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Tema: O Desempenho Económico-financeiro do Sector Bancário face a Pandemia do COVID-

19. Caso de Bancos Comerciais em Moçambique (2019 – 2022)

Contextualização

Por se tratar do principal prestador de serviços financeiros, o sistema bancário possui


importância na sociedade moderna e, portanto, costuma ser alvo de debates políticos e
econômicos (Mota, 2018). Mota (2018) também aborda em seu estudo o contexto após a crise
financeira de 2008, em que as discussões acerca das instituições bancárias se tornaram ainda
mais recorrentes, causadas pelos efeitos negativos da crise sobre o sector.

Em referência à crise atual, vivenciada em decorrência da pandemia de COVID-19, apesar de ter


iniciado no sector real, alcançou o sector bancário, trazendo reflexos negativos para o mesmo,
principalmente no que diz respeito à esfera econômica (Kroth, 2020).

Para Krishnamurthy (2020), as medidas severas de isolamento social exigidas em decorrência da


recessão provocada pela COVID-19, causou ameaça no desempenho das empresas em todo o
mundo. Para se adaptarem à essa recessão, foram aplicadas medidas estratégicas a fim de
adequar as operações e modelos de negócios às mudanças nas condições ambientais em um curto
período (Salisu e Akanni, 2020).

Para Iudícibus (2013), os indicadores de desempenho econômico-financeiro são desenvolvidos a


partir da análise das demonstrações financeiras, com o objectivo principal de transformar
números em informações que revelem as especificidades da situação econômico- financeira de
uma instituição.

Nessa perspectiva, Araújo e Mendes (2018) defendem que os usuários externos utilizam os
indicadores econômico-financeiros com a finalidade de avaliar a situação patrimonial dos
bancos, enquanto que os usuários internos, os utilizam como métrica para medir a eficiência da
gestão bancária.

Assaf Neto (2010) ressalta que a análise de indicadores não pode ser feita de maneira isolada,
pois se trata de uma análise comparativa e desta forma não traria informações suficientes para a
correta conclusão da posição econômica e financeira de uma empresa. Para o autor, é importante
que se tenha conhecimento do sector e características das operações, afim de complementar as
informações obtidas através dos indicadores.

A análise econômico-financeira é um instrumento importante no processo de gerenciamento de


uma empresa. Trata-se de um processo de verificação e entendimento das demonstrações
financeiras, em que se obtém conhecimento da situação da empresa, em seus aspectos
operacionais, econômicos, patrimoniais e financeiros (Padoveze, 2008)

Oliveira et al. (2010) defendem que a análise das demonstrações financeiras, através do uso de
indicadores, pode ser definida como a comparação dos grupos patrimoniais e de resultado, o que
possibilita a mensuração da saúde financeira da empresa. Em consonância a isso, Matarazzo
(2010) aborda que tais indicadores proporcionam informações que auxiliam no processo de
tomada de decisão, uma vez que demonstram a real situação econômico-financeira da entidade.

A análise de indicadores econômicos e financeiros no sector bancário foi realizada por diversos
autores em contextos diferentes. Cruz, Kich e Cunha (2018) demonstraram, por meio de uma
análise realizada no período de 2013 a 2015, que alguns bancos brasileiros obtiveram resultados
semelhantes no indicador de lucratividade do activo. Na mesma linha do referido estudo, Assato
(2021) observou que a mesma amostra analisada anteriormente, no período compreendido de
2009 a 2019, apresentava características semelhantes nos indicadores de solvência, liquidez e
rentabilidade.

Ainda no contexto apresentado, Franco (2021) buscou analisar os impactos da pandemia de


COVID-19 nos indicadores econômicos e financeiros apresentados por empresas do setor
bancário brasileiro. Foi realizada uma análise do período que engloba de 2015 a 2020, sendo que
os resultados encontrados demonstraram que os indicadores de liquidez corrente e geral foram
impactados, enquanto que a margem líquida foi afectada negativamente nos indicadores
econômico-financeiros do setor. Desta forma, a autora concluiu que a pandemia de COVID-19
impactou tanto positivamente quanto negativamente os indicadores econômicos e financeiros do
sector bancário. Apesar de retratar os efeitos da COVID-19 no sector financeiro, o período
amostral do trabalho de Franco (2021) terminou em 2020, não contemplando, portanto, o período
de 2021, ano em que houve avanço da vacinação em Mocambique e as medidas restritivas foram
significativamente reduzidas. Dessa forma, nota-se uma lacuna para a realização de mais estudos
que avaliem a possível recuperação dos indicadores econômico-financeiros das entidades após o
pico da pandemia de COVID-19.

Justificativa

A realização da presente pesquisa justifica-se pela necessidade de ampliar a discussão acerca do


desempenho das instituições financeiras em ambientes de incertezas tendo em vista a
maximização de seus resultados. Outro ponto reside na abordagem do sector financeiro e as
especificidades do contexto bancário, em contrapartida à grande parte dos estudos sobre os
efeitos da crise pautarem, principalmente, em sectores não financeiros. Além disso, os estudos
anteriores exploraram os bancos de forma conjunta, não fazendo a distinção entre bancos
públicos e privados. Por fim, os estudos que verificaram o impacto da crise da COVID-19 no
sector bancário não abordaram o período pós-pandemia. Diante de todos os pontos supracitados,
este estudo busca contribuir com a tomada de decisão dos stakeholders, no que diz respeito ao
desempenho econômico-financeiro de bancos antes, durante e após a crise, assim como com a
ampliação da literatura sobre o tema.

Problema

A pandemia eclodiu num momento em que a economia de Moçambique se encontrava em


paulatino arrefecimento e relativamente fragilizada. Os dados do Banco Mundial indicam que as
taxas de crescimento do PIB vinham a reduzir nos anos anteriores à pandemia, registando-se 3,4
%, em 2018, e 2,3 %, em 2019, respectivamente, portanto, em nada relacionadas com a
pandemia em si, pois nem indícios de sua eclosão existiam até então. Estimada uma taxa de
crescimento real do PIB de Moçambique em -1,3 %, para 2020, prevê-se que em 2021 cresça 1,7
%, em 2022 suba para 4,1 % e atinja 6,3 % em 2023 (World Bank Group, 2021).
Note que, à entrada da pandemia, a economia do País se encontrava no limiar do sufoco,
causado, por um lado, pela crise da dívida pública1 e a subsequente retirada do apoio directo ao
1
Segundo Rogério Zandamela, Governador do Banco de Moçambique, a Dívida Pública de Moçambique passou
de 40 % do PIB, em 2013, para 120 % do PIB até ao momento (AIM, n.d.). Dados estatísticos do Banco de
Moçambique publicados pela Trading Economics denotam uma clara subida da Dívida Pública em percentagem do
PIB entre 2010 e 2020, revelando um salto de 55,4 % do PIB, em 2014, para 88,1 %, em 2015, evoluindo
imediatamente para níveis de insustentabilidade em 2016, com 106,6 % do PIB, de onde tendeu a evoluir até
113,7%, em 2020 (Trading Economics, 2021b)
Orçamento Geral de Estado (OGE) por parte dos parceiros económicos bilaterais e multilaterais
em resposta à contracção oculta de dívidas astronómicas descobertas em 2013 e 2016 (Cortez et
al., 2021).
Por outro lado, de um fundo de empréstimo total de 19 486,13 milhões de dólares aprovado pelo
FMI aos cerca de 36 países de África até Maio de 2021, Moçambique beneficiou de 309 milhões
de dólares, aprovados a 24 de Abril de 2020. Note que o Governo de Moçambique solicitou à
comunidade internacional um total de 700 milhões de dólares para poder lidar com os efeitos da
pandemia na economia, especificamente com vista a: (a) implementar políticas fiscais, tais como
a isenção temporária de impostos, por forma a apoiar as famílias e o sector de saúde2; e (b)
aumentar os gastos em resposta à crise sanitária e necessidades humanitárias, incluindo altos
gastos com bens e serviços de saúde e os programas de transferência financeira (International
Monetary Fund, 2021).
Neste contexto, além do crédito financeiro concedido pelo FMI, o País contraiu um crédito
adicional com o Banco Mundial, na ordem dos 27,95 milhões de dólares a 8 de Junho de 2020,
decorrente do fundo de apoio de emergência ao Projecto de Prontidão e Resposta à COVID-19
(Ministério da Economia e Finanças, 2021: 17). Somando ao crédito recebido do FMI, no âmbito
da COVID-19, totaliza cerca de 336,95 milhões de dólares em crédito externo nesse âmbito.
Entretanto, em 2020, Moçambique contraiu um total de 857,35 milhões de dólares em
empréstimos externos, dos quais apenas os previamente mencionados eram consignados à
mitigação dos efeitos da pandemia..
Portanto, o País beneficiou de injecção de capital para prosseguir com as políticas fiscais
expansivas necessárias para fazer face à crise, sem a qual a capacidade interventiva
provavelmente teria sido comprometida. No entanto, é importante notar que, antes da pandemia,
o País não dispunha de recursos para melhorar o sistema sanitário, tal como para fazer face a
situações de emergências como a provocada pela COVID-19. Moçambique tinha limitações de
acesso ao crédito comercial, devido à baixa reputação decorrente da contracção das dívidas
ocultas que levaram o País à situação de insustentabilidade da dívida pública, factos que também
retraíram o apoio dos parceiros bilaterais.
Todavia observamos que durante o pico da pandemia o Banco Millennium BIM através do seu
comunicado de impressa durante a celebração do seu 25˚ Aniversario continua o seu trajecto de

2
Isenções de IVA e tarifárias na importação de alimentos, medicamentos e equipamento médico
sucesso, liderança e robustez financeira, evidenciando a sua contribuição activa para a solidez do
sistema financeiro (Faftine, 2020).
Segundo o comunicado em anexo (2020) num contexto macroeconómico adverso, influenciado
pela crise sanitária e económica despoletada pelo novo coronavírus, o Millennium BIM mantém
elevada sua capitalização bancária assegurando a sustentabilidade do balanço, com um rácio de
solvabilidade que ronda os 42%, nível acima do limiar exigido pela entidade reguladora. Nesta
dianteira, o Millennium BIM continua a ser um banco sólido, resiliente, estável e confiável e
com uma adequada posição de liquidez, capital e balanço, mantendo o compromisso de
promoção do financiamento à economia e contribuindo activamente para a dinamização da
banalização e inclusão financeira de Moçambique.
O mesmo salienta que face ao cenário desafiante, o Millennium BIM reforça o seu
posicionamento no mercado, afirmando-se como um player activo e inovador do sistema
financeiro nacional, disponibilizando soluções financeiras modernas para atender às necessidades
dos Clientes (Particulares e Empresas), e para apoiar a revitalização dos sectores económicos
afectados pela Covid-19 e continua empenhado no investimento da transformação digital e
segurança da informação e combate à fraude, agilizando a eficácia dos procedimentos e
transacções bancárias à distância, visando maior proximidade e interacção com o mercado e com
os Clientes. É nesse sentido que o Banco está a optimizar, progressivamente, as funcionalidades
das suas plataformas digitais visando flexibilizar pagamentos e transacções em ambiente mobile,
observando-se os mais altos padrões de segurança, transparência e rigor. Diante dessas visões
urge a seguinte questão: Qual foi o desempenho económico e financeiro do sector bancário
em Moçambique face a Pandemia do Covid -19 no Periodo de 2019 a 2022?

Questões de Pesquisa
 Como era o sistema bancário em Moçambique durante a Covid-19?
 Quais os instrumentos fiscais usados pelo sistema bancário em Moçambique durante a
Covid-19?
 Como o Millennium BIM ultrapassou a Covid-19 em Moçambique?

Objectivo Geral
Avaliar o desempenho económico-finaneiro dos bancos privadis e estatais antes, durante e apois
a crise da COVID-19

Objectivo Específicos
 Identificar os efeitos oriundos da crise da COVID-19 na liquidez, endividamento e
rentabilidade dos bancos
 Descrever a medidas fiscais aplicadas no sistema bancário em Moçambique durante a
Covid-19.
 Evidencia a actuação do sector bancario durante a Covid-19 em Moçambique.

Hipótese
 Será que o Sistema Bancário em Moçambique sofreu com a Covid-19
 Até que ponto as medidas fiscais do sistema bancário em Moçambique surtiram efeitos
 Poderá o sistema bancário em Moçambique influencia os bancoS comercias a terem
ganhos como o Millennium BIM
Metodologia

Entende-se por metodologia, como a forma de pesquisa pelo qual a investigação do problema
proposto é realizada, a fim de que os objectivos traçados sejam atingidos. Portanto, a
metodologia é um meio e não tem fim em si, o que não isenta o pesquisador de dar especial
atenção a ela. Afinal, estratégias metodológicas inconsistentes podem comprometer o rigor que
deve haver em um trabalho científico e colocando sob suspeita as condições da pesquisa. É nesse
cenário que o pesquisador deve eleger a metodologia mais adequada (Bertucci, 2008).
Para elaboração deste trabalho, foram tidas como base as seguintes ferramentas e técnicas de
investigação e recolha de dados:
 Pesquisa bibliográfica;
 Pesquisa documental;
 Estudo de caso; e
 Pesquisa de campo (entrevistas e observação directa).
a) Pesquisa bibliográfica
Foi feito um levantamento bibliográfico sobre a matéria em análise, com vista a encontrar uma
base de apoio e sustentação. Com o uso das referências foi esclarecido o significado dos
conceitos chaves presentes neste trabalho, tais como auditoria, técnicas de auditoria informática,
perfil do auditor informático, entre outros. Em especial, a consulta de documentos oficiais das
instituições de crédito e sistema bancários, tais como, leis que regem a instituição o
funcionamento de empresas na área em epígrafe, estatutos dos directores, direcções.
b) Pesquisa documental
Esta é uma técnica que consiste na análise e revisão de manuais de procedimentos, regulamentos,
normas, como também outros relatórios de pesquisa, documentos internos disponibilizados por
órgãos públicos, fotos, gravações, revistas, boletins, entre outros. Nesta metodologia, foram
recolhidos manuais de normas internas e procedimentos para uma revisão documental e
aquisição de conhecimento sobre o funcionamento da instituição, especialmente a documentação
relacionada com o nível de formação dos funcionários do Millennium BIM bem como as
politicas que nele regem.
c) Estudo de caso
Foi seleccionada a metodologia estudo de caso, pois este método permite analisar em
profundidade o objectivo de estudo no que diz respeito aos procedimentos e suas razões. Assim,
a recolha dos dados foi realizada a partir dos seguintes instrumentos:
 Entrevista aos técnicos do sistema: ao corpo directivo e alguns técnicos e observação de
algumas actividades para obter um quadro real de processo de funcionamento do sistema.
 Revisão da bibliografia: com o objectivo de comparar os modelos de auditoria
existentes.
d) Pesquisa de campo
Procede a observação de factos e fenómenos exactamente como ocorrem no real, a colecta de
dados referentes aos mesmos e, finalmente, a análise e interpretação desses dados, com base
numa fundamentação teórica consistente, objectivando compreender e explicar o problema
pesquisando (Martins E Lintz, 2007: 52).
Feita a pesquisa bibliográfica, escolhida a técnica de pesquisa e definidos os instrumentos para a
recolha de dados, passou-se então a procura da informação inerente ao estudo do Millennium
BIM, de modo a confrontar a informação obtida durante a revisão da literatura e a realidade do
terreno. Este método foi possível mediante o uso de entrevistas e observações onde a população
foi de 10 funcionários do Millennium BIM - Maputo - Sede e a amostra foi de 2 responsáveis e
especialistas em sistemas bancários e mercado financeiro.
CAPITULO II: REFERENCIAL TEÓRICO
A teoria é bússola da pesquisa, ela ajuda a explicar fenómenos e prever cenários, face a
pressupostos empiricamente testados e avaliados. Neste capítulo, fazemos a descrição da teoria,
o contexto do seu surgimento, os precursores bem como os princípios a luz do paradigma
Estruturalismo Económico Global (Globalismo) com vista a facilitar o seu enquadramento
teórico.
1.1. Estruturalismo Economico Global (Globalismo): Contexto de surgimento

O globalismo é fundamentalmente diferente, tanto da imagem realista como da pluralista. Nos


anos 1970, o debate na disciplina de relações internacionais tendia a focalizar nos realistas e
pluralistas. Já vimos que os realistas organizam o seu trabalho em torno de uma questão básica:
como manter a estabilidade num mundo anárquico? Muitos pluralistas questionam: como se
pode promover uma mudança pacífica num mundo que é crescentemente interdependente
política, militar, social e economicamente. Por seu turno, o globalismo concentra-se na questão
geral da razão de muitos Estados do Terceiro Mundo na América Latina, África e Ásia não terem
sido capazes de se desenvolver. O globalismo é uma perspectiva que engloba os que vêem o
sistema mundial capitalista como seu ponto de partida, ou que focalizam nas relações de
dependência na economia política global (Zeca, 2013: 97).

1.1.1. Precursores

Dentro dos pensadores deste paradigma, há dois grandes grupos. O primeiro é dos marxistas,
identificados como sendo os estruturalistas económicos e, o segundo, o não-marxistas,
defensores da ideia de que é necessário compreender o contexto global ou de classe do sistema
internacional implica um exame mais vasto do que a distribuição do poder entre os Estados
(realistas) ou representar o movimento de actores transaccionais e os processos internos dos
Estados (Pluralistas ou liberais). Ainda que sejam importantes, esses actores, processos e
relações, são parte de um mundo moldado por forcas globais sociais e económicas, cujo impacto
não é sempre evidente no dia-a-dia da competição política e económica mundial. Estas forcas
condicionam e predispõem os actores (Estados e não estatais) a agir de determinadas formas, eles
também contam para a geração destes actores em primeira instância. Por outras palavras,
enquanto os realistas tendem a ver os actores estatais e seus interesses como dados, os
estruturalistas económicos estão interessados em explicar como é que eles surgiram (Zeca,
2013).
1.1.2. Pressupostos

Segundo Viotti e Kauppi (1993: 399-400) os pressupostos que estruturam o globalismo são:
Embora os globalistas reconheçam a importância dos Estados, organizações
internacionais, grupos transnacionais como actores, o enfoque particular da sua análise é
sobre como é que estes e outros actores agem como mecanismos de dominação pelos
quais alguns Estados, classes ou elites gerem para se beneficiar no sistema capitalista às
expensas dos outros. Os globalistas estão preocupados com o desenvolvimento e
manutenção de relações de dependência entre os Estados ricos e os países pobres.
Os globalistas enfatizam a importância de factores económicos quando procuram explicar
a dinâmica do sistema internacional. Os globalistas partem da assunção de que a
economia é a chave para compreender a criação, evolução e funcionamento do sistema
mundial contemporâneo. Embora pareça que os pluralistas e globalistas partilham um
campo comum, por ambas darem importância a questões económicas e sociais, diferem
fundamentalmente na maneira como lidam com estes assuntos.

1.1.3. Principais Seguimentos na Análise Sobre Globalismo:

As análises sobre o Sistema Globalista se dividem em três vertentes principais, que são:

Teoria Radical
A teoria radical acredita que as corporações multinacionais e bancos internacionais, que
para os pluralistas são actores globalizantes, são na verdade por excelência agentes da burguesia
internacional responsável por manter os Estados em via de desenvolvidos na condição de
subordinação à economia global capitalista. A luz da pesquisa em causa observamos que essa
tese vem sido sustentada e implementada no Estado Moçambicano através das Instituições
Monetárias (FMI, BM,) contudo os mesmos afirmam serem parceiros económicos que
apresentam condicionalismos para oferecerem créditos “dívidas”.
Teoria da Dependência
Teóricos da dependência consideram não apenas factores externos, mas também as
limitações internas ao desenvolvimento, que parecem, na verdade, reforçar os instrumentos
externos de dominação. Quando olhamos para Moçambique percebemos das limitações internas
no sistema bancário ou seja apresenta alto grau de endividamento público, e a baixa renda que
caracterizam alguns países, como é o caso de Moçambique, as instituições multilaterais deviam
ter doado os recursos para a sua rápida recuperação, mantendo os níveis de exigência necessários
para execução transparente dos fundos, e prestação de contas ao público em geral.

Teoria Sistémica
Estudam-se as Sistemas Bancários entre um núcleo e uma periferia no contexto do
sistema capitalista mundial. O maior representante da teoria, Immanuel Wallerstein (Considerado
um arauto do movimento antiglobalização, à imagem de Noam Chomsky ou Pierre Bourdieu),
defende que para entender o desenvolvimento global dos processos económicos, políticos e
sociais é necessário acompanhar o desenvolvimento do sistema capitalista em si.

Críticas à Teoria: A Questão da Causalidade e as Limitações da Teoria


Alguns críticos questionam a relação de causa e consequência entre a dependência e o
subdesenvolvimento: se é a dependência a responsável pelo retrocesso económico e social ou se
são os retrocessos económicos e sociais que criam os laços de dependência.

Muitos críticos acusam o paradigma globalista de ser insuficientemente empírico e de basear sua
análise em apenas algumas construções teóricas gerais tais como "dependência" e "sistema
capitalista mundial".
BIBLIOGRAFIA
 Banco de Moçambique (2020) Estatísticas Gerais - Balança de Pagamentos. Disponível
em: http://www.bancomoc.mz/fm_pgLink.aspx?id=222 (Consultado a 29 de Abril de
2023).
 BNI (2021) Investimento & Desenvolvimento - Banco Nacional de Investimento. 2021.
BNI - Banco Nacional de Investimento. Disponível em: https://www.bni.co.mz/sobre-o-
bni/institucional/ (Consultado a 01 de Maio de 2023).
 BNI (2020) Relatório e Contas 2020: Banco Nacional de Investimento.
 Cortez, E., Orre, A., Fael, B., Nhamirre, B., et al. (2021) Custos e Consequências das
Dívidas Ocultas para Moçambique,
 International Monetary Fund (2021d) Policy Responses to COVID19. IMF. Disponível
em: https://www.imf.org/en/Topics/imf-and-covid19/Policy-Responses-to-COVID-19
(Consultado a 04 de Julho de 2022).
 Kauppi, Mark V., e Paul R. Viotti, (1993). International Relations. Realism, Pluralism,
Globalism, and Beyond. Allyn and Bacon: Boston
 Ministério da Economia e Finanças (2021) Relatório Anual da Dívida Pública -
Exercíco Fiscal 2020.
 Trading Economics (2021b) Moçambique - Dívida Pública % PIB. Disponível em:
https://pt.tradingeconomics.com/mozambique/government-debt-to-gdp (Consultado a 04
de Julho de 2022).
 Zeca, Emílio Jovando (2013), Relações Internacionais: Natureza, Paradigmas e
Assuntos Transversais, Plural Editores, Maputo.

Autor Titulo Objectivo Tipo de Abordagem Instrumento Resultados Foco


Estudo de Recolha
de Dados
Mota Os efeitos Apresentar Descritivo Quantitativa entrevista As relações econômicas mundiais Instituições
(2008) da Crise os impactos cada vez mais desenvolvidas, e bancarias
Financeira da crise de tendo sido iniciada em um dos brasileiras
sobre o 2008 na centros financeiros globais, a
Brasil economia crise do subprime contaminou até
brasileira s mesmo países com economias
mais estáveis.
Cruz, Analise dos Análise das Descritiva Quantitativa Demostraçõe Rendas de Prestação de Serviço Instituições
Kich e factores que variáveis que s financeiras está relacionado com as receitas bancarias
Cunha influenciam influenciam advindas do Mercado de capitais. brasileiras
(2018) o o Este valor apresentou uma
desempenho desempenho variação positiva de 70% na
financeiro financeiro comparação com o ano de 2018,
dos bancos dos bancos influenciada principalmente pelo
brasileiros brasileiros aumento das comissões de
colocação de títulos, ofertas de
ações e debêntures, e pelas rendas
de corretagem.
Assato O impacto Analisar Descritiva Quantitativa Revisão mesmo com o período de grande Seguradoras
(2021) da Covid-19 qual foi o instabilidade no mercado em
nos impacto da bibliográfica geral que reflete nos negócios das brasileiras
indicadores covid-19 nos seguradoras e os grandes
económicos- indicadores impactos negativos identificados
financeiros económicos- nos indicadores de rentabilidade
das financeiros das seguradoras, os índices de
seguradoras das liquidez, estrutura de capital e
brasileiras seguradoras atividade tiveram efeitos
brasileiras negativos e tendência de queda,
porém não significativos a ponto
de apresentar resultados abaixo
do ideal para o período analisado.
Ou seja, ainda que a crise tenha
de fato afetado os resultados
negativamente, as seguradoras em
análise se mostram preparadas
para enfrentar os declínios da
crise.
Franco Impoctos da Analisar os Descritiva quantitativa Base de os indicadores de Liquidez
(2021) Pandemia impactos da dados Corrente e Geral, apresentaram
de Covid-19 pandemia de economatica maiores médias no ano 2020. Por
nos Covid-19 outro lado, ao considerar os
indicadores nos indicadores de rentabilidade,
económicos indicadores pode-se constatar redução na
e económicos Margem Líquida no ano de 2020,
financeiros: e financeiros influenciando outros indicadores
Uma analise que possuem relação com esse.
do sector Sendo assim, concluiu-se que a
bancario pandemia de COVID-19
impactou tanto positivamente
quanto negativamente os
indicadores econômicos e
financeiros do setor bancário.

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