação da produtividade econômica, e, dade; e a maior produtividade permite
portanto, das taxas de lucro do capital. que a pessoa perceba maiores rendas e o
capitalista aumente seu capital.
Esse conceito foi ampliado e populariza-
do por Gary Becker e retomado, nos anos Blaug (1975, p. 21) afirma que “[...] uma
1980, pelos organismos multilaterais mais educação adicional elevará os rendimen-
diretamente vinculados ao pensamento tos futuros, e, nesse sentido, a aquisição
neoliberal, no contexto das demandas de educação é da natureza de um inves-
resultantes da reestruturação produtiva. timento privado em rendimentos futu-
Como que inspirada nos conceitos marxi- ros”. Assim, há uma direta relação entre a
anos de “capital fixo” (maquinaria e mei- produtividade física do capital e a educa-
os de produção) e “capital variável” (for- ção, justificando-se o tratamento analítico
ça de trabalho), a noção de “capital hu- da educação como capital, isto é, “capital
mano” concebe os seres humanos como humano”, posto que se torna parte da
capital, ou incorpora o capital como uma pessoa que a recebe, e tanto permitiria ao
potência deles. O “capital humano” ex- trabalhador melhorar seus níveis de ren-
plicaria assim o desigual desenvolvimen- da, e quanto ao capital, valorizar e acu-
to econômico entre países. mular riqueza, ao valorizar a força de
trabalho.
Aqui, o “trabalho” desaparece como ca- Podemos encontrar similaridades entre
tegoria central de análise, e é absorvido essa argumentação com as propostas das
no interior do conceito de “capital”, o agências multilaterais de solução dos
qual vem adornar o título da especial ca- problemas de desigualdade entre nações
racterística do trabalhador: o “humano”. e entre pobres e ricos. Essa proposta se
A ideia é aplicar o conceito “capital” a traduz em políticas pontuais de transfe-
seres humanos tem a função de transfor- rência de renda com supostas articulações
mar pessoas em capital a serviço das em- entre a educação e a saúde. Sendo que
presas. aquela, em dias atuais, é reduzida à mera
frequência escolar e esta ao controle da
A proposta da teoria do “Capital Huma- pré-natal e da vacinação, não por uma
no” tanto para o desenvolvimento como saúde preventiva, mas controles pontuais
de frequência a programas insipientes e
3Sobre a Teoria do “capital humano” ver Frigotto focalizados. Supostamente, essas medidas
(1995). garantiriam a igualdade de oportunida-
des, ficando a cabo dos sujeitos a respon-

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sabilidade pelo seu próprio sucesso ou Cria-se, com isso, a ideia mistificada de
fracasso. que a performance produtiva da força de
trabalho seria decorrente do nível indivi-
O conceito de “capital humano” é, para a dual de escolaridade, camuflando as de-
tradição marxista, uma forma ideológica terminações das condições tecnológicas e
de transformar o trabalhador num capita- da organização do processo de produção.
lista, como proprietário de um tipo de
“capital”: sua força de trabalho (MARX, Em síntese: a pobreza não é marginal,
1980, livro 1, p. 469). nem “disfunção social.”

A teoria do “capital humano”, ao restrin- Tratamos da pobreza a partir da perspec-


gir sua análise às habilidades individuais, tiva inscrita na tradição marxista, particu-
formalmente excluiu a relevância do con- larmente na obra marxiana, em que se
ceito de classe social e de conflito de clas- expõe a “Lei Geral da Acumulação Capi-
se para explicar o fenômeno do mercado talista”. Nessa tradição encontramos os
de trabalho. A massa de indivíduos que aspectos estruturais e dinâmicos que, no
não detém o controle dos recursos produ- MPC, determinam a pobreza. Não como
tivos é forçada a vender sua força de tra- uma questão natural, ou da natureza de
balho para sobreviver. Nesse contexto, a alguns homens; não como um problema
educação, vista como treinamento profis- de sub-desenvolvimento, de insuficiente
sional, e a saúde, desempenham duas crescimento ou de uma fase de crise, mas
funções econômicas: têm um papel im- como um processo derivado do próprio
portante, ainda que indireto, na produção desenvolvimento das forças produtivas,
de riqueza e são essenciais para a perpe- que no capitalismo fundam a dialética
tuação da ordem econômica e social, na pobreza/riqueza, ou pauperiza-
reprodução material e na qualificação da ção/acumulação. Essa lei, é claro, não dá
força de trabalho. conta de todas as formas de manifestação
desse fenômeno, e nem tem por objetivo
Essa teoria também tem fundamental- mostrar a diversidade dos processos de-
mente um papel ideológico, na formação rivados da acumulação capitalista e nas
de uma falsa consciência, que responsabi- quais a pobreza se expressa. Se essas for-
liza os sujeitos pela sua reprodução mate- mas variadas e multifacetadas de mani-
rial, diminuindo os custos do capital e festação são importantes para a melhor
ampliando o nível de individualismo e compreensão da pobreza (enriquecendo
competitividade. A qualificação passa a de determinações nas suas formas de ex-
ser o diferencial no mercado competitivo, pressão) e para a intervenção adequada a
o que vai impactar na organização da tal heterogeneidade, o claro entendimen-
classe trabalhadora e na identificação dos to dos fundamentos que a explicam é fa-
aliados políticos, sendo naturalizada a tor central.
imposição e exigência do mercado como
escolha pessoal. Para uma sólida e crítica análise da po-
breza, portanto, incorporamos o referen-

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cial teórico-metodológico marxista, con- queza socialmente produzida, tendo a


siderando que: a categoria trabalho, “antes fome umas das mais aviltantes formas de
de tudo, é um processo entre o homem e suas caracterizações. Assim, a pobreza
a natureza” (MARX, 1980, livro 1, p. 202), não é multidimensional, tal qual afirma
no entanto, não vamos nos deter nas pri- Sen (2000), mas podemos dizer que suas
meiras formas de trabalho, mas sim a sua consequências são multidimensionais.
inserção no mercado, na lógica de compra
e venda da força de trabalho, cuja relação Tendo assumido aqui como referências
se estabelece entre aqueles que detêm os de análise a teoria do valor-trabalho, o
meios de produção e os que não os de- materialismo histórico-dialético e a pers-
têm, sendo que estes, para sobreviver, são pectiva de revolução, partimos do pres-
obrigados a vender sua própria força de suposto que a história é resultante das
trabalho, assim como aqueles precisam relações sociais, e que, portanto, a análise
comprá-la. Essa relação divide a socieda- da sociedade deve ser feita a partir da
de capitalista em duas classes com inte- história dos homens. Na sociedade capi-
resses antagônicos; talista essa história é construída através
da luta de classes, dotada de contradi-
A chamada “questão social”, uma expres- ções.
são que começa a ser empregada a partir
da influência positivista e que pressupõe É a partir dessa constatação de que inte-
a separação das questões econômicas, resses opostos convivem em uma mesma
políticas e sociais (NETTO, 2007, p. 42), é sociedade, que contradição na análise de
aqui conceituada como resultante da con- Marx passa a ser uma categoria essencial.
tradição entre capital e trabalho em seus Assim, para compreender o processo de
interesses, enfrentamentos e lutas de clas- produção capitalista há que se reportar
ses (IAMAMOTO 1992; 2001; 2008). também à categoria exploração. A acumu-
lação só é viável frente à expropriação da
Portanto, pobreza e riqueza são estrutu- mais-valia.
rantes na sociedade capitalista, a paupe-
rização não uma mera manifestação da Isso descortina os interesses econômicos e
“questão social”, mas sim resultado da políticos que se manifestam na composi-
relação de exploração entre capital e tra- ção do capital. Segundo Marx (1980, livro
balho inerente ao modo de produção ca- 1, p. 712), a composição do capital segue
pitalista. Logo, não se trata de um pro- dois aspectos: a composição orgânica (do
blema de mercado mediante mecanismos ponto de vista do valor), que se divide
extra-econômicos; mas algo inerente e em: capital constante e capital variável, e
resultante de uma determinada forma de a composição técnica (do ponto de vista
reprodução e produção social. Dito de da matéria), em: meios de produção e
outra forma, as manifestações da questão força de trabalho viva, sendo a composi-
resultam das expressões resultantes do ção média do capital a média geral da
processo que envolve a socialização da composição do capital de um país. Em
produção e a apropriação privada da ri- não se alterando a composição do capital

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(determinada massa de meios de produ- determinado pela lei da relação ofer-


ção exige para funcionar a mesma quan- ta/demanda.
tidade de força de trabalho), o seu acrés-
cimo implica em crescimento de sua parte
A Lei da produção capitalista é apresen-
variável; aumentando o capital, aumenta
tada por Marx, como: a relação entre capi-
a procura de trabalho (oferta de empre-
tal, acumulação e salários é apenas a rela-
go). Portanto, ao surgirem novos merca-
ção entre o trabalho gratuito [tempo de
dos, pode ocorrer maior demanda de tra-
trabalho excedente] que se transforma em
balho (mais postos de trabalho) e menor
capital e o trabalho adicional necessário
oferta, ocasionando assim, elevação dos
[tempo de trabalho necessário] para por
salários (MARX, 1980, livro 1, p. 713).
em movimento esse capital suplementar.
Não é de modo nenhum uma relação en-
A lei geral do modo de produção capita-
tre duas grandezas independentes entre
lista é produzir mais valia, e aumentar
si, de um lado a magnitude do capital, do
seu capital. O salário pressupõe sempre,
outro o número dos trabalhadores; em
por sua natureza, fornecimento de deter-
última análise, “é apenas a relação entre
minada quantidade de trabalho não pago
trabalho não pago e trabalho pago da
por parte do trabalhador. Portanto, “[...]
mesma população trabalhadora” (MARX,
um acréscimo salarial significa, na melhor
1980, livro 1, p. 721).
hipótese, apenas redução quantitativa do
trabalho gratuito” (MARX, 1980, livro 1,
Essa Lei, mistificada em lei natural, só
p. 720), sem eliminar a exploração. Essa
significa que sua natureza exclui todo
redução nunca pode chegar ao ponto de
decréscimo do grau de exploração do tra-
ameaçar a existência do próprio sistema.
balho ou toda elevação do preço do traba-
lho que possam comprometer seriamente
Uma elevação do preço da força de traba-
a reprodução contínua da relação capita-
lho leva à seguinte alternativa: ou o preço
lista e sua reprodução em escala sempre
do trabalho continua a elevar-se, por não
ampliada.
perturbar essa alta o desenvolvimento da
acumulação, ou a acumulação diminui
Analisando os fundamentos gerais do
em virtude de elevar-se o preço do traba-
sistema capitalista, Marx chega à conclu-
lho. Nesse caso, o “[...] mecanismo da
são de que o desenvolvimento da produ-
produção capitalista remove os obstácu-
tividade do trabalho social se torna a
los que ele mesmo cria temporariamente”
mais poderosa alavanca da acumulação.
(MARX, 1980, livro 1, p. 720). A diminui-
No entanto, o grau de produtividade do
ção ou aumento salarial, não é resultado
trabalho se expressa pelo volume relativo
do aumento/diminuição do número de
dos meios de produção que um trabalha-
trabalhadores disponíveis (do exército de
dor, num tempo dado, transforma em
reserva), mas do aumento da acumula-
produto, com o mesmo dispêndio de for-
ção, que demanda maior ou menor nú-
ça de trabalho. A grandeza crescente dos
mero de trabalhadores, sendo o salário
meios de produção, em relação à força de
trabalho neles incorporada, expressa a
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produtividade crescente do trabalho. O Porém, se certo grau de acumulação é


aumento da produtividade dos meios de condição para o desenvolvimento do mo-
produção se manifesta na redução da do de produção capitalista, com esse pro-
quantidade de trabalho em relação à mas- cessa-se uma acumulação ampliada de
sa dos meios de produção que põe em capital. Com a acumulação do capital de-
movimento. senvolve-se o modo de produção especi-
ficamente capitalista e com este desen-
A mudança na composição técnica do volve-se a acumulação do capital. Esses
capital, aumento da massa dos meios de dois fatores, os impulsos mútuos entre a
produção em relação à massa de força de acumulação e o modo capitalista de pro-
trabalho, reflete-se na composição orgâni- duzir, modificam a composição técnica
ca do capital, com o aumento da parte do capital, e, desse modo, a parte variável
constante em detrimento da parte variá- se torna cada vez menor em relação à
vel. No valor das mercadorias essa mu- constante.
dança pode ser vista: nele, a parte cons-
tante do capital cresce com o aumento da A acumulação do capital apresenta al-
acumulação; a parte variável diminui re- guns processos, que inicialmente marcam
lativamente quando aumenta a acumula- fases do desenvolvimento capitalistas:
ção.
O primeiro processo da acumulação é a
Com a produtividade crescente do traba- concentração de capital em muitos capita-
lho não só aumenta o volume dos meios listas. Com a acumulação, pode ocorrer
de produção que ele consome, mas cai o surgimento de novos capitalistas e frag-
valor desses meios de produção em com- mentação de capitais já existentes. Por
paração com seu volume. Seu valor au- isso, a acumulação provoca: a) concentra-
menta em termos absolutos, mas não em ção crescente de meios de produção e de
proporção com seu volume; o volume controle sobre o trabalho, e b) repulsão
geral (e o valor geral) da produção au- do capital em muitos capitais individuais,
menta, porém diminui o valor por cada fragmentários. Essa concentração é limi-
mercadoria. tada pelo grau de crescimento da riqueza
social: aumenta a concentração só se au-
Para isso, a primeira condição da produ- mentar a riqueza social. Nesse sentido, a
ção capitalista é que há necessidade de concentração é um processo preponde-
certa acumulação em mãos de produtores rante nas fases de expansão capitalista.
particulares para investir na atividade Alguns fatores são necessários para o
produtiva. O fator constitutivo da acumu- processo de concentração de capital: se-
lação é o desenvolvimento de métodos paração do trabalhador dos meios de
para elevar a produtividade, que ao produção; a subsunção formal e real do
mesmo tempo são métodos para elevar a trabalho ao capital; a relação de emprego
produção de mais valia. (compra e venda de força de trabalho); e a
exploração de mais valia.

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Nessa lógica, o segundo processo é a cen- te nova o crédito, como auxiliar modesto
tralização de capitais já formados, a ex- da acumulação, que tem como função
ploração do capitalista pelo capitalista, a levar para as mãos de capitalistas isola-
transformação de muitos capitais peque- dos ou associados os meios financeiros
nos em poucos capitais grandes. Neste dispersos. Arma nova e terrível na luta da
processo, sem prejuízo da simultaneidade concorrência que se transforma num i-
com a concentração, há alteração na re- menso mecanismo social de centralização
partição dos capitais que já existem; não dos capitais. (MARX, 1980, livro 1, p. 727-
estando limitado a centralização (como 728).
ocorre na concentração) ao acréscimo ab-
soluto da riqueza pode haver centraliza- A concorrência e o crédito são as duas
ção sem nada crescer a riqueza social mais poderosas alavancas da centraliza-
(MARX, 1980, livro 1, p. 727). Portanto, ção. O progresso da centralização não
pode haver elevada centralização de capi- depende de maneira nenhuma do incre-
tal mesmo em períodos de crise ou reces- mento positivo de capital social. É isto
são. A centralização não é equivalente à especialmente que distingue a centraliza-
monopolização; porém, assim como a ção da concentração (MARX, 1980, livro
concentração é pressuposto da acumula- 1, p. 727-728).
ção simples, a centralização é pressuposto
da monopolização. Também alguns fato- O terceiro processo é a monopolização. O
res comparecem no processo de centrali- conceito de monopólio só é introduzido
zação: a concorrência e o crédito (MARX, no texto, por Engels, sendo entendido
1980, livro 1, p. 727-728). com o desenvolvimento extremo da cen-
tralização, a tal ponto que a empresa mo-
A batalha da concorrência é conduzida nopolista passa a controlar a produção e
por meio da redução dos preços das mer- consumo de um ramo produtivo. Isso
cadorias, e o barateamento das mercado- ocorre de tal forma que se elimina a con-
rias depende da maior produtividade do corrência equilibrada, passando o capita-
trabalho, e esse da escala da produção. lismo de uma fase concorrencial à fase
Assim, os capitalistas grandes esmagam monopolista. Ainda que a concorrência
os pequenos. Com o desenvolvimento do não se elimine no crescimento e consoli-
modo de produção capitalista, aumenta a dação dos monopólios. Também, para
dimensão mínima do capital individual além dos anteriores, alguns fatores de-
exigido para levar avante um negócio em vem ocorrer para o desenvolvimento da
condições normais. Assim, a concorrência monopolização:
acaba sempre com a derrota de muitos
capitalistas pequenos, cujos capitais ou A Infraestrutura: o aumento da riqueza
soçobram ou se transferem para as mãos social (que passa da forma circular para a
do vencedor. de espiral) é um processo bastante lento,
comparado com a centralização. O mun-
Também, vale lembrar que produção ca- do ainda estaria sem estradas de ferro,
pitalista faz surgir uma força inteiramen- portos, usinas hidrelétricas, refinarias de

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A pobreza como “disfunção” social

petróleo, se tivesse de esperar que a acu- Efetivamente, a pobreza (absoluta e rela-


mulação capacitasse alguns capitais iso- tiva) é resultado do próprio desenvolvi-
lados para a construção de uma ferrovia. mento do capital. Para Netto (2007),
É aqui que o Estado passa a financiar a
construção da infraestrutura necessária
[...] a pobreza, na ordem do capital e ao
ao capital. contrário do que ocorria nas formações so-
ciais precedentes, não decorre de uma pe-
O Investimento em tecnologia: os capitais núria generalizada, mas, paradoxal e con-
adicionais servem preferentemente de traditoriamente, de uma contínua produção
de riquezas. [...] Se, nas formas de socieda-
veículo para explorar novos investimen- de precedentes à sociedade burguesa, a po-
tos e descobertas, para introduzir aperfei- breza estava ligada a um quadro geral de
çoamentos industriais em geral. Segundo escassez [...], [na sociedade burguesa ela se
Mandel, a tecnologia de ponta é um dos mostra] conectada a um quadro geral ten-
principais diferenciais da empresa mono- dente a reduzir com força a situação de es-
cassez. Numa palavra, [na sociedade bur-
polista. guesa a pobreza] se produz pelas mesmas
condições que propiciam os supostos, no
A Expulsão de força de trabalho: o capital plano imediato, da sua redução e, no limite,
atrai relativamente cada vez menos traba- da sua supressão (NETTO, 2007, p. 143).
lhadores. O velho capital, periodicamente
reproduzido com a nova composição,
Também, conforme Montaño (2011, não
repele cada vez mais trabalhadores que
paginado),
antes empregava (MARX, 1980, livro 1, p.
730).
[...] no Modo de Produção Capitalista a po-
breza [...] é o resultado da acumulação pri-
A acumulação do capital, inicialmente vada de capital, mediante a exploração (da
uma ampliação puramente quantitativa, mais-valia) [...] No MPC não é o precário
deriva numa mudança qualitativa de sua desenvolvimento, mas o próprio desenvol-
vimento que gera desigualdade e pobreza.
composição, ocorrendo constante acrés-
No capitalismo quanto mais se desenvol-
cimo de sua parte constante à custa da vem as forças produtivas, maior acumula-
parte variável, o que leva à pauperização ção ampliada de capital, e maior pobreza
absoluta ou relativa. (absoluta ou relativa) [...]. Quanto mais ri-
queza produz o trabalhador, maior é a ex-
ploração, mais riqueza é expropriada (do
É a partir das considerações anteriores
trabalhador) e apropriada (pelo capital).
que podemos concluir sobre o papel cen- Assim, não é a escassez que gera a pobreza,
tral que a pobreza tem no pensamento mas a abundância (concentrada a riqueza
marxista. Tal centralidade sustenta-se no em poucas mãos), que gera desigualdade e
fato dela ser, não um processo deflagrado pauperização absoluta e relativa
(MONTAÑO, 2011, não paginado).
pelas carências individuais ou até de um
determinado grupo ou região, mas uma
determinação estrutural do próprio Modo A pobreza, nessa perspectiva, não é o re-
de Produção Capitalista. sultado do insuficiente desenvolvimento
capitalista, nem é o efeito marginal de
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Luana SIQUEIRA

uma fase de crise. No capitalismo, a po- tuais, mesmo que necessários no contexto
breza é um produto estrutural de seu de- capitalista, para amenizar a pobreza, sem
senvolvimento. É que o desenvolvimento impactar nos fundamentos que a geram.
capitalista, o aumento da riqueza social-
mente produzida, não deriva em maior Sendo assim, empreendemos um estudo
distribuição, mas em maior acumulação de sobre um dos principais equívocos que
capital. No capitalismo, a maior riqueza existem sobre a pobreza: a visão da po-
produzida significa maior apropriação breza como “dis-função” (auto-
privada, e não maior socialização da responsabilização e culpabilização do indiví-
mesma. A acumulação de riqueza por um duo por sua condição, representando
lado, é complementada pela pauperiza- uma anomalia do harmônico e normal
ção (absoluta ou relativa) por outro. funcionamento do sistema, para o qual se
requer de refuncionalização, e “cura”).
Nas palavras de Marx, “a magnitude rela- Tentamos abordar o equívoco em questão
tiva do exército industrial de reserva repondo o debate sobre a pobreza longe
cresce […] com as potências das rique- das análises moralizadoras e reducionis-
zas” (MARX, 1980, livro 1, p. 747), o que tas, assim concluímos: a “pobreza” como
leva Montaño a afirmar que “[...] no um fenômeno que na sociedade capitalis-
MPC, a pobreza […] é o par dialético da a- ta existe e se determina na sua relação dia-
cumulação capitalista” (MONTAÑO, 2011, lética com a acumulação; a “pobreza” como
não paginado). um fenômeno que, tendo esta gênese co-
mum, se manifesta numa variedade e he-
A compreensão de uma necessariamente terogeneidade de formas, atingindo dife-
implica o estudo da outra. Em absoluto rentemente populações e sujeitos, em rea-
poderemos caracterizar corretamente os lidades singulares; e que o enfrentamento
fundamentos da pobreza, no capitalismo, da “pobreza” não é compromisso natural
sem considerar os processos que fundam ou até moral, que se materializa em ações
a acumulação de capital. Assim, os estudos voluntárias, tão pouco um fenômeno que
que desconsideram essa determinação se resolve com ações altruístas, autossus-
central do MPC estão fadados a uma aná- tentável e empoderada, e que as ações de
lise meramente descritiva da pobreza, políticas sociais no marco da sociedade
sem a compreensão dos seus fundamen- capitalista podem atenuar e até resolver a
tos. Portanto, a pobreza é um fenômeno pobreza absoluta, mas jamais a pauperi-
da própria “lei geral da acumulação capi- zação relativa, e essas conclusões só são
talista”. possíveis frente à clara compreensão teórica
da categoria pobreza, na sua relação dialéti-
Em idêntico sentido, as formas de inter- ca com a acumulação (causas e funda-
venção social sobre as manifestações da mentos) e o conhecimento da diversidade
“questão social” que apontam a “diminu- e heterogeneidade nas suas formas de
ir a pobreza” sem alterar em absoluto o manifestação (consequências).
processo e/ou o volume da acumulação
capitalista, não passam de paliativos pon-

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A pobreza como “disfunção” social

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