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UNIVERSIDADE LICUNGO

FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

CURSO DE QUÍMICA

SOARES SAMUEL MUCHAVA

IMPACTO SOCIO-ECONOMICO DO HIV/SIDA NO SECTOR


DA EDUCAÇÃO

CICLO ECONÓMICO DO HIV/SIDA

IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO E NO ACESSO A


EDUCAÇÃO

IMPACTO DO HIV/SIDA NA COMUNIDADE

IMPACTO DO HIV/SIDA NAS PERPECTIVAS DO FUTURO

BEIRA

2022
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SOARES SAMUEL MUCHAVA

IMPACTO SOCIO-ECONOMICO DO HIV/SIDA NO SECTOR DA


EDUCAÇÃO

CICLO ECONÓMICO DO HIV/SIDA

IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO E NO ACESSO A EDUCAÇÃO

IMPACTO DO HIV/SIDA NA COMUNIDADE

IMPACTO DO HIV/SIDA NAS PERPECTIVAS DO FUTURO

Trabalho de pesquisa a ser


apresentado no curso de Química na
Faculdade de Ciências e Tecnologia,
Departamento de Ciências Naturais,
para fins avaliativos da cadeira de
Tema Transversal IV

DOCENTE: MSC. FLÁVIA CHINGUELA

BEIRA

2022
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Sumário
1 Introdução ................................................................................................................................ 4

2 Impacto Sócio-económico do HIV/SIDA no Sector da Educação .......................................... 5

2.1 Ciclo Económico do HIV/SIDA ....................................................................................... 5

2.1.1 Redução da Oferta de Trabalho .................................................................................. 5

2.1.2 Aumento nos Custos de Tratamento ......................................................................... 5

2.1.3 Redução das Receitas e no aumento dos Gastos do Governo ................................... 6

2.1.4 Diminuição do PIB e do Produto Médio .................................................................... 6

2.2 Impacto no Desenvolvimento e no Acesso a Educação.................................................... 8

2.2.1 Impacto no desenvolvimento ..................................................................................... 8

2.2.2 Impacto no acesso a educação .................................................................................... 9

2.3 Impacto do HIV/SIDA na Comunidade ............................................................................ 9

2.4 Impacto do HIV/SIDA nas perspectivas do Futuro ........................................................ 12

3 Conclusão .............................................................................................................................. 14

4 Referências bibliográficas ..................................................................................................... 15


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1 Introdução
A pandemia HIV/SIDA tem impactado negativamente o sector socio-económico do
nosso país e principalmente o sector educacional, visto que muitas crianças em idade escolar
não vão a escola por conta dos impactos do HIV/SIDA. O HIV/SIDA infecta e mata os
crianças, país e jovens, deixando diversas famílias afectadas e crianças órfãs. Em
Moçambique, geralmente, os órfãos são cuidados por familiares, colocando assim uma
pressão sobre os recursos já limitados. A maioria dos órfãos abandona a escola para cuidar de
parentes doentes e se engajar em atividades produtivas como venda de mercadorias na rua,
agricultura e pastagem, para se sustentar. As órfãs também podem praticar sexo comercial.

Portanto, neste trabalho, iremos analisar os impactos socio-ecónomicos do HIV/SIDA


em particular no sector da educação, onde abordar-se-á concretamente sobre o ciclo
econômico do HIV/SIDA, impacto no desenvolvimento e no acesso a educação, impacto do
HIV/SIDA na comunidade e por fim falar-se-á a cerca do impacto do HIV/SIDA nas
perspectivas para o futuro.
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2 Impacto Sócio-económico do HIV/SIDA no Sector da Educação


Segundo CHGA (sd) citado por Castelo (2010) os impactos socio-ecónomicos do
HIV/SIDA começam nas famílias devido a intensificação da Pobreza. Para além de que,
segundo os autores, entre os países africanos, as pessoas mais vulneráveis são as
economicamente activas e, como estas pessoas portadoras do vírus HIV/SIDA podem morrer,
as famílias esforçam-se para cobrir não apenas a sua dor emocional, mas também os
sucessivos problemas económicos.

2.1 Ciclo Económico do HIV/SIDA


Segundo Jehniffer (2021) os ciclos econômicos são as mudanças que acontecem na
economia de um país. Essas mudanças na economia são marcadas por períodos de expansão,
boom, contração e recessão. Ou seja, é natural que uma economia passe por períodos de
prosperidade e estagnação ou crise.

Portanto falar de ciclo econômico do HIV/SIDA é falar das mudanças que acontecem
na economia de um país influenciadas pela pandemia do HIV/SIDA.

Segundo Bollinger & Stover (1999) citado por Sithoye (2011), a SIDA têm o
potencial de criar impactos económicos severos, principalmente em vários países africanos.
Esta epidemia é diferente de muitas outras doenças porque, para além de atacar grupos de
pessoas em idade produtiva, é essencialmente 100 por cento fatal. Os efeitos são vários, de
acordo com a severidade da epidemia do SIDA e a estrutura das economias nacionais. Os dois
maiores efeitos são:

 A redução da oferta de trabalho;


 Aumentos nos custos de tratamento do HIV e SIDA.

2.1.1 Redução da Oferta de Trabalho


A perda de jovens e adultos nos seus anos mais produtivos afecta totalmente o produto
de uma economia. Assim como, se a prevalência do HIV e SIDA é maior entre a elite
económica então os impactos podem ser mais extensos do que indica o número absoluto de
mortes de HIV e SIDA. (Bollinger & Stover, 1999) citado por (Sithoye, 2011).

2.1.2 Aumento nos Custos de Tratamento


Segundo Bollinger & Stover (1999), citado por Sithoye (2011) os custos directos do
HIV e SIDA incluindo de cuidados médicos, medicamentos e despesas de funeral são sempre
tendencialmente positivos. Bem como os custos indirectos que incluem o tempo perdido para
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tratar a doença, custos de recrutamento, treinamento para troca de trabalhadores e cuidados de


órfãos. Por conseguinte, se os custos são financiados pelas poupanças, então a redução no
investimento pode resultar numa significante redução no crescimento económico. Os efeitos
económicos do HIV e SIDA são sentidos primeiramente pelos indivíduos e suas famílias,
depois atingem as firmas, negócios e a macroeconomia. É momento de mitigar os impactos
económicos do HIV e SIDA.

Além desses impacto a pandemia do HIV-SIDA também tem impactado na:

 Na redução das Receitas e no aumento dos Gastos do Governo


 Na diminuição do PIB e no Produto Médio

2.1.3 Redução das Receitas e no aumento dos Gastos do Governo


De acordo com AARDT (2003) o HIV e SIDA têm inevitavelmente impacto sobre as
receitas e gastos do Governo. Este pode tanto tomar a forma de efeitos directos, bem como
indirectos. As receitas governamentais reduzem, em resultado da expansão dos casos de morte
das pessoas contribuintes dos impostos ao Estado.

Do lado dos gastos, os custos de emprego tem aumentado como resultado da subida
projectada dos custos de mão-de-obra, visto que o Governo é o maior empregador. Assim
como, os custos de treinamento e recrutamento têm subido como resultado da perda de força
de trabalho. Por outro lado, o Governo, como todos empregadores, necessita de treinar um
grande número de trabalhadores para compensar os que morrem durante ou depois de serem
treinados. Os gastos de saúde podem, todavia, subir dramaticamente, dependendo das
escolhas de medidas de políticas adoptadas concernentes a disponibilização de medicamentos.
(Sithoye, 2011).

Segundo AARDT (2003), por consequência, o aumento dos níveis de pobreza causado
pela HIV e SIDA têm levado a um acréscimo na demanda por despesa de alívio dessa
pobreza. Por conseguinte, se a renda perdida pelas famílias que vivem abaixo da linha da
pobreza for compensada pelo Governo, então o gasto recorrente terá que aumentar
relativamente à situação sem HIV e SIDA.

2.1.4 Diminuição do PIB e do Produto Médio


De acordo com AARDT (2003) o potencial impacto macroeconómico do HIV e SIDA
opera através de vários e diferentes canais. Esses efeitos podem ser divididos entre os que
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aumentam devido a subida da morbilidade (expansão da doença) e aqueles que aumentam em


resultado da subida da mortalidade (elevadas taxas de mortalidade).

Segundo AARDT (2003) os aumentos da Morbilidade podem ter os seguintes


impactos:

 Redução da produtividade, visto que os trabalhadores ausentam-se por doença ou


para cuidar de membros doentes de suas famílias;
 Aumento dos gastos através dos cuidados de saúde (pelos indivíduos, firmas e
Governo), treinamento para substituir trabalhadores doentes e pagamento de
subsídios (pelas firmas e Governo);
 Redução de poupanças, dado que pelo menos parte dos gastos é tomada da renda
que deveria tornar-se poupança;
 Redução do investimento, tanto público assim como privado, em resultado de
baixa expectativa de lucros ou aumento da incerteza económica, diminuindo a
habilidade de financiar os investimentos devido aos baixos níveis de poupança.

Segundo AARDT (2003) os aumentos da Mortalidade têm impactos demográficos tais como:

 Redução da população e da força de trabalho;


 Troca da estrutura etária da população e força de trabalho (que afecta a experiência e
produtividade da força de trabalho) resulta em pressões para redução dos salários.

Portanto, porque todos os insumos chaves na produção são afectados negativamente


(trabalho, capital e produtividade), existe a probabilidade da taxa de crescimento do PIB seja
reduzida. Importa enfatizar que, não significa necessariamente que a economia se tornará
menor como resultado do HIV e SIDA. Apenas acontecerá se a taxa de crescimento do PIB
fôr negativa. O mais provável é que a taxa de crescimento do PIB decresça, mas continue
positiva. Isto simplesmente significa que a economia torna-se menor como resultado do HIV e
SIDA, comparado com o tamanho que teria se não houvesse HIV e SIDA, ou seja, seria maior
do que o presente tamanho. (Sithoye,2011).

Um outro ponto importante a notar, tem a ver com o facto de a baixa taxa de
crescimento do PIB não significa necessariamente que o produto médio (PIB per capita) seja
afectado do mesmo modo. Sabemos de acordo com evidências empíricas, que enquanto a taxa
de crescimento do PIB tende a baixar, a taxa de crescimento da população também tende a
reduzir. Se a taxa de crescimento da população reduz mais do que a taxa de crescimento do
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PIB como resultado do HIV e SIDA (que é inteiramente possível), então o HIV e SIDA
aumenta a taxa de crescimento do PIB per capita.(Sithoye,2011).

2.2 Impacto no Desenvolvimento e no Acesso a Educação

2.2.1 Impacto no desenvolvimento

Segundo ILO (2004), os principais canais através dos quais a epidemia de HIV afeta o
desenvolvimento social e econômico passam pela força de trabalho e pelo nível e distribuição
de poupanças. No primeiro caso, os efeitos decorrem do fato fundamental de ter a epidemia
seu impacto primário na população na idade de trabalho, onde se concentra a incidência de
enfermidade e mortalidade relacionadas com o HIV. Assim, pessoas com importantes papéis
econômicos e sociais (tanto homens como mulheres) deixam de dar sua plena contribuição
para o desenvolvimento. Os efeitos, naturalmente, não se limitam a simples cálculo de perdas
de mão-de-obra, mas têm implicações muito mais profundas para a estrutura de famílias, a
sobrevivência de comunidades e problemas a longo prazo de sustentação da capacidade
produtiva.

O declínio da poupança será acentuado em seu impacto na economia com seus efeitos
nos níveis de acumulação de capital, inclusive de investimento humano. Níveis mais baixos
de poupanças familiares já estão afetando investimentos na educação e habilidades
pertinentes. Serviços públicos em todos os países estão enfrentando perda generalizada de
pessoal habilitado e não têm condições de preencher as lacunas devido a limitações
orçamentárias. Isso vale também para atividades diretamente produtivas, como minas e
plantações, onde perdas de pessoal, devido ao HIV/Aids, estão ocorrendo em ritmo acelerado.
(ILO, 2004).

Os problemas de perdas de capital humano não se limitam a qualificações e formação


que resultam de processos formais de desenvolvimento educacional e profissional. Há em
todas as sociedades processos de aprendizagem que criam ampla gama de habilidades
adaptadas a determinados sistemas sociais e econômicos. A epidemia do HIV está corroendo
sistematicamente essas capacidades essenciais, tanto entre homens como entre mulheres.
(ILO,2004).
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2.2.2 Impacto no acesso a educação


Segundo HAACKER (2002) citado por Sithoye (2011) a epidemia do HIV e SIDA
afecta o sector da educação quando o número de professores baixa devido ao aumento da
mortalidade, o número de alunos declina em resultado da redução das taxas de natalidade, e
aumenta a mortalidade infantil. Também existe o risco do acesso a educação deteriorar.
Especialmente em zonas rurais com escolas relativamente pequenas, mortes de professores
podem resultar em rupturas de escolarização e, esses professores podem não ser rapidamente
substituídos.

É importante notar que esta situação poderá resultar em órfãos fora das escolas,
gerando pobreza familiar e um aumento das desigualdades. Da mesma forma que pode levar
ao colapso do país, o HIV e SIDA pode também originar o colapso do sistema de educação.
Isto pode acontecer devido aos impactos do HIV e SIDA na prestação, procura, custos e
qualidade da educação. (Sithoye, 2011).

Segundo CNCS (1999), órfãos e crianças são as principais vítimas do HIV/AIDS. Em


1998, estimou-se que cerca de 73.000 crianças foram infectadas de suas mães e 120.000
crianças eram órfãs. A maioria das crianças infectadas morreram antes dos cinco anos de
idade, enquanto a qualidade de vida dos órfãos será reduzida. Em Moçambique, geralmente,
os órfãos são cuidados por familiares, colocando assim uma pressão sobre os recursos já
limitados. A maioria dos órfãos abandona a escola para cuidar de parentes doentes e se
engajar em atividades produtivas como venda de mercadorias na rua, agricultura e pastagem,
para se sustentar. As órfãs também podem praticar sexo comercial.

2.3 Impacto do HIV/SIDA na Comunidade

Segundo CNCS (1999) estimou-se que entre 1998 e 1999, 30-60 mil famílias foram
afetadas pelo HIV/SIDA. O impacto dependerá muito do tamanho e da estrutura da família e,
em geral, a estrutura do domicílio se desintegrará, assim como a distribuição de recursos,
renda e qualidade de vida dos sobreviventes, entre outros. As famílias pobres tendem a ter
famílias numerosas, com elevado número de filhos, com poucos adultos trabalhando para
sustentá-las, reduzindo significativamente a renda per capita.

A duração da doença produz o maior impacto. As despesas médicas e a necessidade de


cuidados aumentam com o tempo, reduzindo assim a poupança das famílias e o tempo
alocado pelos outros membros da família para realizar outras atividades domésticas, incluindo
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atividades geradoras de renda. Devido à longa duração da doença, quando o doente morre, as
poupanças do agregado familiar esgotam-se, aumentando assim a vulnerabilidade do agregado
familiar, especialmente para as crianças. Além da perda por despesas médicas, parentes do
falecido desapropriam todos os bens remanescentes, como a casa e o terreno, deixando a
mulher e os filhos em condições extremamente precárias. (CNCS, 1999).

A maior parte da população moçambicana é rural. A agricultura de subsistência é a


atividade mais importante. O impacto do HIV/AIDS na comunidade pode se refletir na
redução da capacidade de produção de alimentos; também pode afetar a oferta de ensino e
assistência à saúde, entre outros serviços básicos. Os serviços comunitários podem ser
afetados pela infecção de pessoal treinado, por um lado, e também pelo número crescente de
pessoas que procuram atendimento de saúde, que pode superar a capacidade da infraestrutura
existente. O tempo gasto cuidando da pessoa doente, mas não trabalhando, afeta a renda
familiar e a segurança alimentar. (CNCS, 1999).

E para Sithoye (2011), nem todas famílias são afectadas pelo HIV e SIDA da mesma
maneira, mas obviamente depende se as famílias têm ou não membros que são HIV positivos
(HIV+). Ao nível das famílias, podemos considerar o potencial impacto do HIV e SIDA sobre
a pobreza e distribuição da renda.

Segundo AARDT (2003) as famílias podem ser afectadas pelo HIV e SIDA das
seguintes formas:

 Perda de renda, se um trabalhador deve parar de trabalhar devido a doença ou morte


(este é um impacto permanente).
 Perda de renda, se um trabalhador deve parar de trabalhar para cuidar de um membro
doente da sua família (este é um impacto temporário ou transitório).
 Gastos adicionais, nos cuidados de saúde e eventualmente nos custos de funeral
(impacto transitório).

Todos estes efeitos tendem a reduzir a renda e aumentar os gastos. Então, a


disponibilidade da renda das famílias será menor. Algumas famílias têm suas disponibilidades
de renda não suficientes para pôr-lhes acima da linha da pobreza, enquanto outras famílias
vêem que o défice de sua pobreza está a piorar. (Sithoye, 2011).

Geralmente, os efeitos directos do HIV e SIDA têm piorado a pobreza, embora se deve
notar que no curto prazo o impacto sobre a pobreza têm maior probabilidade de ser pior do
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que o impacto do longo prazo (por causa do impacto dos factores transitórios). Todavia, existe
também um número de efeitos indirectos que afectam as famílias, não só aquelas com um
parente HIV e SIDA positivo. Há probabilidade de que os níveis de emprego e salário sejam
afectados. Se estes efeitos serão positivos ou negativos não se pode determinar a priori, mas
as famílias vêem que suas rendas são afectadas pelo aumento ou redução das oportunidades
de encontrar trabalho e pelo volume de trabalho, dado aumento ou redução de salário. Isto
pode também ter um efeito na pobreza, (AARDT, 2003).

Efeitos na distribuição da renda podem ser também importantes. Dado que algumas
famílias tornam-se pobres enquanto outras (dependendo do grau e direcção da troca de salário
e trabalho) podem tornar-se ricas. De novo, a priori não é possível prever a direcção ou
magnitude da distribuição do impacto do HIV e SIDA, (AARDT, 2003).

Segundo Murargy (2005), enfatiza que o HIV/SIDA tem impactos na comunidade,


onde as famílias se encontram inseridas. O impacto de HIV/SIDA na comunidade toma
diferentes formas, tais como:

 Perda de emprego;
 Perda de pessoal qualificado, incluindo trabalhadores de saúde, professores, com o
consequente impacto na qualidade de serviços prestados nas respetivas áreas;
 Aumento da pobreza;
 Aumento das necessidades, em termos de cuidado de saúde, e outros serviços socias,
incluíndo escolas;
 Aumento do número de óbitos, e redução da capacidade para mobilizar recursos para
ajuda mútua.

O mesmo autor salienta ainda que os problemas que surgem.ao nível da comunidade incluem
ainda:

 Necessidade de apoiar um número cada vez mais crescente de crianças órfãos e


vulneravés,
 Redução da intervenção dos membros da comunidade em questões estruturais e em
actividades relevantes para o seu bem estar e desenvolvimento;
 Aumento de pessoas sem abrigo ou em condições habitacionais precárias; e
 Aumento do crime e prostituição.
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A pandemia vai forçar a formação de famílias extensas para absorver crianças órfãos e
tomar conta de pessoas cronicamente doentes (Booysen & Bachmann, 2002:22), citado por
Murargy (2005).

O impacto do HIV/SIDA nas famílias é multifacetado porque numerosas respostas


comportamentais podem surgir quando o membro da família fica doente, isto porque a morte
de um trabalhador adulto na família pode reduzir os rendimentos, o acesso a terra, as despesas
da casa, os activos e os insumos para a machamba e também torna reduzido o trabalho
familiar e a escolaridade dos filhos. Murargy (2005).

2.4 Impacto do HIV/SIDA nas perspectivas do Futuro


A pobreza é elevada devido aos elevados gastos registados com o sustento quotidiano
da morte e, as escassas poupanças das famílias são utilizadas durante o período da doença.
Com as poupanças a reduzir, as famílias tornam-se economicamente fragmentadas. Deste
modo, De acordo com Castelo (2010) há três factores importantes a considerar para o futuro e
que são retratadas na literatura, a saber:

 A SIDA selectivamente destrói o capital humano, isto é, experiências de vida


acumuladas, as habilidades humanas e de trabalho e os conhecimentos profundos
construídos por longos anos.
 A SIDA destrói os mecanismos que geram a formação do capital humano.
 Com a SIDA há maior possibilidade de que as crianças entre elas venham a contrair
doenças na adolescência, fazendo com que os investimentos em sua educação sejam
menos atractivos.

Assim, o HIV/SIDA coloca elevados desafios para o desenvolvimento económico


sustentado em África, em particular na nossa país. Para os governos a habilidade para
começar esta forma de pensamento estratégico provavelmente depende de três factores
crucialmente interligados:

 Seu entendimento das metas de desenvolvimento de longo prazo colocadas pelo


HIV/SIDA;
 Suas capacidades para projectar políticas apropriadas; e
 Programas por uma mitigação efectiva dos impactos do HIV/SIDA.
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No âmbito do sector da educação, Bollinger & Stover (1999) citado por Sithoye
(2011), defendem que a epidemia afecta o sector da educação pelo menos em 3 vias,
nomeadamente:

 Redução do número de professores experientes devido à doença e morte pelo


HIV/SIDA;
 O abandono da escola pelas crianças porque têm de ficar em casa a cuidar das pessoas
enfermas do VIH ou a trabalhar para auto-sustento e sustento dos enfermos; e
 Abandono da escola pelas crianças porque seus familiares não possuem capacidade de
financiar os estudos devido ao desaparecimento e/ou redução do rendimento familiar
causada pelas mortes ou doenças pelo HIV/SIDA.

Na educação, espera-se que o“SIDA baixe a população em idade escolar, reduza a


porção da população em idade escolar que procura ir à escola, destrua a capacidade do
sistema de educação. Estes factores apontam para uma redução da acumulação do capital
humano.”
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3 Conclusão
A epidemia do HIV/SIDA tem influenciado no acesso a educação e na qualidade da
própria educação do nosso país, isto deve-se ao facto de muitos professores qualificados
perdem a vida por conta do vírus do HIV/SIDA, deixando o sector da educação sem quadros
para responder a demanda nacional.

Muitas crianças abandonam a escola por conta dos efeitos devastadores do HIV/SIDA
como a morte dos pais, obrigando-as a abandona a escola para cuidar de parentes doentes e se
engajar em atividades produtivas como venda de mercadorias na rua, agricultura e pastagem,
para se sustentar. As órfãs também podem praticar sexo comercial.

Nas famílias nota-se a perda de renda, se um trabalhador deve parar de trabalhar


devido a doença ou morte (este é um impacto permanente), perda de renda, se um trabalhador
deve parar de trabalhar para cuidar de um membro doente da sua família (este é um impacto
temporário ou transitório) e nos gastos adicionais, nos cuidados de saúde e eventualmente nos
custos de funeral (impacto transitório).

Portanto é necessário que a comunidade, as familias, e o governo e o país em geral


criem condições para mitigar os impactos da pandemia do HIV-SIDA no sector da educação.
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4 Referências bibliográficas
AARDT, C. V. (2003) The economic cost of AIDS (Part I). University of South
Africa, Pretória.

Castelo, V. I (2010), Análise do custo e do acesso da cesta básica para pessoas


vivendo com HIV/SIDA (PVHS) na Mitigação do impacto socioeconómico do HIV/SIDA -
estudo de caso na Província de Maputo, UEM, Maputo

Conselho Nacional de Combate ao SIDA [CNCS]. (1999). Estratégia nacional de


combate e prevenção ao HIV/SIDA, Maputo, Mozambique.

ILO, (2004), Moçambique: O impacto do HIV/AIDS em recursos humanos, UEM,


Maputo.

GOVERNO DE MOÇAMBIQUE. (2004). Acelerando a resposta ao HIV E SIDA no


sector da Educação em Moçambique.

Jehniffer, J. (2021). Ciclo econômico, o que é? Como funciona e relação com os


investimentos. Disponível https://investidorsardinha.r7.com/aprender/ciclo-economico/
acesso 21/03/2022.

Sithoye, E. R. (2011), Medição de Gastos com HIV e SIDA: Impacto dos Gastos
Públicos na luta contra o HIV e SIDA no Distrito de Massinga (2005-2009), UEM, Maputo.

Murargy, S. I. (2005). O HIV/SIDA na família e na comunidade, impacto e estratégias


de resposta no distrito de magude, UEM, Maputo.

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