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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO - FAVENI

CONCEITOS E ALTERAÇÕES
FISIOLÓGICAS DO
ENVELHECIMENTO

ESPÍRITO SANTO
1
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4

2 PROCESSO DE ENVELHECIMENTO........................................................ 5

2.1 Aspectos demográficos do envelhecimento ......................................... 5

3 TEORIAS E MITOS DO ENVELHECIMENTO ............................................ 7

3.1 Mitos e fatos do envelhecimento .......................................................... 7

4 TEORIAS BIOLÓGICAS DO ENVELHECIMENTO ..................................... 9

5 ASPECTOS SOCIOLÓGICOS, BIOPSICOSSOCIAIS, BIOLÓGICOS E


PSICOLÓGICOS DO ENVELHECIMENTO .............................................................. 13

5.1 Aspectos biopsicossociais do envelhecimento ................................... 15

5.2 Envelhecimento biológico ................................................................... 16

5.3 Envelhecimento psicológico ............................................................... 18

6 ENVELHECIMENTO SOCIOECONÔMICO .............................................. 18

7 ENVELHECIMENTO PSICOSSEXUAL .................................................... 20

8 ENVELHECIMENTO DO SISTEMA CARDIOVASCULAR........................ 23

9 ENVELHECIMENTO DO SISTEMA RESPIRATÓRIO .............................. 24

10 ENVELHECIMENTO DO SISTEMA NERVOSO.................................... 25

11 ENVELHECIMENTO DO SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO .......... 27

12 ENVELHECIMENTO DO SISTEMA RENAL ......................................... 28

13 ENVELHECIMENTO DO SISTEMA GASTROINTESTINAL .................. 29

14 ENVELHECIMENTO DO SISTEMA IMUNOLÓGICO............................ 31

15 ENVELHECIMENTO e COMPOSIÇÃO CORPORAL ............................ 32

16 QUALIDADE DE VIDA NA VELHICE .................................................... 33

17 FATORES QUE INTERFEREM NO PROCESSO DE


ENVELHECIMENTO ................................................................................................. 35

2
18 ENVELHECIMENTO BEM-SUCEDIDO ................................................. 37

19 CONCLUSÃO ........................................................................................ 38

20 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ...................................................... 41

21 BIBLIOGRAFIAS SUGERIDAS ............................................................. 46

3
1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno!
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável -
um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum
é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão
a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as
perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão
respondidas em tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da
semana e a hora que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

4
2 PROCESSO DE ENVELHECIMENTO

Fonte: amorecuidadodf.com.br

2.1 ASPECTOS DEMOGRÁFICOS DO ENVELHECIMENTO

A composição da população brasileira é um fenômeno de sua dinâmica ao


longo do tempo. A transição demográfica apresenta quatro etapas: a primeira como
alta fecundidade/alta mortalidade; a segunda como alta fecundidade/redução da
mortalidade; a terceira como redução da fecundidade e a mortalidade contínua
diminuída; e a última etapa que continua a queda da fecundidade e da mortalidade
em todos os grupos etários da população.
No Brasil, o principal impacto no setor da saúde tem sido proporcionado pelo
aumento absoluto e relativo de nossa população adulta e idosa, sendo este fenômeno
denominado de transição demográfica, que se faz em quatro etapas: a primeira é alta
fertilidade e alta mortalidade, a segunda é alta fertilidade e redução de mortalidade, a
terceira é redução da fertilidade e queda de mortalidade e a quarta é queda da
fertilidade e da mortalidade.

O ritmo de crescimento na população idosa relaciona-se diretamente com a


diminuição das taxas de natalidade e mortalidade infantil, a melhoria no
tratamento das doenças infecciosas e condições de saneamento básico, e
acesso aos serviços de saúde para um número maior de indivíduos.
(PASSARELLI, 1997 apud MOREIRA, 2001).

5
Segundo o Ministério da Saúde (2005), a partir de 1960 o grupo com 60 anos
ou mais é o que mais cresce proporcionalmente no Brasil, enquanto que a população
jovem se encontra em um processo de desaceleração do crescimento. Em outras
palavras a população idosa crescerá proporcionalmente oito vezes mais que os jovens
e quase duas vezes mais que a população total.
No Brasil, em 1930, dois terços da população viviam em zonas rurais. Hoje em
dia, mais que três quartos vivem em zonas urbanas. O migrante padrão que chega às
grandes cidades é o migrante jovem, o qual, em geral, deixa seus parentes para trás.
Para o idoso que teve por toda a sua vida uma grande família que se
caracterizava por uma marcada solidariedade sócio-cultural, com um suporte provido
pelos mais jovens, rodeados de muitas crianças, esta mudança pode ser muito
complicada, causando desmotivação, sensação de desamparo e sintomas
depressivos.
De acordo com o último censo demográfico ocorrido no ano 2000, a população
idosa brasileira em 1991, era de 10,7 milhões. Hoje a população idosa brasileira já
passa dos 14 milhões, o que evidencia a importância deste contingente populacional
no Brasil.

A partir da segunda metade do século XX, ocorreram inúmeras


transformações nos diversos setores da sociedade brasileira. Na saúde,
foram observadas mudanças referentes ao aumento da esperança de vida ao
nascer e redução das taxas de mortalidade infantil, com manutenção de
níveis elevados de natalidade e fecundidade que resultaram nas taxas de
crescimento populacional mais elevadas na história do país
(VASCONCELOS, & GOMES, 2012, apud PARENTE, 2018)..

O envelhecimento populacional traz consigo problemas de saúde que desafiam


os sistemas de saúde e de previdência social. Envelhecer não significa
necessariamente adoecer. A menos que exista doença associada, o envelhecimento
está associado a um bom nível de saúde. Além disso, os avanços no campo da saúde
e da tecnologia permitiram para a população com acesso a serviços públicos ou
privados adequados, uma melhor qualidade de vida nessa fase. Com isso, é
fundamental investir em ações de prevenção ao longo de todo o curso de vida, em
virtude do seu potencial para resolver os desafios de hoje e, de forma crescente, os
de amanhã.

6
À medida em que nosso país passa por uma transição demográfica, cresce a
necessidade da quantificação dos recursos que a sociedade tem que arcar para fazer
frente às necessidades específicas deste segmento etário, tais como infraestrutura
em termos de instalação, programas específicos de saúde e profissionais de saúde
adequados quantitativa e qualitativamente.

O perfil epidemiológico caracteriza-se por tripla carga de doenças com forte


predomínio das condições crônicas, cuja incidência das doenças
cardiorrespiratórias, neoplasias, entre outras, associada a longos períodos de
internação, causam fortes impactos nos gastos com saúde (OLIVEIRA, 2016,
apud PARENTE, 2018).

3 TEORIAS E MITOS DO ENVELHECIMENTO

Fonte: grnews.com.br

3.1 Mitos e fatos do envelhecimento

A envelhecimento traz limitações físicas:


MITO: Com o avanço da ciência e da medicina, adiaremos cada vez mais o
surgimento de doenças crônicas e consequentes limitações.
As dores são inevitáveis, principalmente as causadas pela artrite:
MITO: Osteoartrose é uma das doenças mais comuns no envelhecimento e
provoca dor. “Apesar das dores ocasionadas pela degeneração da cartilagem serem

7
consideras comuns, não podemos considerá-las normais. O paciente deve ir ao
médico para fazer um tratamento, fisioterapia e controlar o peso.
Com o envelhecimento, a produtividade e a economia dos países vão
desacelerar:
MITO: É cada vez maior o número de pessoas com mais de 60 anos dispostas,
saudáveis e ativas. Um levantamento recente feito pelo Instituto Datafolha mostrou
que a fatia de brasileiros com 60 anos ou mais empregados ou em busca de emprego
aumentou de 20 para 26% do total entre 2007 e 2017.
Conforme as pessoas envelhecem, aumenta o risco de doenças degenerativas
como o Alzheimer:
MITO: É verdade que envelhecimento traz mudanças no nosso organismo,
incluindo alterações neurológicas que comprometem as nossas funções cerebrais. No
entanto, é possível evitar que lapsos de memória aconteçam com frequência
mantendo o cérebro ativo. É importante exercitá-lo com atividades intelectuais como
aprender uma nova língua ou algum instrumento musical, por exemplo.
Doenças como diabetes e hipertensão são obrigatórias no envelhecimento:
MITO: Doenças não podem ser consideradas normais. No máximo, comuns.
Enfermidades como diabetes do tipo 2 e hipertensão podem e devem ser evitadas
com uma alimentação saudável, com a prática de exercícios físicos e com o
acompanhamento de um médico.
Entre os muitos mitos e verdades sobre envelhecimento está a crença de que
envelhecer significa ter uma vida limitada, o que não é verdade. O envelhecimento
saudável permite manter a capacidade funcional do indivíduo e o bem-estar em idade
avançada.
Para isso, é preciso manter uma rotina de vida saudável ao longo da vida, que
inclui uma alimentação balanceada, a prática regular de exercícios físicos, bem como
atividades intelectuais e sociais. Vale a pena investir em uma rotina de vida equilibrada
e feliz para garantir uma velhice mais tranquila e com saúde.
O ímpeto sexual pode a diminuir com o envelhecimento:
FATO: Tanto os homens como mulheres passam por mudanças no organismo
com o passar dos anos, principalmente em relação aos hormônios. Na menopausa,

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os níveis de estrogênio podem acarretar em alterações físicas e de humor que alteram
o interesse por sexo. No caso dos homens, a diminuição dos níveis de testosterona
também pode causar alterações na vida sexual. Isso não quer dizer, no entanto, que
o desejo desapareça ou que pessoas mais velhas não possam ter uma vida sexual
saudável e ativa.
Ocorre diminuição considerável da massa muscular no idoso:
FATO: A quantidade de gordura aumenta e a de massa magra diminui, assim
como a produção de colágeno. Por isso, a prática regular de exercícios físicas e uma
alimentação balanceada são ainda mais necessárias conforme envelhecemos.
Ocorre alteração do paladar na velhice:
FATO: Assim como os outros músculos, as papilas gustativas, que ficam na
língua, tendem a atrofiar. Isso influencia na percepção do paladar.

Para muitos, o envelhecimento é associado a doenças, sobrecarga,


incapacidades, depressão, solidão, abandono e perdas. Dessa forma, é
imprescindível desmistificar os mitos que afloram e crescem em torno do
envelhecimento, para que as pessoas não vejam a terceira idade como um
período de privações e sofrimento, mas sim de experiência e sabedoria
(MATTOS, 2008, apud OLIVEIRA, 2016).

4 TEORIAS BIOLÓGICAS DO ENVELHECIMENTO

Fonte: publico.pt

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As teorias biológicas do envelhecimento têm sido classificadas de várias
formas, sendo frequente a apresentação em dois grupos: teorias
programadas (de natureza genética) e teorias estocásticas. (WEINERT,
2003, apud TEIXEIRA, 2010).

Para além do nascimento e da morte, uma das certezas da vida é que todas as
pessoas envelhecem. No entanto, a manifestação do fenômeno de envelhecimento
ao longo da vida é variável entre os indivíduos da mesma espécie e entre indivíduos
de espécies diferentes. Esta constatação deu origem ao desenvolvimento de inúmeras
definições de envelhecimento biológico que, apesar de divergirem na orientação
teórica subjacente, comungam a noção de perda de funcionalidade progressiva com
a idade, com o consequente aumento da susceptibilidade e incidência de doenças,
aumentando a probabilidade de morte.
Da interação entre o genoma e os fatores estocásticos resulta a maior ou
menor velocidade de envelhecimento do organismo. Se a capacidade de adaptação
do organismo for reduzida e/ou se a ação dos fatores estocásticos for exagerada, o
resultado poderá ser um desequilíbrio excessivo, que aumentará a susceptibilidade
para acumular lesões e défices celulares, manifestando-se no fenómeno de
envelhecimento celular, tecidual e orgânico.

“A ampla experiência médica de atenção à velhice e a imensa pesquisa


biológica deram origem a inúmeras teorias que tentam explicar o
envelhecimento humano sem que, até o momento, exista uma teoria global
sólida. ” (MORAGAS, 1997 apud MOREIRA, 2001, p.41).

As teorias biológicas do envelhecimento examinam o assunto sob a ótica da


degeneração da função e estrutura dos sistemas orgânicos e células. De forma
geral, podem ser classificadas em duas categorias: as de natureza genético-
desenvolvimentista e as de natureza estocástica. As primeiras entendem o
envelhecimento no contexto de um continuo controlado geneticamente,
enquanto as últimas trabalham com a hipótese de que o processo dependeria,
principalmente, do acúmulo de agressões ambientais. Por outro lado, são frequentes
as alusões ao exercício físico como estratégia de intervenção que poderia ter
influências positivas no processo de envelhecimento, retardando algumas das
disfunções comuns na idade avançada.

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Teoria com base genética: O processo do envelhecimento seria, do
nascimento até a morte, geneticamente programado. O tempo de vida, de acordo
com essa programação, deveria conciliar as necessidades da reprodução e o não
sobrecarregamento do meio ambiente com excesso de população, garantindo um
quantitativo mínimo de indivíduos para a preservação de cada espécie.
Teorias com base em danos de origem química: Esse grupo de teorias
aproxima-se da corrente genética, no sentido de que a senescência seria decorrente
de disfunções no código contido nos genes. A diferença entre as correntes reside no
fato de que, para as teorias baseadas nos danos de origem química, os problemas de
funcionamento na reprodução e regeneração celular não se encontrariam
especificamente em sua programação. Os problemas de codificação genética seriam
causados por subprodutos das reações químicas orgânicas habituais que, pouco a
pouco, causariam danos irreversíveis às moléculas das células. Tais reações
poderiam ser potencializadas por fatores como a poluição ou padrões de alimentação
ou de atividade física. Deduz-se que, contrariamente ao que se observa nas teorias
de fundo genético, nesse caso o processo de envelhecimento poderia ser retardado,
uma vez diminuídas as reações responsáveis pelos danos, ou aumentada a
capacidade de metabolização das substâncias produzidas.
Teorias com base no desequilíbrio gradual: As teorias de desequilíbrio
gradual concentram sua atenção no funcionamento de certos sistemas corporais,
importantes para a regulação do funcionamento dos demais sistemas. Vários autores
associam a senescência a uma depleção de sistemas enzimáticos em células pós-
mitóticas ou a modificações nas funções endócrina e imunológica. Sabe-se que os
sistemas nervoso central e endócrino têm atribuições essenciais na regulação do
metabolismo e da integração entre os órgãos. A diminuição do potencial imunológico
torna todas as estruturas do corpo mais vulneráveis a enfermidades de todos os tipos.
A diminuição da atividade enzimática não é apenas fruto de problemas de transcrição,
conforme descrito nas seções prévias, mas também pode advir de desequilíbrios
homeostáticos do meio interno (pH, concentração iônica, temperatura, hidratação,
entre outros).

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Teorias com base em Restrição calórica: Outra hipótese que vem sendo
investigada é a relação entre restrição calórica sistemática e envelhecimento dos
sistemas fisiológicos e celular. Muitos foram os estudos que examinam os efeitos
dessa variável sobre o processo de envelhecimento, principalmente entre os anos 30
e 80. A partir de então, a maior parte dos estudos (realizados com modelos animais)
vem procurando observar os efeitos da restrição calórica sobre processos fisiológicos
e patológicos específicos, na tentativa de encontrar possíveis explicações para o
aumento da longevidade.
Teoria do desgaste: Esta teoria afirma que cada organismo estaria composto
de partes impermeáveis e que a acumulação de falhas em suas partes vitais levaria à
morte das células, tecidos, órgãos e finalmente do organismo como um todo. Teoria
do erro catastrófico: propõe que com o passar do tempo se produziria uma
acumulação de erros na síntese proteica, que finalmente determinaria prejuízos na
função celular.
Teoria dos radicais livres: É uma das teorias mais populares, pois, defende
que o envelhecimento seria o resultado de uma inadequada proteção contra os danos
produzidos nos tecidos pelos radicais livres. Teoria do relógio biológico: esta teoria foi
umas das pioneiras para explicar o processo do envelhecimento, ela consta que cada
organismo possui um relógio, que determina quando se inicia o envelhecimento e
marca as épocas em que suas características seriam mais visíveis.

12
5 ASPECTOS SOCIOLÓGICOS, BIOPSICOSSOCIAIS, BIOLÓGICOS E
PSICOLÓGICOS DO ENVELHECIMENTO

Fonte: sociologia.com.br

A idade geracional é relevante para estruturar a família e o parentesco: um


pai é um pai, um irmão é um irmão, independente de sua idade cronológica
ou estágio de maturidade (FORTES, 1984 apud DEBERT, 2004, p.48).

Com o processo de envelhecimento o corpo sofre inúmeras transformações e


modificações que o diferenciam e o afastam do padrão jovem, surgindo assim, um
jogo de contrastes sociais.
Surgem aliados às transformações históricas ocorridas com o processo de
modernização que provocam mudanças sobre a vida, suas etapas, seus estágios, e
no curso de vida.

Em geral, há uma percepção do envelhecimento como uma involução e fase


negativa, ocorrendo equívocos e atitudes ambivalentes neste período da vida.
Um estudo sobre a percepção dos idosos em relação ao envelhecimento
revelou, entre os mitos e preconceitos, o mito de ser considerado um fardo
para família, mitos relacionados à esfera sexual, associação da velhice com
a solidão, com danos físicos e psicológicos e perda de funções. Percebeu-se
que esses mitos influenciam negativamente a percepção atual da velhice
(BAUZÁ AGUIAR, 2011, apud OLIVEIRA, 2016).

A institucionalização do curso de vida significou a constituição de projetos de


vida, onde os indivíduos planejam suas ações individual e coletivamente, implicando
em um conjunto de mudanças em que a heterogeneidade ganhou destaque.
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Os programas para a terceira idade, próprios dos dias de hoje, são bem-aceitos
pelos idosos, pois lhes permitem construir relações novas e positivas com pessoas da
mesma geração, fora do círculo familiar, descobrir ou reencontrar papéis, participar
de uma rede de solidariedade e troca de afetos, melhorando a autoestima, reconstruir
um projeto de vida, preencher o tempo livre, criar um espaço para sua existência.

No Brasil, o conceito de idoso ancora-se no indivíduo com 60 ou mais anos


de idade e, considerando-se a configuração da transição demográfica que se
deu no país, essa população tem crescido de forma acelerada e, dentro desse
grupo, as pessoas com mais de 80 anos vêm aumentando progressivamente
(BRASIL, 2010, apud OLIVEIRA, 2018).

No Brasil, a criação de programas sociais voltados para os idosos, como as


universidades para a terceira idade e os grupos de convivência entre idosos, foi uma
experiência inovadora que tornou a sociedade brasileira mais sensível aos problemas
dos idosos.
Os grupos de convivência foram criados para resgatar a dignidades dos idosos.
Servem como meio de informação, tratando valores e saberes sobre cidadania,
sexualidade, onde também promovem a integração, socialização e o lazer entre eles.
Acontecem vivências com momentos de prazer, de satisfação, de aprendizado, e
também da troca de novas experiências. É maior a participação de mulheres do que
de homens nos grupos de idosos.
Contudo, essa nova imagem criada em torno do longevo, não oferece meios
capazes de enfrentar a decadência das habilidades cognitivas e emocionais, que são
fundamentais para que uma pessoa seja reconhecida como um ser autônomo com
direitos e cidadania.
A idade cronológica é irrelevante. Antes, aposentadoria era sinônimo de velhice
e descanso, torna-se hoje, um período livre das obrigações e controle, a que foram
submetidos, tornando-os livres para a realização de atividades de lazer e viagens
ocorrendo a dissociação de que aposentadoria significaria ser velho, pois inúmeros
são os jovens que se aposentam cedo por invalidez, doenças e pensões.
A velhice é também uma convenção sócio-cultural sendo, consequentemente,
representada de modo diverso nas diferentes culturas. Em alguns países da África os
idosos têm ainda um papel de prestígio na medida em que são responsáveis pela

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salvaguarda dos valores tradicionais, eles são os "guardiões da herança coletiva". No
Brasil, sobretudo nas zonas urbanas, há, no mínimo, uma grande ambivalência com
relação aos velhos. Se, por um lado, acentua-se o respeito, a experiência e a
sabedoria dos sujeitos idosos, por outro lado é a juventude, a força física, a saúde e
o novo que merecem a valorização social. Deste modo, a velhice parece ser
representada como decadência, inutilidade, logo, desvalorização do ponto de vista
social. Não parece haver lugar para os sujeitos idosos, nem papéis sociais que
possam mantê-los como sujeitos e cidadãos.
A idade torna-se, assim, ao mesmo tempo, uma realidade biológica e uma
convenção sócio-cultural, onde a cada etapa do desenvolvimento correspondem
papéis sociais específicos, valores e expectativas que têm uma grande influência
sobre a percepção que tem o sujeito do mundo e sobre sua própria definição enquanto
sujeito que interage com este mundo.

Conforme as estimativas da Organização Mundial da Saúde, em 2025 o


número de pessoas com idade superior a 60 anos será de aproximadamente
1,2 bilhões, até 2050 haverá 2 bilhões. (OMS, 2015, apud PEREIRA, 2017).

5.1 Aspectos biopsicossociais do envelhecimento

O resultado da interação dos fatores ambientais e genéticos, bem como o


estado de saúde física e mental, influenciam na qualidade de vida do idoso, sendo
estes pontos fundamentais para os índices de morbimortalidade. Estudos prévios têm
demonstrado a associação entre condições socioeconômicas e status de saúde, onde
de modo geral os dados indicam que os indivíduos residentes em áreas com baixa
cobertura social e com maior exposição a fatores de risco, tais como violência urbana,
falta de higiene, desarranjo familiar, escassez de serviços de saúde, entre outros,
configuram-se entre aqueles com piores indicadores de saúde.
Considerando este novo paradigma social e seus reflexos na dimensão da
saúde, surge no campo da epidemiologia o conceito de capacidade funcional, para
definir instrumentalizar e operacionalizar a saúde no idoso. Esta nova visão, com
ênfase na avaliação da funcionalidade, significa a valorização de uma vida autônoma,
mesmo sendo o idoso portador de uma ou mais enfermidades.

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O processo de envelhecimento numa perspectiva biopsicossocial abrange
diferentes aspectos que podem influir para a melhoria das relações sociais da terceira
idade. O envelhecimento é tido em quatro estágios: meia-idade, que compreende
pessoas entre 45 e 59 anos de idade; idosos, pessoas entre 60 e 74 anos; anciões,
pessoas entre 75 e 90 anos; e velhice extrema, pessoas acima de 90 anos de idade.
Além do desgaste progressivo de tecidos, órgãos e da capacidade física e
cognitiva, há um acentuado processo de perdas que desencadeia turbulências
emocionais e psíquicas que ocasionam profunda infelicidade e diminuem a qualidade
de vida de maneira agressiva. O estágio da velhice vem geralmente acompanhado de
associações a sentimentos destrutivos de inutilidade e perda, situação essa que
agrava ainda mais a condição existencial do idoso, pois acirra conflitos internos
relacionados a tais conceitos.
Além das alterações no corpo, o envelhecimento traz ao ser humano uma série
de mudanças psicológicas, que pode resultar em: dificuldade de se adaptar à novos
papéis; falta de motivação e dificuldade de planejar o futuro; necessidade de trabalhar
as perdas orgânicas, afetivas e sociais; dificuldade de se adaptar as mudanças
rápidas, que tem reflexos dramáticos nos velhos; alterações psíquicas que exigem
tratamento; depressão, hipocondria, somatização, paranoia, suicídios e, por fim,
baixas autoimagem e autoestima. Exposto a um processo em que perdas e rejeições
são sempre iminentes, o idoso tende a buscar o isolamento, quer por vontade própria
quer por indução social. O fato de ter poucas ocupações sociais, ser menos solicitado
pela família e comunidade faz com que internalize um sujeito improdutivo, sem poder
de decisão. As principais consequências do envelhecimento são crise de identidade,
mudanças de papéis, aposentadoria, perdas diversas e diminuição dos contatos
sociais.

5.2 Envelhecimento biológico

Alterações Normais Associadas à Idade: Composição Corporal: a quantidade


de água total do corpo diminui e aumenta o conteúdo de gordura (não significa
obesidade), daí o cuidado que devemos ter com a hidratação do idoso (oferecer muito

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líquido); os músculos tornam-se mais frágeis e atrofiados, podendo-se aumentar o
risco de quedas.
Pele: a pele torna-se mais seca, com manchas e com menor quantidade de
pelos, sendo que o conteúdo de gordura abaixo da pele também diminui, deixando-a
mais fina; isto ocasiona um aumento da incidência de pruridos (coceira) e de
hematomas (manchas roxas de sangue); devemos ter cuidado extra com o sol, usar
cremes hidratantes e evitar, na medida do possível, a incidência de traumas (batidas
ou pancadas).
Órgãos dos Sentidos: a visão e a audição diminuem, atenuando também o
número de dentes; o paladar (capacidade de sentir gostos ou sabores) se torna menos
eficiente, sendo que o idoso acaba por ingerir mais sal e açúcares, em prejuízo de sua
saúde; devemos estimular o uso de óculos e de aparelhos auditivos, bem como o de
dentaduras, além de orientá-los para uma alimentação correta, evitando assim o
surgimento de anemias ou de desnutrição.
Ossos: a quantidade de ossos saudáveis diminui, havendo uma maior
rarefação dos ossos (desgaste), que se tornam mais fracos e quebradiços
(osteoporose); todo o cuidado para se evitar quedas e fraturas deve ser tomado.
Postura: o idoso é mais "curvado", devido à diminuição da altura das vértebras
da coluna (pela osteoporose); perde-se um centímetro de altura a cada 10 anos; o
andar também se modifica, ficando menos equilibrado e com passos mais curtos,
aumentando-se o risco de quedas.
Artérias: as artérias (vasos sanguíneos que levam o sangue do coração para
todo o corpo), estão mais endurecidas e estreitas (com maior teor de gordura e de
cálcio), dificultando a circulação de sangue e causando aumento da pressão arterial.
Coração: a capacidade de "bombear" o sangue está diminuída no coração do
idoso, o que pode provocar problemas durante algum esforço físico com o qual o
indivíduo não esteja habituado.

O envelhecimento físico ou biológico corresponde a pequenas e


imperceptíveis alterações que ocorrem nos organismos vivos ao longo do
tempo, causados pela diminuição da dinâmica celular, provenientes do
próprio processo de envelhecer (LOBO, et al, 2014, apud MENEZES, 2018).

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5.3 Envelhecimento psicológico

Na velhice o equilíbrio psicológico torna-se mais difícil, pois a longa história da


vida humana acentua as diferenças individuais, quer pela aquisição de um sistema de
reivindicações e desejos ou pela fixação de estratégias de comportamento.
O conhecimento da evolução neuropsicológica permite aferir se alguma função
cognitiva prejudicada significa doença. As habilidades que sofrem declínio com a
idade são: memória de trabalho, velocidade de pensamento e habilidades
visuoespaciais, enquanto as que se mantêm inalteradas são: inteligência verbal,
atenção básica, habilidade de cálculo e a maioria das habilidades de linguagem.
Algumas características do envelhecimento psicológico são:
Aceitação ou recusa da situação do velho; Aceitação ou rejeição pelo meio;
Atitude hostil ante o novo; Diminuição da vontade, das aspirações e das atenções;
Déficit cognitivo; Deteriorização da memória; Baixo nível de tolerância, insegurança;
Estreitamento da afetividade.

6 ENVELHECIMENTO SOCIOECONÔMICO

Fonte:ecycle.com.br

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Um dos principais fatores que contribui para um envelhecimento saudável
está associado diretamente ao conjunto de relações pessoais e influências
ambientais em que o idoso está inserido, ou seja, indivíduos que passam
exatamente pelas mesmas condições, sejam elas negativas ou positivas,
podem apresentar posturas e comportamentos completamente diferentes
(SANTOS et al., 2016, apud MENEZES, 2018).

A população idosa de hoje é composta por pessoas que viveram momentos de


conquistas históricas, que estiveram na condição de trabalhadores vinculados ao
mercado formal e ao sistema previdenciário, entre as décadas de 30 e 80.
A classe trabalhadora no Brasil teve o seu início no final do século XIX com o
processo de industrialização onde utilizavam à mão de obra barata formada em
grande parte pelos imigrantes que chegavam ao país.
Os salários eram muito baixos e o número crescente de operários vão se
organizando e estruturando em busca de salários mais dignos e melhores condições
de emprego. Em meados de 1920, o movimento de operários, vai tomando contato
com os comunistas, na tentativa de fortalecer seus movimentos de classe.
A década de 30 foi um marco histórico para os trabalhadores, pois ocorreu o
fim da dominação oligárquica, pondo fim a hegemonia agroexportadora e tendo início
o predomínio da estrutura produtiva com base urbana e industrial.

Em menos de 50 anos, o número de idosos no Brasil passou de três milhões,


em 1960, para 20 milhões em 2008, proporcionando um aumento de quase
700%. (VERAS, 2009, apud MELO, 2017).

O processo de industrialização deu início à urbanização dos grandes centros


onde, os agricultores migravam para as cidades em busca de emprego nas crescentes
indústrias que surgiam a cada dia.
O sistema previdenciário se estabeleceu através das entidades de
aposentadoria e pensões. Esta estrutura permitia um controle maior do Estado em
relação aos trabalhadores, mas fomentava uma maior organização desses em relação
aos seus direitos.
A mulher foi incorporada ao mercado de trabalho como mão-de-obra
secundária nas atividades que exigiam pouca escolaridade, como tecelãs e outras
atividades semelhantes. O período de guerra intensificou a participação feminina no

19
mercado de trabalho, porém isso não diminuiu os preconceitos acerca da mulher que
só conquistou o direito ao voto na década de 30.
O idoso de hoje é o mesmo que abandonou o meio rural em busca de novas
conquistas de vida. E para aqueles que dependem do sistema previdenciário, a
realidade também não é animadora. A maioria dos aposentados recebe um salário
mínimo onde esse valor não garante a subsistência digna dessas pessoas o que faz
com que muitos voltem a trabalhar para acrescentar algum ganho para a sua
sobrevivência.
A inversão do papel familiar gera um estado de insegurança, de medo e de
inadaptações que depende de sua intensidade, são expressões através de
irritabilidade, acomodação ou indiferença, podendo afetar a própria personalidade,
levando o idoso ao isolamento e ao sentimento de inutilidade.

7 ENVELHECIMENTO PSICOSSEXUAL

Fonte: emaze.com

As pesquisas sobre o envelhecimento sexual levam a indagações, visto que a


sexualidade é parte integrante da estrutura do indivíduo, interagindo em seu
comportamento, sua atuação e seu equilíbrio. Na sociedade, a atividade sexual entre

20
os idosos tende a ser encarada como indecente, levando os idosos a terem vergonha
e reprimirem as mudanças.
Até recentemente, ainda se acreditava que por volta dos cinquenta anos o
declínio da função sexual era inevitável face à menopausa feminina e à instalação
progressiva das disfunções da ereção masculina. Além disto, a atividade sexual perdia
fatalmente seu objetivo de procriação e, portanto, sua justificativa social.
Para uma mulher, as alterações causadas pelo envelhecimento envolvem
níveis hormonais, alterações físicas em todo o aparelho reprodutor feminino e
alterações psicológicas. Tais alterações ocorrem na intrincada relação entre os
hormônios ovarianos e os que são produzidos pela hipófise.
A menopausa é uma etapa normal do processo de envelhecimento da mulher.
Os ovários interrompem a liberação de óvulos e os períodos menstruais cessam. A
maioria das mulheres passa por esse processo por volta dos 50 anos de idade,
embora ele possa ocorrer antes mesmo dos 40 anos. Em geral, os ciclos menstruais
tornam-se irregulares antes do início da menopausa.
Devido à diminuição dos níveis hormonais, ocorrem alterações em todo o
sistema reprodutor feminino. As paredes vaginais tornam-se menos elásticas, menos
enrugadas e mais finas. O tamanho da vagina diminui. Há uma diminuição também
do tecido genital externo (atrofia dos lábios) e as secreções tornam-se escassas e
aquosas.
Diferente das mulheres que deixam de ser férteis de forma abrupta com a
menopausa, os homens não sofrem nenhuma alteração súbita em sua fertilidade. Ao
contrário, essas alterações se apresentam gradualmente. As alterações causadas
pelo envelhecimento no sistema reprodutor masculino ocorrem principalmente nos
testículos. O tecido testicular diminui. O nível do hormônio sexual masculino,
testosterona, permanece inalterado ou apresenta uma redução mínima.
Alguns homens podem apresentar uma diminuição do desejo sexual e as
respostas sexuais podem tornar-se mais lentas e menos intensas. Essa situação pode
estar relacionada à diminuição no nível de testosterona, mas é muito provável que
seja originada por alterações psicológicas e sociais relacionadas ao envelhecimento

21
(como a falta de uma companheira com "desejo sexual"), doenças crônicas ou
medicamentos.

A tese de Freud veio a ser confirmada com a recente emergência do conceito


de saúde sexual e com a sua dissociação progressiva do conceito de
reprodução, o que coloca em evidência a autonomização da vida sexual e
sua importância para a realização e o bem-estar dos indivíduos durante toda
a vida (GIAMI, 2003, apud VASCONCELLOS, 2004).

A impotência pode ser uma preocupação para os homens que envelhecem e é


normal que as ereções ocorram com menor frequência. Está mais frequentemente
relacionada a algo mais do que o simples fato de envelhecer. Alguns medicamentos,
especialmente os utilizados para tratar hipertensão e outras condições determinadas,
podem fazer com um homem seja incapaz de ter ou manter uma ereção que seja
suficiente para uma relação sexual. Algumas doenças, como a diabetes mellitus,
também podem causar impotência e, nesse caso, geralmente a impotência pode ser
tratada.
A glândula prostática aumenta com a idade conforme uma parte do tecido
prostático é substituída por tecido fibrótico semelhante a uma cicatriz. Essa condição,
denominada hipertrofia prostática benigna, afeta cerca da metade dos homens. A
função da próstata não está diretamente ligada à fertilidade e interfere na micção, pois
a próstata aumentada bloqueia parcialmente a uretra. O câncer de próstata é mais
comum em homens de idade avançada e é uma das causas mais frequentes de morte
por câncer.

22
8 ENVELHECIMENTO DO SISTEMA CARDIOVASCULAR

Fonte: tuasaude.com

O sistema circulatório de uma pessoa idosa demonstra uma tolerância reduzida


a alterações, como se mover repentinamente de uma posição supina para uma
posição ereta, sendo isso uma hipotensão postural que é o fator que contribui para a
predominância de queda nos idosos.
A pessoa idosa que tenha problemas de hipertensão demonstra uma hipertrofia
ventricular correspondentemente maior do que um idoso que tenha pressão normal.
O processo de envelhecimento fisiológico do Sistema Cardiovascular pode
provocar alterações funcionais e estruturais. No que se refere às alterações estruturais
cardíacas, estas estão relacionadas a depósitos de substâncias como amiloides,
lipídeos, cálcio e fibrose miocárdica. Em relação às alterações estruturais das artérias,
com o processo de envelhecimento estas perdem sua elasticidade em razão do
excesso de calcificação, tornando-se rígidas; tal processo é chamado de
arteriosclerose. Reflexos dos barorreceptores e quimiorreceptores também estão
presentes no processo de envelhecimento e podem ser resultado de alterações
vasculares, como a excitação simpática. Referente às alterações funcionais, o
controle autonômico da função cardiovascular também é afetado pelo processo de
envelhecimento, ou seja, tanto a frequência cardíaca intrínseca quanto os tônus

23
simpático e parassimpático do coração estarão alterados, resultando em: diminuição
do tônus vagal, atenuação dos mecanismos regulatórios autonômicos e aumento do
tônus simpático

9 ENVELHECIMENTO DO SISTEMA RESPIRATÓRIO

Fonte: pneumopr.org.br

Os efeitos do envelhecimento no sistema respiratório são semelhantes aos que


ocorrem em outros órgãos: a função máxima diminui de forma gradual. Alterações nos
pulmões relacionadas à idade incluem: Diminuição no pico de fluxo de ar e troca
gasosa; Diminuição nas medidas de função pulmonar como capacidade vital (a
quantidade máxima de ar que pode ser expirada após uma inspiração máxima);
Enfraquecimento dos músculos respiratórios; Declínio na eficácia dos mecanismos
de defesa pulmonar.
As alterações relacionadas à idade não costumam provocar sintomas em
pessoas saudáveis. Essas alterações contribuem em parte para a redução da
capacidade de idosos em realizar exercícios intensos, em especial exercícios
aeróbicos intensos, como corrida, ciclismo ou alpinismo. Contudo, as diminuições na
função cardíaca relacionadas à idade podem ser uma causa mais importante para tais
limitações.

24
Além disso, os idosos apresentam um risco maior de desenvolverem
pneumonia após infecções bacterianas ou virais. Desse modo, as vacinas contra
infecções respiratórias, como influenza e pneumonia pneumocócica, são
particularmente importantes para idosos.
É importante observar que as alterações nos pulmões relacionadas à idade
aumentam os efeitos de doenças cardíacas e pulmonares que a pessoa possa ter,
especialmente aquelas causadas pelos efeitos destrutivos do tabagismo.

O envelhecimento pulmonar das artérias é marcado por alterações na


estrutura das paredes dos vasos, muito similar ao que acontece na circulação
sistêmica. A magnitude de aumento de pressão relacionada à idade é
geralmente menor do que na circulação sistêmica (SHEPHARD, 2003, apud
DAVIDSON E FEE, 1990).

10 ENVELHECIMENTO DO SISTEMA NERVOSO

Fonte: saudearticular.com

O processo de envelhecimento afeta intimamente o Sistema Nervoso Central,


mesmo na ausência de patologias graves, levando-o gradualmente a um declínio
cognitivo. O Sistema Nervoso Central é composto basicamente por dois tipos
celulares principais: os neurônios, responsáveis pela função básica de receber,
processar e enviar informações, e as células gliais. O envelhecimento neurológico é

25
marcado por alterações morfológicas, histológicas e da fisiologia neural. Essas
alterações podem ocorrer em nível macroscópico e microscópico.
Ocorre: Hipotrofia Neural A morte celular e a hipotrofia neuronal são
caracterizadas pela perda da substância branca no encéfalo, sendo consideradas as
principais causas de alterações do sistema nervoso em nível microscópico durante o
envelhecimento.
Alterações nos Neurotransmissores;
Lipofuscina: Ainda não está clara a consequência do acúmulo de lipofuscina,
mas esta é considerada uma das marcas do envelhecimento celular neuronal no
idoso, resultante da perioxidação dos lipídios poli-insaturados das membranas
biológicas;
Degeneração grânulo-vacuolar: A degeneração grânulo-vacuolar é decorrente
de um processo de autofagia de proteínas Tau nos lisossomos, sendo marcada pela
presença de pequenos vacúolos múltiplos ou isolados no pericárdio celular neural.

Tanto as alterações sensoriais centrais, quanto as sensitivas e motoras


periféricas, são responsáveis por cerca de 35% a mais de quedas e lesões
que ocorrem nos indivíduos com mais de 65 anos de idade (JUNIOR, et al.,
1996, apud MOREIRA, 2001).

26
11 ENVELHECIMENTO DO SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO

Fonte: prezi.com

As alterações musculares são percebidas por conta da diminuição da massa


corporal, que torna os músculos mais flácidos e finos, principalmente na área dos
braços, pernas e pescoço, tornando os músculos dos quadris e joelhos mais rígidos e
interferindo no índice de massa corporal.
Conforme as pessoas envelhecem, suas articulações são afetadas por
mudanças na cartilagem e no tecido conjuntivo. A cartilagem se torna mais fina e seus
componentes (proteoglicanos: substâncias que ajudam a fornecer resistência à
cartilagem) são alterados, o que pode tornar a articulação menos resistente e mais
suscetível a danos. Assim, em algumas pessoas, as superfícies das articulações não
deslizam bem umas sobre as outras como antes. Esse processo pode levar
à osteoartrite. Além disso, as articulações ficam mais rígidas, porque o tecido
conjuntivo no interior dos ligamentos e tendões torna-se mais rígido e sensível. Essa
mudança também limita a amplitude de movimento das articulações.

O envelhecimento traz várias alterações ao indivíduo, e seu estilo de vida


também pode influenciar em sua independência. O processo pode ser
natural, quando ligado às alterações fisiológicas e biológicas, ou patológico,
quando acompanhado de doenças (ALMEIDA, et al, 2016, apud MENEZES,
2018).

27
12 ENVELHECIMENTO DO SISTEMA RENAL

Fonte: dicavida.com.br

A parede da bexiga se modifica no envelhecimento. O tecido elástico é


substituído por um tecido fibroso duro, fazendo com que a bexiga tenha uma menor
elasticidade. Os músculos se enfraquecem e a bexiga pode não se esvaziar por
completo no ato da micção. Nos homens, pode ocorrer um bloqueio na saída devido
a uma glândula prostática aumentada. Nas mulheres, o enfraquecimento muscular
pode fazer com que a bexiga ou a vagina "caiam" e se desloquem de sua posição
original (prolapso), o que pode vir a bloquear a uretra.
As alterações nos rins podem modificar a capacidade de uma pessoa idosa
concentrar a urina. A desidratação ocorre com mais facilidade e piora se o idoso reduz
o consumo de líquidos em um esforço para reduzir a manifestação de problemas de
controle vesical (incontinência urinária).
O envelhecimento aumenta o risco do aparecimento de distúrbios urinários,
entre eles a insuficiência renal aguda e a insuficiência renal crônica. As infecções
vesicais e outras infecções do trato urinário são mais comuns em idosos. Em parte,
isso está relacionado ao esvaziamento incompleto da bexiga, além de alterações no
equilíbrio químico das membranas urinárias.

28
A retenção urinária (incapacidade de esvaziar a bexiga por completo, o que
pode causar um refluxo para os rins, danificando-os) é mais comum em idosos. Muitas
pessoas em idade avançada têm problemas para controlar a bexiga (incontinência
urinária). Tanto em homens quanto em mulheres, as alterações urinárias têm uma
ligação direta com as alterações no sistema reprodutor.

13 ENVELHECIMENTO DO SISTEMA GASTROINTESTINAL

Fonte: bancodasaude.com

O sistema gastrointestinal também sofre consequências do processo fisiológico


de envelhecimento. As alterações podem ocorrer em níveis funcionais e estruturais.
O acometimento ocorre em todo o sistema, da boca ao ânus.
Boca: na cavidade oral, a atrofia da mucosa pode levar à diminuição do paladar,
tornando-se também mais susceptível ao aparecimento de lesões. Há, ainda, uma
redução na produção de saliva e, consequentemente, a produção de ptialina é
prejudicada, dificultando a fase inicial do processo de digestão de carboidratos;
Esôfago: a inervação intrínseca do esôfago é reduzida significativamente com
o processo de envelhecimento; como consequência, as contrações peristálticas
tornam-se assincrônicas, desencadeando um processo de disfagia e refluxo
gastresofágico no idoso;

29
Estômago: o processo de envelhecimento resulta em alterações nas principais
secreções gástricas, como a pepsina e a produção de fator intrínseco. Essas
alterações levam à diminuição de proteção da mucosa gástrica, tornando-a mais
susceptível a lesões e modificações epiteliais;
Fígado: tanto morfológica quanto funcionalmente, a função hepática pode estar
comprometida no envelhecimento. Morfologicamente, tem-se a redução do tamanho
do órgão, e funcionalmente, a redução de suas atividades excretoras e a
metabolização de substâncias, como determinados medicamentos;
Vesícula biliar: tem seu esvaziamento retardado em decorrência da diminuição
da sensibilidade pela Colecistocinina, aumentando, consequentemente, a incidência
de calculose biliar;) pâncreas: no que se refere às alterações funcionais, o indivíduo
idoso tem a secreção de insulina e lipase lentificadas;
Intestino delgado: as principais alterações que acometem o intestino delgado
estão relacionadas à redução da absorção de nutrientes, como as vitaminas D e B1,
ácido fólico e lipídeos, e são consequência da redução das vilosidades intestinais e
da superfície da mucosa;
Intestino grosso: tanto morfológica quanto funcionalmente, o processo de
envelhecimento acomete o intestino grosso, as principais alterações são referentes
ao enfraquecimento muscular e às alterações nas mucosas, predispondo o idoso ao
surgimento de divertículos, neoplasias e constipação intestinal; reto e ânus: as
alterações principais decorrentes do processo de envelhecimento estão relacionadas
a alterações musculares do esfíncter externo, alterações do colágeno e redução de
força muscular, que, consequentemente, diminuem a capacidade de retenção fecal
volumosa, acarretando incontinência fecal no idoso.

30
14 ENVELHECIMENTO DO SISTEMA IMUNOLÓGICO

Fonte: minilua.com

Na velhice, o sistema imune parece se tornar menos tolerante às células do


próprio corpo. Às vezes, um tecido normal é confundido como sendo estranho,
originando os distúrbios autoimunes. O sistema imune se torna menos capaz de
detectar células malignas, fazendo com que o risco de um câncer aumente com a
idade.
O sistema imune também vai ficando menos apto a detectar partículas
estranhas, daí o risco maior de se contraírem infecções. As alterações de sensação,
as alterações do andar, as alterações na estrutura da pele e outras alterações
aumentam o risco de lesões, facilitando a entrada de bactérias pela pele danificada.
Uma doença ou uma cirurgia podem, mais tarde, enfraquecer o sistema imune,
deixando o organismo mais suscetível a infecções subsequentes.

A acuidade auditiva diminui com o envelhecimento e frequentemente uma


pessoa idosa tem uma deficiência particular para detectar sons de alta
frequência e para distinguir um sinal real de um ruído aleatório (SHEPHARD,
2003, apud MILLS, 1991).

Além da ligeira redução da imunidade, o envelhecimento também afeta a


cicatrização de inflamações e de feridas. Muitos idosos levam mais tempo e têm mais
problemas no processo de cicatrização. Isso pode estar diretamente relacionado às
31
alterações no sistema imune ou pode ser uma consequência de outros problemas
como o diabetes ou a arteriosclerose.

15 ENVELHECIMENTO E COMPOSIÇÃO CORPORAL

Fonte: idosos.com.br

As alterações antropométricas relacionadas à idade atingem os ossos, as


articulações e os músculos das pessoas idosas, de modo que os valores
antropométricos acima dos padrões de normalidade contribuem para o surgimento de
doenças. A diminuição da estatura ocorre em decorrência da compressão vertebral,
pois há um estreitamento dos discos intervertebrais ocasionado pela perda de água
que os torna secos e finos, como consequência, ocorre o encurtamento da coluna
vertebral, resultando em uma deformidade e no surgimento da cifose, conhecida como
postura de corcunda. As articulações do pulso, tornozelo, ombro, cotovelo, quadril e
joelho são cavidades preenchidas por um líquido espesso que age como lubrificante
(o líquido sinovial); a perda desse líquido ocasiona a diminuição da amplitude dos
movimentos, ou seja, eles tornam-se mais curtos e menos flexíveis.
O IMC é calculado dividindo-se a massa corporal (kg) pela estatura ao
quadrado (m²). Nos idosos, quando os valores se apresentam acima da normalidade
(entre 26 e 27) há evidência de prevalência para doenças cardiovasculares e diabetes;

32
quando os valores estão abaixo destes, aponta-se risco de morte por câncer, doenças
respiratórias e infecciosas, além da obesidade.
Com a diminuição da massa corporal, que acontece progressivamente com o
aumento da idade cronológica, nota-se perda de massa magra, aumento da gordura
e diminuição da massa óssea.
A perda de massa muscular (sarcopenia) é um processo que se inicia por volta
dos 30 anos e progride ao longo da vida. Nesse processo, a quantidade de tecido
muscular e o número e tamanho das fibras musculares diminuem gradualmente. O
resultado da sarcopenia é a perda gradual de massa e força muscular. Essa perda
leve de força muscular aumenta o esforço em certas articulações (como nos joelhos)
e pode predispor uma pessoa a artrite ou a quedas.

A nutrição pode influenciar na qualidade de vida da pessoa idosa.


(TRAMONTINO et al, 2009, apud DALMOLIN, 2018).

16 QUALIDADE DE VIDA NA VELHICE

Fonte: acaopopular.net

A qualidade de vida em idosos representa um desafio, pois exige contemplação


da experiência do envelhecimento visando a uma qualidade cotidiana, além das
oportunidades oferecidas.

33
A qualidade de vida aplica-se ao indivíduo saudável e diz respeito ao seu grau
de satisfação com a vida nos aspectos moradia, transporte, alimentação, lazer,
realização profissional, relacionamento com outras pessoas, liberdade, autonomia e
segurança financeira.
Se os indivíduos envelhecerem com autonomia e independência, com boa
saúde física, desempenhando papéis sociais, permanecendo ativos e desfrutando de
senso de significado pessoal, a qualidade de vida pode ser muito boa.
Qualidade de vida tem múltiplas dimensões, como a física, a psicológica e a
social, cada uma com seus aspectos. A saúde e a capacidade funcional são variáveis
importantes que devem ser avaliadas, como também o bem-estar subjetivo. A
avaliação de qualidade de vida muda com o tempo, pessoa, lugar e contexto cultural;
para uma mesma pessoa, muda conforme seu estado de humor.

O envelhecimento é considerado um processo natural que atinge todos os


seres humanos sem distinção, nele ocorrem modificações fisiológicas que
ocasionam queda da capacidade de adaptação do indivíduo ao meio
ambiente e perda da capacidade de manter o equilíbrio homeostático.
(LADEIRA, 2018).

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (1999), qualidade de vida é a


percepção do indivíduo acerca de sua posição na vida, de acordo com o contexto
cultural e sistema de valor com os quais convive e em relação a seus objetivos,
expectativas, padrões e preocupações.
Qualidade de vida na velhice pode ser definida como a avaliação
multidimensional referenciada a critérios sócio normativos e intrapessoais, a respeito
das relações atuais, passadas e prospectivas entre o indivíduo maduro ou idoso e o
seu ambiente.
Durante os últimos anos da vida de um idoso, há uma forte interação entre a
qualidade de vida e o ambiente no qual esta pessoa tem que viver. A disponibilidade
de moradia e um simples auxílio à vida diária podem fazer uma diferença substancial
na qualidade de vida desse idoso.
A qualidade de vida em idosos e sua avaliação sofrem os efeitos de numerosos
fatores, entre eles os preconceitos dos profissionais e dos próprios idosos em relação
à velhice. O idoso deve ter participação ativa na avaliação do que é melhor e mais

34
significativo para ele, pois o padrão de qualidade de cada vida é um fenômeno
pessoal.

17 FATORES QUE INTERFEREM NO PROCESSO DE ENVELHECIMENTO

Fonte: casadeseguro.com.br

O envelhecimento interno é, de longe, o mais importante, uma vez que pode


levar à falência de órgãos importantes para manutenção da vida. O envelhecimento
cutâneo resulta apenas em alterações estéticas, todavia, visíveis e incômodas. Várias
teorias, relacionadas abaixo, tentam explicar por que envelhecemos e por que alguns
manifestam este processo de forma mais rápida e mais intensa do que outros.
Enquanto algumas destas teorias são mais conclusivas, outras ainda necessitam de
mais estudos.
Radiação ultravioleta: é um fator extrínseco que contribui para o
envelhecimento precoce da pele. É um dos aceleradores do envelhecimento mais
estudados e comprovados pelos cientistas;
Temperatura: há citações na literatura afirmando que tanto o calor como frio
podem influenciar a velocidade do envelhecimento da pele de maneiras diferentes. As
altas temperaturas são responsáveis por desnaturação do DNA e proteínas, enquanto

35
as baixas temperaturas dificultam a circulação, induzem ao ressecamento e
descamação da pele;
Radicais livres e espécies reativas de oxigênio: a ação de compostos formados
no organismo a partir de reações bioquímicas é uma das teorias mais exploradas.
Com o avanço da idade, pode ocorrer o aumento destas moléculas. Paralelamente,
há uma diminuição da capacidade antioxidante natural do organismo. Quantidades
excessivas destes compostos podem reagir com os lipídeos de membranas celulares
e proteínas. Inclusive, enzimas e DNA contribuindo para o desenvolvimento de certas
alterações cutâneas possivelmente. Os radicais livres, ao atacar proteínas do tecido
conjuntivo, por exemplo, induzem a fibrose e esclerose;
Tabaco e poluição: podem acelerar o envelhecimento ao produzirem radicais
livres. Os fumantes apresentam envelhecimento mais intenso. A probabilidade de ele
desenvolver rugas faciais pode ser até cinco vezes maior do que a dos não-fumantes.
O cigarro está associado ao aumento de elastose cutânea, que aumenta o
envelhecimento facial e contribui para a característica de “face de fumante”. A
contração de músculos labiais e faciais, durante o ato de fumar, e entorno dos olhos,
devido à irritação promovida pela fumaça, pode aumentar a formação de rugas nestas
regiões;
Perda rápida de peso: leva à redução de volume de células graxas, que
suportam a pele facial, provocando um aspecto debilitado e flácido nesta região;
Genética: as diferenças de longevidade entre raças ou pessoas corroboram
com a ideia da influência genética processos de envelhecimento. Segundo os adeptos
da teoria genética, o processo do envelhecimento é geneticamente programado do
nascimento até a morte;
Patologias: enfermidades podem refletir na velocidade e intensidade do
envelhecimento;
Cor da pele: é bem conhecido o fato de que pessoas de pele negra envelhecem
de forma mais lenta do que as de pele branca. Isso pode ser explicado pela presença
da melanina, que funciona como um absorvedor de ultravioleta e minimiza a
participação desta radiação no envelhecimento cutâneo;

36
Nutrição hipercalórica: a restrição calórica em ratos e primatas não-humanos
tem prolongado a vida destes animais e retardado o aparecimento de várias condições
patológicas associadas ao envelhecimento. Provavelmente, devido à diminuição da
produção de radicais livres;
Envelhecimento programado: funcionaria como um relógio genético, que
determina em que período da vida as células começam a se degenerar;
Mutação: por esta teoria o envelhecimento é conseqüência de alterações
espontâneas ou induzidas do DNA. A radiação UV pode levar a estas mutações,
atuando direta ou indiretamente no DNA através da produção de radicais livres;
Comportamento: os hábitos podem acelerar ou retardar a mortalidade. A
alimentação equilibrada, atividade física regular, consumo moderado de bebidas e não
fumar podem aumentar a expectativa de vida com um ganho de quatorze anos na
idade cronológica;
Estrógeno: o envelhecimento está associado ao declínio de vários hormônios.
Entre eles, está o estrógeno. Esteticamente, a redução dos níveis de estrógeno está
associada à pele seca, afinamento da epiderme, redução da manutenção de barreira
córnea, diminuição do colágeno na derme, formação de rugas e o aumento de
elasticidade cutânea.

18 ENVELHECIMENTO BEM-SUCEDIDO

Fonte: depositphotos.com
37
O risco de muitas doenças e problemas de saúde diminuem com a prática
regular de exercícios. A inutilidade não é um fato, mas uma forma de comportamento.
É importante desenvolver uma ocupação prazerosa e saudável na terceira idade. As
observações do cotidiano permitem constatar que pessoas idosas que buscam seus
interesses e fazem o que gostam, melhoram muito o seu estado de bem-estar e
desenvolvimento físico e mental.
É importante também que os idosos, principalmente aqueles que enfrentam o
processo de envelhecimento com dificuldade, participem de atividades que promovam
sua inclusão social e estimulem o desenvolvimento de suas habilidades individuais.
Por mais que o idoso não esteja disposto, é preciso sensibilizá-lo para que ele tenha
no mínimo uma experiência para se sentir melhor.
A ausência de limitações e perdas não constitui o sucesso de um idoso. O
sucesso é medido pela forma como essas limitações e perdas são integradas com as
atitudes de uma pessoa em relação ao envelhecimento. O envelhecimento bem-
sucedido não é tanto uma questão de medir objetivamente as funções físicas, mas
qual é o nível de sucesso atingido no processo de adaptação às limitações físicas de
forma a satisfazer o idoso.
O fato é que os idosos precisam lançar mão de algumas estratégias que
possibilitem ter uma velhice satisfatória; isto implica estarem atentos a cultivarem
novos hábitos, engajarem-se em atividades produtivas, realizarem projeto de vida,
ingressarem em universidade de terceira idade, desenvolverem serviços voluntários e
outros.
Portanto, um envelhecimento bem-sucedido depende de como o idoso vai
enfrentar os desafios da vida, lutar pelos os seus direitos de cidadão e colocar em
prática projetos viáveis dentro das condições pessoais e do meio ambiente em que
vive.

19 CONCLUSÃO

O envelhecimento é um dos fenômenos que mais se evidencia nas sociedades


atuais. De fato, a conjugação do decréscimo progressivo das taxas de natalidade com

38
o aumento gradual da esperança média de vida tem se traduzido no envelhecimento
populacional.
É importante que os idosos, principalmente aqueles que enfrentam o processo
de envelhecimento com dificuldade, participem de atividades que promovam sua
inclusão social e estimulem o desenvolvimento de suas habilidades individuais. Por
mais que o idoso não esteja disposto, é preciso sensibilizá-lo para que ele tenha no
mínimo uma experiência para se sentir melhor.
Sensorial: as alterações do paladar, visão, odor, audição e tato diminuem em
proporções individualizadas. Uma vez que as estimulações do paladar e odor induzem
mudanças metabólicas, tais como secreções salivares, de ácido gástrico e
pancreático, assim como aumentam os níveis plasmáticos de insulina, a estimulação
sensorial diminuída pode prejudicar os processos metabólicos.
A visão prejudicada, perda da audição e da coordenação levam a diminuição
da ingestão de alimentos, do reconhecimento alimentar e da habilidade alimentar.
Oral: ausência de salivação (xerostomia), afeta mais de 70% dos idosos, sendo a
ingestão de nutrientes significativamente prejudicada.
Gastrointestinal: durante o processo de envelhecimento, mudanças que afetam
o apetite e a habilidade para digerir e absorver alimentos ocorre no sistema
gastrointestinal.
A motilidade gastrointestinal alterada e o tônus muscular diminuído podem ser
resultados da constipação do idoso, além da ingestão inadequada de líquidos e
inatividade.
Renal: A função renal pode estar diminuída em 50% em razão de certas
condições crônicas e de diminuição da taxa de filtração glomerular.
Neurológicos: tanto pacientes portadores de doenças de Alzheimer como Mal
de Parkinson apresentam um mau estado nutricional. Estudos relacionados a essas
doenças verificaram perda de peso intensa e aumento de gasto energético. Isso se
deve pelas dificuldades encontradas na aquisição, preparo e deglutição dos alimentos
e pela maior demanda metabólica devido ao seu estado neuromuscular.
Imunocompetência: a função imunológica diminui com a idade o que resulta na
diminuição da reação a infecções nos idosos.

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Psicossocial: o isolamento social devido à depressão; desorganização e
mudanças da rotina diária; função visual e físicas diminuídas; medo; saúde deficiente
e estado socioeconômico baixo, levam a maioria dos idosos à inadequação alimentar
e à ingestão energética diminuída.

40
20 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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