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ANAIS

DO
XVII CONGRESSO BRASILEIRO DE
NEUROPSICOLOGIA DA SBNP

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Sociedade Brasileira de Neuropsicologia – SBNp

ANAIS DO XVII CONGRESSO BRASILEIRO DE


NEUROPSICOLOGIA DA SBNP

1ª Edição

ISBN 978-85-68167-08-3

São Paulo, Brasil


Sociedade Brasileira de Neuropsicologia – SBNp
2019

Anais do XVII Congresso Brasileiro de Neuropsicologia da SBNp



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XVII CONGRESSO BRASILEIRO DE NEUROPSICOLOGIA DA SBNP

Centro de Convenções Rebouças


São Paulo, São Paulo, Brasil
02 e 03 de novembro de 2018

Anais do XVII Congresso Brasileiro de Neuropsicologia da SBNp



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SUMÁRIO

COMISSÃO ORGANIZADORA ........................................................................................... 5
PROGRAMAÇÃO .................................................................................................................. 6
RESUMOS ........................................................................................................................... 11



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COMISSÃO ORGANIZADORA

Dra. Deborah Azambuja – Presidente da SBNp
Dra. Eliane Correa Miotto – Presidente do Congresso

Organizadora:
Dra. Annelise Júlio-Costa – Presidente
Dra. Andressa Moreira Antunes
Dra. Beatriz Bittencourt Granjo
Dra. Katie Moraes de Almondes
Dra. Laiss Bertola
Dr. Victor Plignano Godoy

Científica:
Dra. Marina Nery – Presidente
Dra. Anita Taub
Dra. Deborah Azambuja
Dra. Eliane Correa Mioto
Dra. Rochele Paz Fonseca

Organização:
BL Congressos e Eventos

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PROGRAMAÇÃO

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RESUMOS
Nota aos autores: Os dados dos resumos estão conforme submetidos no sistema online do
congresso. Apenas alterações para correção de submissões fora do padrão foram realizadas.1

Número: 002
Título: A RELAÇÃO DO DISCURSO CONVERSACIONAL COM HABILIDADES
EXECUTIVAS, MNEMÔNICAS E DE VELOCIDADE DE PROCESSAMENTO EM
IDOSOS COM E SEM DÉFICITS COGNITIVOS
Autores: Patrícia Ferreira da Silva, Maila Holz, Jeruza Rocha, Isadora Rittmann, Natalie
Pereira, Rochele Paz Fonseca
Resumo: O processamento discursivo exige recrutamento de componentes cognitivos
atencionais, mnemônicos, executivos e comunicativos. No envelhecimento essas habilidades
podem estar prejudicadas e consequentemente piorar a funcionalidade dos pacientes com
Comprometimento Cognitivo Leve (CCL) e na demência por doença de Alzheimer (DA).
Assim, visa-se identificar se as habilidades cognitivas e comunicativas se relacionam em
idosos (controles, CCL e DA). Participaram 119 idosos, sendo 34 controles, 63 com CCL e
22 com DA; com média de idade 68,62±6,74 e média de escolaridade 11,27±5,89. A
avaliação incluiu uma bateria neuropsicológica de componentes cognitivos em especial a
tarefa de discurso conversacional da Bateria Montreal de Avaliação da Comunicação Breve.
A análise do discurso foi embasada no Procedimento Complementar de Análise do Discurso
Conversacional. Utilizou-se o coeficiente de correlação de Spearman (p≤0,05) e encontraram-
se correlações moderadas positivas com os escores de “fala muito” e fluência verbal
semântica (p<0,001); “compreende mal” e maior tempo necessário para flexibilidade
cognitiva do TMT (p<0,001); “coerência do assunto 1” com o Mini Exame do Estado Mental
(MEEM) (p<0,001) e a fluência verbal livre (p=0,001). Além disso, a “coerência do assunto
2” com MEEM (p=0,001), ordem direta (p=0,001) e indireta (p<0,001) do dígitos (WAIS-III).
Correlações moderadas negativas com “coerência do assunto 2” e menor tempo necessário
para flexibilidade cognitiva do TMT (p=0,001), “erros contraditórios” e memória episódica
imediata do RAVLT (p<0,001). Percebe-se que o desempenho discursivo tem relação com
diversas habilidades cognitivas como cognição global, memória episódica imediata, memória
de trabalho, flexibilidade cognitiva, planejamento oral e velocidade de processamento.
Enfatiza-se que os escores globais do discurso indicam o quanto os pacientes conseguem se
expressar de maneira coerente, clara e objetiva além de ratificar a dependência/influência
entre as habilidades cognitivas importantes para a clínica neuropsicológica.

Número: 003
Título: ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL: ASPECTOS NEUROPSICOLÓGICOS
DURANTE INTERNAÇÃO HOSPITALAR
Autores: Karina Kelly Borges; Karoline Pereira dos Reis; Marina Cury Tonoli; Samira Maria
Fiorotto; Fabio Nazare de Oliveira
Resumo: O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é a segunda causa de morte no Brasil e ocupa
o primeiro lugar no ranking mundial de doenças incapacitantes que cursam com afastamento
do trabalho. As principais sequelas que acometem essa população são motoras, cognitivas
e/ou emocionais. O objetivo deste trabalho foi apresentar os resultados preliminares do
rastreio de possíveis alterações nas funções cognitivas de pacientes vítimas de AVC na fase
aguda durante o período de internação hospitalar. Trata-se de uma pesquisa descritiva e de
caráter transversal realizada na Unidade do AVC do Hospital de Base de São José do Rio


1 Os resumos que foram submetidos em tamanho maior que o limite foram compactados para a
presente publicação. Tabelas, figuras, referências e palavras-chaves também foram excluídas por não
contemplarem as normas de submissão.

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Preto – SP, entre os meses de junho à setembro de 2018. Como critério de inclusão foram
inseridos no estudo pacientes de 18 a 50 anos, sem evento de AVC anterior, sem diagnóstico
prévio de transtorno psiquiátrico e, ao menos, 4 anos de estudo. A amostra até o momento foi
constituída por 7 pacientes que preencheram os critérios de inclusão de um total de 192
internações. Para a análise de dados, foi realizada análise por meio de padronizações do teste.
Materiais: Foram utilizados a Entrevista de Avaliação Neuropsicológica e o Instrumento de
Avaliação Neuropsicológica Breve – Neupsilin. Os resultados encontrados demonstram que
57,14% são do sexo masculino, 42,86% do sexo feminino, com idade média de 40,71 (±9,05)
anos e 6,85 anos de estudo (±4,41) anos. Em relação às funções cognitivas, 100% atingiram a
média nas funções de atenção e percepção; 85,71% apresentaram média na capacidade de
resolução de problemas; 71,43% obtiveram média nas funções de memória, linguagem,
praxias e fluência verbal; 57,14% apresentavam orientação temporo espacial dentro da média
e 57,14% obtiveram desempenho inferior em habilidade aritmética. O presente trabalho visou
caracterizar o perfil cognitivo desses pacientes logo após o evento de AVC identificando este
instrumento de rastreio cognitivo como ferramenta de grande utilidade na identificação
precoce de possíveis alterações desta função.

Número: 004
Título: ANÁLISE DA CONFIABILIDADE DO MONTREAL COGNITIVE ASSESSMENT
BASIC EM UMA AMOSTRA COM DOENÇA RENAL CRÔNICA
Autores: Thaís M. Amatneeks
Resumo: O Montreal Cognitive Assessment Basic (MoCA-B), é uma ferramenta de rastreio
cognitivo breve, que nas suas diferentes versões apresenta alta sensibilidade e especificidade
para a detecção de comprometimento cognitivo leve. Essa versão do instrumento tem como
objetivo testar indivíduos analfabetos ou com baixa escolaridade, em contraponto a edição
completa do teste, que possui diversos itens fortemente dependentes de escolarização. Na
língua portuguesa do Brasil, foi adaptada por Daniel Apolinario, entretanto não foram
publicados estudos sobre sua confiabilidade. No contexto da DRC os rastreios cognitivos
auxiliam no manejo clínico e decisões sobre o tratamento do paciente. O objetivo deste
trabalho é analisar a confiabilidade do instrumento MoCA-B versão português brasileiro a
partir de uma amostra de doentes renais crônicos. Participaram do estudo 163 paciente com
doença renal crônica, maiores de 18 anos, de ambos os sexos, que realizam tratamento de
hemodiálise. O instrumento utilizado foi o Montreal Cognitive Assessment Basic. A análise
de confiabilidade foi realizada através do software SPSS, utilizando o alfa de Cronbach como
medida de precisão. O Alfa de Cronbach inicialmente encontrado para o instrumento foi 0,74.
As correlações mais fortes encontradas no instrumento foram entre: Atenção alternada e
Abstração (r = 0,493); seguida por Evocação imediata 1 e Evocação imediata 2 (r = 0,388); e
Função Executiva e Cálculo (r = 0,379). Todos os itens da escala possuem uma correlação de
item total maior que 0,33. O item com maior influência no alfa de Cronbach foi o de
percepção visual (r = 0,56), seguido por atenção alternada, concentrada e cálculo, todos eles
com correlação no valor de (r = 0,52). Os pontos adicionais para correção de efeito de
escolaridade apresentaram-se foram correlacionados inversamente com todos as outras áreas
de avaliação. Considera-se que o valor de Alfa de Cronbach é melhorado com a exclusão dos
pontos adicionais para escolaridade, subindo para 0,78. Considera-se que o instrumento
apresentou valores de consistência interna considerados satisfatórios para a confiabilidade do
instrumento. Apesar dos pontos adicionais diminuírem a confiabilidade, eles são importantes
para corrigir os efeitos de escolaridade que o teste apresenta. Ressalta-se a importância de
novos estudos com população saudável para verificar a manutenção da consistência interna do
instrumento.

Número: 005
Título: ANÁLISE DA MEMÓRIA VISUAL EM PACIENTES AFÁSICOS PÓS AVE
Autores: Natália A. Amorim; Karina F. Leão; Daniela S. Zanini, Lisa Paula F. Porto;
Gabrielle G. Mazarão; Larissa O. Ferreira

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Resumo: A memória é a capacidade de receber, armazenar e evocar informações. Têm-se


vários subtipos de memória, sendo uma delas a memória declarativa, subdividida em memória
de curto e longo prazo. Outro tipo é a memória visual, que é a capacidade de olhar para uma
forma, número ou letra e recorda-la. Todas as memórias podem sofrer danos após um
acidente vascular encefálico (AVE). O AVE também pode levar a afasia, uma desorganização
da linguagem que altera discurso e a compreensão das informações. Os déficits cognitivos são
muito comuns após um AVE, podendo afetar a memória e outras funções. Analisar a memória
visual de indivíduos afásicos pós AVE. Compuseram o estudo 10 pacientes afásicos pós
AVE, na faixa etária de 27 à 62 anos, de ambos os sexos. O instrumento utilizado foi o teste
neuropsicológico Figuras Complexas de Rey. Na fase de Cópia, observa-se que 20% dos
participantes apresentaram resultados dentro da média esperada para a faixa etária, enquanto
outros 20% demostraram dificuldade moderada e 60% dificuldade grave em copiar a figura.
Observa-se clinicamente que os pacientes afásicos demonstraram limitação na praxia
visuoconstrutiva e no planejamento, essas disfunções alteraram a performance dos
participantes. Na fase de evocação, 20% também apresentaram resultados dentro da média,
40% tiveram dificuldade leve e outros 40% também tiveram dificuldade moderada ao evocar
a figura, mas nenhum teve dificuldade grave. Ressalta-se que 80% dos participantes
apresentaram algum nível de dificuldade na memória imediata visual. Conclui-se que a
maioria dos participantes afásicos demonstraram dificuldade em ambas as fases. É importante
destacar que as disfunções relacionadas a praxia construtiva e o planejamento influenciaram
nas duas etapas do teste. Sugere-se que o estudo seja realizado com o número maior de
participantes e a memória visual seja verificada por testes que não usem a função motora para
sua execução.

Número: 006
Título: ANÁLISE LONGITUDINAL DE COMPORTAMENTOS DESVIANTES E
EXECUTIVOS NO DISCURSO CONVERSACIONAL DE IDOSOS COM
COMPROMETIMENTO COGNITIVO LEVE OU DEMÊNCIA
Autores: Renata Kochhann; Ana Paula B. Gonçalves; Andressa Hermes-Pereira; Mariana
Goulart; Natalie Pereira; Rochele P. Fonseca
Resumo: Comportamentos desviantes no discurso são comuns no início de quadros
demenciais, contudo, a identificação precisa parece ainda ser deficitária na rotina da avaliação
neuropsicológica. Assim, entender quais são as principais características do processamento
discursivo a apresentar déficits na possível transição/conversão do envelhecimento normal
para os quadros de comprometimento cognitivo leve (CCL) e para a demência devido à
doença de Alzheimer (DA) se faz necessário. Com isso, o objetivo foi comparar idosos
controles e CCL ao longo do tempo (baseline e follow-up de 1 ano) quanto às variáveis do
discurso. Participaram 13 idosos que converteram tanto para CCL (n=9), quanto para DA
(n=4) com idade média de 70,08±7,97 e escolaridade média de 12,23±6,39. Foi utilizado a
tarefa de Discurso Conversacional da Bateria Montreal de Avaliação da Comunicação – MAC
BREVE e para pontuação dos comportamentos comunicativos desviantes o Procedimento
Complementar de Análise do Discurso Conversacional (PCADC). Realizou-se uma ANOVA
de medidas repetidas do baseline e follow-up. Os comportamentos discursivos desviantes
observados nos pacientes que converteram para CCL ou DA foram significativos para os itens
“fala muito” (p<0,04) e “faz comentários inapropriados” (p<0,047), sendo que ambos itens
apresentaram desempenho mais prejudicado no baseline. Em contrapartida, os itens “repete
palavras” (p<0,024) e “procura ou troca palavras” (p<0,001) tiverem o desempenho
significativamente mais prejudicado no follow-up. Percebe-se que os idosos apresentam
comportamentos desviantes no discurso em escore que são relacionados na literatura com
funções executivas verbais. No baseline os idosos apresentaram dificuldade de controle
inibitório sobre as informações apresentadas; já no follow-up a dificuldade foi de
planejamento e busca de estratégias sobre as palavras. Sugere-se uma análise que relacione os
comportamentos desviantes e os componentes de funções executivas além de identificar se
essas alterações persistem ao longo do tempo.

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Número: 007
Título: ASSOCIAÇÃO ENTRE COGNIÇÃO E QUALIDADE DE VIDA DE IDOSOS
ATENDIDOS EM UMA UNIDADE DE SAÚDE DE CURITIBA/PR
Autores: Fernanda Figueiredo Coelho
Resumo: As mudanças ocorridas no processo de envelhecimento, são influenciadas por
aspectos biológicos e contexto de vida, podendo assim, sofrer interferência e influenciar a
qualidade de vida dos idosos. Objetivo: o presente estudo teve como objetivo analisar a
possível relação entre a capacidade cognitiva de idosos e a qualidade de vida. Método: A
pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Pontifícia Universidade Católica
do Paraná (PUCPR), Curitiba (PR), sob nº 1.132.550, assim como pela Secretaria Municipal
de Saúde (SMS) de Curitiba (PR). A amostra foi de 110 idosos de 70 à 79 anos com cadastro
definitivo em uma Unidade Municipal de Saúde de Curitiba/PR. Como instrumentos para a
avaliação dos idosos foram utilizados um questionário sociodemográfico, a versão brasileira
do questionário Wold Health Organization of Life Group-Bref (WHOQOL-Bref), o Mini-
Exame do Estado Mental (MEEM), a Avaliação Cognitiva de Addenbrooke – Forma
Revisada (ACE-R). Os dados foram analisados através do software Statistical Package for the
Social Sciences (SPSS). Dentre a amostra, 57,3% eram mulheres, com média de idade de
73,69 anos (±2,73), 53,6% casados e baixa escolaridade - analfabeto (24,5%) ou com ensino
fundamental incompleto (50%). Os dados mostraram associações positivas e significativas
entre os todos domínios de qualidade de vida (físico, psicológico, relações sociais, meio
ambiente, qualidade de vida total) e as variáveis cognitivas (em especial os escores de
memória, linguagem, escore bruto ACE-R e MEEM). Prejuízos nas funções cognitivas dos
idosos influenciam diretamente a qualidade de vida. Observa-se a necessidade da avaliação e
intervenção psicológica direcionada às limitações individuais no processo de envelhecimento,
para então desenvolver atividades a fim de prevenir e estimular a melhora das funções
cognitivas, proporcionando melhora na qualidade de vida do indivíduo idoso.

Número: 008
Título: AVALIAÇÃO DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS DE ESTUDANTES
UNIVERSITÁRIOS USUÁRIOS E NÃO USUÁRIOS DE BEBIDAS ALCOÓLICAS
Autores: Perla Pereira; Taise Fernanda Kohler; Eduardo José Legal
Resumo: O uso de bebidas alcoólicas é uma prática comum desde épocas remotas. Em uma
sociedade marcada pela procura imediata do prazer, a população jovem, incluindo a
universitária, é um público suscetível ao uso do álcool. Evidências apontam que são nos
estabelecimentos próximos às universidades, onde se comercializam bebidas alcoólicas, os
pontos mais acessíveis e oportunos para o lazer dos estudantes universitários (BEVILAQUA
et al., 2006). O consumo do álcool gera diferentes respostas no funcionamento das funções
executivas, podendo alterar o aproveitamento acadêmico. O álcool é uma droga legal que age
como depressor do sistema nervoso central, e também possui outras funções como favorecer o
“pertencimento” nas relações sociais e a redução da tensão psicológica. Ao mesmo tempo, se
ingerido de forma excessiva, o álcool pode ocasionar danos à saúde do indivíduo e às pessoas
que o cercam. O álcool é um depressor do Sistema Nervoso Central (SNC), que pode
promover relaxamento ou euforia e pode gerar dificuldades na realização de tarefas (SENAD,
2014). Entre as várias disfunções relacionadas ao uso de bebida alcóolica a literatura está a
redução do funcionamento das Funções Executivas (FEs) e da memória prospectiva. Assim,
os problemas relacionados ao uso de bebidas alcoólicas podem afetar o desenvolvimento
cognitivo do estudante universitário (SILVA; TUCCI, 2016). Diante do quadro exposto este
estudo teve por objetivo comparar o efeito do uso de Baixo Risco com o de Alto Risco de
bebidas alcoólicas sobre as funções executivas em estudantes universitários da área da saúde.
A pesquisa foi realizada com 20 estudantes de cursos de graduação da área da saúde
(Enfermagem, Fisioterapia, Fonoaudiologia e Psicologia). Os sujeitos foram informados sobre
os objetivos da pesquisa e os critérios de inclusão foram: ser maior de 18 anos, não ter
realizado ou aplicado anteriormente os testes propostos pelos pesquisadores ou que já os
tivessem feito a mais de seis meses. Também, foram questionados sobre hábitos de uso de
bebida alcóolica, histórico de adoecimento mental e uso frequente (semanal) de outras

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substâncias psicoativas. Todos aceitaram os termos desta pesquisa. Os testes aplicados foram:
Alcohol Use Disorders Identification Test (AUDIT), Classificação de Cartas de Wisconsin
(WCST), Stroop, Cinco Dígitos (FDT), Atenção Concentrada (AC) e um procedimento da
bateria neuropsicológica Neupsilin (teste de memória prospectiva). Para a coleta de dados
com a aplicação dos testes, foram agendados os dias e horários com cada participante. Antes
de cada teste, explicou-se a finalidade para cada indivíduo, o objetivo da pesquisa, o tempo
médio de duração de aplicação (de 45min a 1h) e a relevância da colaboração por parte deste,
orientando que os resultados dos testes são estritamente confidenciais e as informações
coletadas serão mantidas em anonimato. A aplicação dos testes foi realizada em ambiente
específico para este fim, nas dependências da universidade com a presença somente das
avaliadoras e o avaliando que serão feitos individualmente. Pelos escores das respostas ao
AUDIT os participantes foram distribuídos em dois grupos: 1) abstêmios/baixo risco (BR) e,
2) risco/alto risco/ provável dependência (AR), de acordo com os critérios de corte do próprio
instrumento, sendo 10 universitários com padrão abstêmios ou de baixo risco e 10
universitários com padrões de risco, alto risco e provável dependência. Com relação ao sexo,
quinze participantes são femininos e cinco masculinos. Ainda, oito participantes do sexo
feminino apresentaram padrão de baixo risco, e sete padrão de alto risco. Já dois participantes
do sexo masculino demonstraram padrão de baixo risco e três de alto risco. A idade mínima e
máxima dos participantes foram, respectivamente, 18 e 31 anos de idade. Os resultados dos
testes de Memória Prospectiva (Neupsilin), Stroop de Cores e Atenção Concentrada para
ambos os grupos (Baixo Risco - BR - e Alto Risco - AR) são demonstrados na tabela 1. A
tabela acima mostra diferença nas variáveis entre os dois grupos, sendo que o grupo AR nas
respostas perseverativas demonstrou desempenho superior ao grupo BR. Já o percentil das
respostas de nível conceitual certifica que o grupo BR teve melhor escore em relação ao
grupo AR. Quanto à medida aprendendo a aprender, o grupo BR apresentou escore negativo
comparado ao grupo AR (com escore positivo), ou seja, o grupo AR apresentou maior
eficiência média do participante durante a alternância das categorias conceituais (cor, forma e
número), ao longo da testagem. As funções executivas exercem papel importante nas relações
humanas. No contexto universitário as FEs desempenham funções essenciais em atividades
acadêmicas, como por exemplo, a produção de trabalhos científicos. Estas tarefas exigem do
acadêmico processos atencionais, tomada de decisão, flexibilidade para possíveis adaptações,
controle dos impulsos, como na aplicação dos testes, etc. Entre os fatores de risco que podem
afetar o funcionamento das FEs, está o uso do álcool. Considera-se a frequência com que o
indivíduo consome, a quantidade, o tipo de bebida, além de fatores ambientais e individuais
são processos que contribuem para predizer o efeito que a bebida alcoólica realiza sobre essas
funções neurocognitivas. No presente estudo, identificou-se que o uso do álcool no padrão de
alto risco comparado com o de baixo risco, não afetou significativamente o funcionamento
das FEs. Algumas limitações podem ter contribuído para a ocorrência de tais resultados como
o número de pequeno da amostra (N=20); o fato de a maioria dos voluntários ser do curso de
psicologia, dado que durante o curso se constrói conhecimento acerca de procedimentos de
testes psicológicos. O fato dos estudantes usarem sazonalmente, ou seja, fazer uso do álcool
com mais frequência em algumas épocas pode ter influenciado nos resultados da pesquisa,
pois o teste AUDIT considera informações do uso referentes aos últimos doze meses. Durante
a aplicação dos testes, alguns voluntários relataram que há meses antes das testagens haviam
consumido álcool com mais frequência e intensidade. Outro fator a ser considerado é que os
voluntários não estavam sob efeito do uso do álcool, pois se compreende que após o uso,
dependendo das características do consumo, há prejuízos imediatos sobre as FEs. Diante
destes resultados, sugere-se novos estudos com amostras maiores de estudantes, de outras
áreas da saúde. Importante também se faz atentar para outros fatores, como o tipo de bebida
alcoólica e contextos de uso para se averiguar a relação entre esta e as FEs.

Número: 009
Título: AVALIAÇÃO DO PERFIL PSICOLÓGICO DE PACIENTES COM NEUROPATIA
DIABÉTICA
Autores: Gabriel dos Santos Mouta; José Humberto da Silva Filho

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Resumo: A neuropatia diabética é uma doença causada pela diabetes melitos e que acomete
os nervos periféricos, inicia nos pés e evolui para as mãos. Seus sintomas se manifestam
através da perda de sensibilidade, formigamento, ardor, dor aguda, entre outros. Pesquisas
mostram que pacientes com doenças físicas possuem mais probabilidade de desenvolver
transtornos psicológicos, assim, este estudo teve como objetivo a avaliação do perfil
psicológico de pacientes com neuropatia diabética através dos níveis de estresse, ansiedade,
depressão, qualidade de vida e funções cognitivas. Foram utilizados os instrumentos:
Inventário de Sintomas de Stress para adultos de Lipp (ISSL), Inventário de Ansiedade de
Beck (BAI), Inventário de Depressão de Beck (BDI), WHOQOL-Bref e Mini Exame do
Estado Mental (MEEM). Participaram do estudo 10 pacientes, com a média de idade de 55
anos, sendo 6 do sexo feminino (60%), todos com diagnóstico de polineuropatia diabética e
que faziam acompanhamento médico no Ambulatório de Neurologia do Ambulatório Araújo
Lima da UFAM, em Manaus. Observou-se que 80% dos pacientes apresentavam estresse
patológico, 50% apresentavam ansiedade e depressão em níveis significativos, 50%
apresentavam estresse e depressão juntos, além de 40% que apresentavam as três patologias.
Nos resultados do WHOQOL-bref, observou-se que a qualidade de vida foi afetada
negativamente, obtendo média de 50% no teste, sendo a saúde física e o ambiente as áreas
mais afetadas, onde se incluem a capacidade para o trabalho, lazer e atividades cotidianas. No
MEEM não foram encontrados resultados significativos de alterações nas funções cognitivas.
Salienta-se que alguns sintomas da diabetes e da neuropatia são comuns a alguns transtornos
psicológicos, como boca seca e formigamento das extremidades, o que pode confundir na
distinção entre as causas dos sintomas, indicando a necessidade de investigações mais
especificas para essa parcela da população. Assim, o estudo confirma achados da literatura
que demonstram existir alterações psicológicas na vida dos pacientes com neuropatia
diabética, contribuindo com o entendimento da relação entre as doenças físicas e psicológicas,
o que pode ser relevante em ações que visam melhorar o atendimento ambulatorial, tratar os
pacientes e buscar formas de prevenir o acometimento por essas doenças.

Número: 011
Título: AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA EM FASE SUBAGUDA PÓS-AVC:
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.
Autores: Marina de Felipe Antônio; Maria Fernanda Faria Achá
Resumo: O Acidente Vascular Cerebral (AVC) configura-se hoje como a principal causa de
morte e incapacidade no Brasil e o grande aumento da morbidade pela doença cursa com um
aumento significativo de pessoas com alterações cognitivas e sensório-motoras, trazendo
profundo impacto na qualidade de vida do indivíduo. O comprometimento cognitivo atinge
cerca de 45% dos casos, sendo que, na fase aguda, eles podem emergir como fortes preditores
para comprometimentos cognitivos a longo prazo, além de favorecer o surgimento de
sintomas depressivos e dependência nas atividades de vida diária. Estudos sugerem que existe
um período crítico de tempo após a ocorrência do AVC no qual o cérebro se mostra mais
receptivo às estratégias de reabilitação e que, portanto, quanto mais cedo se iniciar a terapia,
melhores serão os resultados. Realizar uma revisão bibliográfica nas bases de dados
eletrônicas, sobre os principais protocolos de avaliação neuropsicológica utilizados durante as
primeiras semanas pós-AVC, buscando a descrição dos instrumentos utilizados, bem como
das funções avaliadas pelos mesmos, a fim de facilitar o rápido início do processo de
reabilitação. A busca por artigos científicos foi realizada na Biblioteca Virtual em Saúde
(BVS) e do PubMed, utilizando-se como descritores: neuropsicologia e acidente vascular
cerebral, neuropsicologia e acidente vascular encefálico (bem como as formas abreviadas -
AVC e AVE e a tradução para o inglês). Critérios de inclusão: ano de publicação entre 2005 e
2017, avaliação neuropsicológica na fase subaguda (até um mês pós-AVC); artigos escritos
em português e em inglês. A revisão mostrou que os déficits mais comuns estão relacionados
às funções executivas, habilidades visuoespaciais, memória, velocidade e processamento da
informação. Muitas baterias vêm sendo testadas afim de avaliar quais são as mais adequadas
para esse público-alvo e os estudos demonstram que as avaliações neuropsicológicas rápidas,
capazes de rastrear domínios específicos, são as que apresentam melhor prognóstico funcional

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e cognitivo. Os principais instrumentos que vêm sendo discutidos pelos estudos são o Mini
Exame do Estado Mental, Montreal Cognitive Assessment e o NINDS-CSN 5 minutes, sendo
o último o mais amplamente recomendado.

Número: 012
Título: CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA E PERFIL NEUROPSICOLÓGICO DOS
PACIENTES COM QUEIXA DE MEMÓRIA ACOMPANHADOS NO SERVIÇO DE
GERIATRIA DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO
Autores: Janine de Carvalho Bonfadini; Joana Kelly Barbosa Amorim Leitão; Letícia Galvão
Marinho Elcias; André Luis de Castro Gadelha; Liana Rosa Elias
Resumo: A avaliação neuropsicológica permite investigar alterações sutis do funcionamento
cognitivo, auxiliando na diferenciação entre envelhecimento normal, comprometimento
cognitivo leve e demência no paciente idoso. Esse estudo objetivou estabelecer o perfil
cognitivo dos pacientes com queixa de déficit de memória submetidos à avaliação
neuropsicológica no serviço de Geriatria de um Hospital Universitário no Ceará. Foram
selecionados 61 pacientes avaliados entre abril de 2017 e agosto de 2018. Os instrumentos
utilizados foram: Teste de aprendizagem auditiva verbal de Rey, Subtestes Memória Lógica e
Reprodução Visual da Escala Wechsler de Memória, Trilhas A e B, Teste de nomeação de
Boston, Subtestes Semelhanças e Cubos da Escala Wechsler de Inteligência, provas de
fluência fonêmica e semântica. A maioria da amostra foi do sexo feminino (72,1%, 44), com
idades entre 57 e 90 anos (m=74,4 anos). Em relação à escolaridade, 6,6% (4) eram
analfabetos; 41% (25) apresentaram entre 1 e 4 anos de estudo; 16,4% (10) entre 5 e 8 anos;
24,6% (15) entre 9 e 12 anos e 11,5% (7) mais de 12 anos. Como resultados, 42,1% dos
pacientes apresentaram déficit de memória; 13,11% apresentaram comprometimento nas
habilidades visuoespaciais, enquanto 31% apresentaram déficit de linguagem. Apesar da
queixa mnemônica ser a principal, os resultados indicam que as funções executivas (43%) e a
atenção (72,9%) foram os processos cognitivos com maior frequência de déficit, o que sugere
possível envolvimento de áreas frontais. Entretanto, recomenda-se investigação com testes
menos afetados pela escolaridade, tendo em vista que o prejuízo foi verificado principalmente
no teste Trilhas A e B. Como as normas de correção utilizadas foram construídas com a
população da região sul do país (Hamdan, 2010), recomendam-se estudos de normatização no
Nordeste, tendo em vista que o envelhecimento nas regiões brasileiras variam diante de
oportunidades de saúde, educação e lazer substancialmente diferentes (Neri, 2007).

Número: 014
Título: CONTRIBUIÇÕES DO EYE-TRACKING NA AVALIAÇÃO
NEUROPSICOLÓGICA NOS CASOS DE ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA
(ELA)
Autores: Giovana Benassi Cezar; Bruna Tonietti Trevisan; Eliane Correa Miotto
Resumo: A Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) é conhecida como uma condição
neurodegenerativa das funções motoras do indivíduo, com consequências clínicas que afetam
os músculos responsáveis pelo movimento voluntário, com a progressiva perda da força
muscular, no qual afeta diretamente os movimentos, a fala e a deglutição, impossibilitando a
comunicação do paciente com o mundo exterior. Diante das dificuldades motoras enfrentadas
por indivíduos com ELA, diversas tarefas neuropsicológicas têm sido desenvolvidas e
adaptadas com a finalidade de avaliar as funções cognitivas desses indivíduos por meio do
rastreamento ocular, mais conhecido como Eye-Tracking. O presente estudo teve como
objetivo revisar a literatura acerca da avaliação neuropsicológica por meio de eye-tracking em
pacientes com ELA, sendo conduzida em três etapas: definição da base de dados, o período
de publicações e as palavras-chave; os critérios de inclusão dos estudos (artigos empíricos
redigidos em inglês ou português; estudos com amostras de casos, a relevância do eye-
tracking na avaliação neuropsicológica nos casos de Esclerose Lateral Amiotrófica - ELA) e a
seleção de artigos que se adequaram aos critérios pré-selecionados, com base no título e no
resumo. Verificou-se que a maioria dos artigos selecionados apontaram para a viabilidade de
aplicação dos testes de Eye-Tracking, com o objetivo de oferecer maiores detalhamentos, no

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que tange o planejamento de intervenções clínicas que possam fornecer melhor qualidade de
vida aos pacientes, assim como para retardar o avanço da patologia da Esclerose Lateral
Amiotrófica. A maioria dos artigos apontam conclusões similares sobre a relevância dos
diferentes tipos de testes Eye-Tracking, uma vez que a aplicação destes testes
neuropsicológicos, em pacientes com graus avançados da patologia abordada neste estudo,
proporcionaram significativos avanços ao tratamento da ELA.

Número: 015
Título: DESEMPENHO DOS PACIENTES COM EPILEPSIA DO LOBO TEMPORAL EM
TESTE DE FUNÇÕES EXECUTIVAS
Autores: Luiza C. Muller; Maria Joana Mader-Joaquim; Luciano de Paola, Carlos Eduardo S.
Silvado
Resumo: O Teste dos Cinco Pontos (CP) é utilizado como instrumento de rastreio para a
avaliação das funções executivas (FE), de forma a mensurar a capacidade de iniciar e
sustentar a produtividade mental e os níveis de automonitoramento no domínio visuoespacial.
Embora muito utilizado, estudos quanto às características psicométricas e dados normativos
carecem na literatura nacional, sobretudo em pacientes com epilepsia. O objetivo dessa
pesquisa consiste em investigar e atualizar dados sobre o perfil de desempenho de pacientes
com epilepsia de lobo temporal unilateral no teste dos CP. O estudo observacional
longitudinal foi composto por um grupo de estudo (GE) e um grupo controle (GC). 180
pacientes entre 18 e 65 anos, de ambos os sexos, com no mínimo 2 anos de escolaridade
completos e com diagnóstico de epilepsia de lobo temporal unilateral refratária confirmados
por registro de crises por Vídeo Eletroencafalograma e presença de esclerose temporal mesial
por Ressonância Magnética 3T compuseram o GE. A amostra do GC foi composta por 150
indivíduos saudáveis, com as mesmas características em relação à gênero, idade e
escolaridade. As amostras foram selecionadas por conveniência em um hospital da rede
pública da cidade de Curitiba (PR). Todos os participantes foram submetidos ao teste dos CP.
Utilizou-se o teste T de Student para a comparação das duas amostras independentes,
obedecendo a condição de normalidade entre grupos. A comparação entre o GE e o GC não
revelou diferença estatística nas variáveis analisadas, (exceto pelo nível de escolaridade)
indicando que os grupos são comparáveis entre si. Foi encontrada diferença estatística
significativa (p=0,0001) no desempenho do teste dos CP entre os grupos quanto ao número
total de desenhos, indicando melhor desempenho do GC. A comparação do escores no teste
dos CP entre o próprio GE de pacientes com foco epileptogênico à esquerda e à direita não
evidenciou diferença estatística entre estes grupos (p=0,479). Os resultados obtidos sugerem
que os pacientes com epilepsia apresentam pior desempenho na avaliação das FE quando
comparados com indivíduos saudáveis. Apesar do maior envolvimento de áreas frontais em
tarefas de funções executivas, possivelmente haja também um envolvimento de lobos
temporais, de modo a justificar os piores resultados obtidos no GE quando comparados com o
GC. Apesar da correlação do teste dos CP e regiões em hemisfério direito, os resultados
obtidos não sugerem diferenciações entre o grupo de pacientes com foco epileptogênico à
direita e à esquerda. Esses achados atualizam as variáveis que contribuem para o desempenho
no teste dos CP, fornecendo novos parâmetros quanto ao uso desse instrumento na avaliação
neuropsicológica das FE em adultos, em especial na população com epilepsia.

Número: 016
Título: DESEMPENHO FUNCIONAL NO COMPROMETIMENTO COGNITIVO LEVE E
DEMÊNCIA UTILIZANDO MEDIDA OBJETIVA E RELATO DO INFORMANTE
Autores: Vanessa N. de Lima; Ana Maria R. da Silva; Vandeise C. da Silva; Antonio L. C.
Neto; Vanda B. O. Patrício; Bernardino F. Calvo
Resumo: A avaliação da capacidade funcional vem sendo utilizada como um critério
diagnóstico importante para diferenciar o comprometimento cognitivo leve (CCL) e demência
(DE). Os declínios funcionais em sujeitos com CCL ocorrem sobretudo nas atividades de
maior demanda cognitiva, cometendo mais erros de ação que os indivíduos saudáveis (GC) e
menos que na DE. As escalas baseadas no desempenho funcional têm demonstrado maior

Anais do XVII Congresso Brasileiro de Neuropsicologia da SBNp



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sensibilidade em observar os déficits sutis nessa síndrome clínica, contribuído para melhor
caracterizá-lo. O estudo teve como objetivo comparar o desempenho funcional do CCL e DE
com um instrumento de avaliação funcional direta e por médio de relato do informante. A
amostra constou de 43 participantes, 14 GC, 15 CCL e 14 DE, com idade entre 58 e 85 anos.
Todos os participantes passaram por avaliação neuropsicológica no Serviço de
Neuropsicologia na Universidade Federal da Paraíba. Para avaliação do desempenho
funcional foi aplicado a Disability Assessment Dementia (DAD) nos informantes e a Escala
de Avaliação Objetiva do Desempenho Funcional (FOPAS) nos participantes. A FOPAS
apresentou significativamente melhor capacidade de diferenciar os três grupos estudados (F=
72,6; p= .001; η2 = .78), GC teve melhor funcionalidade que CCL e DE (g= 2,0 e g= 8,8
respectivamente), e CCL foi melhor que DE (g= 1,8); já na DAD (F= 22,5; p= .001; η2= .58),
GC teve melhor desempenho que DE (g= 2,9) e CCL foi melhor que DE (g= 1,9), não
diferenciou GC e CCL. Os resultados sugerem que ambos os instrumentos são capazes de
encontrar diferenças entre os grupos, porém a FOPAS mostrou maior sensibilidade em
detectar déficits funcionais em CCL. Dessa forma, a avaliação da funcionalidade em situação
real pode auxiliar na identificação dos déficits funcionais de forma precoce em CCL e ajudar
no diagnóstico diferencial e precoce na demência leve.

Número: 017
Título: DESEMPENHO NA BATERIA DE AVALIAÇÃO FRONTAL DE PACIENTES
COM INDICATIVO DE TRANSTORNO NEUROCOGNITIVO FRONTOTEMPORAL
Autores: Karina Kelly Borges, Fernando José da Silva
Resumo: O Transtorno Neurocognitivo Frontotemporal, além de poder preencher os critérios
para Transtorno Neurocognitivo Maior, pode apresentar sintomas comportamentais
(desinibição, perseveração, estereotipias ou comportamentos compulsivos/ritualísticos, apatia
ou inércia, embotamento afetivo, hiperoralidade e mudanças na dieta), com acentuado
prejuízo na cognição social e/ou nas capacidades executivas e ainda sintomas linguísticos
(prejuízo na capacidade linguística, na nomeação de objetos, na compreensão de palavras, na
produção da fala, na gramática e no encontro de palavras). A Bateria de Avaliação Frontal
(FAB) é um instrumento de rastreio com seis provas (semelhanças, fluência fonêmica, série
motora de Luria, instruções antagônicas, go-no-go e supressão do comportamento de
preensão) que correspondem a atividades controladas pelo lobo frontal e que avalia o
comprometimento nas funções executivas. O objetivo deste trabalho foi avaliar o desempenho
destas funções e identificar déficit frontal em pacientes com indicativo de Transtorno
Neurocognitivo Frontotemporal. Método: Foram avaliados 12 idosos (6 mulheres/6 homens)
com idade média de 73 anos e escolaridade média de 3,25 anos, em investigação de quadro
demencial, encaminhados do Ambulatório de Neurogeriatria para o Ambulatório de
Psicologia do Hospital de Base da Fundação Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto
(FUNFARME), sendo submetidos a FAB no período de junho de 2018 à setembro de 2018.
Nas provas Semelhanças, Instruções Antagônicas e Go-no-go 83,33% dos idosos obtiveram
alta taxa de pontuação inferior, podendo indicar prejuízo no pensamento abstrato,
sensibilidade à interferência e controle inibitório, enquanto que, apenas 16,66% dos idosos
conseguiram alcançar melhor pontuação. Na prova Supressão do Comportamento de Preensão
91,66% dos idosos conseguiram melhor pontuação e somente 8,33% atingiram pontuação
inferior, sendo possível indicar menor déficit em independência do meio. Discussão: Através
deste estudo, foi possível perceber que idosos com componente frontal, apresentam
desempenho inferior nas provas da FAB, sendo este, um instrumento de rastreio
neuropsicológico importante para a identificação de déficit em funções executivas que são
comandadas pelo lobo frontal

Número: 018
Título: DESENVOLVIMENTO DO TANVI: UM NOVO TESTE DE APRENDIZAGEM
NÃO VERBAL INTEGRATIVA
Autores: Thiago R. G. Lima; Felipe R. P. V. de Arruda; Marcela A. Rodrigues; Silvia S. de
L. Alves; Geórgia L. L. Malagueta; Bernardino F. Calvo

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Resumo: Um dos processos mais afetados pelo envelhecimento humano é a memória


episódica, responsável por receber informações e armazená-las de forma breve ou longa, além
de evocá-las quando necessário. A memória de integração, uma forma de processamento
mnemônico, serve para que vários tipos de informação sejam reunidas para formar
pensamentos complexos, permitindo ter lembranças do que se fez, onde e quando. O presente
estudo utiliza o paradigma Que-Onde-Quando para analisar o efeito da idade na memória de
integração, através do desenvolvimento de um novo teste, e estudar seus correlatos com
medidas clássicas de memória episódica e com o Visual Short Term Memory Binding Test.
Utilizou-se no estudo uma amostra de 53 voluntários, dividida em dois grupos: Jovens-G1
(N=26, Idade Média=21,27; DP=2,46) e Idosos Saudáveis - G2 (N=27, Idade Média=68,81;
DP=6,04). O protocolo de avaliação foi composto por: (i) Questionário Sócio Demográfico;
(ii) TANVI-Teste baseado no paradigma Que-Onde-Quando; (iii) Bateria Neuropsicológica;
(iv)VSTMBT - Teste de Memória de Integração Visual a Curto Prazo. Os resultados
evidenciaram que o TANVI mede algo em comum com os testes de memória clássica. As
análises estatísticas mostraram haver comprometimento relacionado ao envelhecimento com
todas as tarefas do teste TANVI, em especial a de Binding Imediato com [F(1,51) =65,326 (p
< ,0005), η²p=0,562]. Verificou-se, ainda, expressiva correlação entre as medidas do TANVI
e as medidas temporais do VSTMBT, em especial com o Binding e Tempo de Binding ρ=-
,757 p <,0005. Os achados apontam que tarefas baseadas na memória de integração podem
tornar-se poderosos instrumentos para a detecção precoce de declínio mnemônico. No
entanto, a proposta de tarefas a longo prazo não se apresentou como diferencial para as
alterações relacionadas ao envelhecimento.

Número: 019
Título: DISCURSO CONVERSACIONAL COMO PREDITOR DE CONVERSÃO DE
PREJUÍZO COGNITIVO NO ENVELHECIMENTO
Autores: Natalie Pereira, Ana Paula Bresolin Gonçalves, Mariana Goulart, Renata Kochhann,
Rochele Paz Fonseca
Resumo: A avaliação do discurso parece ser preditora de alterações cognitivas em pacientes
diagnosticados com demência por doença de Alzheimer (DA). Entender o funcionamento
comunicativo em um primeiro momento, antes da conversão, pode auxiliar no diagnóstico. O
objetivo do presente estudo é o de avaliar o desempenho conversacional de idosos que no
baseline eram controles ou com Comprometimento Cognitivo Leve (CCL) e no follow-up de
1 ano converteram para CCL, DA em relação aos que não converteram. Participaram do
estudo 45 idosos sendo 32 que não converteram (7 controles e 25 CCL) e 13 que converteram
(9 controles para CCL; 2 CCL para DA leve e 2 controles para DA). A média de idade foi
68,56±6,077, de anos de estudo 12,91±5,76 e de escore total de hábitos de leitura e escrita
16,16±9,546, os grupos não se diferenciaram quanto aos dados sociodemográficos. A tarefa
do Discurso Conversacional da Bateria Montreal de Avaliação da Comunicação Breve foi
usada tendo como referência o Procedimento Complementar de Análise do Discurso
Conversacional (PCADC). Realizou-se Mann-Whitney e Teste T para comparação entre
grupos, conforme distribuição de normalidade da amostra (p≤0,05). Os resultados indicam
que os grupos se diferenciaram no baseline (desempenho pior para o grupo que converteu)
quanto às variáveis: “corta a fala do interlocutor”; “realiza erros de relação”; “expõe suas
ideias de forma pouco precisa- informação confusa” e “compreende mal a linguagem
figurada”. No follow-up quando realizada a mesma comparação não houve diferença entre os
grupos. Sugere-se que a amostra possa ser aumentada para que se tenha uma melhor
especificidade do perfil discursivo dos pacientes um ano após a primeira avaliação. O
discurso parece envolver tantas habilidades cognitivas que ao longo do tempo a distinção
entre os grupos talvez seja mais eficaz se observada em tarefas específicas e não complexas e
naturalísticas como o discurso conversacional. Além disso, os resultados indicam que parece
haver um “momento ótimo” de detecção precoce de futuras alterações comunicativas e que
pareça ser mais eficaz identificar prejuízos na organização e estruturação do discurso do que
em outros comportamentos comunicativos desviantes. Estas alterações comunicativas podem
estar relacionadas ao prejuízo no controle inibitório dos idosos.

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Número: 020
Título: DISLEXIA ADQUIRIDA: UM CASO DE ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL
ISQUÊMICO FRONTO-PARIETAL ESQUERDO
Autores: Daiane S. Pinson; Neli F. Souza; Eliane C. Miotto
Resumo: A dislexia apresenta-se como uma das sequelas mais comuns após lesões no
hemisfério cerebral esquerdo e delineia as dificuldades de leitura e ortografia. Deste modo o
presente estudo tem por objetivo explanar o perfil da dislexia adquirida e suas especificidades
a partir dos dados encontrados na avaliação neuropsicológica de caso de Acidente Vascular
Cerebral isquêmico.A avaliação neuropsicológica foi realizada com sessões de anamnese,
aplicação da Bateria Abreviada de Inteligência Wasi (Wechsler 2014), Rey Auditory Verbal
Learning Test (Paula 2018), Figura Complexa de Rey (Oliveira 2016), Subtestes da Bateria
de Inteligência Wais: Dígitos, Informação, Sequência De Números e Letras, Compreensão,
Raciocínio Matricial, Completar Figuras (Wechsler, 2013), O Teste dos Cinco Dígitos (Sedó
2015), Boston Naming Test (Miotto 2010), Fluência Verbal Fonêmica e Semântica
(Campanholo 2017), Teste das Trilhas (Fonseca 2016), Bateria Psicológica para Avaliação da
Atenção (Rueda 2013), Token Teste (Moreira 2010), Roubo dos Biscoitos (Qualitativo),
Tarefa de Escrita de Palavras e Pseudopalavras (Rodrigues 2017), Tarefa de Leitura de
Palavras e Pseudopalavras (Rodrigues 2018), e das escalas do Inventario de Depressão de
Beck - BDI-II (Beck 2012), Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (Faro 2015), Escala
de Depressão Geriátrica Abreviada (Moraes 2008), Questionário de atividades funcionais
(Pfeffer 1982), Formulario de Avaliação das Atividades de Vida Diária, Mini-exame do
estado mental e MOCA. Obteve-se como resultado da avaliação paciente com QI na faixa
média inferior (percentil 9), apresentou prejuízos nos domínios de memória episódica verbal
(percentil <5), memória operacional (percentil 1) e memória de curto prazo (percentil 2) na
faixa deficitárias, funções executivas envolvendo processos automáticos, seletividade e
alternância (percentis <0,1) deficitários e compreensão de julgamentos (percentil 5) limítrofe.
Apresentou capacidade de raciocínio logico preservado (percentil 42) assim como nos
domínios da visuoconstrução (percentil 30). Nos domínios da linguagem, apresentou
prejuízos na faixa deficitário em nomeação (percentil 2), escrita de palavras e pseudopalavras
(percentil <0,1) e leitura de palavras (percentil <0,1). Qualitativamente apresentou prejuízo de
linguagem de narração, contudo em conceitos de cálculos preservados.Sem considerar a
Curva de Gauss da Bateria Abreviada de Inteligência WASI, paciente apresenta QI dentro de
1 desvio padrão, considerado normal para a idade. Observou-se desempenho preservados nas
funções não verbais em comparação as funções verbais. Através dos testes de leitura e escrita,
apresentou frequentes parafasias semânticas (violino/violão) parafasias fonêmicas
(terra/serra), omissões (barba/baba), trocas de letras (estrada/estrade) e paragrafias verbais
(rio/santo). Após investigação clínica e sessão de anamnese, resultados sugerem quadro de
Dislexia adquirida após Acidente Vascular Cerebral Isquêmico.

Número: 021
Título: ESTUDO DE CASO: DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ENTRE DEPRESSÃO E
TRANSTORNO NEUROCOGNITIVO.
Autores: Luana Colturato Dalul, Karina Kelly Borges, e Luciane Viola Ortega
Resumo: No envelhecimento normal é comum manifestação de alterações neuropsicológicas
como déficits cognitivos, alterações nas atividades da vida diária, que podem se relacionar
com sintomas demenciais e depressivos. Este estudo tem como objetivo realizar um
diagnóstico diferencial, analisando o desempenho cognitivo de uma idosa do sexo feminino,
com 70 anos, baixa escolaridade. Material: Entrevista com informante e duas sessões de
testagem, que incluíram os seguintes testes: MEEM / Rivermead / FOME / Figuras Bateria
Breve (BB) / Lista de palavras (CERAD) / Trilhas (Trail Making Test) / Dígitos, Vocabulário
e Semelhança (WAIS-III) / Figuras de Rey / Teste do Desenho do Relógio / Fluência Verbal
/ Teste de Nomeação Boston / Avaliação Funcional (Pfeffer)/ Escala de Depressão Geriátrica
(EDG) e a Escala de Ansiedade Geriátrica (EAG). MEEM – 23 (Dentro Da Nota De Corte
(NC) - 22) / RIVERMEAD – Triagem 5 (3 – 6 Moderadamente Comprometida) Perfil 18 (17

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– 21 Levemente Comprometida) / FOME – Recuperação Total 30 (Percentil 10 - inferior) ;


Evocação Tardia 7 (Percentil 25) / BB – Memória Imediata 5 (Abaixo NC - 6 Pontos) ;
Memória Tardia 3 (Abaixo NC - 6) / CERAD – Recordação Tardia 0 (Abaixo NC - 3) / EDG
13 (NC 6 ou +) / EAG 17 pontos (NC 6 ou +) / Pfeffer 3 (NC sugerir dependência de 6 ou +).
O diagnóstico diferencial foi feito a partir de observações qualitativas, considerando curva de
aprendizagem ascendente nos testes de memória e aprendizagem, bem como ausência de
intrusões ou contaminações e principalmente independência nas AVDs. Os resultados aliados
sugerem um comprometimento cognitivo principalmente em relação a memória, esses tipos
de dificuldades apresentadas são característicos em protocolos de pacientes depressivos,
porém não comprometem a independência das atividades diárias. É importante avaliações
seriadas, pois a depressão associada a prejuízos cognitivos é considerada um fator de risco
tanto para diagnóstico de Transtorno Neurocognitivo Leve e/ou Transtorno Neurocognitivo
maior.

Número: 022
Título: HABILIDADES CONSTRUTIVAS NO COMPROMETIMENTO COGNITIVO
LEVE E NA DOENÇA DE ALZHEIMER: UMA AVALIAÇÃO DA CONSTRUÇÃO
TRIDIMENSIONAL
Autores: Geórgia L. L. Malagueta; Heloisa de F. Pacífico; Rafaela M. Rodrigues; Mayara S.
G. Santos; Bernardino Fernández-Calvo
Resumo: A habilidade construtiva refere-se à capacidade de unir partes através de um
comando verbal, pela cópia ou de forma articulada, com a finalidade de sintetizar um objeto
ou entidade. Este estudo teve como objetivo avaliar as habilidades visuoconstrutivas de
idosos saudáveis, com Comprometimento Cognitivo Leve (CCL) e com Doença de Alzheimer
(DA), utilizando o teste de construção tridimensional de Benton (CTB). Participaram do
estudo 30 pessoas com média de idade de 67, 93 anos (DP= 10,04), sendo 20 do sexo
feminino e 10 do sexo masculino, que foram distribuídos em três grupos de dez voluntários,
balanceados pela idade, sexo, e escolaridade. Os resultados mostraram que a média da
pontuação de construção tridimensional do Grupo Controle (GC) foi 28,90 (DP = 0,32), do
grupo CCL foi de 27,60 (DP = 2,67) e do grupo com DA foi de 24,20 (DP = 6,23). Observa-
se que o GC apresentou a maior média, enquanto o grupo com DA apresentou a menor média
nesta tarefa construtiva tridimensional. Existiram diferenças entre os grupos [F(2, 27) = 3,83,
p = 0,03], de forma que as comparações múltiplas post-hoc mostraram diferença significante
apenas entre GC e DA (p = 0,04). A partir dos resultados, conclui-se que os pacientes com
DA em fase incipiente apresentam prejuízos significativos na capacidade de construção
tridimensional.

Número: 023
Título: IMPACTO DA VIOLÊNCIA SEXUAL NAS FUNÇÕES EXECUTIVAS EM
MULHERES COM TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO
Autores: Nathalia B. Emygdio; Tânia M. Camargo; Fernanda M.R.G. Silva; Adriana C.F.
Mozzambani; Andrea A. F. Mello; Marcelo F. Mello
Resumo: Há poucos estudos que avaliam os prejuízos nas funções cognitivas em mulheres
vítimas de violência sexual com TEPT, portanto, o objetivo do estudo foi avaliar o impacto da
violência sexual nas funções executivas em mulheres com TEPT. As funções executivas
avaliadas foram: flexibilidade cognitiva, controle inibitório, memória operacional e memória
prospectiva. Método: Foram avaliadas 97 mulheres com idades entre 18 e 45 anos, sendo 46
mulheres vítimas de violência de sexual com diagnóstico de TEPT (GTEPT) e 51 mulheres
sem histórico de violência (GCtrl). Os instrumentos utilizados como fator de exclusão e
inclusão foram: a Escala de PTSD administrada pelo clínico – CAPS, Mini International
Neuropsychiatric Interview (MINI), Teste de Identificação de Desordens Devido ao Uso de
Álcool (AUDIT) e Escala Wechsler abrevida de inteligência (WASI). Para avaliar as funções
executivas foram utilizados: o subteste Dígitos da Escala de Inteligência Wechsler para
Adultos - 3ª Edição (WAIS-III) na ordem inversa, o subteste Spatial Span da Escala de

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Memória de Weschler - 3ª Edição (WMS-III) na ordem inversa, o Teste Wisconsin de


Classificação de Cartas, o Teste dos cinco Dígitos (FDT), o subteste memória prospectiva do
Instrumento de Avalição Neuropsicológica Breve (NEUPSILIN) e o Teste de Stroop. O
GTEPT teve desempenho inferior ao GCtrl em todos os testes: Na ordem inversa do subteste
Dígitos (p=<0,0001); na ordem inversa do subteste Spatial Span (p=<0,0001); no Teste
Wisconsin apresentando mais erros perseverativos (p=0,01) e fazendo menos categorias
(p=0,001); no Teste dos cinco Dígitos, sendo mais lentas em todas as etapas e no item de
flexibilidade (p=0,02); No subteste memória prospectiva, utiliza-se mais a estratégia de dica
para lembra-se da tarefa (p=0,05); e no Teste de Stroop erram mais e acertam menos na tarefa
C (p=0,03), erram mais e acertam menos na tarefa CW (p=0,02) e são mais lentas em ambas
tarefas (p=<0,0001). O estudo demonstra que há prejuízos na memória operacional auditiva e
visual, na flexibilidade cognitiva, no controle inibitório, na velocidade do processamento, na
memória prospectiva e nos processos atencionais associados ao TEPT em vítimas de
violência sexual.

Número: 024
Título: MEMÓRIA OPERACIONAL E SINTOMAS DEPRESSIVOS EM MULHERES
COM SÍNDROME DE FIBROMIALGIA
Autores: Armando Macena de Lima Junior; Andressa Juliana de Oliveira; Eduardo José
Legal
Resumo: A Fibromialgia é uma doença musculoesquelética crônica, caracterizada pela dor
generalizada e difusa, geralmente acompanhada de outros sintomas, incluindo sintomas
depressivos e déficits de Memória Operacional. Objetivo: Investigar a presença de sintomas
depressivos, desempenho da memória operacional, percepção de dor, nível de escolaridade e
a possível correlação entre estes fenômenos em mulheres com Síndrome de Fibromialgia
participantes de um Projeto de Extensão de uma universidade do litoral norte de Santa
Catarina. Metodologia: Utilizou-se de um Questionário Sociodemográfico e de Escolaridade,
Escala verbal da dor, Escala de Depressão Geriátrica (GDS), Subteste Dígitos da Escala
Weschler de Inteligência (WAIS-III). Os escores obtidos foram analisados por meio do
Pacote Estatístico para as Ciências Sociais (SPSS) 20, com análise de estatística descritiva e
de correlação de Spearman, adotando nível de significância de p < 0,05. Participaram da
pesquisa nove mulheres, com idades médias de 58 anos, sendo que três possuíam ensino
médio completo e três possuíam ensino superior incompleto, enquanto que as outras três
possuíam ensino fundamental incompleto, ensino fundamental completo e pós-graduação
(doutorado). Todas com diagnóstico de Fibromialgia, baseados nos critérios da ACR
(American College of Rheumatology). No dia da avaliação, a média de dor relatada pelas
participantes foi de seis, variando entre dois e oito, cinco moderadas e três leves. Com relação
aos sintomas depressivos, foi obtida uma média de oito pontos em relação aos sintomas
depressivos, com mínimo de dois e máximo de 15 pontos, sendo que em cinco casos os
resultados indicaram a suspeita de depressão. A memória operacional mensurada teve uma
média de 15,78 pontos, variando entre 13 e 21. A única correlação encontrada foi entre o
nível de escolaridade e percepção da dor (r = -,825; p<0,01), indicando que há uma forte
correlação entre maior nível de escolaridade e menor percepção de dor. Os resultados
indicaram que a maioria das participantes tinham uma percepção moderada de dor, suspeita
de depressão, escores médios em memória operacional, e uma forte correlação entre menor
percepção de dor e maior nível de escolaridade.

Número: 025
Título: MEMÓRIA SEMÂNTICA E EPISÓDICA EM IDOSOS COM DEPRESSÃO:
INFLUÊNCIA DA SEVERIDADE DOS SINTOMAS
Autores: Mariana Faoro; Amer C. Hamdan
Resumo: O Transtorno Depressivo Maior (TDM) é uma das patologias com maior
prevalência no mundo. Dados mostram que além de ser o grupo etário que mais cresce na
população, os idosos encontram-se entre os mais vulneráveis a este tipo de afecção. No
envelhecimento há um declínio cognitivo normal, principalmente da memória, contudo

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poucos ainda são os estudos que investigam a relação entre a presença de sintomas
depressivos e a memória, principalmente no que diz respeito à memória semântica. O objetivo
da presente pesquisa foi investigar se a severidade dos sintomas depressivos em pessoas
idosas afeta a memória semântica e episódica. Método: Foram recrutados 88 voluntários, após
a aplicação dos critérios de exclusão foram constituídos os grupos: Depressão Leve (n=25),
Depressão Grave (n=9) e Controle (n=41). Foram aplicados os seguintes instrumentos:
Triagem: Questionário de Avaliação Geral, MoCA-Basic e forma de dois subtestes da Bateria
Wechsler Abreviada de Inteligência para Adultos – WASI; Sintomas Depressivos: Escala de
Depressão Geriátrica-30 e Inventário de Depressão de Beck; Memória Semântica: Teste de
Nomeação de Boston, Vocabulário, Fluência Verbal Frutas e Animais; Memória Episódica:
Bateria Breve de Rastreio Cognitivo Nitrini (ME). Os resultados indicaram que pessoas com
depressão tendem a obter desempenho inferior em instrumento de memória semântica quando
comparado a grupo com depressão leve e controles (p = 0,039), não houve diferença
significativa em memória episódica (p=0,636). Ao comparar apenas os grupos clínicos entre
si não houve diferença significativa, contudo a análise mostrou tamanho de efeito médio em
atividade de memória semântica (r=0,571), evidenciando a relevância prática dos resultados.
As análises sugerem que sintomas depressivos leves não causam prejuízo à memória
semântica ou episódica, contudo em estados graves podem afetar memória semântica e
prejudicar as atividades de vida diária, influenciando negativamente na qualidade de vida e
dificultando a reversão do quadro depressivo. Déficits de memória em idosos podem ser
confundidos com estágios iniciais de quadros demenciais, portanto torna-se imprescindível
aplicar escalas de sintomas depressivos a fim de evitar um diagnóstico falso positivo e
amparar corretamente uma possível reabilitação.

Número: 026
Título: MONTREAL COGNITIVE ASSESSMENT (MOCA) INSTRUMENTO DE
TRIAGEM PARA REALIZAÇÃO DE TRIAGEM NA AVALIAÇÃO
NEUROPSICOLÓGICA DE ADULTOS E IDOSOS
Autores: Islla França; Filipe Mycael; Mírian Débora; Eliza Lacerda; Cândida Alves
Resumo: A triagem cognitiva é essencial num processo de avaliação neuropsicológica. Entre
os diversos testes propostos encontra-se o Montreal Cognitive Assessment (MoCA),
instrumento rápido que busca compreender o funcionamento cognitivo do sujeito. A aplicação
deste teste dura aproximadamente 10 minutos. A pontuação máxima é de 30 pontos e avalia
oito domínios cognitivos contemplando diversas áreas da cognição global: habilidades
visuoespaciais, função executiva, linguagem, memória, atenção e orientação, cálculo e
abstração. Este trabalho tem como objetivo aprofundar o conhecimento sobre os testes de
rastreio e o seu papel na avaliação. Foi realizada uma revisão de literatura a partir da base de
dados BVS e Scielo. Os resultados obtidos confirmaram que o MoCA é um instrumento
fundamental na realização da triagem e permite obter dados mais aprofundados que outros
testes, como o Mini Exame do Estado Mental. Este instrumento permite ainda a distinção
entre o desempenho de adultos com envelhecimento cognitivo normal e adultos com déficit
cognitivo, assim como a avaliação de estádios intermédios de déficit cognitivo.

Número: 027
Título: NORMATIZAÇÃO DO TESTE GESTÁLTICO DE BENDER COMO
INSTRUMENTO VISUOCONSTRUTIVO: ESTUDO DE VALIDADE EM PACIENTES
COM DOENÇA DE ALZHEIMER
Autores: Juliana F. Cecato; José E. Martinelli
Resumo: Teste Gestáltico de Bener (TGB) é um dos principais instrumentos de escolha por
psicólogos e avalia diversas funções cognitivas, como por exemplo, a função
visuoconstrutiva. Descrever o desempenho de idosos no teste Bender e diferenciar os escores
do instrumento e os tipos de erros entre idosos saudáveis (GC) daqueles com diagnóstico de
doença de Alzheimer (DA). Estudo de corte transversal com 285 idosos, de ambos os sexos,
com mais de 60 anos de idade e com no mínimo 1 ano de estudo. Todos os participantes
foram submetidos a entrevista clínica detalha com geriatra e submetidos a avaliação

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neuropsicológica por meio do Cambridge Cognitive Examination (CAMCOG), a qual


encontra-se o Mini-exame do Estado Mental (MEEM) e o teste de Bender. Para avaliar a
funcionalidade foi utilizado o Questionário de Atividades funcionais de Pfeffer (QAFP).
Idosos com sintomas depressivos foram excluídos da pesquisa e para isso foi utilizado a
Escala de Depressão Geriátrica (EDG> 5 pontos). O teste Bender não foi utilizado para o
procedimento diagnóstico. O protocolo do estudo foi previamente aprovado pelo Comitê de
Ética em Pesquisa, de acordo com o parecer de aprovação CEP 1.102.851, CAAE
42497414.3.0000.5412. A análise dos 12 erros (rotação, sobreposição dos desenhos,
simplificação, fragmentação, retrogressão, perseveração, Colisão ou tendência a colisão,
impotência, dificuldade de fechamento, incoordenação motora, dificuldade de angulação e
coesão) foi proposta por Koppitz (1963) e adaptada por Lacks (1998). Um escore de 4 pontos
diferenciou o GC do grupo DA (p< 0.0001). com sensibilidade de 75% e especificidade de
91%). O Bender foi o instrumento que apresentou propriedades psicométricas satisfatórias
(AUC= 0,958) quando comparado ao MEEM (AUC= 0,910) e CAMCOG (0,908). O grupo
com DA mostrou 12 tipos de erros em sua execução. Bender mostrou satisfatória propriedade
psicométrica em diferenciar idosos saudáveis daqueles com DA. Os tipos de erros
evidenciados em sua execução pode ser fundamental na prática clínica por ser capaz de
diferenciar senilidade da senescência.

Número: 029
Título: O IMPACTO DA HEMINEGLIGÊNCIA NOS TESTES DE ATENÇÃO EM
PACIENTES COM AVE
Autores: Gabrielle G. Mazarão; Karina F. Leão; Daniela S. Zanini; Natalia A. Amorim;
Mônica M. Campos; Larissa de O. Ferreira
Resumo: As doenças crônicas têm aumentado gradativamente na população brasileira,
ocasionando alterações neurológicas como o Acidente Vascular Encefálico (AVE), que pode
desencadear complicações, como a heminegligência ou síndrome da negligência unilateral.
Esta síndrome é caracterizada como um distúrbio neuropsicológico complexo, referindo-se à
inabilidade do indivíduo em registrar, integrar ou responder a eventos provenientes do
hemicorpo ou hemiespaço contralateral à lesão cerebral. Objetivo: Verificar o impacto da
heminegligência em pacientes com AVE através de teste de atenção. Método: Compuseram
este estudo 15 participantes, de um hospital da região centro-oeste, com idades entre 29 e 58
anos e de ambos os sexos, selecionados a partir do hemisfério lesionado (direito), acometidos
pelo AVE. O instrumento utilizado foi a Bateria Psicológica para a Avaliação da Atenção
(BPA). Com relação aos níveis de dificuldade de atenção geral obtidos, 40% dos
participantes apresentaram resultados dentro da média esperada para sua faixa etária, 40%
apresentaram dificuldade leve nesta função, 13% apresentaram dificuldade moderada e 7%
dificuldade grave. Constatou-se que 40% são heminegligentes e 60% não apresentaram
heminegligência, evidenciando que, clinicamente, a maioria dos participantes demonstrou
algum nível de dificuldade relacionada a atenção geral. Dentre os participantes
heminegligentes, 33% apresentam resultados dentro da média esperada para sua faixa etária,
17% revelaram dificuldade leve, 50% denotaram dificuldade moderada e nenhum apresentou
dificuldade grave. A partir deste estudo, concluiu-se que 40% dos indivíduos avaliados são
heminegligentes, o que acarreta dificuldade em suas atividades funcionais de vida cotidiana.
Os participantes heminegligentes demonstraram maior limitação na atenção, variando de leve
a moderada. Assim, a heminegligência interfere significativamente nos resultados de tarefas
que exigem a busca visual.

Número: 030
Título: O IMPACTO DO PRIMEIRO ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO
ISQUÊMICO EM FUNÇÕES COGNITIVAS E SINTOMAS DEPRESSIVOS.
Autores: Glória Stefania Alves Siqueira; Flávia Heloísa Dos Santos
Resumo: O acidente vascular encefálico isquêmico (AVEi) têm elevada incidência (85% dos
casos) e associa-se a déficits cognitivos e afetivos. Contudo, é difícil determinar se tais
disfunções decorrem da idade ou do insulto porque o AVEi é frequente em pessoas idosas,

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com baixa escolaridade e, por vezes, com insultos recidivos. Investigar a ocorrência de
déficits cognitivos e sintomas depressivos na fase subaguda de adultos após o primeiro AVEi
comparando com um grupo controle. Estudo neuropsicológico caso-controle transversal. O
Grupo Caso (Gca) se caracterizou por: i) primeiro episódio de AVEi, ii) idade entre 18-59
anos, iii) escolaridade ≥ 4 anos, e iv) ocorrência do insulto ≤ 100 dias v) ausência de outros
transtornos neuropsiquiátricos. O Grupo Controle (GCo) constituiu-se de indivíduos
saudáveis pareados quanto ao sexo, idade e escolaridade. A avaliação neuropsicológica
incluiu dados socioeconômicos, memória episódica verbal e visual, memória operacional
auditivo-verbal e visuoespacial, rastreio do funcionamento cognitivo geral, sintomas
depressivos e qualidade de vida. A média etária foi M=45,65 anos (dp=11,19). A média de
escolaridade foi M=7,4 anos (dp=2,66). Houve diferenças entre os grupos na memória
episódica verbal (p=0,001) e visual (p=0,001) tanto para evocação imediata quanto tardia.
Porém, não foram encontradas diferenças para memória operacional fonológica e
visuoespacial. Quanto ao funcionamento cognitivo geral, houve prejuízos em 73,4% do GCa,
em comparação ao GCo (p=0,001). GCa obteve menores níveis de qualidade de vida
(p=0,001), assim como mais casos de depressão (p=0,001). Ao controlar variáveis como
idade, escolaridade e lesão neurológica observou-se que o AVEi parece ser o determinante
principal dos déficits na memória episódica, rastreio cognitivo geral e sintomas depressivos,
com impacto sob a qualidade de vida. O presente estudo discute ainda o papel das
comorbidades clínicas (hipertensão e cardiopatias) observadas.

Número: 031
Título: PERFIL DE FUNCIONAMENTO EXECUTIVO DE GRADUANDOS EM
PEDAGOGIA
Autores: Camila León; Aline Barbam; Lara Poggio; Marina Marcondes; Natália Dias;
Alessandra Seabra.
Resumo: Funções executivas (FE) são um conjunto de habilidades que permitem o controle
top-down de comportamentos, pensamentos e emoções. Tais habilidades impactam o
desempenho acadêmico e auxiliam no sucesso profissional, entre outros desfechos na vida
adulta. Este estudo investigou o perfil de FE de graduandos em pedagogia de uma faculdade
particular de São Paulo, tendo em vista a importância de que os próprios professores tenham
boas FE para promoverem seu desenvolvimento nos alunos. Participaram 98 alunos do último
ano (2% homens), idades de 18 a 66 anos (DP=10,3). Foram utilizados dois instrumentos de
autorrelato, um para coleta de dados sociodemográficos (ano de nascimento, estado civil,
ocupação, horas de trabalho por semana e renda) e outro para avaliação das dificuldades no
FE do cotidiano (Inventário de Dificuldades em Funções Executivas, Regulação e Aversão ao
Adiamento para Adultos/ IFERA-II). Este é constituído por 28 itens divididos em cinco
escalas: Memória de Trabalho-MT (5 itens), Controle Inibitório-CI (6 itens), Flexibilidade-FL
(5 itens), Aversão ao adiamento-AD (5 itens) e Regulação-RG (7 itens), medidos a partir de
uma escala Likert de 5 pontos (de Nunca – 1 ponto até Sempre – 5 pontos). Análises
descritivas indicaram mediana geral de 2,6 no IFERA-II. Teste t não revelou diferenças
significativas no nível de FE entre os estudantes que trabalham ou não. Já em relação à renda,
houve diferença significativa na subescala de RG (p=0,01) e no total do IFERA-II (p=0,02) e
marginais nas subescalas MT (p=0,06) e FL (p=0,06), revelando que estudantes que possuem
renda maior, tendem a relatar mais dificuldades de FE. Por fim, análise de Pearson verificou
correlações significativas intra-subtestes, de magnitudes muito altas com o total e de
moderadas a altas entre elas. Hipotetiza-se que pessoas com maior renda tendem a ter uma
melhor percepção das suas reais dificuldades de FE em situações do dia-a-dia, o que deve ser
investigado em estudos futuros.

Número: 032
Título: PERFIL DE TOMADA DE DECISÃO EM IDOSOS COM DEPRESSÃO MAIOR
Autores: Alaise Siqueira, Daniel Apolinário, Tânia Alves, Marina Biella, Marcus Kiiti, Ivan
Aprahamian

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Resumo: Depressão e déficits cognitivos estão entre os principais problemas de saúde mental
na terceira idade. É muito comum que ambas as condições apareçam juntas e acarretem
consequências graves, como piora da qualidade de vida, declínio funcional, aumento da
morbidade e da mortalidade. Objetivo: avaliar o perfil de tomada de decisão de idosos com
Transtorno Depressivo Maior, utilizando o Questionário Melbourne. Método: trata-se de uma
pesquisa de caso-controle de investigação dos perfis de tomada de decisão em idosos com
Transtorno Depressivo Maior. Os resultados indicam que idosos com depressão apresentam
perfil hipervigilante (p=<0,001), evitativo (p=<0,001) e procrastinante (p=0,043) quando
comparados com idosos do grupo controle. Idosos com depressão apresentam três tipos de
perfis de tomada de decisão que são considerados desadaptados (perfil hipervigilante,
evitativo e procrastinante) quando comparados com idosos do grupo controle. Ou seja, idosos
com depressão evitam o máximo tomar decisões ou quando decidem fazem de forma
precipitada.

Número: 033
Título: PERFIL NEUROPSICOLÓGICO DE UM ADULTO COM HIPÓTESE
DIAGNÓSTICA DE SINDROME DEMENCIAL: ESTUDO DE CASO
Autores: Aline Cristina Monteiro Ferreira
Resumo: O diagnóstico de um quadro de Transtorno Neurocognitivo (demência) requer o
rebaixamento de funções cognitivas com intensidade suficiente para interferir no desempenho
funcional do indivíduo, e que este rebaixamento não esteja presente na história prévia do
avaliado. Sendo assim, o objetivo deste trabalho é apresentar o perfil neuropsicológico de um
avaliado de 54 anos com hipótese diagnóstica de síndrome demencial. Foram realizadas 07
sessões com o avaliado e duas sessões de coleta de dados com sua esposa e filha em um
consultório particular. Os instrumentos utilizados foram: Mini Exame do Estado mental;
Avaliação clínica da Demência; Teste Aprendizagem Verbal- auditiva RAVLT; questionário
de Pfeffer; Instrumento de Avaliação Neuropsicológica Breve – Neupsilin; Escala de
Inteligência Wechsler para adultos WAIS 3°; Teste não verbal de Inteligência; Teste de Cópia
e Reprodução de Memória de Figuras Geométricas Complexas de Rey; Inventário de
Depressão BDI e Desesperança de Beck. Os resultados dos instrumentos demonstraram um
rebaixamento em relação ao seu potencial intelectual (WAIS III), uma vez que apresentou
classificação médio inferior em inteligência; alterações de gravidade importante em
orientação têmporo-espacial, percepção visual, memória de curto prazo, prospectiva e
memória verbal episódico-semântica; praxias e funções executivas, como dificuldades em
resolução de problemas e fluência verbal. Alterações deficitárias em velocidade de
processamento, manipulação de informações, e raciocínio não-verbal. Avaliado apresentou
diminuição da interação social, perda de interesses em atividades de lazer; e diminuição da
funcionalidade, com necessidade de comando para iniciar tarefas, inclusive orientações sobre
higiene. Embora o avaliado tenha pontuado sintomas de desesperança na escala de depressão,
observou-se que ele se mostrou pouco reflexivo ao responder o teste, o que se levanta a
hipótese de apatia. Por fim, o perfil cognitivo do avaliado apontou comprometimento
sugestivo de um quadro demencial, uma vez que ele apresentou rebaixamento acentuado em
relação ao seu potencial intelectual e funcional, com perdas cognitivas que não estavam
presentes na sua história pregressa, o que corroborou a hipótese clínica inicial.

Número: 034
Título: PONTO DE CORTE PARA DIFERENCIAÇÃO DE TRANSTORNOS
NEUROCOGNITIVOS LEVE E MAIOR NA ESCALA DE AVALIAÇÃO DA
DEMÊNCIA-2
Autores: Antonio L. C. Neto, Vandeise C. Silva, Gisele M. da Silva, Joenilton S. C. Silva,
Joel J. C. Tavares, Bernardino F. Calvo
Resumo: Escala de avaliação da demência de Mattis, segunda versão, (MDRS-2) é uma
bateria neuropsicológica breve que visa mensurar e graduar a capacidade cognitiva geral de
pessoas com disfunção neurológica. Uma das funções cognitivas medidas pela MDRS-2 é a
memória, sendo um dos processos frequentemente comprometido no envelhecimento

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cognitivo. O objetivo deste trabalho foi estabelecer um ponto de corte para a pontuação do
escore bruto (DRS-total) e a subescala de memória (DRS- mem) desta bateria. A amostra foi
de 308 participantes do Serviço de Neuropsicologia do Envelhecimento (SENE) da
Universidade Federal da Paraíba, sendo 220 idosos saudáveis (GC), 35 com
comprometimento cognitivo leve (CCL) e 53 com demência (DE). A MDRS-2 não foi levada
em conta no processo de diagnóstico dos grupos. As pontuações ajustadas, em função das
variáveis idade, sexo e escolaridade, da DRS-total e da DRS-mem serviram para estabelecer
os pontos de corte tomando como base as curvas ROC. Para a pontuação total o ponto de
corte ótimo entre pessoas com DE e GC foi de 128,03 (sensibilidade [Se] = 58,49% e
especificidade [Sp] = 85%) (AUC = 0.750, IC de 95% = 0.700 - 0.800), enquanto 126,48 (Se
= 67,92%, Sp = 68,57%) foi o ponto de corte ideal entre CCL e DE (AUC = 0.677, IC de 95%
= 0.600 - 0.773). Já para a DRS – mem o ponto de corte ótimo entre pessoas com DE e GC
foi de 20,61 (Se = 58,49%, Sp = 86,82%) (AUC = 0.773, IC de 95% = 0.719 - 0.821),
enquanto 19,91 (Se = 73,58%, Sp = 65,71%) foi o ponto de corte ideal entre CCL e DE (AUC
= 0.672, IC de 95% = 0.564 - 0.768). Para ambas as medidas não foi determinado ponto de
corte significativo que pudesse diferenciar GC de CCL. A DRS-2 mostrou-se como sendo um
instrumento confiável e adequado para diferenciação entre quadros de transtorno
neurocognitivo leve e maior. A validação para o contexto brasileiro de instrumentos como a
DRS-2 é uma prática essencial que auxilia na formulação de diagnóstico diferencial.

Número: 038
Título: RELAÇÃO DO MINIMENTAL E ÍNDICE DE MEMÓRIA OPERACIONAL -
WAIS-III EM IDOSOS QUE PARTICIPAM DE OFICINAS DE INFORMÁTICA NO
MUNICÍPIO DE NOVO HAMBURGO- RS
Autores: Andrea V. Dani; Yasmin D. Garcia; Clair B. Warmling; Lucas Backes; Marcelo dos
Santos; Geraldine Alves dos Santos
Resumo: O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial e vem aumentando
exponencialmente, este aumento deve-se a vários fatores, mas os principais são o aumento da
expectativa de vida e a diminuição da taxa de natalidade. Pelo exposto, e diante do
crescimento acelerado da população idosa tanto no Brasil quanto no mundo, verifica-se a
grande importância do estudo e da pesquisa nesta área, pois vivemos um período importante
da longevidade. O objetivo principal deste trabalho é analisar a associação entre os resultados
do Mini Exame do Estado Mental (MEEM) com do Índice de Memória Operacional(IMO) -
WAIS-III. A metodologia utilizada é de delineamento quantitativo, descritivo e transversal. A
amostra deste estudo é não probabilística por conveniência e compreende 22 idosos, acima de
60 anos, de ambos os sexos, que frequentam regularmente as atividades de informática da
Diretoria de Inclusão Digital do Município de Novo Hamburgo. Os critérios de inclusão
foram: ter mais de 60 anos de idade, não estar institucionalizado ou hospitalizado; possuir
condições mentais e de saúde para ter independência e autonomia para participar do estudo.
Os critérios de exclusão foram apresentar processos demências, síndrome de fragilidade, estar
internado ou institucionalizado.A análise foi realizada através do teste de correlação de
Spearman com nível de significância ≤0,05. Os resultados demonstraram que há correlação
significativa (rho=0,713/ p= 0,000) entre o MEEM e suas subdivisões (Orientação, Memória
Imediata, Atenção e Cálculo, Evocação e Linguagem) com o Índice de Memória Operacional,
sendo composto pelos subtestes do WAIS III (Dígitos, Aritmética e Sequência de Números e
Letras). Podemos concluir pelos dados desta amostra que o MEEM pode ser utilizado para
avaliação da memória operacional com precisão, principalmente em contexto onde seja
necessária uma aplicação mais rápida.

Número: 039
Título: RELAÇÃO ENTRE DESREGULAÇÃO EMOCIONAL E FUNÇÕES
EXECUTIVAS: RESULTADOS PRELIMINARES
Autores: André Luiz de Carvalho Braule Pinto; Gabriel dos Santos Mouta; José Humberto da
Silva Filho

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Resumo: As emoções são consideradas informações importantes para o processamento de


informação e tem impacto sobre os comportamentos adaptativos dos indivíduos. Nesse
sentido, sua relação com processos cognitivos tem sido motivo de grande debate na
neuropsicologia, neurociências e neuroeconomia. Dessa forma, o objetivo deste estudo é
apresentar dados preliminares acerca da relação entre funções executivas e dificuldades de
regular emoções. Participaram 56 universitários sendo 44 do sexo feminino (78,6%) com
idade entre 18 e 42 anos (M = 21,54; DP = 4,38) que foram convidados, através de mídias
sociais, a responderem à Escala de Dificuldades de Regulação Emocional versão reduzida
(DERS-16) que busca avaliar cinco fatores: a) falta de acesso a estratégias para controlar as
emoções (Estratégias); b) ausência de clareza sobre emoções (Clareza); c) dificuldades de
controlar impulsos (Impulso); d) dificuldades para se engajar com objetivos (Objetivos); e)
não aceitar suas respostas emocionais (Não aceitação) e posteriormente responderam em
sessão individual ao Teste Wisconsin de Classificação de Cartas (WCST) que avalia funções
executivas em três aspectos: shifting e perseveração, formação de conceitos e abstração e
monitoramento e manutenção de tarefa. Realizou-se análises de correlação para verificar a
relação entre as variáveis. Os resultados indicaram relação negativa entre Número do total de
acertos no WCST e dificuldades para estabelecer objetivos (r = -0,361; p = 0,006);
dificuldades de acessar estratégias de regulação emocional (r = - 0,289; p = 0,031) e
dificuldades de aceitação das próprias emoções (r = -0,402; p = 0,002), também foi observado
que, dos fatores relacionados a dificuldades de regulação emocional, a não aceitação das
próprias emoções relacionou-se com diversos indicadores do WCST, estando positivamente
relacionada à maior quantidade de erros perseverativos (r = 0,282; p = 0,0035) e inversamente
relacionado a respostas de nível conceitual (r = -0,368; p == 0,006). Estes resultados indicam
que aspectos das dificuldades de regular emoções se relacionam com um baixo desempenho
em tarefas executivas como as avaliadas pelo WCST, notadamente com a diminuição de
acertos, aumento de respostas perseverativas e dificuldades de abstração. O que pode estar
relacionado à divisão de recursos cognitivos entre ambas as tarefas, regular emoções e
resolver problemas.

Número: 040
Título: RELAÇÃO ENTRE O PROCESSAMENTO DISCURSIVO E HABILIDADES DE
CONTROLE INIBITÓRIO E FLEXIBILIDADE COGNITIVA EM PACIENTES IDOSOS
Autores: Patrícia Ferreira da Silva, Jamille Vasconcelos Saboia Korndorfer, Maila Rossato
Holz, Natalie Pereira, Renata Kochhann & Rochele Paz Fonseca
Resumo: O discurso conversacional é uma tarefa complexa que recruta demandas cognitivas
diversas. O uso da análise conversacional tem sido observado como sensível para
identificação precoce de pacientes com Comprometimento Cognitivo Leve (CCL) ou
demência devido à doença de Alzheimer (DA). Assim, o objetivo foi verificar se há relação
entre variáveis do processamento discursivo e de funções executivas (FE) em idosos. Esse
estudo é um recorte do segundo ano de um estudo longitudinal, participaram do estudo 45
idosos (7 controles, 34 com CCL, e 4 com DA), com média de idade de 68,46±6,04 e
escolaridade 12,80±5,75. Os testes utilizados para avaliação das FE foram o Trail Making
Test (TMT) e Five Digit Test (FDT) e para análise do discurso, a tarefa do Discurso
Conversacional da Bateria Montreal de Avaliação da Comunicação Breve. A pontuação de
comportamentos comunicativos desviante foi pontuada através do Procedimento
Complementar de Análise do Discurso Conversacional. Foi conduzida uma correlação de
Spearman em que foram consideradas somente correlações de moderadas a fortes. Os
resultados sugerem a existência de correlações entre: erros parte A TMT e “adapta-se mal à
troca de assunto” (p<0,001); maior “coerência do assunto 1” com menor tempo A TMT
(p=0,033) e menor tempo de escolha FDT (p=0,041); "entonação monótona” com erros e
tempo B (p=0,027) e tempo B-A TMT (p=0,043); “falta iniciativa verbal” com erros de
leitura FDT (p=0,044); "não volta ao assunto” com erros escolha e erros alternância FDT
(p=0,047 e p=0,014); erros alternância FDT também se relacionou com “repete palavras” e
“perde o fio da conversa” (p=0,021 e p=0,046); erros contagem FDT se relacionou com
“repete informações” e “adapta-se mal à troca de assunto” (p=0,023 e p=0,044). Os resultados

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sugerem que os escores de controle inibitório e flexibilidade cognitiva com output visual e
misto, parece ter uma relação importante com os componentes discursivos. Novos estudos de
regressão que possam tentar prever o quanto variáveis de habilidades executivas influenciam
o desempenho no discurso podem ser úteis pensando no diagnóstico precoce dessas
patologias

Número: 041
Título: TESTE DO DESENHO DO RELÓGIO E AVALIAÇÃO DA MEMÓRIA
Autores: Crislany B. Melo; Silvia S. de Lucena; Égina Karoline G. da Fonseca; Rafaela M.
Rodrigues; Thiago Regis G. Lima; Bernardino F. Calvo
Resumo: O teste do relógio (TDR) é um teste de rastreio amplamente utilizado para
identificação de transtornos neurocognitivos, uma vez que é de fácil aplicação e correção e
possui alto valor preditivo. Diferentes sistemas de aplicação têm sido utilizados, no entanto
existe a necessidade de aperfeiçoamento a fim de detectar estágios moderados e graves das
patologias. Desta forma, o presente trabalho tem por objetivo propor nova medida de
aplicação do TDR, com adequados índices discriminantes entre pacientes com Transtorno
Neurocognitivo Leve (TNL), Transtorno Neurocognitivo Maior (TNM) e idosos saudáveis
(SD), no que diz respeito a memória a curto e longo prazo. Participaram do estudo 94 idosos,
pareados por sexo e idade, dos quais 29 eram TNM, 21 eram TNL e 44 eram idosos
saudáveis. Além da versão tradicional do TDR, foram acrescentados mais dois procedimentos
(reprodução imediata e tardia, após 5 minutos). Cada etapa foi corrigida de forma
independente com utilização dos critérios de Sunderland (1989) e Rouleau (1992). Para
análise dos dados foram utilizados ANOVA multi-fatorial mista e tamanho de efeito ŋp². Foi
evidenciado efeito principal significativo para os grupos (F2, 91 = 69.73; p < .001; ŋp² =
.605) e procedimento de aplicação (F3, 273 = 42.19; p < .001; ŋp²= .317), ambos com alto
tamanho de efeito. As análises também evidenciaram efeito de interação grupo x fase de
aplicação (F6, 273 = 11.94; p < .001; ŋp²= .208). Na fase de Recordação Imediata houve
diferenças significativas entre o grupo de SD e TNL, SD e TNM, TNL e TNM. Na
Recordação Tardia foi registrada diferenças entre SD e TNM, TNL e SD. Os resultados
sugerem que as novas etapas do TDR podem ser uma medida útil na distinção dos grupos
TNL, TNM idosos saudáveis, quando a variável memória é mensurada, de tal forma que o
diagnóstico clínico destes grupos pode ser melhorado em termos neuropsicológicos.

Número: 042
Título: TOMADA DE DECISÃO EM IDOSOS COM DEPRESSÃO MAIOR
Autores: Alaise Siqueira, Daniel Apolinário, Tânia Alves, Marina Biella, Marcus Kiiti, Ivan
Aprahamian
Resumo: Depressão e déficits cognitivos estão entre os principais problemas de saúde mental
na terceira idade. É muito comum que ambas as condições apareçam juntas e acarretem
consequências graves, como piora da qualidade de vida, declínio funcional, aumento da
morbidade e da mortalidade. Objetivo: avaliar a tomada de decisão de idosos com Transtorno
Depressivo Maior (TDM), utilizando o Iowa Gambling Task (IGT) Método: trata-se de uma
pesquisa de caso-controle de investigação da tomada de decisão em idosos com TDM. Não
encontramos diferenças significativas em relação ao desempenho geral de nenhum dos
grupos. No entanto, quando realizada a análise das escolhas por pilhas o grupo com depressão
apresentou resultados significativos (p=0,005) pela escolha da PILHA A. Na análise por
blocos, houve diferenças significativas no bloco 5 (p=0,042), o que indica que o grupo
controle aprendeu a tarefa enquanto o grupo com depressão continuou tomando decisões
prejudicadas. Idosos com depressão apresentam uma predileção pela PILHA A, que é
considerada pilha desvantajosa e não demonstram aprendizagem da tarefa, o que sugere
tomada de decisão prejudicada.

Número: 043
Título: TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR, EPISÓDIO RECORRENTE, COM
CARACTERÍSTICAS PSICÓTICAS: UM ESTUDO DE CASO

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Autores: Venâncio, B.P.; Delgado, S.C.; Lara, K.S. & Portugal, A.C.A.
Resumo: Introdução e Objetivo A avaliação neuropsicológica é o estudo científico e
detalhado das funções cognitivas e comportamentais. O presente trabalho apresenta um
estudo de caso sobre avaliação neuropsicológica e sua importância nos processos psicológicos
que estão comprometidos. Esse estudo avaliou uma paciente 51 anos de idade, que foi
encaminhada pelo neurologista, por apresentar hipótese diagnóstica (HD) de Depressão e
alteração de comportamentos e sentimento, como humor triste, agitação, choro excessivo,
irritabilidade, isolamento social, esquecimento. O objetivo da avaliação foi verificar a HD e
investigar o perfil psicológico da paciente. Material e Foram utilizados os seguintes
instrumentos: Mini Exame do Estado Mental - MEEM - 2 (Versão Expandida),Teste do
Desenho Relógio (TDR), Instrumento de Avaliação Neuropsicológica Breve (NEUPSILIN)
Escala BEHAVE-AD, Bateria Psicológica para Avaliação da Atenção (BPA), Teste da Figura
Complexa de Rey-Osterrieth (ROCFT), Teste de Fluência Verbal Fonêmica (FAS), Teste de
Fluência Verbal Semântica (FVS) e Teste de Cancelamento dos Sinos (TCS).Todos os
instrumentos utilizados foram eleitos a partir das suspeitas e a partir das demandas surgidas,
no decorrer da avaliação, além de exaustiva anamnese, Resultados Foram encontrados
alterações cognitivas (déficit nas funções executivas), afetiva (sintomas negativos, choro
excessivo, afeto plano) e comportamental (com ideias delirantes alucinações visuais,
comportamentos desorganizados). Os resultados mostram que a paciente encontra-se com
classificação inferior em todos os testes aplicados quando comparada a uma amostra de idade
e escolaridade equivalentes. Os resultados permitem concluir que a paciente apresenta
transtorno psiquiátrico complexo caracterizado por depressão persistente e agravada por
crises psicóticas, que dificulta o correto julgamento sobre a realidade, e a elaboração de
respostas emocionais complexas, preenchendo perfil psicológico do quadro de Transtorno
depressivo maior, episódio recorrente e com características psicóticas (F33.3)

Número: 044
Título: USO DA NEUROIMAGEM NA AVALIAÇÃO NEUROPSICOLOGICA DE
ADULTOS E IDOSOS
Autores: Antonia Biane da s.Cavalcante; Maria Andreia B.Marques; Elisabeth M. da Silva
Resumo: A Neuropsicologia é uma ciência iminentemente interdisciplinar que vem trazendo
grandes contribuições relacionadas ao estudo de estruturas cerebrais e o comportamento
humano, permitindo uma compreensão mais apurada da forma de funcionamento dos sujeitos.
A avaliação neuropsicológica utiliza-se de ferramentas como entrevistas, observação, testes
de rastreio na investigação do funcionamento cerebral, com objetivo de avaliar e apontar o
comprometimento de funções cognitivas, como também clarificar resultados de exames de
imagem. Na avaliação do adulto e idoso permite ao profissional de saúde informações de
quadros neurológicos e/ ou psiquiátricos, tanto para o diagnostico etiológico como
diferencial, colaborando no planejamento de intervenções terapêuticas e de reabilitação
destinada a cada caso. A Neuroimagem é um recurso que contribui com estudo do cérebro in
vivo, possibilitando uma análise da anatomia cerebral, permitindo a identificação de áreas do
cérebro que se mostram comprometidas, no processo de avaliação de pacientes neurológicos.
Os recursos de neuroimagem são apontados por pesquisas recentes sendo uteis não apenas no
conhecimento de organizações cerebrais, mas também no funcionamento cognitivo humano,
em casos de lesão trazem com precisão a localização desta, além de possibilitar informações
sobre o processo de atrofia cerebral, apontando assimetrias hemisféricas nos indivíduos com
ou sem lesão. Técnicas de tomografia computadorizada (TC), Imagem por Ressonância
Magnética in Funcional (fMRI) e a Tomografia por Emissão de Positrons (PET) trazem os
substratos neurais de processos cognitivos mais implícitos, colaborando tanto na hipótese de
funcionamento como na observação dos efeitos de lesões nesse sistema. Diante dos achados
na literatura vemos a importância dos recursos de neuroimagem na avaliação
neuropsicológica, como uma ferramenta para somar diante do processo de compreensão do
funcionamento cerebral e das disfunções por lesão ou de natureza distinta, mesmo sabendo
que nem sempre teremos a disponibilidade desses recursos, pelo seu auto custo o que não
contempla uma maior parte da população. Objetivo. Esse trabalho tem como objetivo

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identificar por meio de revisão sistemática, de que forma tem se utilizado os recursos de
neuroimagem na avaliação neuropsicológica de adultos e idosos. O estudo em questão foi
realizado por meio de uma revisão sistemática, mediante a pesquisa da literatura que nos
permitiu explorar o tema em questão, a fim de provocar uma reflexão, para a revisão foram
pesquisados artigos nas bases de dados SCIELO,PUB-MED, LILACS, além de consulta em
livros de neuropsicologia, sendo utilizada as palavras chaves avaliação neuropsicológica,
neuroimagem, adulto, idoso, neuropsicologia. O achado na literatura nos traz a importância da
neuroimagem na avaliação neuropsicológica, como uma ferramenta que contribui para uma
compreensão das áreas cerebrais com alterações, permitindo-nos a identificar com precisão a
localização dessas áreas, no entanto traz o assunto de forma em geral relacionado a avaliação
como um todo, não especificando o uso em relação avaliação de idosos e adultos. Concluímos
que a pesquisa realizada nos possibilita um panorama atualizado do tema em questão, sendo
que há necessidade de se ampliar olhares para o tema diante da avaliação neuropsicológica e
o uso de imagens como instrumentos de avaliação neste processo.

Número: 045
Título: VALIDAÇÃO CONVERGENTE DA VERSÃO BRASILEIRA DO TESTE DE
TEORIA DA MENTE EM IDOSOS DA COMUNIDADE.
Autores: Tais Francine de Rezende, Ana Julia de Lima Bomfim, Natália Mota de Souza
Chagas, Flávia de Lima Osório, Marcos Hortes Nisihara Chagas
Resumo: Com a mudança dos critérios para diagnóstico de demência, a cognição social foi
incluída entre os domínios a serem avaliados na prática clínica. A cognição social trata-se da
capacidade do indivíduo de discriminar o próprio estado mental e o de outra pessoa,
reconhecendo seus desejos, crenças e sentimentos. No Brasil, porém, ainda são escassos os
instrumentos validados para esta avaliação. Assim, o objetivo do presente estudo foi realizar a
validação convergente da versão brasileira da Bateria de tarefas de Teoria da Mente (ToM
TB), recentemente traduzida e adaptada, em uma amostra de idosos brasileiros da
comunidade. O local do estudo foi a residência dos idosos. Uma psicóloga e uma gerontóloga
aplicaram a versão brasileira da ToM TB e da Reading the Mind in the Eyes Test (RMET), já
validada para avaliação da cognição social. O cálculo amostral para coeficiente de correlação
forte de 0,7 indicou a necessidade de 13 participantes no mínimo. A amostra foi composta por
20 idosos (8 homens e 12 mulheres), com média de idade de 68,6 anos (DP:±7,61). A
correlação de Pearson entre os instrumentos foi forte, de 0,715 (p<0,001). Portanto, a versão
brasileira da ToM TB mostrou-se válida para avaliar teoria da mente em idosos.

Número: 046
Título: A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO DA COGNIÇÃO SOCIAL EM CRIANÇAS
COM HIPÓTESE DIAGNOSTICA DE TEA.
Autores: Léa Andes Rufino Vaz; Ms. Larissa de Oliveira e Ferreira.
Resumo: A cognição social (CS) refere-se a um constructo multidimensional envolvido nos
processos mentais responsáveis pelo reconhecimento dos signos sociais. Trata-se do conjunto
de habilidades relacionadas ao processamento de informações sócio-emocionais. É
primordial para identificar, compreender e gerir o comportamento a partir das interações e
inferências dos contextos sociais, sendo necessárias para a emissão de comportamentos
adaptativos. O presente estudo tem por objetivo compreender a importância da avaliação da
cognição social no TEA. Como objetivos específicos pretende-se assinalar o padrão de
funcionamento da CS em crianças com TEA. O método utilizado foi revisão de literatura,
onde foram selecionados capítulos de livros, artigos, dissertações e teses em diversos bancos
de dados em língua portuguesa. Os resultados evidenciam que crianças com TEA apresentam
dificuldades em tarefas de reconhecimento de emoções, expressões faciais, na modulação das
emoções nos diferentes contextos, alterações no reconhecimento de emoções vocais
(prosódia), na percepção social, envolvendo limitações na identificação, recuperação e uso de
regras sociais. Os estudos apontam que um dos componentes de CS mais afetados no TEA é a
teoria da mente, o que implica diretamente numa redução da capacidade empática e na
atenção compartilhada. Conclui-se que a avaliação da CS é fundamental para avaliação

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neuropsicológica de crianças com TEA servindo de respaldo na identificação precoce, no


diagnóstico diferencial, e de guia para o planejamento de intervenções.

Número: 047
Título: A LENTE DA ALEGRIA: VIÉS DE ATRIBUIÇÃO EMOCIONAL EM CRIANÇAS
E ADOLESCENTES COM SÍNDROME DE WILLIAMS
Autores: Nara Côrtes Andrade, Ana Rita Barbosa, Amanda Argolo, Flávia Leal Ozaki,
Chrissie Carvalho, Emma Otta
Resumo: Compreender as bases do comportamento social humano é relevante tanto para
indivíduos com desenvolvimento típico (DT) quanto com transtornos neuropsiquiátricos. A
Síndrome de Williams (SW) é uma condição neurogenética rara ocasionada por deleção no
cromossomo 7q1123 que tem sido caracterizada por um intrigante perfil neuropsicológico de
picos e vales. Relatam-se alterações do funcionamento cognitivo e socioemocional. O seu
fenótipo social é caracterizado por paradoxos, tal como, maior sociabilidade global ou
aproximação a estranhos e incapacidade de manter amizades ou prejuízos em teoria da mente.
Apesar de parcela das pesquisas apontarem habilidade preservada no reconhecimento de
expressões de emoções positivas e dificuldades em emoções negativas este ainda não é um
campo consensual. O objetivo deste trabalho foi avaliar a moderação da valência afetiva de
expressões faciais para atenção e reconhecimento de emoções em crianças e adolescentes com
Síndrome de Williams. Participaram deste estudo 22 indivíduos entre 6 e 19 anos de idade
(M=12,3, DP=3,3) com diagnóstico clínico e genético confirmado de SW. Tarefa de
reconhecimento de emoções da bateria de avaliação NEPSY-II foi apresentada em formato
digital com medidas de rastreamento de olhar (Tobii TX-300). O desempenho global no
reconhecimento de emoções foi significativamente mais baixo em crianças com SW. Houve
efeito de interação entre os grupos e tipo de emoção (F(4,170)= 4,79, p < 0,01, η 2 =0,12; χ 2
(5)=26,01, p<0,001). O percentual de erro de atribuição de valência positiva, ou seja, o quanto
diante de faces com emoções negativas ou neutras atribui-se uma emoção positiva, foi
aproximadamente quinze vezes maior no grupo experimental que no grupo controle (U=13,5,
p<0,01). Medidas de rastreamento de olhar revelaram que, enquanto indivíduos com DT
olharam significativamente por mais tempo para faces tristes do que para faces alegres (Z=-
2,67, p<0,01), crianças com SW desprenderam maior tempo de fixação em faces alegres (Z=-
2,13, p<0,05). Os resultados indicam que pessoas com SW apresentam um viés de atribuição
de valência positiva. Ou seja, elas avaliam como positiva estímulos ambientais negativos ou
neutros, o que praticamente não ocorre em indivíduos com DT. Considera-se que este pode
ser um dos pilares para a hipersociabilidade e aproximação irrestrita a estranhos.

Número: 048
Título: ASPECTOS NEUROPSICOLÓGICOS EM ADOLESCENTES VÍTIMAS DE
VIOLÊNCIA SEXUAL COM TEPT
Autores: Silva. F. M. G.; Mozzambani, A. C. F.; Emygdio. N.B; Camargo. T.; Mello, M. F.
Resumo: A agressão sexual contra crianças e adolescentes é um problema de saúde pública
com sérias consequências para a qualidade de vida, especialmente para as pessoas que
desenvolvem transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). A literatura aponta para maiores
perdas na aprendizagem verbal, memória explícita, velocidade de processamento da
informação, atenção e funcionamento executivo.Comparar as funções neuropsicológicas de
adolescentes do sexo feminino de 14 a 17 anos vítimas de violência sexual com TEPT e
controles saudáveis pareadas por idade e escolaridade.Aplicação de uma bateria
neuropsicológica composta dos seguintes instrumentos padronizados: WASI; Dígitos (WISC
IV /WAIS III); STROOP; RAVLT; Spatial Span (WMS); Wisconsin; Teste D2; memória
prospectiva (Neupsilin) e FDT. A violência sexual impacta de maneira significativa no
funcionamento cognitivo global de adolescentes vítimas de violência sexual. O teste RAVLT
mostrou déficit na aquisição da informação verbal (p=0.01), na memória de curto prazo e
longo prazo verbal (p=0.01 e p=0.04), na capacidade de reconhecimento verbal (p=0.04).
Pode-se observar prejuízo na sustentação atencional na tarefa Stroop (p=0.03).
Comprometimento na velocidade de processamento da informação no teste D2 (p=0.02) além

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de menor capacidade de precisão na identificação dos símbolos alvos (p=0.01). A atenção


áudio-verbal mostrou-se déficitária (p=0.02) bem como a capacidade de Span (p=0.03) ambos
investigados através da tarefa dígitos da bateria Wechsler. Observa-se comprometimento em
memória operacional visual (p=0.01) no teste Spatial Span, além de necessitarem mais tempo
em tarefas de controle inibitório no teste FDT (p=0.02) e Stroop (p=0.05). Os dados, até o
momento, corroboram com a literatura e sugerem que a violência sexual e o TEPT causam
prejuízo significativo nas funções neuropsicológicas de adolescentes, evidenciando risco à
qualidade de vida em etapas fundamentais para o desenvolvimento e aprendizagem.

Número: 049
Título: ASSOCIAÇÃO ENTRE ESCOLARIDADE MATERNA E DESEMPENHO EM
LEITURA
Autores: Anna Rafaela B. Tavares; Juliana Burges Sbicigo; Natália Becker; Gabriella
Koltermann; Vitor Geraldi Haase; Jerusa Fumagalli de Salles
Resumo: Estudos indicam que a experiência da criança com leitura não depende só de suas
vivências escolares, mas também dos estímulos que recebe no ambiente familiar. Estes
estímulos também estão relacionados ao grau de escolaridade dos pais. Os objetivos deste
estudo foram investigar (a) a influência da escolaridade dos pais em crianças nos anos iniciais
de escolarização, controlando as medidas de processamento fonológico (PF); (b) o papel da
educação dos pais como preditor de crianças com dificuldades de leitura (DL) quando
controlado o PF. Participaram deste estudo 149 crianças, entre 8 e 11 anos de idade (M =
8.94, DP =.730), sendo 55.1% meninas de 3° e 4° anos do Ensino Fundamental de Porto
Alegre e Belo Horizonte. Foram aplicadas a tarefa de leitura oral de palavras e
pseudopalavras isoladas (LPI) e de PF: span de dígitos ordem direta e inversa, nomeação
seriada rápida (NSR) de letras, números e figuras (tempo de resposta) e consciência
fonológica (supressão de fonemas - SF). A escolaridade dos pais foi avaliada por meio do
questionário socioeconômico (renda e escolaridade dos pais). A LPI utilizou amostra
normativa brasileira para identificar s crianças com DL (ponto de corte = percentil 16, n =
35). Para testar o primeiro objetivo realizou-se uma Análise de Regressão Múltipla. Os
resultados indicaram que SF (β =.39, p < .001), NSR de letras (β = -.28, p < .001) e
escolaridade da mãe (β = 0,17, p = .01) explicaram 32,3% da variância da leitura oral (R2 =
.32, F(3,55) = 24.65, p < .001). Para verificar o segundo objetivo, realizou-se uma Regressão
Logística com os melhores preditores da Regressão Múltipla. Resultados indicaram uma
associação significativa entre supressão de fonemas, NSR letras, escolaridade da mãe e DL
(χ2(3) = 28.80, p < .001), com SF, NSR letras e escolaridade da mãe explicando 23.1% da
probabilidade de apresentar DL (R2Nagelkerke =.23). As DL tiveram 12% menos chance de
ocorrer em crianças com alto desempenho em SF e é provável que ocorra tanto em alto ou
baixo desempenho em NSR de letras. Considerando o desempenho em processamento
fonológico, a DL teve 52% menos chance de ocorrer em crianças de mães com escolaridade
maior. Possivelmente, mães com maior escolaridade proporcionam habilidades de
alfabetização, melhorando assim sua linguagem receptiva e expressiva.

Número: 050
Título: ATENÇÃO COMPARTILHADA AOS 13 MESES E SUA RELAÇÃO COM A
AQUISIÇÃO DO VOCABULÁRIO PRODUTIVO ENTRE 13 E 24 MESES DE IDADE:
RESULTADOS PRELIMINARES
Autores: Fernanda D. Menezes; Eliene N. Costa; Juliana P. Bruckner; Cláudia C. Martins

Resumo: Por volta do seu primeiro aniversário, as crianças começam a coordenar sua atenção
com a atenção das pessoas ao seu redor de forma claramente intencional. Por exemplo, elas
movem seus olhos na direção do olhar ou do gesto de apontar dos seus interlocutores. Elas
também mostram ou apontam para objetos, aparentemente com a intenção de chamar a
atenção das pessoas para o seu foco de interesse. Esses comportamentos são conhecidos na
literatura como comportamentos de responder e iniciar atenção compartilhada (RAC e IAC)
e, ao que tudo indica, são importantes para o desenvolvimento do vocabulário e da cognição

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social. O presente estudo avaliou a relação entre a atenção compartilhada e o vocabulário


produtivo em um estudo longitudinal que envolveu 35 crianças brasileiras (26 meninas) com
desenvolvimento típico. A atenção compartilhada foi avaliada quando as crianças tinham 13
meses de idade através da Escala de Comunicação Social Inicial (ESCS) (Mundy et al.,
2003). O vocabulário foi avaliado através da versão brasileira do Inventário do
Desenvolvimento das Habilidades Comunicativas MacArthur-Bates (CDI) (Teixeira, 2000)
em três ocasiões diferentes: aos 13, 18 e 24 meses. Os resultados mostraram que variações
nos comportamentos de IAC de nível superior aos 13 meses correlacionaram-se
significativamente com o vocabulário da criança em todas as ocasiões (todos os ps < 0,05).
Análises adicionais mostraram que essas correlações resultaram essencialmente de variações
no gesto de apontar. Com efeito, variações no gesto de “mostrar”, o outro comportamento de
IAC de ordem superior codificado pela ESCS, não correlacionaram-se significativamente
com o vocabulário da criança em nenhuma ocasião. As implicações desses resultados para a
nossa compreensão do papel desempenhado pelo gesto de apontar no desenvolvimento do
vocabulário produtivo serão discutidas.

Número: 052
Título: AVALIAÇÃO DA FLEXIBILIDADE COGNITIVA EM CRIANÇAS VÍTIMAS E
NÃO VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA
Autores: Mônica M. Campos; Larissa de O. e Ferreira; Daniela S. Zanini; Karina F. Leão;
Lisa Paula F. Porto; Natália A. Amorim
Resumo: A vitimização é a experiência de uma ocasião de violência realizada por um ser
humano, que pode gerar danos e ocasionar traumas. Os processos de vitimização contra
crianças e adolescentes impactam significativamente em habilidades cognitivas e
consequentemente no desenvolvimento das funções executivas (FE). Crianças e adolescentes
estão em pleno desenvolvimento das FE e a vitimização pode interferir nesse processo,
prejudicando a aprendizagem. Assim é preciso entender a importância das FE para o
desenvolvimento da criança e do adolescente e para os processos de aprendizagem,
considerando o grande número de crianças e adolescentes vítimas de violência. Nesse sentido,
o presente trabalho tem como objetivo avaliar em que medida a vitimização impacta no
desenvolvimento das FE a partir do componente da flexibilidade cognitiva em grupo de
crianças e adolescentes vítimas e não vítimas de violência. As FE são definidas como
habilidades que integradas possibilitam o direcionamento do comportamento de metas, a
adequação dessas ações, sendo significativas diante de novas tarefas. A avaliação das FE
pode ser realizada a partir de três componentes básicos: controle inibitório, memória de
trabalho e flexibilidade cognitiva. A flexibilidade cognitiva é a capacidade do indivíduo em
mudar ou alternar seus objetivos quando o plano inicial não é bem sucedido, presume
alternância de estratégias de ação, sendo relativo à necessidade de resolver um problema,
sendo primordial para os processos de aprendizagem. Neste estudo foram avaliadas 20
crianças e adolescentes de 6 a 16 anos em escolas públicas e privadas do estado de Goiás. Os
instrumentos utilizados para avaliar a vitimização foram o Juvenile Victimization
Questionnaire, para avaliar flexibilidade cognitiva o teste de Cinco Dígitos e o subteste
sequência de números e letras do WISC IV. Os resultados levantados até o momento sugerem
comprometimento da flexibilidade cognitiva em crianças e adolescentes vítimas de violência.

Número: 053
Título: AVALIAÇÃO DA INTELIGÊNCIA DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
VITIMIZADAS E NÃO VITIMIZADAS
Autores: Lisa Paula F. Porto, Larissa de O. e Ferreira; Daniela S. Zanini; Mônica M.
Campos; Karina F. Leão; Gabrielle G. Mazarão
Resumo: A inteligência é entendida como um conjunto de capacidades cognitivas que agem
em conjunto, ou seja, estão relacionadas umas com as outras. Ultimamente, tem sido muito
discutido a questão da violência e os danos que ela ocasiona no ser humano, sejam eles físicos
ou psicológicos. Carvalho (2016) afirma que estudos têm revelado o aumento na ocorrência
de vitimização na infância e adolescência e seu impacto no nível de saúde dessas nesta faixa

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etária. O objetivo deste estudo é examinar o impacto da violência no desempenho cognitivo


(inteligência) de crianças e adolescentes, divididos em dois grupos, vítimas e não vítimas de
violência, comparando seus desempenhos em instrumentos específicos de avaliação
psicológica. A amostra foi composta por 20 sujeitos com idades entre 6 e 16 anos. Todos
foram submetidos ao instrumento Juvenile Victimization Questionnaire e aos 10 subtestes
principais da Escala Wechsler (WISC IV). Após a aplicação, os dados coletados foram
analisados intragrupos e foi realizada a aferição de médias, desvio-padrão e teste estatístico
para comparação entre médias, verificando significância estatística através do software
Statistical Package for Social Science for Windows® - SPSS®. Os resultados apontam
correlação positiva entre violência por pares e o índice de compreensão verbal tanto em
pontos brutos como em QI, indicando que quanto mais ocorre a violência entre pares melhor é
a compreensão verbal deste indivíduo. Identificou-se uma correlação negativa entre a
violência sexual e o índice de organização perceptual tanto em nível de pontuação bruta como
em nível de QI, demonstrando que quanto mais se sofre violências sexuais pior é a
organização perceptual do sujeito vitimizado. Na amostra avaliada observou-se impacto
significativo da violência na inteligência de crianças e adolescentes. Sugerem-se mais estudos
na área visando aprofundar as relações que existem entre a violência e a inteligência, e seu
impacto no desenvolvimento.

Número: 054
Título: AVALIAÇÃO DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS EM UMA CRIANÇA COM
EPILEPSIA: UM ESTUDO DE CASO
Autores: Aliane Loch
Resumo: Epilepsia é considerada a condição mais comum de prejuízo neurológico em
crianças e adolescentes. Apesar das crianças não manifestarem déficit intelectual, estudos
apontam a ocorrência de alterações no controle executivo, além de problemas de
aprendizagem e comportamento. Nesse contexto, a avaliação neuropsicológica é um
importante método de investigação para análise de prejuízos cognitivos. Este estudo objetivou
analisar as funções executivas através dos resultados da avaliação neuropsicológica de uma
criança com epilepsia e compará-los aos resultados encontrados na literatura. O participante
foi submetido à anamnese, observações clínicas e comportamentais, escalas clínicas
sintomatológicas, testes neuropsicológicos, tarefas para aplicação de habilidades cognitivas e
tarefas qualitativas. Os resultados mostram um desempenho médio inferior referente às
habilidades intelectuais globais (QIT=83), contudo, ainda é considerado dentro da variação
mediana referente à média absoluta para sua faixa etária. Evidenciou-se déficits nas funções
executivas, principalmente em memória operacional, raciocínio abstrato e planejamento.
Entretanto, em tarefas que exigem predominantemente flexibilidade mental, e em menor grau
controle inibitório, formação de conceitos e aprendizagem, o desempenho mostrou-se médio
superior, indicando que a flexibilidade mental não se encontra alterada neste funcionamento
executivo. Os dados encontrados corroboram com a literatura e contribuem para o
entendimento neuropsicológico da epilepsia. O presente trabalho aponta para conclusões que
merecem ser aprofundadas através do estudo de amostras maiores com bateria de testagem
mais sensível.

Número: 055
Título: AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO ADAPTATIVO E SÍNDROME DE
MUCOPOLISSACARIDOSE (MPS): RELATO DE CASOS MÚLTIPLOS
Autores: Larissa S. E. Pimenta; Regina B. F. Del Khoury; Andrea de C. Rodolpho; Luciana
M. Di Benedetto; Letícia S. Oliveira
Resumo: As mucopolissacaridoses (MPS), são doenças do depósito lisossomal, causadas por
distúrbios metabólicos hereditários. De caráter crônico, progressivo e sistêmico, resulta em
um funcionamento inadequado das enzimas responsáveis na degradação dos
gliocosaminoglicanos (GAGs). Já foram identificados 11 defeitos enzimáticos que causam
sete tipos diferentes de MPS, no entanto, quatro formas da doença possuem tratamento de
reposição da enzima deficiente. São elas: MPS I; MPS II; MPS IV(A) e MPS VI. Por serem

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uma condição rara, não são frequentes descrições precisas do fenótipo neurocognitivo e
comportamental nestes casos. O objetivo desse trabalho é apresentar aspectos do
comportamento adaptativo de quatro pacientes diagnosticados com MPS tipo I, II, IV(A) e
VI, na faixa etária entre dez e treze anos de idade, sendo três do sexo masculino, todos em
tratamento de reposição enzimática no Instituto de Genética e Erros Inatos do Metabolismo
(IGEIM), avaliado pelo projeto interdisciplinar Day Hunter. Para tanto, foi realizada
aplicação da escala de Comportamento Adaptativo Vineland-II, respondida pelos pais dos
pacientes. As amostras foram analisadas considerando diferenças entre os domínios e
subdomínios da escala. Também foi averiguado na escala, o índice de comportamento mal
adaptativo, que avalia indícios de problemas comportamentais do tipo internalizante e
externalizante. Segundo os resultados analisados, somente o paciente diagnosticado com MPS
I, apresentou o índice de comportamento adaptativo global na faixa deficiente. O mesmo
resultado foi encontrado na análise individual dos domínios da escala, ou seja, os índices de
comunicação, autonomia, socialização e motricidade tiveram resultados deficitários. Todos os
outros pacientes MPS II, IV(A) e VI, tiveram seu resultado médio tanto no comportamento
adaptativo geral, quanto nos domínios e subdomínios. Sobre a análise do comportamento mal
adaptativo, apenas o paciente com MPS I, apresentou indícios de problemas comportamentais
do tipo internalizante. Tais achados indicam que uma avaliação abrangente do fenótipo
neurocognitivo de síndromes raras, assim como nas Mucopolissacaridoses, podem ser
favorecidas por descrições bem delimitadas. Dessa forma, a associação do comportamento
adaptativo à análise do fenótipo neurocognitivo em condições genéticas pode ser de grande
interesse para estudos sobre as bases genéticas do comportamento, bem como para a
abordagem terapêutica dos indivíduos, minimizando consequências em longo prazo das
síndromes.

Número: 056
Título: AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA DE ALTAS HABILIDADES: RELATO DE
CASO
Autores: Luciane Kaiser Pinotti
Resumo: No Brasil, têm-se considerado uma pessoa com Altas Habilidades aqueles que
apresentem grande capacidade de aprendizagem que os leve a dominar rapidamente
conceitos, procedimentos e atitudes. Dentre os critérios para avaliação: Capacidade
Intelectual Geral, Aptidão Acadêmica específica, Pensamento criativo ou produtivo,
Capacidade de Liderança, Talentos Especiais para artes, Capacidade Psicomotora, neste
sentido, vale ressaltar que estas habilidades podem se manifestar de forma conjunta ou
isolada bem como a percepção de que a superdotação se modifica no decurso do
desenvolvimento do indivíduo. (fonte:
*http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/altashab1.pdf). O objetivo desta investigação
neuropsicológica foi avaliar o funcionamento cognitivo global de uma criança do sexo
masculino, com idade de seis anos e cinco dias com fins de verificar se este possui
características compatíveis com o quadro de altas habilidades. Esta investigação foi solicitada
pelos responsáveis legais do menor, e compõe parte dos requisitos para o ingresso no
programa de Altas Habilidades da John Hopkins Center for Talented Youth – EUA. A
avaliação foi realizada utilizando dos seguintes instrumentos: (1) entrevista semiestruturada
com os pais em consultório e com a professora da escola in loco; (2) Teste de Figuras
Complexas de Rey indicado para crianças a partir de 04 anos; (3) Bateria Psicológica para
Avaliação da Atenção – BPA, indicado para indivíduos de seis a 82 anos, (4) Escala Wechsler
de Inteligência para Crianças – WISC-IV, indicada para sujeitos de 06 a 16 anos e
ferramentas de avaliação qualitativa. Os testes indicaram funcionamento intelectual acima do
esperado considerando sua idade cronológica e escolaridade, considerando tarefas verbais,
raciocínio lógico e resolução de problemas (QI total = 131). A habilidade cognitiva geral de
P.C supera em, aproximadamente, 98% a esperada para crianças da sua idade. Tanto em
tarefas verbais que avaliaram a inteligência cristalizada, quanto em tarefas que avaliaram a
inteligência fluída, ou seja, a capacidade de raciocínio lógico, P.C manteve os resultados
acima do esperado. Os testes que avaliaram memória operacional, responsável pelo

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armazenamento de curto prazo e pela manipulação de informações necessárias para funções


cognitivas superiores, indicaram resultados superiores a 99% quando comparados aos
resultados obtidos com crianças de mesma idade. Além disso, o índice de memória
operacional que avalia as habilidades do examinando de sustentar atenção, concentração e
exercer controle mental mostrou-se acima da média. As habilidades de velocidade de
processamento, mensuradas pelo Índice de Velocidade de Processamento, são superiores a
aproximadamente 88% das crianças com a mesma idade (IVP = 118; intervalo de confiança
95% = 107-125). O Índice de Velocidade de Processamento é um indicador da velocidade
com a qual a criança pode processar mentalmente uma informação, simples ou rotineira sem
errar. Desempenhos em tarefas dessa natureza podem ser influenciados pela discriminação
visual e coordenação visuomotora Avaliação dos níveis atencionais também foi realizada
utilizando-se da Bateria Psicológica para Avaliação de Atenção (BPA). Os resultados indicam
percentil 24 e classificação médio inferior no subteste que avaliou Atenção Concentrada
(capacidade de selecionar apenas uma fonte de informação diante de vários estímulos
distratores em um tempo pré-determinado). Na avaliação da Atenção Alternada (capacidade
de mudar de foco de modo repetitivo) e Atenção Dividida (capacidade de responder a mais de
uma questão num dado momento, ou a múltiplos elementos ou operações dentro de uma
atividade) P.C denotou resultados medianos, com percentis 42 e 54. Quando avaliado o nível
de Atenção Geral P.C indicou dificuldade leve, com percentil 21 e classificação média
inferior. Vale ressaltar que, quando submetido a testagem do BPA, a mãe de P.C informou
que ele estava cansado, pois não havia conseguido dormir bem a noite, o que pode ter
interferido nos resultados. Infelizmente devido ao curto prazo, não foi possível aplicar outro
teste para confrontar os resultados. Os resultados indicam funcionamento cognitivo global
superior ao esperado considerando sua idade cronológica e escolaridade. Quando comparado
entre si, P.C denotou maior facilidade nas habilidades de raciocínio não verbal, superando
aproximadamente 95% das crianças da mesma idade, considerando formação de conceitos
não verbais, percepção e organização visual, processamento simultâneo, coordenação
visuomotora, aprendizagem e habilidade de separar figura e fundo de um estímulo.

Número: 057
Título: AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA DE PACIENTES COM DISTROFIA
MUSCULAR DE DUCHENNE
Autores: Maria Rita Polo Gascón, Renata Simões, Denise Gonçalves Cunha Coutinho
Resumo: A Distrofia Muscular de Duchenne (DMD) é provocada por mutação no gene
distrofina. Este gene codifica a proteína distrofina, que exerce papel importante na
manutenção da membrana da fibra muscular. O objetivo deste estudo foi examinar o
desempenho neuropsicológico de pacientes com DMD encaminhados para serviço de
Neuropsicologia do Instituto Central do Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina de
São Paulo. Foram 20 pacientes encaminhados pela clinia de Neurologia. Os instrumentos
utilizados foram: Inteligência: Escala Weschler de Inteligência para crianças (WISC-IV),
Memória: Digistos (WISC-IV), Rey Auditory Verbal Learning Test (RAVLT), Figuras
Complexas de Rey; Visuocontrução: Figura Complexa de Rey); Visuopercepção : Completar
Figuras (WISC-IV), Atenção: Trail Making A e B; Linguagem: Boston Naming Test ;
Função Executiva: F.A.S e Animais e Habilidades Acadêmicas: subtestes Vocabulário,
Informação e Aritmética do WISC-IV e Teste de Desempenho Escolar. Para análise
estatística foi realizada análise descrita (frequência média e desvio padrão) por meio do
programa SPSS21.0. Todos os pacientes eram do sexo masculino, com média de idade de
8,87 anos (DP: 1,70) e escolaridade média de 2,87 (DP: 1,70). A média dos desempenhos
(escores brutos) nos testes cognitivos foram: Funcionamento Intelectual 12,78 (DP: 18,66),
RAVLT evocação imediata: 10,94 (DP:25,57), RAVLT tardia: 15,04 (DP:24,86), RAVLT
reconhecimento: 10,78 (DP:2,20). Figura de Rey: Cópia: 9,63 (DP:17,26)Imediata: 5,71
(DP:17,74), Tardia: 5,28 (17,74); Boston: 19,60 (24,06); Trail Making: A: 19,06 (DP:27,54),
B: 13,78 (DP:24,42);Códigos: 13,28 (DP:18,55); F.A.S.: 8,48 (DP:22,04); Animais: 18,88
(DP:18,87); Habilidades Acadêmicas: Vocabulário: 18,00 (DP:22,66), Informação: 6,54
(DP:10,51), Aritmética: 9,20 (DP:19,11), Teste de Desempenho Escolar: 17 (85%)

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apresentaram desempenho Inferior na avaliação total ,aritmética e leitura e 18 (90%)


apresentaram desempenho Inferior em Escrita. Os pacientes com DMD apresentam
comprometimento principalmente relacionado às seguintes funções: inteligência, memória,
visuoconstrução, atenção, fluência verbal. A O comprometimento nessas funções afetam de
forma negativa no processo de aprendizagem.

Número: 058
Título: AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA E DA COGNIÇÃO SOCIAL EM
CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: UM ESTUDO DE CASO.
Autores: Léa Andes Rufino Vaz; Ms. Larissa de Oliveira e Ferreira
Resumo: A cognição social (CS) trata-se do conjunto de operações mentais responsáveis pelo
processamento de informações sócio-emocionais e são imprescindíveis para perceber
interpretar e emitir respostas adaptativas às intenções, emoções e comportamentos dos outros,
assim como para guiar o próprio comportamento em contexto de relações sociais. Os estudos
que mais utilizam este conceito, estão relacionados com os trabalhos sobre transtorno do
espectro autista (TEA), uma vez que esse transtorno chama atenção pela marcada inabilidade
em teoria da mente e na disfunção quantitativa e qualitativa no âmbito das habilidades sociais.
O objetivo do presente estudo foi compreender a importância da avaliação da CS no contexto
de avaliação neuropsicológica da criança com diagnóstico de TEA. O método de pesquisa
utilizado foi estudo de caso. O estudo foi conduzido no Serviço de Psicologia Aplicado da
Faculdade Estácio de Sá de Goiás. Os instrumentos utilizados para avaliação
neuropsicológica foram selecionados por domínio cognitivo, sendo testes e escalas de CS e de
avaliação de autismo e tarefas neuropsicológicas. Participou do estudo uma criança do sexo
masculino de 7 anos com diagnóstico de TEA leve. Espera-se encontrar como resultados para
o presente estudo, que se comparado ao desenvolvimento esperado a outras crianças da
mesma faixa etária, a criança avaliada apresente um baixo desempenho em tarefas de CS,
como a literatura da área tem evidenciado. Espera-se que os instrumentos selecionados para
avaliação da CS e dos demais domínios cognitivos mostrem-se eficazes para traçar o perfil
cognitivo da criança com TEA evidenciando suas potencialidades e suas dificuldades. Por
fim, pretende-se fomentar a discussão sobre a necessidade de maiores investigações sobre a
importância da avaliação da CS em crianças com TEA, e inclusive sugerir que esse domínio
cognitivo seja entendido como uma função imprescindível e que deve compor as baterias de a
avaliação neuropsicológicas.

Número: 060
Título: AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA EM CRIANÇAS COM DIAGNÓSTICO DE
DISLEXIA
Autores: Ana Claudia Calixto Ceribelli Camargo; Carolina Fernandes Gualqui.
Resumo: Segundo o DSM-5 a dislexia esta definida como um transtorno do
neurodesenvolvimento com uma origem biológica que é a base das anormalidades no nível
cognitivo, as quais estão associadas com as manifestações comportamentais, com prevalência
de 5% a 15% entre crianças em idade escolar. A origem biológica inclui uma interação de
fatores genéticos, epigenéticos e ambientais que influenciam a capacidade do cérebro para
perceber ou processar informações verbais ou não verbais com eficiência e exatidão. O
desenvolvimento inicial da criança com dislexia segue sem alterações, embora algumas
dificuldades como atrasos na atenção, linguagem e habilidades motoras possam ser
percebidas em fase pré-escolar. As dificuldades significativas começam a surgir na aquisição
da leitura e escrita, processo que se inicia na educação formal. Diante da complexidade dos
fatores envolvidos no diagnóstico da dislexia, sua etiologia multifatorial e suas similaridades
com outros transtornos do neurodesenvolvimento, torna-se extremamente significativo uma
avaliação neuropsicológica como instrumento para o conhecimento do funcionamento
cerebral, investigando a localização e as dinâmicas das funções alteradas, como também das
áreas preservadas, auxiliando de forma expressiva o prognóstico e as intervenções futuras.
Frente ao que foi exposto, o objetivo da referida pesquisa foi realizar um levantamento acerca
da produção bibliográfica nacional no que tange avaliação neuropsicológica em crianças com

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dislexia. Para tal a mesma foi estruturada por meio de levantamento bibliográfico eletrônico
identificando publicações que contemplassem o objetivo proposto. Foram utilizadas as bases
de dados Scientific Electronic Library Online – Biblioteca Científica Eletrônica Online
(SCIELO), Biblioteca Regional de Medicina – Centro Latino Americano e do Caribe de
Informação em Ciências da Saúde (BIREME) e Periódicos Eletrônicos de Psicologia
(PEPSIC). Para delimitação do material encontrado utilizou-se o critério de inclusão baseado
no ano de publicação do artigo, ou seja, foram aceitas publicações compreendendo os anos de
2010 até os dias atuais, artigos nacionais e pesquisas de cunho quantitativo. Os critérios de
exclusão utilizados foram: artigos que não foram publicados na íntegra, artigos publicados
antes do ano de 2010, artigos de validação de testes e revisões bibliográficas. Com base
nesses critérios foram selecionados onze artigos de acordo com o objetivo proposto e com
aproximação ao tema. Os estudos foram realizados com crianças na faixa etária entre 6 a 9
anos, em sua maioria alunos do primeiro ao quarto ano do ensino fundamental. Os testes mais
utilizados foram a Escala de Inteligência Wechsler para crianças (WISC-III), seguido do
Teste Gestáltico Visomotor Bender (B-SPG), Teste Wisconsin de Classificação de Cartas
(WCST), Teste de Desempenho Escolar (TDE), Teste de Consciência Fonológica
(CONFIAS), Teste de Cancelamento (TC), Torre de Londres (TOL), Stroop Color Word Test
(SCWT), e por fim em dois artigos foi utilizado o Instrumento de Avaliação Neuropsicológica
Breve Infantil (NEUPSILIN-INF). Os estudos encontrados apontam de forma unanime a
importância da avaliação neuropsicológica em crianças com risco de dislexia ou outros
transtornos de aprendizagem devido ao seu alcance diferencial. Sugerem também que a
avaliação seja realizada por uma equipe multiprofissional, e que vários processos além da
consciência fonológica, como memória, orientação, praxia e funções executivas sejam
trabalhados no momento da intervenção. Ressaltam a heterogeneidade dos casos e também os
riscos de um diagnóstico tardio, como comorbidades emocionais e comportamentais e evasão
escolar. Apontam ser extremamente relevante programas de avaliação e intervenção precoce
em crianças consideradas de risco para transtornos de aprendizagem, visto que se encontram
em um estágio primordial de maturação cerebral aonde a possibilidade de resposta as
intervenções são mais significativas e duradouras, consolidando características necessárias
para um bom desenvolvimento cognitivo e emocional no decorrer da sua vida.

Número: 061
Título: AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA DE UMA CRIANÇA COM DIFICULDADE DE
APRENDIZADO: RELATO DE CASO
Autores: Daniella S. Santos; Eduardo de São Paulo
Resumo: Dados do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica de 2017 indicam que
70,88% dos estudantes brasileiros apresentaram insuficiência no aprendizado, problema
multifatorial que pode estar correlacionado a características cognitivas, afetivas e/ou
comportamentais comuns em crianças e adolescentes encaminhadas para Avaliação
Psicológica. Apresentar o relato de experiência da Avaliação Psicológica de uma criança
atendida em uma Clínica Escola de Psicologia do Distrito Federal. A avaliação foi realizada
por meio de entrevista semi-estruturada com a mãe seguida de avaliação intelectual por meio
da aplicação da Escala WISC-III. Mãe e criança foram orientadas quanto aos objetivos da
avaliação e concordaram com os procedimentos. A criança de 11 anos foi encaminhada
devido Distúrbio do Processamento Auditivo Central, Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade e Dificuldade de Aprendizado. Segundo a mãe, brinca na sala de aula e não
percebe as consequências dos comportamentos. Alto míope, usa lentes corretivas desde um
ano de idade. O desempenho na Escala Verbal indicou dificuldades relacionadas à capacidade
de Compreensão Verbal e Memória Operacional: Informação (PP: 7), Semelhança (PP = 5),
Compreensão (PP = 8) e Aritmética (PP = 3). A somatória geral dos Pontos Ponderados foi 59
(QI 111; Percentil 111; IC 95% = 103-119). No subteste de Vocabulário (PP = 19) e Dígitos
(PP = 17) apresentou altos escores. Na Escala de Execução apresentou dificuldade nos
subtestes Códigos (PP = 4), Armar Objetos (PP = 7) e Procurar Símbolos (PP = 7). Nos
subtestes Arranjo de Figuras (PP = 11), Cubos (PP = 10) e Completar Figuras (PP = 15) os
escores foram melhores. A somatória geral dos Pontos Ponderados foi 54 (QI 105; Percentil

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63; IC 95% = 94-115). Confirmou-se a dificuldade na compreensão e correlação de


informações. A baixa acuidade visual parece estar relacionada à dificuldade no
processamento visual. A dificuldade no processamento auditivo pode estar relacionada aos
escores de Compreensão e Velocidade de Processamento. A Avaliação Psicológica permitiu
identificar déficits neuropsicológicos e orientar os encaminhamentos.

Número: 062
Título: CARACTERIZAÇÃO DE SERVIÇO DE ATENDIMENTO INFANTO-JUVENIL:
AMBULATÓRIO DE NEURO-DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
Autores: Mariana Coelho Carvalho Fernandes; Jéssica Gomes Baptista; Ricardo Franco de
Lima; Sônia das Dores Rodrigues; Márcia Maria Toledo; Sylvia Maria Ciasca.
Resumo: A dificuldade de aprendizagem é um problema escolar e social, sendo uma das
principais causas de encaminhamento de crianças para avaliação em centros especializados. A
partir da avaliação neuropsicológica é possível investigar os diferentes aspectos do
desenvolvimento que são essenciais para que a aprendizagem ocorra de forma satisfatória.
Sendo assim, o objetivo deste estudo foi caracterizar o serviço de atendimento a crianças e
adolescentes do Ambulatório de Neuro-Dificuldades de Aprendizagem no período de 2010 a
2016. Foram analisados dados de 1.058 pacientes, com faixa etária entre 4 e 17 anos de idade,
cursando do ensino infantil ao médio, de ambos os gêneros. Na amostra de pacientes
atendidos, houve maior frequência do gênero masculino (70,1%), idade média de 10 anos e 9
meses. As principais queixas foram de dificuldades globais de aprendizagem, problemas
emocionais/comportamentais e dificuldade em leitura e escrita. Dos resultados das avaliações,
21% da amostra apresentou diagnóstico final de dificuldade escolar, sendo que 17,9% das
crianças possuem uma dificuldade de origem pedagógica. Sobre os Transtornos do
Neurodesenvolvimento, houve maior frequência de crianças diagnosticados com Deficiência
Intelectual, seguido do quadro de TDAH, Limítrofe, Transtorno global de aprendizagem,
Dislexia e Autismo. Os achados obtidos corroboram com outros estudos de caracterização de
serviços de atendimento a crianças e adolescentes. Os dados também reforçam a importância
da avaliação neuropsicológica em um processo de investigação de atrasos no
desenvolvimento.

Número: 064
Título: DIAGNÓSTICO NEUROPSICOLÓGICO DETERMINANTE EM
ADOLESCENTE: ESTUDO DE CASO
Autores: Karina Kelly Borges, Isabela Reis
Resumo: Este trabalho tem por objetivo analisar a contribuição da avaliação
neuropsicológica em um processo diagnóstico tardio de uma adolescente de dezesseis anos,
encaminhada pelo serviço de neurologia, sob suspeita de transtorno do
neurodesenvolvimento. Foram realizadas entrevistas de anamnese com a adolescente e sua
genitora, assim como, aplicadas provas neuropsicológicas e pedagógicas, totalizando quatro
sessões. Sujeito: T, feminino, 16 anos, evangélica (Congregação Cristã), frequenta o 2º ano
do ensino médio, reside com a mãe, o padrasto e um irmão mais novo. As condições de
nascimento e o desenvolvimento neuropsicomotor se deram de forma adequada, porém a
paciente apresenta dificuldade para controle miccional desde os dois meses de idade, com
piora quando se apresenta ansiosa, atualmente em uso de Imipramina. Os resultados obtidos
com a aplicação da Escala Weschsler Abreviada de Inteligência (WASI) mostram um QI
Total igual a 75 (com intervalo de confiança de 95% entre 70 e 82), indicando nível de
funcionamento intelectual geral limítrofe para sua idade. Os escores obtidos apontam ainda
discrepância significativa entre QI Verbal (QIV = 93) e QI Execução (QIE = 63), dados
consistentes com dificuldades quanto ao uso das funções executivas. Outros instrumentos
aplicados durante a avaliação reforçam esse resultado, tendo a paciente demonstrado um
baixo controle atencional e inibitório, características avaliadas com a aplicação do Stroop
Test e com o Teste de Trilhas. Com relação à memória, a paciente apresentou span de

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memória imediata inferior ao esperado, tendo evocado apenas 3 em 15 palavras da lista do


Teste RAVLT. A perseverança na evocação de palavras já verbalizadas e a recuperação
insatisfatória durante a aplicação do teste, sugerem problemas de automonitoração e ausência
de planejamento, ou seja, estratégia para armazenamento a longo prazo. Os prejuízos da
capacidade intelectual e habilidades adaptativas do indivíduo, que interferem na
independência pessoal para execução de atividades diárias, sociabilidade, desempenho
acadêmico e profissional, refletem a importância do diagnóstico e intervenções, mesmo que
tardiamente.

Número: 065
Título: ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA PARA PSICODIAGNÓSTICO DO
TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE (TDAH)
Autores: Alana Augusta Concesso de Andrade; Camila Alves Pedrosa; Ricardo Kamizaki
Resumo: O TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento com sintomas de desatenção e
hiperatividade/impulsividade. Devido ao grande número de erros diagnósticos, torna-se
importante a criação de instrumentos clínicos para a avaliação adequada dos sintomas. O
objetivo do estudo é construir e validar o conteúdo de uma entrevista semi-estruturada para
pais de crianças/adolescentes com suspeita de TDAH. A metodologia de construção e
validação ocorre em quatro etapas: 1) Definição de conteúdo a partir de revisão de literatura
científica, em que descritores (TDAH, entrevista psicológica e sintomas) foram submetidos às
bases de dados Pubmed, PsycArticles e Scielo em inglês e português, utilizando-se operador
booleano AND e o período de 2013 a 2017; 2) Elaboração das perguntas da entrevista pelos
autores do presente trabalho; 3) Submissão do instrumento ao julgamento do público-alvo
composto, por conveniência, de dez mulheres com diferentes níveis educacionais, entre 27 e
52 anos e mães de crianças/adolescentes de seis a 17 anos. O instrumento foi lido para as
mães, item por item, e solicitou-se que elas indicassem inteligibilidade das perguntas; 4)
Submissão do instrumento a um comitê de juízes composto por psicólogos especializados
(etapa em andamento). A revisão da literatura indicou 37 artigos, lidos na íntegra e
submetidos à análise de conteúdo categorial temática, a qual permitiu elaborar a entrevista
com 45 itens distribuídos em quatro categorias: 1) quadro clínico; 2) sintomas do TDAH; 3)
prejuízos funcionais e manejo do estresse; 4) comorbidades. O público-alvo avaliou quase
todos os itens da entrevista como inteligíveis, com exceção de três perguntas, as quais serão
alteradas na versão final do instrumento. Conclui-se, até o momento, que a entrevista mostra
indícios de validade de conteúdo, que poderá ser confirmada na próxima etapa da pesquisa
com a análise de juízes. Acredita-se que o instrumento poderá auxiliar o profissional a
diagnosticar o TDAH de forma estruturada.

Número: 066
Título: ESTUDO PRELIMINAR DO DESENVOLVIMENTO DE FUNÇÕES
EXECUTIVAS NO TRANSTORNO BIPOLAR NA INFÂNCIA
Autores: Roberta Peters, Vanisa Fante Viapiana, Izadora Souza, Lidiane Kaliski, Silzá
Tramontina e Rochele Paz Fonseca
Resumo: O Transtorno Bipolar (TB) na infância e adolescência tem sido associado a déficits
executivos. No entanto, são escassos os estudos que investigam o desenvolvimento executivo
em crianças e adolescentes com TB. Este estudo teve como objetivo identificar se há
estabilidade de desempenho executivos em pacientes acompanhados ao longo de dois anos no
ambulatório psiquiátrico. Participaram deste estudo 8 crianças que tinham entre 6 e 12 anos
na primeira avaliação. Todos os participantes passaram pela avaliação clínica psiquiátrica e
responderam uma bateria de avaliação neuropsicológica (controle inibitório, memória de
trabalho, flexibilidade cognitiva e velocidade de processamento) em dois momentos distintos.
Todos os participantes estavam eutímicos e em tratamento farmacológico nas duas avaliações.
Realizou-se uma análise de medidas repetidas não-paramétricas (Fiederman). Não houve
diferença significativa no tempo 1 e 2 em escores do total de palavras da Fluência Verbal
Livre, total de switches da Fluência Verbal Livre, Ortográfica e Fonêmica, no total de erros
do Go-No Go (NEUPSILIN-Inf) e total de pontos do Procurar Símbolos (WISC-IV). Por

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outro lado, o grupo apresentou melhora significativa no desempenho executivo (p<0,05), mas
com tamanho de efeito baixo a moderado (n² 0,06 a 0,77) em escores do total de palavras em
fluência ortográfica e semântica, nos subtestes Leitura, Escolha e Alternância do FDT,
Dígitos - Ordem Indireta, Sequência de Números e Letras, Aritmética e Códigos do WISC-
IV. Este estudo demonstra que os impactos cognitivos do TB na infância e adolescência
podem ser minimizados em pacientes que recebem intervenção farmacológica. No entanto,
mais estudos são necessários para averiguar se há diferença na evolução das funções
executivas em grupos com TB e controles. Hipotetiza-se que os tamanhos de efeitos baixos a
moderados representem o desenvolvimento executivo mais lento que grupos em
desenvolvimento típico.

Número: 067
Título: EXISTE DÉFICIT COGNITIVO COMUM ENTRE CRIANÇAS COM SINTOMAS
DE TDAH E AQUELAS COM DIFICULDADES DE LEITURA?
Autores: Gabriella Koltermann; Natália Becker; Mariuche R. A. Gomides; Giulia M. Paiva;
Vitor G. Haase, Jerusa F. de Salles
Resumo: Sintomas do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) se
apresentam frequentemente associados às dificuldades de leitura (DL). Atualmente, busca-se
identificar fatores de risco cognitivos comuns entre as duas condições que expliquem a alta
comorbidade. Este estudo teve como objetivo investigar déficits neuropsicológicos comuns
em crianças com sintomas de TDAH e aquelas com DL em medidas de processamento
fonológico, memória de trabalho e funções executivas. A amostra foi composta por 216
crianças de 8 a 11 anos (M = 8,94; DP = 0,71), 55,1% meninas, de 3º e 4º anos do Ensino
Fundamental de escolas públicas de Porto Alegre e Belo Horizonte, divididas em três grupos:
1) Com sintomas de TDAH (n = 20); 2) Com DL (n = 37) e 3) Controles de desenvolvimento
típico (n = 159). O questionário MTA-SNAP-IV, preenchido pelos responsáveis pelas
crianças e a Tarefa de Leitura de Palavras e Pseudopalavras Isoladas (LPI) foram utilizados
para a definição dos grupos. Os seguintes instrumentos foram avaliados: Tarefa de Supressão
de Fonemas, Span de Dígitos e Letras (ordem direta e inversa), Blocos de Corsi (ordem direta
e inversa), Teste dos Cinco Dígitos, Tarefa de Fluência Verbal (ortográfica e semântica) e
Nomeação Seriada Rápida (NSR) (letras, números e figuras e os componentes Inibição e
Flexibilidade). Análises de MANOVA indicaram que o grupo com sintomas de TDAH
diferiu-se do grupo controle apenas na tarefa de NSR de figuras, no componente Inibição. O
grupo com DL também se diferenciou do grupo controle nessa tarefa. Os grupos com
sintomas de TDAH e com DL não se diferenciaram entre si. Concluiu-se que crianças com
sintomas de TDAH e DL apresentaram déficit compartilhado em controle inibitório em
relação aos controles, indicando-se um possível fator de risco cognitivo para comorbidade.
Ainda, evidencia-se a relevância de intervenções que busquem desenvolver o controle
inibitório em crianças que apresentem sintomas de TDAH ou DL.

Número: 068
Título: FUNÇÕES EXECUTIVAS ESTÃO MAIS PREJUDICADAS EM CRIANÇAS COM
DIFICULDADES DE LEITURA OU COM SINTOMAS DE TDAH?
Autores: Fabiano da Silva Ciochetta, Juliana Burges Sbicigo, Natália Becker, Gabriella
Koltermann, Vitor Geraldi Haase, Jerusa Fumagalli de Salles
Resumo: Não há consenso na literatura científica se crianças com dificuldades de leitura
(DL) demonstram maior comprometimento em outros domínios neuropsicológicos (memória
de trabalho e funções executivas), além do fonológico, que crianças com sintomas de
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Assim, objetivou-se comparar o
desempenho de crianças desses dois grupos em medidas de processamento fonológico,
memória de trabalho e funções executivas. Participaram 216 crianças (Idade: M = 8,94, DP =
0,71), 55,1% meninas, de 3º e 4º anos do ensino fundamental de escolas públicas de Porto
Alegre e Belo Horizonte, divididas em três grupos: 1) Apenas com DL (n = 37), 2) Apenas
com sintomas de TDAH (n = 20) e 3) Controles (n = 159). O questionário MTA-SNAP-IV
preenchido pelos pais da criança e a Tarefa de Leitura de Palavras e Pseudopalavras Isoladas

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(LPI) foram utilizados para definição dos grupos. Os seguintes instrumentos foram avaliados:
Tarefa de Supressão de Fonemas, Span de Dígitos e Letras (ordem direta e inversa), Blocos
de Corsi (ordem direta e inversa), Teste dos Cinco Dígitos, Tarefa de Fluência Verbal
(ortográfica e semântica) e Nomeação Seriada Rápida (NSR) (letras, números e figuras).
Análises Multivariadas de Variância (MANOVA) demonstraram que o grupo com DL
apresentou desempenho significativamente inferior (p < 0,05) em processamento fonológico
(supressão de fonemas, NSR de figuras e span de dígitos – ordem direta), bem como em
componentes executivos (fluência verbal ortográfica e velocidade de processamento na NSR
de figuras) em comparação ao grupo com sintomas de TDAH. Concluiu-se que crianças com
DL apresentam maior comprometimento, além do processamento fonológico, em funções
executivas que crianças com sintomas de TDAH. Portanto, déficits em funções executivas
podem ser mais característicos de crianças com DL em comparação àquelas com sintomas de
TDAH.

Número: 069
Título: FUNÇÕES EXECUTIVAS: COMPARAÇÃO ENTRE CRIANÇAS COM
TRANSTORNO DO NEURODESENVOLVIMENTO
Autores: Baldo, M. C.; Pereira, C.F.; Dell’agli, B. A. V.
Resumo: As Funções Executivas (FE) são um grupo de habilidades cognitivas fundamentais
para adaptação do cotidiano e desenvolvimento de novas habilidades. Déficits nessas funções
são observados em patologias neuropsiquiátricas. O Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade (TDAH) e os Transtornos da Aprendizagem (TA) são os transtornos
mais frequentes da infância e, via de regra, apresentam alterações nas funções mentais
superiores. Os estudos não são conclusivos quanto à especificidade das alterações nestas
condições. O objetivo do presente estudo foi comparar o desempenho de crianças com TDAH
(G1) e TA (G2) em tarefas que avaliam as FE. Participaram do estudo 41 crianças, sendo no
G1 (n=21) e no G2 (n=20). Instrumentos utilizados: WISC-IV, Fluência Verbal, Figuras
Complexas de Rey, Stroop, WSCT, TOL e TTC. Os dados foram analisados pelo Mann-
Witney. Não houve diferença significativa na maioria dos testes utilizados. Entretanto,
destaca-se o Teste de Fluência Verbal (TFV) que avaliou componentes semânticos e
fonológicos, apontando diferença significativa no desempenho fonológico (FAS). Fonema F
(p-valor=0,021*): G1(M=5,42;DP=1,92;Med.=5) e G2(M=3,89;DP=1,99;Med.=4). Fonema S
(p-valor=0,014*): G1(M=4,79;DP=2,09;Med.=5) e G2(M=3,11;DP=1,69;Med.=2). Exceto no
fonema A (p-valor=0,061). Os dados apontaram desempenho semelhante nas FE em ambos
os grupos, indicando que as alterações nestas funções não são exclusivas de uma condição,
sendo comuns. As diferenças apontadas pelo FAS, nos levam a refletir que embora tal
instrumento esteja associado às FE, também encontra-se associado a conteúdos de base da
alfabetização, sendo esses fatores os quais as crianças com TA demonstram maior
dificuldade. Desta forma, sugere-se que o foco da avaliação neuropsicológica deve não ser
embasado apenas nos resultados dos testes, mas também na análise clínica e na
funcionalidade de tais resultados na vida cotidiana dos indivíduos.

Número: 070
Título: HÁ DÉFICITS COGNITIVOS COMUNS NO TRANSTORNO BIPOLAR E TDAH
NA INFÂNCIA?
Autores: Vanisa Fante Viapiana, Ana Carolina Rost de Borba Galimberti Rodrigues, Priscila
de Oliveira Machado, Lisiane Motta, Ives Cavalcante Passos, Rochele Paz Fonseca
Resumo: O Transtorno Bipolar (TB) na infância compartilha endofenótipos clínicos e
cognitivos com o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Objetivo:
Identificar a prevalência de déficits e comparar o desempenho executivo e de funções
cognitivas relacionadas de crianças com TDAH, TB e desenvolvimento típico. Método:
Participaram do estudo 8 crianças com TDAH, 8 com TB e 24 controles. Os grupos foram
pareados por ano escolar (2º ao 7º ano do Ensino Fundamental), tipo de escola (pública) e
idade (M=10,67, DP=1,45), QI acima de 70 (WISC-IV ou WASI). Todos responderam a
mesma bateria neuropsicológica (funções executivas, velocidade de processamento, atenção,

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memória e linguagem). Os grupos TB e TDAH foram avaliados clinicamente por equipe


multidisciplinar de ambulatórios hospitalares e os responsáveis pelos participantes controles
responderam as mesmas escalas/questionários utilizadas nesta avaliação. Realizou-se uma
análise de frequência de déficits e o teste qui-quadrado para verificar a frequência de déficits
de cada grupo, além de uma análise de variância (ANOVA). Os grupos TDAH e TB
apresentaram maior prevalência de déficits nas medidas cognitivas do que os controles. Não
houve diferenças significativas de ocorrência de déficits entre TB e TDAH, embora se
observou maiores magnitudes de presença de déficits executivos e linguísticos no grupo
TDAH e maiores magnitudes de déficits de memória semântica no TB. A ANOVA seguida
por análises post-hoc diferenciou estatisticamente o grupo TDAH de TB e controles. O grupo
TDAH obteve resultados piores que o grupo TB nos escores do Subteste Dígitos-Ordem
Direta (p=0,05) e Subteste Aritmética (p=0,00) do WISC-IV, total de switches da Tarefa de
Fluência Verbal Ortográfica (p=0,02) e total de acertos nas questões de compreensão do
Discurso Narrativo Oral (p=0,023). Discussão: O grupo TDAH apresentou maiores prejuízos
cognitivos, em especial em tarefas associadas ao desenvolvimento linguístico e exposição
escolar. Desta forma, hipotetiza-se que o TB na infância tem menos impacto que o TDAH no
desenvolvimento executivo associado à progressão escolar, mas pode estar associado a
maiores prejuízos mnemônicos e nas funções executivas quentes não avaliadas neste estudo.

Número: 071
Título: HIPOFRONTALIDADE NO TRANSTORNO DO DEFICIT DE ATENÇÃO E
HIPERATIVIDADE: REVISÃO SISTEMÁTICA
Autores: Mayara Scandar Solon , Erikson Felipe Furtado
Resumo: O Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade é um dos Transtornos mais
estudados em crianças em idade escolar e adolescentes, sendo uma das principais fontes de
encaminhamento de crianças para o sistema de saúde. É também um dos quadros
psiquiátricos de maior interesse dos pesquisadores em avaliação neuropsicológica infantil.
Nos últimos anos, a neuropsicologia ampliou o número de pesquisas sobre o funcionamento
executivo e o córtex pré-frontal. Sabe-se que o córtex pré-frontal ocupa quase um terço da
massa total do córtex cerebral e que mantém relações com várias outras estruturas encefálicas.
As funções executivas estão entre os aspectos mais complexos da cognição. Pesquisas que
avaliam as alterações cognitivas deste transtorno são de fundamental importância, visto que o
mesmo pode apresentar graves repercussões na vida adulta, quando não diagnosticado e
tratado precocemente. Em relação ao Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, os
estudos mostraram uma dificuldade em traçar um perfil neuropsicológico em relação ao
funcionamento executivo, pelo fato das características e os deficits diferirem em cada subtipo
do transtorno, além das diferentes manifestações deste quadro psiquiátrico nas diferentes
fases do ciclo vital e nos diferentes gêneros. O objetivo desta revisão é investigar
comparativamente as funções cognitivas e comportamentais de crianças do sexo masculino
com diagnóstico do Transtorno do Deficit de Atenção e Hiperatividade do tipo combinado e
crianças com o desenvolvimento típico, sem sintomatologias psiquiátricas, de modo a fazer
um levantamento de estudos neuropsicológicos que examinaram o desempenho cognitivo
frontal de crianças com Transtorno do Deficit de Atenção e Hiperatividade, através de
baterias de testes psicométricos clinicamente validados.Revisão Sistemática, através das bases
de dados Pubmed, LILACS, SciELO e PsycINFO, utilizando os seguintes descritores para
busca: “Disorder Attention Deficit Hyperactivity; Neuropsychology and Disorder Attention
Deficit Hyperactivity Type; Executive Functions and Neuropsychology”. Identificaram-se 23
resumos e foram selecionados dez artigos, publicados até Junho de 2017. Para a análise dos
dados foi realizada a descrição do delineamento dos estudos, assim como a descrição dos
sujeitos de cada estudo, as funções cognitivas avaliadas e os testes psicométricos utilizados
em cada estudo.As funções cognitivas avaliadas nos diferentes estudos avaliados foram:
memória de trabalho, controle inibitório, flexibilidade cognitiva, variabilidade de tempo de
reação, velocidade de processamento de informação, controle motor e inteligência. Os testes e
as tarefas utilizadas foram: WISC-III; WJ-III; WISCONSIN, Teste de Cancelamento; Teste
de evocação seriada, TDE; Stroop Test, GO-NO-GO; RT simples; Teste Cinzento de Leitura

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Oral e Teste de Eficiência de Leitura de Palavras. Em súmula, os resultados dos dez estudos
diferiram entre si. Alguns não encontraram diferenças estatisticamente significativas entre os
grupos analisados, enquanto outros estudos encontraram diferenças significativas no
desempenho do grupo com TDAH quando comparado com controles em tarefas de inibição
de respostas automáticas, memória de trabalho espacial, tarefas de funcionamento motor e
tarefas atencionais.Todos os estudos analisados trazem limitações em sua profundidade da
avaliação do funcionamento neuropsicológico, e da falta de confirmação estatística. Os
achados dos estudos analisados devem ser utilizados com parcimônia, devido ao pequeno
número de testes escolhidos, tamanho amostral reduzido e as manifestações sutis da
população selecionada. Esses fatores explicam porque os resultados dos estudos tiveram
pouco valor estatístico, dificultando assim as generalizações dos resultados obtidos.

Número: 072
Título: INSTRUMENTOS E TAREFAS DE AVALIAÇÃO DA TEORIA DA MENTE
PARA O CONTEXTO INFANTIL
Autores: Anna Gabriela Braz da Silva; Karolina Maria de Jesus Padilha; Léa Andes Rufino
Vaz; Ms. Larissa de Oliveira e Ferreira
Resumo: A Cognição Social (CS) é um constructo amplo que é composto por um conjunto de
operações mentais, onde a teoria da mente (ToM) tem importante destaque. A ToM é
compreendida como um sistema de inferências responsáveis pela compreensão das intenções,
disposições, crenças e ideias dos outros e de si. É esse domínio que permite que uma criança
possa explicar seus próprios pensamentos e sentimentos, sendo de importante impacto no
funcionamento social. O presente estudo teve como objetivo fazer um levantamento dos
instrumentos e tarefas de avaliação da ToM para crianças citados na literatura brasileira,
apontando exclusivamente os que já foram traduzidos e adaptados para população brasileira.
O estudo foi realizado a partir de uma revisão integrativa da literatura onde foram incluídos
artigos, capítulos de livros, dissertações e teses. Os resultados apontaram que até o momento,
não há instrumentos aprovados pelo SATEPSI para avaliação da teoria da mente, do mesmo
modo que não há disponível para uso clínico, um instrumento específico para avaliar os níveis
de teoria da mente. É perceptível o movimento no âmbito da pesquisa para tradução e até
mesmo na construção de instrumentos de avaliação da CS. O teste de teoria da mente para
Crianças (TMEC), foi construído considerando os parâmetros psicométricos e até o momento
é o único teste que abarca os níveis de teoria da mente, porém atualmente está passando pelas
apreciações do SATEPSI. No entanto, enquanto esta lacuna de instrumentos normatizados
não esteja suprido, muitas tarefas têm sido adaptadas e utilizadas de forma qualitativa. Um
dos instrumentos utilizados é a Bateria de Tarefas para Avaliação da Teoria da Mente
(BTATM) que foi adaptada para o contexto brasileiro. Destaca-se a necessidade de maiores
investigações que proponham estudos psicométricos das tarefas que já foram adaptadas, ou
ainda a construção de novos instrumentos para que possam ser utilizadas como ferramentas
neuropsicológicas confiáveis.

Número: 073
Título: LEUCOENCEFALOPATIA MEGALENCEFÁLICA COM CISTOS
SUBCORTICAIS: UM ESTUDO NEUROPSICOLÓGICO
Autores: Carreira, Livia Furlan Barbosa; Memória, Cláudia Maia, Juhas, Thiago Robles; De
Almeida, Rosa Maria Martins; De Lúcia, Mara Cristina Souza; Scaff, Milberto
Resumo: Verificar se os resultados da avaliação neuropsicológica estão de acordo com a
literatura sobre Leucoencefalopatia Megalencefálica com Cistos Subcorticais. Estudo de caso
em que foram avaliadas as habilidades cognitivas de uma criança de oito anos de idade com
baixo desempenho escolar. Foram aplicadas escalas e testes para avaliar as funções cognitivas
e realizadas análises qualitativa e quantitativa dos resultados. Os resultados mostraram que a
dificuldade de aprendizagem é secundária ao quadro cognitivo atual, sugestivo de deficiência
intelectual leve. Observou-se melhor desempenho em tarefas verbais e na velocidade de
processamento de informações. Devido à raridade da patologia, a discussão deste caso pode
contribuir para avanços na compreensão do funcionamento cognitivo.

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Número: 074
Título: MATURIDADE PERCEPTOMOTORA E SUAS RELAÇÕES COM
PLANEJAMENTO, MEMÓRIA E INTELIGÊNCIA
Autores: Fernanda Otoni; Fabían Javier Marín Rueda
Resumo: Este estudo teve como objetivo verificar a relação da maturidade perceptomotora
com o planejamento, a percepção visual, a memória imediata e a inteligência não verbal. Para
tanto, utilizou-se a versão de rastreio do Bender – Sistema de Pontuação Gradual, as Figuras
Complexas de Rey e o Desenho da Figura Humana. Fizeram parte do estudo 693 crianças
com idades entre seis e 10 anos (M = 8,42; DP = 1,38). Os resultados apresentaram
correlações estatisticamente significativas entre todos os instrumentos. Indicando que quanto
mais desenvolvida a percepção visual e a coordenação motora, maior a probabilidade das
crianças obterem êxito nas tarefas que dependem do planejamento, da capacidade de reter e
processar informações e do repertório conceitual. Compreende-se que as informações tendem
a serem recordadas a partir da percepção visual, deste modo pode-se deduzir que a
maturidade perceptomotora bem desenvolvida poderia facilitar o desempenho em diversas
tarefas que dependem do desenvolvimento cognitivo. Além disso, por se relacionarem
diretamente com o desenvolvimento infantil, as habilidades cognitivas avaliadas pela versão
de rastreio do B-SPG, pelo teste de Rey e pelo DFH são grande importância para a aquisição
de novos conhecimentos e interação com o mundo. Sendo assim, quando utilizados no
processo de avaliação psicológica estes instrumentos se complementam e contribuem para a
compreensão de como são as estratégias perceptuais que as crianças usam para solucionar
diversas tarefas. Desse modo, ao compreender que é o conjunto das habilidades cognitivas
que favorecem o desenvolvimento de diversas tarefas, sugere-se que próximos estudos
investiguem a relação da maturidade perceptomotora com outras habilidades cognitivas,
como por exemplo, a atenção e as funções executivas. Estudos desse cunho podem facilitar a
compreensão de como essas habilidades se relacionam e como podem interferir na aquisição
de novos conhecimentos.

Número: 075
Título: MEMÓRIA DE TRABALHO E FUNÇÕES EXECUTIVAS NA AVALIAÇÃO DAS
DIFICULDADES DE LEITURA: DADOS DE UMA BATERIA NEUROPSICOLÓGICA
Autores: Dileã da Silva Schumacher; Juliana Burges Sbicigo; Natália Becker; Gabriella
Koltermann; Vitor Geraldi Haase; Jerusa Fumagalli de Salles
Resumo: As habilidades de memória de trabalho e funções executivas influenciam a
capacidade da criança para aprender. O objetivo deste estudo é apresentar uma bateria para
avaliação neuropsicológica de memória de trabalho e funções executivas de crianças com
dificuldades de leitura de 3° e 4º anos do Ensino Fundamental. A amostra deste estudo foi
composta por 37 crianças com dificuldades de leitura e 159 crianças com desenvolvimento
típico, sendo 55,6% meninas, com média de idade de 8,97 (DP = 0,72), do 3° e 4° anos do
Ensino Fundamental de escolas públicas de Porto Alegre e Belo Horizonte. Definiram-se com
dificuldade de leituras as crianças com percentil igual ou abaixo de 7 na Tarefa de Leitura de
Palavras e Pseudopalavras Isoladas (LPI). Aplicaram-se os seguintes instrumentos: Teste dos
Cinco Dígitos, Tarefa de Fluência Verbal (ortográfica e semântica), Span de Letras e de
Dígitos (ordem direta e inversa), Cubos de Corsi (ordem direta e inversa) e Tarefas de
Nomeação Seriada Rápida - NSR (letras, figuras, números e medida de inibição). Foram
realizados testes t de Student independentes para a comparação de desempenho dos grupos.
As crianças com dificuldades de leitura apresentaram escores estatisticamente inferiores aos
das crianças sem dificuldades nas tarefas de span de letras - ordem direta, t(1,194), 2,23,
p<0,005; span de letras - ordem inversa, t(1,194), 2,17, p<0,05; span de dígitos - ordem
direta, t(1,194), 2,20, p<0,01; fluência verbal - ortográfica, t(1,194), 3,70, p<0,01; e fluência
verbal - semântica, t(1,194), 3,66, p<0,01. Também apresentaram maior tempo de resposta na
tarefa de cinco dígitos - leitura, t(1,194), 3,70, p<0,01; contagem, t(1,194), -2,53, p<0,05; e na
tarefa de NSR para letras, t(1,194), -4,47, p<0,01; números, t(1,193),-3,54, p<0,05; figuras,
t(1,193), -3,20, p<0,01; e inibição da resposta, t(1,193), -5,02, p<0,01. Dentre as funções

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executivas e de memória de trabalho avaliadas, percebe-se que fluência verbal, controle


inibitório, velocidade de processamento e componente fonoarticulatório da memória de
trabalho se mostraram mais prejudicadas em crianças com baixa competência em leitura.
Ressalta-se a importância de investigar essas funções em casos de suspeita de dificuldades de
leitura, de modo a delinear intervenções mais específicas para compensar as dificuldades de
leitura.

Número: 076
Título: MODELO NEUROCOGNITIVO DA DISLEXIA E SUAS CONTRIBUIÇÕES
PARA O DIAGNÓSTICO REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA
Autores: Heloísa dos Santos Peres Cardoso; Patrícia Martins de Freitas
Resumo: A dislexia é um transtorno de aprendizagem da leitura que pode afetar a escrita e
que tem causas neurobiológica (ALVES et al., 2011). É definida como uma perturbação
neurológica, de origem congênita, que ocorre em crianças com capacidade intelectual normal,
sem deficiência sensorial e com suporte educacional adequado, mas que não consegue
alcançar ou realizar adequadamente a habilidade para ler e escrever (GIACHETI e
CAPELLINI, 2000). Algumas pesquisas têm investigado o diagnóstico da dislexia com base
em uma abordagem cognitiva, usando o modelo teórico de dupla rota, que utiliza duas
estratégias: a fonológica (rota fonológica), desenvolvida na fase alfabética; e a lexical (rota
lexical), desenvolvida na fase ortográfica (COLTHEART et al, 2001; MONTEIRO e
SOARES 2014; BOUKADI et al, 2016; GVION e FRIEDMANN, 2016; SIMÕES e
MARTINS, 2018). Suscitando uma reflexão sobre a importância da habilidade da leitura não
somente para a aprendizagem escolar, mas para a vida social, este estudo analisa pesquisas
envolvendo as contribuições da aplicação do modelo neurocognitivo de dupla rota no
diagnóstico da dislexia. Este resumo apresenta os resultados de uma pesquisa em andamento
acerca de estudos empíricos que objetivam avaliar se o modelo neurocognitivo de dupla rota é
consistente na investigação e diagnóstico da dislexia. Este estudo consiste em uma revisão
sistemática da literatura sobre como o modelo cognitivo neuropsicológico da leitura é
utilizado e as suas contribuições para o diagnóstico em crianças com dislexia. Foram
selecionados estudos nacionais e internacionais publicados nos últimos cinco anos (2013 a
2018), indexados nas bases de dados, Medline, Scielo e Google Acadêmico. Os descritores
utilizados para a realização da busca foram:1- dislexia, leitura e dupla rota; 2- dislexia, leitura
e dupla via; 3- dyslexia and reading and dual and route; 4- dyslexia and reading and double
and way; 5- avaliação da dislexia; 6-evaluation dyslexia; 7- diagnóstico da dislexia; 8-
diagnosis of dyslexia. Ao todo, foram selecionados e analisados 52 estudos, incluindo
artigos, teses e dissertações. Os trabalhos identificados pela estratégia de busca inicial, após a
leitura dos resumos/abstracts, foram avaliados segundo os seguintes critérios de inclusão:
estudos empíricos, baseados no modelo neurocognitivo da dislexia, publicados no período de
2013 a 2018. Foram excluídos estudos de revisão, estudos publicados há mais de cinco anos
ou que não versavam sobre o tema. Dos 52 estudos analisados, 40 (76,92%) se apoiaram no
modelo neurocognitivo (de dupla rota), demonstrando que o modelo é consistente para
investigar e diagnosticar pacientes com dislexia, oferecendo respostas substanciais sobre
déficits específicos, o que potencializa a elaboração de programas de estimulação cognitiva.
Com base no critério de inclusão, o tipo de estudo mais usado foi comparação de grupos, com
32 estudos (61,53%), com objetivo de comparar grupos de leitores, com e sem dificuldades de
leitura; seguido de estudos descritivos 07 (13,46%); estudos de caso 05 (9,61%); estudo
experimental 03 (5,76%); estudos pré e pós teste e retrospectivo 02 (3,84%); estudo
longitudinal 01(1,92%). Para a variável país, o Brasil realizou 17 (32,69%) estudos; seguido
de Portugal com 5 (9,61%); Estados Unidos, Itália e Reino Unido com 4 (7,69%); Israel e
Espanha com 03 (5,77%); Holanda, Austrália, China, e Canadá com apenas 02 (3,85%); Nova
Zelândia, Áustria, Noruega, França com apenas 01(1,92%) estudo. Em relação a variável
participantes da pesquisa, a média de participantes foi de 89.4, com exceção dos estudos de
caso. A média da idade dos participantes da pesquisa foi de 9,74. A função cognitiva mais
investigada foi a leitura, presente em 27 (51,92%) estudos; seguida de consciência fonológica,
presente em 15 (28,84%) estudos; escrita, presente em 7 (13,46%) estudos; leitura de

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pseudopalavras presente em 5(9,61%) estudos; memória de trabalho, ortografia, habilidade


auditivas presente em 4 (7,69) estudos. Outras funções cognitivas apareceram em apenas um
(1,92%) dos estudos: atenção e funções executivas; motricidade fina e motricidade global;
equilíbrio e esquema corporal; rapidez, organização espacial, organização temporal,
lateralidade; tarefas visuais no controle postural; dificuldades matemáticas. As análises dos
estudos foram conduzidas por meio de instrumentos de avaliação que estão associados com as
funções cognitivas que se pretendia avaliar. Instrumentos relacionados com a avaliação da
leitura aparece como o mais utilizado, em 32 (61,53%) estudos. O segundo instrumento mais
usado, presente em 14 (26,9) estudos, foi o de Avaliação da Consciência Fonológica. A
maioria dos estudos além de avaliar funções cognitivas associadas às dificuldades presentes
na dislexia, avaliou também o nível cognitivo dos participantes. Para esse objetivo os
instrumentos mais utilizados foram: Escala de Inteligência Wechsler para crianças -WISC III,
Matrizes Progressivas Coloridas de Raven, Escala Wechsler de Inteligência para adultos –
WAIS-III, presentes em 18 (34,61%) estudos. A análise dos estudos, aponta que diferentes
países investigaram a dislexia, com base no modelo neuropsicológico da dupla rota,
demonstrando que o modelo é consistente tanto em línguas opacas quanto transparentes. São
consideradas línguas transparentes, aquelas em que existem uma similaridade entre letra e
som, por exemplo, a língua italiana. Em línguas opacas existe um grau de complexidade
maior, onde a aquisição da leitura será mais lenta, por necessitar de uma maior manipulação
com as irregularidades da língua, um exemplo é a língua inglesa (DEHAENE, 2012). Oliveira
et al (2016) investigou desempenho de 262 alunos em provas de processo de identificação de
letras e do processo léxico, os resultados evidenciaram que alunos das séries iniciais fazem
maior uso da rota fonológica do que da rota lexical, tanto no contexto de escolas públicas
quanto particulares, no entanto, alunos do 4º e 5º ano, usaram mais a rota lexical. As autoras
indicam a necessidade do sistema de ensino eleger no processo de alfabetização, o ensino de
correspondência letra-som, agilizando a aquisição da leitura e melhorando a rapidez na
identificação das palavras e compreensão da leitura de textos. Embora, tenha havido uma
predominância de estudos com crianças, as pesquisas que investigaram dislexia em adultos,
estão de acordo com a literatura, que mostra que a dificuldade de leitura persiste ainda na vida
adulta (LEFLY e PENNINGTON, 1991). Nos estudos analisados, o gênero mais pesquisado
foi o masculino presente em 33 (63,46%) estudos, esta prevalência também é apontada na
literatura (BERGER et al, 1975). O modelo neurocognitivo (dupla rota) permite uma
compreensão do desempenho satisfatório, mas também dos déficits nas funções cognitivas
específicas, possibilitando compreender se a dificuldade está na rota fonológica, lexical ou em
ambas as rotas (COLTHEART, 2006). Assim, é importante avaliar cada função cognitiva
específica, para não ter apenas o diagnóstico, mas saber qual função específica precisa ser
estimulada. Sobre instrumentos que avaliam leitura de palavras e pseudopalavras segundo o
modelo de dupla rota, os autores ressaltaram a necessidade dos estímulos inseridos nas tarefas
contemplar os critérios psicolinguísticos de regularidade, lexicalidade, extensão e frequência,
a fim de analisar os componentes cognitivos compreendidos nesse processo. Considera-se
que esta revisão forneceu resultados importantes para a área que estuda o modelo
neurocognitivo da dislexia, bem como contribuições para investigação e diagnóstico. Todos
os estudos mostraram evidências empíricas do uso do modelo de dupla rota, demonstrando
como os déficits dos componentes no processamento fonológico e lexical explicam a presença
da dislexia. As pesquisas confirmam a consistência do modelo, desde crianças até adultos.
No entanto, como existe uma urgência em solucionar dificuldades de aprendizagem logo nos
primeiros anos de escolarização, houve um número maior de pesquisas envolvendo crianças.
O modelo também mostrou-se consistente, para construção de instrumentos que avaliam
dificuldades de leitura e escrita. Outro dado relevante é que as pesquisas foram realizadas
com participantes de diferentes línguas, demonstrando a consistência do modelo teórico, tanto
para ortografias opacas quanto para ortografias transparentes. Observou-se um número maior
de pesquisas empíricas internacionais que utilizaram o modelo neuropsicológico. Já no
contexto brasileiro, destaca-se o grande número de revisões de literatura envolvendo essa
temática. Com base nos dados encontrados nesta revisão sistemática, observou-se que o
modelo neuropsicológico é consistente para investigar e diagnosticar a dislexia, por isso,

Anais do XVII Congresso Brasileiro de Neuropsicologia da SBNp



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recomenda-se que mais pesquisas empíricas sejam realizadas em contexto brasileiro, e que os
resultados desses trabalhos alcance as escolas, e que professores compreendam melhor a
dislexia e tenham condições de ajudar crianças que apresentam dificuldades de leitura.

Número: 077
Título: MONITORAMENTO NEUROPSICOLÓGICO NO ESPECTRO DE DESORDENS
FETAIS ALCOÓLICAS: UM ESTUDO DE CASO
Autores: Sandra F.B.Ferreira; Elcimar A. Bosco
Resumo: O abuso de álcool na gestação pode levar ao abortamento, natimortalidade e
prematuridade. As crianças que sobrevivem a essa exposição podem apresentar danos físicos,
cognitivos, comportamentais, problemas de aprendizagem e de adaptação escolar, laboral e,
por fim, envolverem-se mais facilmente em comportamentos de risco social. Esses danos são
agrupados no termo de Espectro de Desordens Fetais Alcoólicas EDFA e incluem a forma
mais grave: a Síndrome Alcoólica Fetal -SAF; abrangendo também os Defeitos Congênitos
Relacionados ao Álcool - DCRA e os Transtornos do Neurodesenvolvimento Relacionados ao
Álcool – TNRA. Objetivo: deste trabalho foi monitorar por meio de avaliação e reavaliação
neuropsicológica abrangentes o desenvolvimento cognitivo e comportamental de uma criança
cuja mãe fez uso reiterado de álcool durante a gestação. baseou-se no estudo de caso de uma
criança do sexo masculino, avaliada aos sete anos de idade e reavaliada aos 12 anos, com
histórico de prematuridade, baixo peso, internações hospitalares por problemas respiratórios e
cardíacos, atraso na aquisição da fala e amplo histórico de queixas escolares relacionadas com
problemas adaptativos e, posteriormente, dificuldades de aprendizagem escolar. Durante a
primeira avaliação, estava medicado com Ritalina e, no período de reavaliação, medicado
com Risperidona (1mg) e Imipramina (25 mg). Utilizou-se uma bateria de testes de avaliação
neuropsicológica constituída pelo WISC-III e IV; Escala de TDAH; Testes gráficos: HTP/
Bender, Figura Complexa de Rey/Palográfico/ e Instrumentos de Avaliação do Repertório
Escolar – IAR/TDE. A coleta de dados foi realizada em seis sessões de uma hora e trinta
minutos nas duas ocasiões (avaliação e reavaliação). Os resultados da primeira avaliação
indicaram nível intelectual dentro da média (QIT=93), Índice de Compreensão Verbal (ICV=
90) com prejuízo importante de expressão verbal. Na reavaliação apresentou nível intelectual
limítrofe (QIT = 74); Índice de Compreensão verbal médio inferior (ICV=86); e dispraxia de
fala. Discussão: Discutiu-se que os prejuízos são característicos dos Transtornos do
Neurodesenvolvimento Relacionados ao Álcool (TNRA). Os achados confirmam os efeitos
deletérios do álcool sobre a cognição, comportamento, aprendizado escolar e condutas
adaptativas sociais. Importante ponderar ainda sobre os efeitos colaterais dos medicamentos,
visto que se detectou perdas de pontuações em fatores específicos (IOP, ICV) e no quociente
total de inteligência (QIT).

Número: 078
Título: O QUE EXPLICA MELHOR AS HABILIDADES DE CÁLCULO SIMPLES:
PROCESSAMENTO CONTROLADO OU AUTOMÁTICO?
Autores: Natalia F. B. Schwartz; Denise O. Ribeiro; Mariuche R. A. Gomides; Giulia M.
Paiva; Ricardo J. Moura; Vitor G. Haase
Resumo: Tanto a velocidade de nomeação (processamento automático) quanto as funções
executivas se associam com o desempenho em cálculo aritmético. Este estudo exploratório
investigou o papel do processamento automático (nomeação rápida) e controlado (inibição e
flexibilidade) em tarefas de cálculo unidigital. Participaram 311 crianças (M=9,03 anos;
DP=0,88 anos; 55,6% do sexo feminino), com inteligência normal (PR>15), provenientes de
escolas públicas do 3º ao 5º ano. A inteligência foi avaliada com as Matrizes Progressivas
Coloridas de Raven. As operações aritméticas consistiram de problemas unidigitais de adição,
subtração e multiplicação, apresentados em formato arábico. A Tarefa de Nomeação
Contingente compreende: a) nomeação rápida de letras, números e figuras geométricas; b) na
tarefa de inibição a criança precisa nomear a figura interna de uma figura hierarquizada,
inibindo a tendência de nomear a figura externa; c) na tarefa de flexibilidade é nomeada a
figura interna ou externa de acordo com uma dica (cor do estímulo). A adição foi prevista por

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um modelo incluindo nomeação de figuras (β=-0,407; p<0,001), números (β=-0,257;


p<0,001) e flexibilidade (β=-0,124; p<0,01), predizendo 32,1%. A subtração foi prevista por
um modelo incluindo figuras (β=-0,328; p<0,001), números (β=-0,174; p<0,001) e letras (β=-
0,138; p<0,05), predizendo 24,4%. A multiplicação foi prevista por um modelo incluindo
figuras (β=-0,302; p<0,001) e números (β=-0,183; p<0,001), predizendo 14,3%. A
flexibilidade acrescentou 1,2% da variância explicada no modelo da adição. As funções
executivas não entraram nos modelos para subtração e multiplicação. Os resultados
evidenciam que o processamento automático tem melhor poder explicativo nas tarefas de
cálculo em comparação ao processamento controlado.

Número: 080
Título: PERFIL NEUROPSICOLÓGICO DE CRIANÇAS ATENDIDAS NO
AMBULATÓRIO DE CRISES RECENTES NO HC-UFPR COM QUEIXA DE
DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM
Autores: Rebecca M. M. Pereira, Daiane A. S. Azevedo, Ana Paula A. Pereira, Sérgio A.
Antoniuk, Isac Bruck
Resumo: Entre as funções prejudicadas na epilepsia, encontram-se aprendizagem e memória,
linguagem, funções executivas e visuoconstrução. Este trabalho tem como objetivo descrever
o perfil neuropsicológico das crianças atendidas pelo ambulatório de crises recentes do Centro
de Neuropediatria do HC-UFPR que apresentam queixas de aprendizagem. Trata-se de um
estudo qualitativo e descritivo. Foram realizadas avaliações neuropsicológicas em uma
amostra composta por 16 crianças de idades entre 8 e 14 anos. Foram excluídas as crianças
diagnosticadas com transtorno de desenvolvimento. Utilizaram-se os testes WISC-IV, Fig.
Complexa de Rey, Teste de Inteligência Geral Não Verbal, Teste de Desempenho Escolar
(TDE), Bateria Psicológica de Atenção, Trilhas, Teste de Aprendizagem Auditivo-Verbal de
Rey, Teste Stroop e Teste da Casa, Árvore e Pessoa (HTP), além de anamnese. No TDE,
93,7% (15) das crianças tiveram desempenho inferior, o que é esperado, devido à queixa
escolar como critério de inclusão. Deve-se considerar um possível contexto educacional
desfavorável que pode influenciar nesse resultado. Nenhuma das crianças apresentou déficit
cognitivo global. Na Fig. de Rey, 56,2% (9) da amostra teve desempenho abaixo do esperado,
e dessas, todas apresentaram resultado inferior na aritmética (TDE). Apenas 12,5% (2) das
crianças apresentaram resultado inferior no BPA, o que pode indicar que dificuldades na
aprendizagem nesta amostra não parecem ser geradas por déficits atencionais. Nas funções
executivas, 62,5% (10) tiveram dificuldade. Das crianças, 93,7% (15) demonstraram
problemas emocionais, corroborados pelo HTP ou pela anamnese com responsáveis. Conclui-
se que, na população estudada, foram observados prejuízos em habilidades visuoconstrutivas
e nas funções executivas, consoante com os dados da literatura. Além disso, quase todas as
crianças apresentaram questões emocionais, que possivelmente influenciam na aprendizagem,
revelando a necessidade de um acompanhamento interdisciplinar.

Número: 081
Título: PROGNÓSTICO COGNITIVO EM TERATOMA FACIAL: RELATO DE CASO
Autores: Karina Kelly Borges; Ana Paula Fernandes Mesquita
Resumo: Teratomas são tumores benignos compostos por células do tecido germinal, comuns
na primeira infância, contudo, o teratoma facial tem baixa incidência. Se não tratados
corretamente podem levar a morte ou causar sequelas físicas e cognitivas. O objetivo do
estudo, foi verificar possíveis déficits cognitivos em uma paciente do sexo feminino, de 12
anos, com história de ressecção de teratoma craniofacial esquerdo e com queixa de
dificuldade na aprendizagem. Aos 30 dias de vida realizou a cirurgia de extração perdendo
parte de seu lóbulo frontal esquerdo. A paciente apresenta dificuldade de aprendizagem,
memoria retrógrada mais efetiva e perdas de movimentos finos no membro superior direito.
Foi aplicado uma entrevista de anamnese semiestruturada e a Escala Wechsler de Inteligência
para Crianças – 4ª Edição. O resultado demonstrou ICV 82 - IC 12% de 76-96 – Média
Inferior; IOP 83 - IC 13% de 77-91 – Média Inferior; IMO 62 - IC 1% de 57-72 –
Intelectualmente Deficiente; IVP 64 - IC 1% de 59-77 – Intelectualmente deficiente; QI 68 -

Anais do XVII Congresso Brasileiro de Neuropsicologia da SBNp



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IC 2% de 64-74 – Intelectualmente deficiente. O déficit intelectual leve não representa a


paciente, pois os resultados observados são decorrentes de problemas neurológicos devido à
ausência de parte de seu lóbulo frontal esquerdo. Paciente com total autonomia nas atividades
adaptativas, não preenchendo critérios diagnósticos suficientes para Deficiência Intelectual
segundo critérios clínicos DSM-V. A falta de conhecimento sobre seu real potencial cognitivo
e sobre sua patologia de base, fizeram com que essa criança fosse tratada com deficiência na
inteligência, não sendo beneficiada na escola de programas que poderiam ter ido ao encontro
de suas verdadeiras expectativas. Somente aos 12 anos, após uma avaliação cognitiva, família
foi orientada sobre seus reais déficits e potencialidades. A importância de avaliações
cognitivas precocemente se faz necessário para melhores intervenções e prognósticos mais
eficazes.

Número: 082
Título: PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA EM AMBULATÓRIO
DE TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM
Autores: Pietra Diovanna Saladini de Cecco, Tatiele dos Santos Telaska, Camila Rogal Braz
Resumo: Os transtornos da aprendizagem, tratam-se de alterações do neurodesenvolvimento
com importante impacto no desempenho escolar do indivíduo. Isso porque, são inabilidades
biológicas, com dificuldades expressas desde os estágios iniciais do neurodesenvolvimento.
Devido ao seu caráter multifatorial, os transtornos da aprendizagem têm exigido a integração
entre diversas áreas da saúde e educação para uma avaliação diagnóstica eficiente. No
entanto, este processo avaliativo especializado pode se tornar oneroso para o sistema público
tanto em relação ao tempo, quanto à estrutura necessária. Sendo assim, a elaboração de
protocolos de avaliação reduzida é uma alternativa para a otimização do serviço mantendo a
qualidade do diagnóstico. Descrever o protocolo de avaliação neuropsicológica utilizado no
Ambulatório de Transtornos de Aprendizagem (ATA) do Hospital de Clínicas da UFPR de
Curitiba/PR. Crianças e adolescentes com idade entre 6 e 16 anos com queixas de baixo
rendimento escolar.O protocolo utilizado pela neuropsicologia no ATA abrange a avaliação
de funções neuropsicológicas receptivas (áudioverbais e visuais), expressivas (verbais e
motoras) e integrativas (de orientação, regulação, memória e processor intelectuais). Os dados
obtidos através deste protocolo reduzido de avaliação neuropsicológica apresentaram
eficiência como triagem de deficiências intelectuais, e, também, na contribuição de resultados
da equipe interdisciplinar (assistência social, neuropediatria, neuropsicologia,
psicopedagogia, oftalmologia e fonoaudiologia) do ATA, para a diagnóstica, observações e
encaminhamentos, além de devolutivas e orientações à família e a escola. Além disso, o
procedimento demonstrou agilidade, tendo sido atendidas 31 indivíduos entre o período de
Abril a Setembro de 2018.A utilização de protocolos rápidos e eficientes é fundamental na
atuação de equipes interdisciplinares do Sistema Público de Saúde, uma vez que mantém a
qualidade avaliativa sem dispor da agilidade necessária para a redução da fila de espera para
este tipo de atendimento. O protocolo de avaliação neuropsicológica, neste contexto, tem
contribuído na composição de diagnósticos mais completos e especializados, além do
decorrente direcionamento para intervenções e reduções de aspectos prejudiciais para a
qualidade de vida do indivíduo.

Número: 083
Título: RELAÇÃO ENTRE O DESEMPENHO ACADÊMICO E AS FUNÇÕES
VISUOESPACIAIS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM EPILEPSIA E CRISE
EPILÉPTICA ÚNICA
Autores: Rebecca M. M. Pereira; Daiane A. S. Azevedo; Ana Paula A. Pereira; Sérgio A.
Antoniuk; Isac Bruck
Resumo: As funções cognitivas acometidas na Epilepsia dependem das regiões cerebrais
afetadas, já sendo indicadas alterações em aprendizagem e memória, funções atencionais,
executivas e visuoespaciais. Os déficits em funções visuoespaciais afetam particularmente a
infância por acarretar em prejuízos na aprendizagem, especialmente na matemática. Assim, o
presente estudo busca relacionar o desempenho escolar com o desempenho em funções

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visuoespacias de pacientes atendidos no ambulatório de crise recente do Centro de


Neuropediatria do HC/UFPR. Trata-se de um estudo descritivo. Foram avaliadas 16 crianças,
de ambos os sexos com idades entre 8 e 14 anos com queixa de dificuldade acadêmica. Para
avaliação foram utilizados o Teste de Desempenho Escolar(TDE) e o Teste das Figuras
Complexas de Rey(TFCR). Em relação ao TDE, os resultados obtidos demonstram que 81%
dos participantes apresentaram classificação inferior na escrita, 50% classificação inferior na
leitura e 75% desempenho inferior na aritmética, o que era esperado, devido à queixa escolar
como critério de inclusão. Em relação ao desempenho em funções visuoespaciais, avaliado
pelo TFCR, na cópia, 56% dos participantes apresentaram desempenho inferior; e na
memória, 43% dos participantes apresentaram classificação inferior. Desses, 100% dos
participantes que apresentaram resultado inferior no TFCR também apresentaram
desempenho inferior em aritmética do TDE. Esse dado está em consonância com os achados
da literatura em que se indicam déficits em esboço visuoespacial, comprometimento
visuoconstrutivo e memória operacional visuoespacial em crianças com dificuldades
específicas de aprendizagem em aritmética. Diante disso, conclui-se que o baixo rendimento
na área da matemática parece estar associado aos prejuízos em funções visuoespaciais. Ainda
são poucos os estudos a respeito dessas funções, por isso, se torna de grande importância a
elaboração de instrumentos e programas apropriados para a avaliação e intervenção nessa
área.

Número: 085
Título: SÍNDROME TREACHER COLLINS: RELATO DE CASO DO PERFIL
NEUROPSICOLÓGICO
Autores: Luana Breda; Genner Secco
Resumo: A Síndrome de Treacher Collins é resultante, geralmente, da mutação dos genes
TCOF1, de caráter autossômico dominante, com incidência estimada de 1:50,000
nascimentos. Seus portadores tendem a apresentar déficits visuais e auditivos, além de
aparência atípica. Na área da neuropsicologia não foram encontrados estudos descrevendo o
perfil neuropsicológico e aspectos emocionais desses indivíduos (base de dados Scielo,
Pubmed, BVSpsi). O presente estudo é a apresentação dos principais resultados da avaliação
neuropsicológica, conduzida em 9 sessões de 50 min (anamnese, observação de perfil,
aplicação de estímulos e devolutivas familiar e escolar) em um paciente sindrômico, sexo
masculino, 7 anos, em processo de alfabetização. A avaliação foi conduzida priorizando testes
e tarefas com respostas não verbais devido o paciente falar por traqueostomia e ser difícil a
compreensão de sua fala. Foram aplicadas algumas tarefas de rastreio das funções
neuropsicológicas (Avaliação Neuropsicológica Luriana) e testes formais e tarefas informais
para os domínios de inteligência fluída, atenção, funções executivas, compreensão verbal,
visuoconstrução, memória e percepção visual, maturação percepto-motora, comportamento
frente a regras e cooperação (através de jogos). O paciente mostrou-se bem inserido
socialmente e com respeito a regras, mas dificuldades de compreensão destas. Mostra alguns
déficits em seu perfil cognitivo, podendo ser reflexo das complicações desde o início do
desenvolvimento devido a síndrome (mais de 25 cirurgias, diversas internações e perda
auditiva de 70% com correção após os 5 anos). Há dificuldades em suas funções executivas
(principalmente controle inibitório e flexibilidade mental), visuoespacialidade e raciocínio
dedutivo. Contudo, o paciente mostra potencial e motivação para a aprendizagem,
respondendo bem a reforços positivos. Tem-se com esse estudo o intuito de contribuir para
uma descrição do perfil neuropsicológico da Síndorme de Treacher Collins.

Número: 086
Título: TAREFA DE NOMEAÇÃO CONTINGENTE E O DESEMPENHO DE CRIANÇAS
COM DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
Autores: Natalia F. B. Schwartz; Denise O. Ribeiro; Mariuche R. A. Gomides; Giulia M.
Paiva; Ricardo J. Moura; Vitor G. Haase
Resumo: Evidências sugerem que o processamento automático e controlado desempenham
um papel importante durante a aprendizagem, sendo que déficits nessas habilidades são

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comumente encontrados em crianças com transtornos de aprendizagem. O presente estudo


investigou dissociações acerca dos processamentos automático e controlado no desempenho
de crianças com dificuldades de aprendizagem na Tarefa de Nomeação Contingente (TNC). A
amostra foi composta por 311 crianças do 3º ao 5º ano (M=9,03 anos; DP=0,88 anos; 55,6%
do sexo feminino), com inteligência normal (PR>15). Os sujeitos foram classificados em
quatro grupos a partir do Teste de Desempenho Escolar: 218 controle, 26 com dificuldades na
ortografia (DO), 37 com dificuldades na matemática (DM), e 30 com ambas dificuldades
(DAMO). Foram realizadas análises de variância para comparar o desempenho no TNC entre
os grupos. A inteligência foi inserida como co-variável. O grupo controle precisou de menos
tempo na nomeação de letras em comparação aos grupos DO e DAMO [F(3,306)=24,520,
p<0,05, η²=0,194]. O grupo DM também foi melhor que os sujeitos DO e DAMO. Os grupos
controle e DM foram mais rápidos na nomeação de números em comparação ao grupo
DAMO [F(3,307)=12,854, p<0,05, η²=0,112]. O grupo controle também foi mais rápido na
nomeação de figuras em comparação ao grupo DAMO e DO [F(3,306)=11,517, p<0,05,
η²=0,101], mas parte da variância é explicada pela inteligência. O grupo controle apresentou
menos tempo na inibição [F(3,307)=4,136, p<0,05, η²=0,039], e flexibilidade
[F(3,307)=5,664, p<0,05, η²=0,052], em comparação ao grupo DAMO. As dificuldades dos
grupos DM e DO estão relacionadas ao processamento automático (velocidade de nomeação
de números e letras), já o grupo comórbido (DAMO) apresenta um padrão de dificuldades
menos específicas, com prejuízo no processamento automático e controlado (inibição e
flexibilidade).

Número: 087
Título: TESTE DE PROFICIÊNCIA MOTORA BRUININKS-OSERETSKY (BOT 2):
ADAPTAÇÃO TRANSCULTURAL PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA.
Autores: Mariana Coelho Carvalho Fernandes; Ricardo Franco de Lima; Sônia das Dores
Rodrigues; Márcia Maria Toledo; Sylvia Maria Ciasca.
Resumo: O BOT 2 é um instrumento que tem a finalidade de avaliar o desenvolvimento de
crianças, adolescentes e adultos jovens de 4 a 21 anos, estruturado em 8 subtestes: precisão
motora fina, integração motora fina, destreza manual, coordenação bilateral, equilíbrio,
velocidade de corrida e agilidade, coordenação dos membros superiores e força. Este estudo é
resultado da primeira etapa do processo de adaptação do BOT 2 para população brasileira e
teve como objetivo descrever o desempenho motor de uma amostra de crianças com idade
entre 5 e 10 anos (M=7,53; DP=1,85). O teste foi traduzido e adaptado por uma equipe de
especialistas e então aplicado em 70 crianças, sendo 27 meninos e 43 meninas. Os resultados
indicaram que a amostra brasileira manteve-se dentro da variação da média e desvio-padrão.
O teste Kruskal-Wallis indicou diferenças estatisticamente significativas na comparação dos
escores entre as faixas etárias (p<0,001). Em comparação com a população americana, 20%
da amostra brasileira apresentou classificação final abaixo da média. A versão adaptada do
BOT 2 mostrou-se adequada, conseguindo discriminar o desempenho das crianças em
diferentes faixas de idade. A disponibilidade deste instrumento para o Brasil será útil para o
diagnóstico e planejamento terapêutico de pacientes com alterações de linguagem, cognição e
atenção.

Número: 088
Título: TESTE DOS CINCO DÍGITOS: O PAPEL DO PROCESSAMENTO
AUTOMÁTICO E CONTROLADO EM TAREFAS DE CÁLCULOS ARITMÉTICOS
UNIDIGITAIS
Autores: Luciano S. Amorim; Denise O. Ribeiro; Natalia F. B. Schwartz; Mariuche R. A.
Gomides; Giulia M. Paiva; Vitor G. Haase
Resumo: A velocidade de nomeação de números e as funções executivas estão associadas
com o desempenho em cálculos aritméticos. Este é um estudo exploratório que investigou o
papel do processamento automático (nomeação rápida) e controlado (inibição e flexibilidade)
em tarefas de cálculo unidigital. Participaram 525 crianças (M=9,07 anos; DP=0,93 anos;
54,9% do sexo feminino), com inteligência normal (PR>15), provenientes de escolas

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públicas do 3º ao 5º ano. A inteligência foi avaliada com as Matrizes Progressivas Coloridas


de Raven. As operações aritméticas consistiram de problemas unidigitais de adição, subtração
e multiplicação, apresentados em formato arábico. O Teste dos Cinco Dígitos compreende: a)
nomeação rápida de números arábicos de 1 a 5; b) nomeação rápida de quantidades usando
asteriscos como estímulos; c) na tarefa de inibição a criança precisa dizer a quantidade de
números, inibindo a tendência de nomear o número arábico impresso; d) na tarefa de
flexibilidade é nomeado o número arábico ou a quantidade de acordo com uma dica (borda
mais grossa ao redor do estímulo). A adição foi prevista por um modelo incluindo contagem
(β=-0,280; p<0,001), leitura de números (β=-0,189; p<0,001) e flexibilidade (β=-0,087;
p<0,05), predizendo 18,9%. A subtração foi prevista por um modelo incluindo leitura de
números (β=-0,211; p<0,001) e contagem (β=-0,201; p<0,001), predizendo 13,4%. A
multiplicação foi prevista por um modelo incluindo leitura de números (β=-0,172; p<0,001) e
contagem (β=-0,149; p<0,01), predizendo 8%. A flexibilidade acrescentou 0,6% da variância
explicada no modelo da adição. As funções executivas não entraram nos modelos para
subtração e multiplicação. Os resultados sugerem que a velocidade de nomeação tem melhor
poder preditivo nas tarefas de cálculo comparado às funções executivas.

Número: 090
Título: TRANSTORNO DE APRENDIZAGEM NÃO-VERBAL: UMA REALIDADE
Autores: Liliana de Oliveira Zempulski; Kenia Repiso Campanholo; Eliane Correa Miotto

Resumo: O Transtorno de Aprendizagem não-verbal (TANV), cada vez mais visto em


avaliações neuropsicológicas, se caracteriza por prejuízos nas funções visuoespaciais,
alterações de coordenação motora e raciocínio verbal preservado (Rourke 1995). Objetivando
reavaliar transtorno de déficit de atenção e hiperatividade em adolescente de 16 anos, o
presente estudo encontrou perfil compatível com TANV. Foi realizada anamnese e aplicação
da bateria WISC-IV (Wechsler 2013), Rey auditory verbal learning Test (Paula 2018), Figura
de Rey (Oliveira 2016), Hayling (Mothes 2015), O teste dos cinco dígitos (Sedó 2015), Teste
de Nomeação Infantil (Seabra 2012), O teste dos olhos (Sanvicente 2013), Faux Pas (Coelho
2016), Prova de Aritmética (Seabra 2012) e das escalas CDI (Golfeto 2002), SCARED
(Barbosa 2002), MTA-SNAP (Mattos 2005) e ETDAH-AD (Benczik 2000). Com QI dentro
da média (percentil 34%), apresentou capacidade de decodificação de informação visual
(percentil 2%) e praxia construtiva (percentil 1%) deficitárias, memória episódica verbal de
evocação imediata muito superior (percentil 98%), e de evocação imediata visuoespacial
limítrofe (percentil 7%). Qualitativamente, apresentou preservados recursos de linguagem,
perdas de compreensão leitora e da capacidade de cálculo e prejuízos de cognição social—no
reconhecimento de emoções e inferência de intenções (Faux Pas e O teste dos Olhos).
Verificou-se discrepância entre raciocínio verbal e não verbal, com diferença entre índices de
Compreensão Verbal e Organização Perceptual maior que 1,5 desvio padrão. Observou-se
prejuízos de memória episódica visuoespacial, percepção, organização perceptual e
visuoconstrução, com desempenho preservado na presença de recursos auditivo-verbais.
Somados à capacidade de cálculo prejudicada e discretas alterações em memória de curto
prazo, resultados sugerem quadro de distúrbios de aprendizagem não-verbal.

Número: 091
Título: TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE (TDAH) COM
PREDOMÍNIO DE SINTOMAS DE HIPERATIVIDADE/IMPULSIVIDADE: UM
ESTUDO DE CASO
Autores: Gelli, I. L.; Lara, K.S.; Portugal, A.C.A. & Anunciação, L.F.C.
Resumo: Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), o
Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) envolve sintomas de desatenção
e/ou hiperatividade-impulsividade que interferem no funcionamento e no desenvolvimento. O
presente trabalho objetiva apresentar um estudo de caso único de um menino com 6 anos de
idade, estudante do 1º ano do Ensino Fundamental de uma escola particular, encaminhado
para avaliação neuropsicológica com queixas de desatenção e agitação com hipótese

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diagnóstica (HD) de TDAH. Indiretamente, esse caso também possibilita compreender mais o
perfil neuropsicológico da condição clínica. Material e Foram realizadas 9 consultas,
incluindo anamnese e observação naturalística. Os seguintes instrumentos foram utilizados:
Escala Wechsler de Inteligência para Crianças (WISC – IV); Bateria Psicológica para
Avaliação da Atenção (BPA); Teste Wisconsin de Classificação de Cartas (WCST); Five
Digit Test (FDT); Torre de Hanói; Teste de Aprendizagem Auditivo Verbal de Rey
(RAVLT); Teste da Figura Complexa de Rey - Figura B (RCFT); Teste de Nomeação de
Boston (Versão Reduzida) e Escala SNAP-IV (família e escola). Os instrumentos foram
eleitos a partir da queixa inicial e da anamnese e da observação clínica, visando também
investigar o perfil neuropsicológico. Resultados Os resultados indicaram eficiência intelectual
compatível com a faixa média (QI Total = 106). Foram observadas dificuldades associadas à
atenção seletiva, às funções executivas (flexibilidade cognitiva, alternância cognitiva,
controle inibitório, planejamento e capacidade de organização), à percepção e à memória
visual. Foram constatados sintomas de desatenção e, mais acentuadamente, de
hiperatividade/impulsividade. As dificuldades relatadas interferem no funcionamento
acadêmico, social e familiar. Os resultados evidenciaram sintomas de TDAH, com
predomínio de sintomas de hiperatividade/impulsividade (HD: F90.1/ DSM-314.1).

Número: 092
Título: A IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE CLÍNICA NA AVALIAÇÃO NEURO-
PSICOLÓGICA: COMPARAÇÃO ENTRE DOIS CASOS CLÍNICOS (TDAH E TAG)
Autores: Conceição, A. S. Almeida; Andrea L. M. C. Palmerston; Maria do Socorro P. S.
Morais; Marina N. M. Barbosa
Resumo: A avaliação neuropsicológica baseia-se na apresentação de resultados quantitativos
associada à avaliação qualitativa e observação clínica durante todo o processo avaliativo.
Diversas patologias neurológicas possuem um perfil cognitivo muito similar e as alterações
das funções executivas e do transtorno de ansiedade são exemplos clínicos destas
similaridades. Os transtornos de ansiedade configuram-se entre os mais prevalentes na
infância e adolescência e estão associados ao prejuízo social, deficits cognitivos e baixo
rendimento escolar. Segundo OMS, os transtornos de ansiedade tem predomínio em torno de
3,6% a 8,9% na população brasileira. Já as alterações nas funções executivas, acometem
principalmente os portadores de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade -TDAH e
os portadores de lesões frontais adquiridas, e configuram um comprometimento funcional no
desempenho das ações cotidianas, com grande impacto na qualidade de vida. A prevalência
do TDAH acomete 6,7% da população brasileira sendo o transtorno mais extensivamente
estudado. A avaliação neuropsicológica permite diagnosticar e estabelecer intervenções e
ações de reabilitação, apoiados na análise quantitativa e no olhar da análise clínica, valor
fundamental que auxilia vários profissionais e serviços médicos no diagnóstico, manejo dos
casos, curso e evolução das desordens na vida do sujeito. Comparar a análise do desempenho
nas funções de atenção, memória e função executiva de dois casos: um com transtorno de
ansiedade com disfunção executiva secundária e outro com disfunção executiva e transtorno
de ansiedade secundário; e analisar o impacto funcional das dificuldades primárias de cada
caso. Material e Foi realizado um estudo comparativo, descritivo e retrospectivo de dois
casos clínicos. Participaram do estudo, uma criança do sexo feminino com 8 (oito) anos de
idade e queixa de dificuldade de aprendizagem, e um adulto de 33 anos (trinta e três) do sexo
feminino, com queixas de lapsos de memória. Inicialmente ambos os casos obtiveram
hipóteses diagnósticas entre Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) e TDAH, com
habilidade intelectual mediana ou acima da média. Foram utilizados os seguintes
instrumentos de avaliação neuropsicológica: bateria de atenção, função executiva (FDT) e
memória (RAVLT), ambos aplicados pela mesma avaliadora e selecionados de acordo com a
faixa etária de cada uma das pacientes e analisados conforme percentis dispostos nos
respectivos manuais e tabelas normativas. Foram analisados o desempenho no testes FDT e
RAVLT pelas semelhanças relativas a estes escores, além do desempenho de uma forma
geral das funções de atenção, memória e função executiva, não similares nos mesmos
resultados. Além da interpretação pura dos resultados quantitativos dos testes de cada

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paciente foi sobretudo feita a interpretação clínica e contextualização das características


únicas dos avaliados, apoiadas nas informações adicionais como: história de vida, evolução
da doença, impacto das disfunções no cotidiano. Na comparação entre os escores de percentis
do teste RAVLT foi possível encontrar um perfil de habilidades cognitivas semelhantes entre
as duas pacientes, ou seja, ambas possuiam segundo o percentil a mesma capacidade de
evocação para memória de curto e longo prazos e aprendizagem ao longo das tentativas,
portanto, a medida psicométrica equiparou estes dois casos com diagnostico de ansiedade e
TDAH. Contudo, somente através da análise dos testes de funcionamento executivo e atenção
(FDT), este perfil pôde ser diferenciado, na medida em que os resultados demonstraram
inversão dos escores, o que evidenciou que a paciente ansiosa iniciava suas atividades com
escore abaixo do esperado e finalizava as demais etapas do teste, de maior grau de dificuldade
com percentil superior a média, o que demonstrou que automatizou bem o processo. Já a
paciente com disfunção executiva, a curva se inverteu, ou seja, iniciou em média superior e
com a complexidade da tarefa decaiu a produção e compensou seu processamento mental
através de baixo tempo de execução. No entanto, não conseguiu evitar erros neste processo e
obteve pontuação abaixo do esperado para sua faixa etária. Assim, os resultados permitiram
confirmar quão grande é o impacto que a análise clínica faz sobre o produto final da avaliação
neuropsicológica permitindo inclusive estabelecer diferenças de perfis primarios de
dificuldades entre os pacientes ansiosos e com dificuldades executivas, resultado que,
somente pela análise dos dados quantitativos, não foi possível estabelecer. A comparação
entre o quadro geral das funções (atenção e funcionamento executivo) dos dois casos, não
possibilitou um análise clínica mais abrangente visto que os escores por si só já indicam uma
diferença, isto é, a paciente ansiosa obteve os escores entre média e acima da média, e a
paciente com TDAH apresentou resultados com dificuldades de níveis leve a moderado. A
análise comparativa dos casos demonstrou ser fundamental um olhar para além dos resultados
dos testes, ou seja, o teste é apenas uma ferramenta a mais para ajudar o clínico a
compreender seu paciente, portanto, a analise qualitativa somada às múltiplas fontes de
informações como as queixas e observação do comportamento fazem toda diferença e
corroboram para estabelecimento da hipótese e interpretação geral do quadro.

Número: 094
Título: EVIDÊNCIAS PSICOMÉTRICAS PARA O INVENTÁRIO DE RASTREAMENTO
DO TDAH EM ADULTOS (IR-TDAH)
Autores: Jonatha T. Bacciotti, Fernanda Otoni, Leilane H. B. C. Santana; Maria Karoline P.
Martins
Resumo: Dentre as dificuldades para a avaliação do Transtorno do Déficit de Atenção e
Hiperatividade (TDAH) em adultos está o número reduzido de instrumentos disponíveis para
auxiliar o processo diagnóstico. Diante deste cenário, o Inventário de Rastreamento do TDAH
em adultos (IR-TDAH) foi desenvolvido. Os itens deste instrumento foram construídos com
base nos critérios diagnósticos do Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais
(DSM-5). Estudos psicométricos preliminares sobre o IR-TDAH evidenciaram adequação dos
itens e a necessidade de novos estudos para ampliar o conhecimento das propriedades
psicométricas do inventário. Sendo assim, o presente estudo tem por objetivo investigar a
estrutura fatorial do IR-TDAH, bem como o funcionamento diferencial dos itens para sexo e
diagnóstico. Participaram 635 adultos, com idade média de 32,91 anos (DP = 9,7), com
predominância de indivíduos do sexo feminino (79%, n = 505) e 19,8% dos participantes
tinham o diagnóstico de TDAH. A coleta de dados foi realizada presencialmente e em
ambiente virtual. Os resultados da Análise Fatorial Exploratória (WLSMV) sugerem que o
agrupamento dos itens em dois fatores mostrou-se satisfatório para explicar a variável latente
(X2/df = 2,77; RMSEA = 0,053; CFI = 0,94; SMR = 0,57). A verificação da precisão dos
fatores observados indicou adequação dos mesmos (alfa de Cronbach, Desatenção = 0,97;
Hiperatividade / Impulsividade = 0,96). A análise Multiple Indicator Multiple Cause Model
permitiu verificar o funcionamento diferencial dos itens em razão do diagnóstico. Por meio do
contraste superior a 0,64 de Linacre (2011) verificou-se que os itens que compõem a IR-
TDAH não apresentam funcionamento diferencial do item (DIF) entre grupos de pessoas que

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apresentam ou não o TDAH. Por meio da prova teste t de Student pode-se verificar que
existem diferenças significativas (p < 0,005) de média entre os grupos, sendo que sujeitos
com diagnóstico de TDAH tendem a pontuar mais alto do que aqueles que não possuem o
diagnóstico. Esses resultados indicam que o IR-TDAH é um instrumento promissor para
avaliar o TDAH, sugerindo também que o teste pode trazer importantes contribuições para o
processo diagnóstico do transtorno.

Número: 095
Título: INFLUÊNCIA DA INFECÇÃO PELO HIV NO DESEMPENHO ORTOGRÁFICO
E ARITMÉTICO EM INFATOJUVENIS
Autores: Luciano S. Amorim; Gustavo V. Barreto; Ricardo J. Moura; Mariuche R. A.
Gomides; Giulia M. Paiva; Vitor G. Haase
Resumo: A infecção pelo HIV associa-se a prejuízos no SNC e, portanto, a prejuízos
cognitivos. Entretanto, seus efeitos no cérebro mostram-se poucos específicos, afetando
principalmente redes subcorticais. A velocidade de processamento, portanto, é um dos
processos comprometidos. Espera-se que os indivíduos com HIV e AIDS apresentem menor
dificuldade em tarefas dependentes de processos mais específicos (ortografia) e maior nas
menos específicas (aritmética). Este estudo investigou a associação entre velocidade de
processamento e desempenho na ortografia e aritmética em 161 indivíduos (8-22 anos), sendo
50 infectados verticalmente no grupo clínico (HIV=18; AIDS=32), e 111 controles, pareados
com o grupo clínico. Ortografia correlacionou-se com inteligência (r=.23; p<.01), fluência
verbal fonêmica (r=.31; p<.001) e velocidade de recitação de números na ordem inversa
(r=.24; p<.01). Aritmética correlacionou-se com inteligência (r=.49; p<.001), fluência verbal
fonêmica (r=.39; p<.001) e atenção sustentada (r=.34; p<.001). Velocidade de processamento,
fluência verbal fonêmica (β=.27, p<.001) e velocidade de recitação de número na ordem
inversa (β=-.20, p<.01), e inteligência (β=.24, p<.01) predizem 17,2% da variância no
desempenho ortográfico (R²=.18, F(3,157)=12.1, p<.001). Entretanto, velocidade de
processamento (β=.38, p<.001) e inteligência (β=.48, p<.001) predizem maior parte da
variância no desempenho aritmético: 37,6% (R²=.38, F(2,159)=49.3, p<.001). Análises de
variâncias sugerem que indivíduos infectados apresentam pior desempenho na ortografia
(η²=.08, F(2,158)=6.83, p<.01), aritmética (η²=.15, F(2,158)=14.0, p<.001) e inteligência
(η²=.16, F(2,158)=10.2, p<.001) do que controles. No entanto, quando velocidade de
processamento e inteligência são inseridas como covariáveis essas diferenças desaparecem,
sugerindo que prejuízos na velocidade de processamento desses indivíduos, como esperado,
podem predizer dificuldades no desempenho, principalmente aritmético.

Número: 096
Título: INTERFERÊNCIAS DE COMPORTAMENTOS IMPULSIVOS NA AVALIAÇÃO
NEUROPSICOLÓGICA EM TDAH: UM ESTUDO DE CASO
Autores: Hélida A. Costa-Vieira; André L. de C. Gadelha; Beatriz M. de Oliveira; Lívia T.
de Souza
Resumo: Queixas atencionais são comuns em diferentes fases da vida e podem ser
confundidas com problemas de memória ou de funções executivas. O presente caso refere-se
à avaliação neuropsicológica de R., mulher, 34 anos, casada, estudante de Psicologia. R.
trouxe queixas de aprendizagem e em se concentrar durante estudos, bem como para
memorizar suas atividades no trabalho. Objetivo: Discutir a importância do diagnóstico
diferencial e do olhar clínico atento na interpretação dos resultados de testes psicológicos.
Método: O processo avaliativo compreendeu anamnese e os testes: ISSL, HTP, FDT, BPA,
TTC, TIG-NV, WASI, TEPIC-M e Figuras Complexas de Rey (FCR). A escolha do ISSL e
HTP visou compreender os estados emocionais que pudessem influenciar diretamente na
atenção (ex. ansiedade, estresse). Os testes HTP e ISSL mostraram ansiedade,
inacessibilidade, rigidez e alto nível de estresse (Resistência). Os resultados para atenção
geral foram medianos (pc. 50; AC: pc.40; AD: pc. 50; AA: pc. 60). Em memória visual por
reconhecimento e por recuperação espontânea (TEPIC–M e FCR), foram considerados
inferiores. Na avaliação das funções executivas, R. obteve desempenho inferior (FDT-pc 5) e

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médio inferior (TTC-pc 30). Na avaliação de inteligência, R. obteve desempenho limítrofe


(QI 75–TIG-NV e 71-WASI). Tais resultados, possivelmente sugestivos de deficiência
intelectual, não eram condizentes com o desempenho social, acadêmico e com os níveis
funcionais de linguagem compreensiva e expressiva apresentados por R. Após análise
qualitativa das respostas, foi observado um padrão comportamental impulsivo. Os resultados
de R., embora inicialmente tenham sugerido uma dificuldade global da paciente, puderam ser
ressignificados como impulsividade, expressados principalmente pela agitação corporal e
velocidade da fala, e confirmados pela Barrat Impulsiviness Scale (BRS). Assim, confirmou-
se o diagnóstico de TDAH-predominantemente hiperativo/impulsivo.

Número: 097
Título: PERFIL INTELECTUAL EM UMA AMOSTRA DE PACIENTES COM
SÍNDROME DE KLINEFELTER COM BASE NA ESCALA WECHSLER
Autores: Luciane Simonetti; Sara Nogueira; Magnus Régios Dias da Silva; Claudia Berlim
de Mello
Resumo: A Síndrome de Klinefelter (SK) é uma condição genética que afeta 1 a cada 660
nascidos vivos. Trata-se de uma alteração numérica no par de cromossomos sexuais
resultando no cariótipo 47,XXY e fenótipo decorrente da falta de inativação de um dos X. O
fenótipo é bastante variável, sendo comum o diagnóstico tardio, em geral em função de
infertilidade, caracterizado pelo hipogonadismo hipergonadotrófico, altos níveis dos
hormônios luteinizante e folículo estimulante. O fenótipo inclui redução do tamanho dos
testículos e pênis, ginecomastia, azoospermia, estatura alta, e baixos níveis de testosterona.
Os aspectos neuropsicológicos são muito variáveis e ainda pouco investigados. O objetivo
deste estudo foi investigar o desempenho intelectual de uma amostra de pacientes com SK,
utilizando medidas da escala Wechsler. Material e método: Participaram 28 sujeitos entre 9 e
65 anos, acompanhados no Ambulatório de Desenvolvimento do Hospital São Paulo. Vinte e
sete apresentaram cariótipo 47,XXY e um 47,XYY. Cinco sujeitos foram submetidos a escala
WISC-IV e 23 a escala WAIS-III. Além de todos índices, foram analisados os resultados em
10 subtestes considerando quatro faixas (9 a 14 anos, n=5; 17 a 24 anos, n=8; 26 a 37 anos,
n=6; e 40 a 65 anos, n=9). A média (desvio-padrão) de idade dos participantes foi de
30,3(15,9) e do QI foi 83(16,7). Observou-se discrepância significativa entre os QIs verbal
(78,1±15,2) e executivo (91±18,1). O QI total foi substancialmente mais baixo entre os mais
jovens (64+/-18,5) comparado aos mais velhos (87,2±13,4). O mesmo foi observado quanto
ao desempenho nos domínios verbal (WISC: 57,2±15,2; WAIS: 82,7±11) e executivo (WISC:
78,6±19,8; WAIS: 93,7±17). Observamos diferença significativa dos índices CV (25,4); OP
(15,9), MO (30,5) e VP (27,3) que foi mais importante no grupo entre 9 a 14 anos. Houve
melhora dos valores médios de cada subteste apenas entre as idades de 9 a 14 e 17 a 24 anos.
Os resultados indicam que o perfil intelectual na SK é bastante heterogêneo, variando entre
deficiência intelectual e desempenho médio, com tendência a melhor desempenho no domínio
de execução do que no verbal, independente da idade. A partir da fase adulta o desempenho
em ambos os domínios tende a se estabilizar. O estudo contribui para ampliar o fenótipo
cognitivo na SK.

Número: 098
Título: QUAL O PAPEL DA RESERVA COGNITIVA NO P300 COMO BIOMARCADOR
DA DOENÇA DE ALZHEIMER? UMA REVISÃO
Autores: Égina Karoline Gonçalves da Fonsêca; Leandro da Silva-Sauer; Heloisa de Freitas
Pacifico; Felippe da Silva Souza; Bernardino Fernández-Calvo
Resumo: O diagnóstico da Doença de Alzheimer (DA) é normalmente clínico e com melhor
prognóstico em fases iniciais. Potenciais relacionados ao evento (ERPs), como o P300, têm
sido propostos como possíveis biomarcadores para a DA. A Reserva Cognitiva (RC) sugere a
existência de mecanismos compensatórios capazes de lidar com o dano cerebral podendo
mascarar os resultados da exploração neuropsicológica e interferir no seu rápido diagnóstico.
Objetivos 1) Verificar se a RC influencia os ERPs; 2) Se estudos que propõem os P300 como
biomarcadores na DA controlam a RC. Método Revisão por Mesh na base de dados PubMed.

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Para o objetivo 1, buscou-se: Cognitive Reserve/physiology" e "Evoked Potentials" ou


"Event-Related Potentials, P300". Critério de inclusão: estudos que relacionaram a RC e
ERPs. Para o objetivo 2, buscou-se: "Event-Related Potentials, P300" e "Evoked Potentials" e
"Alzheimer Disease/diagnosis". Critério de inclusão: Meta-análise com estudos que
compararam o P300 entre DA e grupo controle. Análise do efeito da RC em todos os estudos
reportados nas Meta-análises. A primeira busca revelou 2 artigos. Apenas um apresentou
relação e encontrou um efeito da RC nos ERPs. A segunda busca revelou dois artigos
totalizando 60 estudos. Destes, apenas 2 consideram o efeito da educação no P300. Além
disso, a meta-regressão realizada em uma das meta-análises, mostrou associação entre P300 e
escolaridade. A influencia da RC nos ERPs ainda é um campo aberto. Speer & Soldan (2015),
concluíram que quanto maior a RC, menor é a variação da latência e amplitude do P300.
Sugerindo que maior RC indica maior eficiência neural. A segunda revisão mostrou que
estudos que buscam biomarcadores para a DA não estão considerando o efeito da RC,
mesmo que esta possa interferir nos resultados da latência e amplitude do P300. É necessário
o controle de variáveis indicadoras da RC nas amostras dos estudos que sugerem o P300
como um possível biomarcador para a DA.

Número: 100
Título: RELAÇÃO ENTRE ANOS DE ESCOLARIDADE E VOLUME DA SUBSTÂNCIA
CINZENTA EM IDOSOS COGNITIVAMENTE SAUDÁVEIS
Autores: Fernanda Loureiro; Maria Gabriela Gottlieb; Eduardo Nogueira; Armin Von
Gunten; Irenio Gomes
Resumo: A escolaridade e os anos de estudo têm sido descritos como preditores de reserva
cerebral e cognitiva. Estudos têm demonstrado que idosos com maior escolaridade
apresentam maior volume na substancia cinzenta (reserva cerebral) e com isso são menos
suscetíveis às alterações cognitivas (reserva cognitiva) no curso do envelhecimento. No
entanto, poucos são os estudos nessa área que incluem indivíduos com baixa escolaridade e
analfabetos. Objetivo: Contribuir com o conhecimento de mecanismos neurais subjacentes à
reserva cerebral em indivíduos de baixa escolaridade. Trata-se de um estudo transversal, com
30 idosos cognitivamente saudáveis (69,5 ± 7,1 anos); 13 analfabetos (0 - 3 anos de estudo),
11 (4 - 6 anos de estudo), 6 (8 - 11). Para a avaliação cognitiva e seleção dos participantes foi
aplicada a bateria ADASCOG. Todos os participantes fizeram uma ressonância magnética
encefálica estrutural com o equipamento GE Healthcare HDxt 3.0T com 8 canais. As imagens
foram pré-processadas com o uso do software Statistical Parametric Mapping 12 (SPM12)
rodadas no MATLAB. Para a comparação dos grupos foram utilizados o teste F e a análise
posthoc do teste T, sendo considerado significativo p<0,05 com intervalo de confiança de
90%. Os anos de estudo se correlacionaram negativamente com o volume do girus lingual;
quanto menor a escolaridade menor o volume nessa área. A região temporo-parieto-occipital,
responsável pela leitura automatizada das palavras, pode ser uma área que contribui para os
fenômenos de reserva cerebral e cognitiva relacionados à escolaridade. A criatividade
também é descrita como uma das funções cognitivas relacionadas ao girus lingual, sendo um
mediador entre o controle inibitório e o pensamento divergente.

Número: 101
Título: A DIFICULDADE DE COMPREENSÃO LEITORA INFLUENCIA NA RELAÇÃO
ENTRE FUNÇÕES EXECUTIVAS E PROFICIÊNCIA EM LEITURA?
Autores: Hosana Alves Gonçalves; Bruna Evaristo Scheffer; Flavia dos Passos Fonseca;
Rochele Paz Fonseca
Resumo: É sabido que os diferentes componentes de funções executivas (FE) predizem a
aquisição das habilidades acadêmicas e que estão associadas a índices mais elevados de
compreensão leitora (CL). Entretanto, não se sabe se o papel das FE no desempenho escolar
se mantém independente do nível de compreensão textual dos estudantes. O objetivo deste
estudo é identificar se há diferenças na influência que as FE exercem sobre a CL entre bons e
maus compreendedores. Foram selecionados 200 estudantes sem dificuldades de
aprendizagem de acordo com pais e professores. Os participantes eram de escolas públicas e

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privadas, meninos e meninas, com idade entre 6 e 15 anos. Realizaram uma ampla bateria de
avaliação neuropsicológica com foco em aprendizagem escolar e FE. Os escores de FE foram
agrupados em 4 fatores: memória de trabalho (MT) visual, MT verbal, flexibilidade cognitiva
(FC) e controle inibitório. Em seguida, dois grupos foram formados com base no desempenho
dos participantes em uma tarefa de CL: bons compreendedores (G1) e maus compreendedores
(G2). No G1 foram incluídas crianças sem dificuldades de decodificação de palavras e de
compreensão textual. No G2 estavam aqueles estudantes sem dificuldades de decodificação,
mas com percentil igual ou inferior a 25 na tarefa de compreensão. Conduziu-se uma path
analysis para verificar o papel moderador do nível de compreensão textual na relação entre
FE e CL. Os fatores de MT não foram moderados pelo nível de CL. Quanto à FC, o efeito de
moderação foi marginalmente significativo, com pequeno aumento da associação entre FC e
CL no G2. Por fim, a relação entre a capacidade de inibição e de CL foi moderada pela
dificuldade de compreensão; neste caso, enquanto a inibição apresenta uma correlação
positiva com CL no G1, para o G2 essa relação é negativa. Estes resultados fornecem
subsídios para o processo de avaliação e de intervenções para crianças com dificuldades de
CL. Hipotetiza-se que o controle inibitório está diminuído neste grupo para evitar a
sobrecarga de MT que pode ocorrer durante a decodificação e assim prejudicar a
compreensão, por exemplo. Além disso, o controle inibitório seria o primeiro passo para a
criança flexibilizar e utilizar novas estratégias para conseguir compreender textos. O
desempenho inferior do G2 nos fatores de FC e de MT corrobora estas hipóteses.

Número: 102
Título: A INTERFERÊNCIA DA EMOÇÃO NEGATIVA SOBRE O DESEMPENHO DA
MEMÓRIA DE TRABALHO VISUOESPACIAL PARA BINDING
Autores: Karim Fachinello; Ricardo B. Garcia; Cesar A. Galera
Resumo: As emoções desempenham um papel fundamental na vida humana, são essenciais
para a qualidade das experiências diárias e são capazes de influenciar processos cognitivos
complexos como o raciocínio, a tomada de decisão, a aprendizagem e a memória. Em
consequência, podem favorecer ou prejudicar lembranças de episódios específicos ou eventos
em detalhes. O principal objetivo deste estudo foi investigar o efeito de dois tipos de
modulação emocional sobre o desempenho de binding da memória de trabalho visuoespacial
em universitários sem histórico psiquiátrico e/ou neurológico. Para tanto, utilizamos, sem
objetivo diagnóstico, os instrumentos: Inventário de Depressão de Beck (BDI-II) e Inventário
de Ansiedade de Beck (BAI) para descartar sintomas depressivos ou ansiosos no momento da
avaliação; o Test for Colour-Blindness para garantir que os participantes não apresentassem
deficiência visual de cores. Os materiais utilizados foram: International Affective Picture
System (IAPS), que consiste em um banco de dados de imagens de cunho emocional utilizado
como método de manipulação emocional. Utilizamos para indução de valência neutra e
negativa, de modo que selecionamos 60 imagens de valência neutra (30) e negativa (30)
através de suas médias de alerta e valência; Lista de Estados de Ânimo Presentes (LEAP), que
consiste em 40 locuções que permite a mensuração dos estados de ânimo presentes no
indivíduo no momento da aplicação. Para este estudo, selecionamos 19 locuções utilizadas
como medida de comparação entre os julgamentos dos participantes no início e no final do
experimento; Listas de palavras, em que selecionamos 60 palavras a partir de suas médias e
desvios padrão de alerta e valência. Estas palavras foram distribuídas em quatro listas, cada
lista com 15 palavras, sendo cinco positivas, cinco neutras e cinco negativas. As listas foram
apresentadas em diferentes momentos no decorrer do experimento e os resultados foram
comparados com o intuito de verificar o julgamento dos participantes em diferentes
momentos do experimento. Neste estudo, dois experimentos foram realizados, com 50
universitários, para investigar o efeito da emoção sobre a memória de trabalho visuoespacial.
No Experimento 1, avaliamos o efeito da indução emocional negativa sobre o desempenho da
memória de trabalho para tarefas de reconhecimento envolvendo binding para cor e
localização, assim como avaliamos o mesmo efeito sobre o julgamento hedônico de listas de
palavras e locuções. Para tanto, este experimento foi estruturado de modo que, no início e no
fim da sessão, os participantes pudessem avaliar o próprio estado emocional do momento

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através de locuções (julgando cada locução em uma escala do tipo Likert de 5 pontos, de
muito fraco a muito presente). A indução neutra foi realizada anteriormente à indução
negativa, e ambas seguidas por um bloco de provas de memória. Após passar por cada
procedimento de indução e de provas de memória, os participantes foram solicitados a julgar
listas de palavras (julgando cada palavra em uma escala do tipo Likert de 8 pontos, de
extremamente negativo a extremamente positivo). No segundo experimento, utilizamos o
binding emocional para avaliar o desempenho da memória de trabalho visuoespacial dos
participantes em tarefas de reconhecimento com diferentes conteúdos emocionais. Utilizamos
a mesma tarefa do Experimento 1, contudo, neste caso, não houve indução emocional, os
estímulos apresentados possuíam conteúdos neutros no primeiro bloco de provas, e conteúdos
negativos no segundo. Além disso, os participantes julgaram as mesmas listas e locuções
apresentadas no Experimento 1. Os resultados da tarefa de memória foram analisados
mediante uma análise de variância (ANOVA) de medidas repetidas utilizando as proporções
de respostas corretas (acurácia) dos participantes. Para tanto, considerou-se o nível de
dificuldade (3 e 4 estímulos) nos dois experimentos; indução emocional apresentada
anteriormente à tarefa (neutra e negativa) no Experimento 1; a valência emocional (neutra e
negativa) dos estímulos apresentados durante a tarefa de reconhecimento no Experimento 2.
Em uma análise geral, no Experimento 1, obtivemos efeito significativo do nível de
dificuldade sobre o desempenho, F(1,24) = 21,4, p < 0,001, η2P = 0,47, o qual independe da
valência emocional induzida anteriormente, pois a interação entre estes fatores não foi
significativa, F(1,24) = 1,1, p = 0,30, η 2 P = 0,04. O efeito de indução emocional sobre o
desempenho não foi significativo, F(1,24) = 0,55, p = 0,46, η2P = 0,02. Portanto, os
participantes obtiveram melhor 47 desempenho nas tarefas de reconhecimento em que o nível
de dificuldade foi menor (apresentação simultânea de 3 estímulos), tanto na condição neutra
quanto na negativa. No Experimento 2, os resultados apontaram um efeito significativo do
nível de dificuldade, F(1,24) = 29,85, p < 0,001, η2P = 0,55, uma vez que o desempenho foi
superior com 3 estímulos (M = 0,64) do que com 4 (M = 0,56). E também, efeito significativo
da valência emocional dos estímulos, F(1,24) = 22,36, p < 0,001, η2P = 0,48, visto que o
desempenho foi superior com estímulos neutros (M = 0,64) do que com negativos (M = 0,56).
Embora houvesse, neste caso, uma forte tendência de interação entre o nível de dificuldade e
a valência dos estímulos, a interação entre estes fatores não foi significativa, F(1,24) = 3,86, p
= 0,06, η2P = 0,14. Isto é, a diferença entre provas neutras e negativas foi mais acentuada
com 3 estímulos (M = 0,70 e M = 0,59, respectivamente) do que com 4 (M = 0,58 e M = 0,53,
respectivamente). Levando em consideração a ordem de apresentação das listas durante os
experimentos, nomeamos como L1, L2, L3 e L4. Para a análise dos resultados das mesmas
listas, usamos uma ANOVA para medidas repetidas considerando a ordem de apresentação
das listas e as valências das palavras para comparar os julgamentos hedônicos dos
participantes. Os resultados do Experimento 1 apresentaram uma interação significativa entre
a ordem de apresentação das listas e a valência das palavras, F(6,144) = 4,7, p < 0,001, η2P =
0,16, indicando que o julgamento hedônico sofreu alterações ao longo do experimento de
maneira diferenciada conforme a valência das palavras. Para uma avaliação mais detalhada
desta interação, realizamos ANOVAs separadas para cada valência em função da ordem de
apresentação. Diferenças significativas foram apontadas entre as médias de julgamentos
hedônicos sobre palavras negativas, F(3,72) = 6,69, p = 0,0004, η2P = 0,21 e palavras
neutras, F(3,72) = 4,10, p = 0,0095, η2P = 0,14, mas houve somente uma tendência de efeito
sobre palavras positivas, F(3,72) = 2,49, p = 0,0666, η2P = 0,09. Após análise post hoc
(Bonferroni), foi possível comparar as médias das quatro listas para cada tipo de valência das
palavras. Assim, em relação às palavras negativas, este efeito ocorreu entre L1 e L2 (p =
0,04), L1 e L4 (p < 0,001), L3 e L4 (p = 0,01), e nas palavras neutras entre L3 e L4 (p =
0,006). Embora as listas do Experimento 2 não tenham apresentado uma interação
significativa entre a ordem de apresentação das listas e a valência das palavras, F(4,96) =
1,67, p = 0,16, η2P = 0,07, realizamos ANOVAs das valências em separado para uma análise
mais detalhada. Os resultados não apontaram diferenças significativas entre palavras
positivas, F(2,48) = 0,47, p = 0,63, η2P = 0,02, e entre palavras neutras, F(2,48) = 0,12, p =
0,89, η2P = 0,00. A diferença significativa ocorreu entre palavras negativas, F(2,48) = 4,46, p

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= 0,02, η2P = 0,16. Após análise post hoc (Bonferroni), em que comparamos as médias das
palavras negativas das três listas entre si, verificamos diferenças significativas entre L1 e L4
(p = 0,014). Os resultados quanto às locuções da LEAP foram analisados através de Teste t,
em que as médias das avaliações individuais sobre cada locução apresentada no início do
experimento foram comparadas com as apresentadas ao final. Assim, no Experimento 1, 4 das
19 locuções apresentaram diferenças significativas entre as avaliações. Estes resultados
demonstraram alterações nas avaliações dos participantes quanto ao próprio estado
emocional. De modo que, as locuções que possuem conotação positiva foram avaliadas como
mais presentes no início do experimento do que ao final. Enquanto que as locuções que
remetem a emoções negativas foram avaliadas mais presentes ao final do experimento.
Portanto, o efeito da indução negativa pode ser observado nas 4 locuções mencionadas. No
Experimento 2, 5 das 19 locuções apontaram diferenças significativas quanto à média de
julgamento dos participantes sobre o próprio estado emocional do momento. Portanto,
alterações nos julgamentos hedônicos dos participantes sobre o próprio estado emocional
foram demonstradas. A locução que possui uma conotação mais positiva foi avaliada como
mais presente no início, e locuções que possuem uma conotação mais negativa foram
apontadas como mais presentes ao final do experimento. Mediante dois experimentos,
confirmamos efeitos já estabelecidos na literatura quanto à influência da carga de memória
sobre o desempenho de reconhecimento da memória de trabalho. Demonstramos que
manipulações experimentais, como indução emocional por imagens e estímulos emocionais,
podem afetar o estado de indivíduos saudáveis a ponto de alterar o julgamento hedônico sobre
palavras e sobre o próprio estado emocional. Ademais, apontamos que conteúdos negativos,
quando apresentados como estímulos, podem prejudicar o desempenho de reconhecimento,
principalmente em condições de baixa carga de memória na tarefa. Supomos assim, que a
natureza do estímulo pode ser um fator determinante no desempenho de reconhecimento da
memória de trabalho.

Número: 103
Título: ANSIEDADE MATEMÁTICA, MEMÓRIA DE TRABALHO E CONTROLE
INIBITÓRIO: UM ESTADO DO CONHECIMENTO
Autores: Priscila Virgínia Salles Teixeira Figueira; Patrícia Martins de Freitas
Resumo: Os problemas de aprendizagem da matemática podem ocasionar reprovações
sucessivas, desistência ou limitações pela falta de conhecimento. Essas limitações têm sido
identificadas em estudos que mostram como o baixo desempenho em matemática tem um
papel preditor para diferentes variáveis socioeconômicas, como por exemplo: ao baixo avanço
educacional (DUNCAN et al. 2007); ao baixo status econômico (RITCHIE, BATES, 2013);
desemprego, baixos salários e problemas de saúde física e mental (BYNNER, PARSONS,
1997), além de dificuldades financeiras (GERARDI, GOETTE, MEIER 2013). Essas
evidências sinalizam os impactos sociais e econômicos que pode ocorrer a partir das
limitações na aprendizagem da matemática, afetando a sociedade como um todo. Outro
aspecto mais contextual que contribui para uma baixa motivação com a aprendizagem da
matemática é o uso de calculadoras acessíveis o tempo todo. Esse são elementos que
diminuem o interesse direto e o treinamento necessário para despertar a motivação para a
aprendizagem da matemática. Em relação à matemática, Carmo e Figueiredo (2009) discutem
a existência de uma cultura de que a disciplina possui um alto nível de dificuldade, a qual é,
muitas vezes reforçada por pais e professores. São fortalecidas nos alunos crenças de
incapacidade e desmotivação podem levá-los a fugir ou se esquivar de situações que
envolvem a matemática, o que consequentemente, influencia no desempenho dessa disciplina.
Além disso, essa cultura torna comum o baixo desempenho na matemática associando-o com
outros fatores, quando um diagnóstico de transtornos de aprendizagem, como a discalculia do
desenvolvimento, deveria ser considerado. Porém, para ambos os grupos (crianças com e sem
discalculia) a aprendizagem da matemática corresponde a atividades neurocognitivas
(ROTTA, 2015), e demanda funções de controle atencional, memória de trabalho, capacidade
de resolução de problemas, funções que podem ter o desempenho abaixo do esperado por
interferência de reações ansiogênicas. Os mecanismos neurocognitivos sofrem importantes

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modificações diante de situações de ameaça. A relação entre a matemática e situações


ameaçadoras vem sendo demonstrada surgindo um padrão de comportamento denominado
ansiedade matemática. A ansiedade matemática é de causa ambiental, podendo, por exemplo,
sofrer influência de crenças de pais e professores (FASSIS, 2011; MALONEY et al., 2015;
RAYNER, PITSOLANTIS, OSANA, 2009). Fassis (2011) afirma que esse tipo de ansiedade
não é inata, estando associada ao uso de práticas repressoras, com o uso frequente de ameaças
e punições por parte dos professores, e experiências negativas vivenciadas no cotidiano
escolar. A ansiedade matemática se refere às diversas emoções negativas apresentadas
durante situações que envolvem matemática, como sentimentos de tensão que podem variar
desde níveis leves, como um pequeno desconforto, à situações de evitação extrema
(ASHCRAFT, 2002; ASHCRAFT, RIDLEY, 2005). Em uma extensão do trabalho postulado
por Eysenck e Calvo (1992), a Teoria do Controle Atencional (EYSENCK et al., 2007),
assume que a ansiedade prejudica a eficiência de dois tipos de controle da atenção.
Primeiramente, a ansiedade atua no controle de atenção negativo, responsável pela inibição da
atenção aos estímulos irrelevantes de uma tarefa. Já o segundo tipo se refere ao controle
atencional positivo, o qual é envolvido na flexibilização da atenção das tarefas para
maximizar o desempenho (DERAKSHAN et al., 2009). Além disso, a Teoria do Controle da
Atencional assume que além de diminuir o controle da atenção, a ansiedade aumenta a
atenção aos estímulos relacionados à ameaça. Os autores afirmam os efeitos adversos da
ansiedade são centrados especificamente nas funções de controle inibitório, inibição e
flexibilidade cognitiva. Pressupõe-se, também, que a ansiedade prejudica a eficiência do
componente executivo central do sistema de memória de trabalho, uma vez que os
pensamentos intrusivos de preocupação presentes nos indivíduos com alta ansiedade
interferem na execução de tarefas cognitivas. Tendo a memória de trabalho uma capacidade
limitada de armazenamento, a presença de estímulos aversivos chama a atenção, resultando
em uma quantidade reduzida de recursos de memória de trabalho deixados para alocar a tarefa
cognitiva a ser realizada (EYSENCK et al., 2007; ASHCRAFT & KIRK, 2001). A ansiedade
matemática também está associada à cognição, bem como ao baixo desempenho em funções
cognitivas como a memória de trabalho e controle inibitório. Segundo o modelo das funções
executivas elaborado por Diamond (2013), a memória de trabalho e o controle inibitório
raramente são requeridos separadamente. A memória de trabalho age como suporte para o
funcionamento do controle inibitório, uma vez que ao concentrar-se especialmente nas
informações a serem armazenadas e manuseadas, o indivíduo aumenta a probabilidade de que
essas informações guiem seu comportamento e diminui a probabilidade de um erro inibitório.
O controle inibitório também fornece suporte liberando informações irrelevantes do espaço de
trabalho da memória de trabalho e excluindo informações que não são mais relevantes,
aliviando a carga para a memória de trabalho, uma vez que esta dispõe de uma capacidade
limitada de armazenamento. Os processos de atenção e inibição, controlados pelo executivo
central e controle inibitório, são necessários para a resolução de problemas matemáticos. Já as
competências conceituais e procedimentais também são representadas pelos componentes
fonológico e visuoespaciais da memória de trabalho. Dificuldades de aprendizagem na
matemática podem, assim, estar ligadas ao sistema executivo central, com déficits em funções
como articulação de palavras-número e manipulação de informação na memória de trabalho,
bem como a representação conceitual do tipo magnitude de número, além da representação e
manipulação de informação matemática que é apresentada de uma forma espacial
(DEHAENE, COHEN, 1997). O propósito deste estudo é mapear o conhecimento sobre as
variáveis cognitivas que influenciam na ansiedade matemática por meio de uma revisão
sistemática sobre o tema, a fim de contribuir para fortalecer o modelo da aprendizagem
matemática, verificando a relação entre o sistema cognitivo e seus componentes e a influência
de aspectos emocionais. Propõe-se, por meio da revisão de literatura sobre o tema em forma
de estado do conhecimento, investigar as evidências existentes sobre a influência da
ansiedade matemática na memória de trabalho e no controle inibitório. Além disso, a
ansiedade matemática é um tema ainda pouco pesquisado do Brasil, sendo a investigação da
interação entre os aspectos emocionais e cognitivos e como eles interferem no desempenho da
matemática é uma das justificativas para esse estudo. Método: De modo a sistematizar

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65

indicativos da relação entre ansiedade matemática, memória de trabalho e controle inibitório,


buscou-se revisar a literatura produzida sobre o tema. Os artigos foram selecionados a partir
da busca na base de dados Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). A busca utilizou os seguintes
descritores: "ansiedade matemática" como descritor principal, e “memória de trabalho”
e“controle inibitório”, durante o período de 2008 a 2018. Para a pesquisa de estudos
internacionais foram utilizados os termos correspondentes a língua inglesa: “math anxiety”
como descritores principais, e “work memory”, “inhibitory control”. Os critérios de inclusão
dos estudos foram: a) tipo de estudo, sendo selecionados estudos de caráter empírico; b) ser
escrito em língua inglesa ou portuguesa; c) possuir em seu título ou resumo pelo menos uma
das palavras-chave utilizadas para a busca; d) possuir resumo que relacione a ansiedade
matemática à memória de trabalho, controle inibitório e outras funções executivas. Os artigos
foram pré-selecionados considerando a adequação aos critérios por meio da análise do título e
do resumo. Ao final da pesquisa, 11 artigos foram selecionados no total. Observou-se, de
acordo com os dados da plataforma BVS, que o ano de maior produção sobre o tema foi
2016. Além disso, percebeu-se que dentre os estudos selecionados, a maioria se relaciona à
interação entre ansiedade matemática e memória de trabalho, mesmo que esse não seja o tema
principal do estudo. Enquanto isso, apenas dois estudos citam diretamente o controle
inibitório e descrevem sua relação com a ansiedade matemática. Observou-se que os temas
encontrados podem se dividir em três tópicos: (1) Estudos sobre a relação entre ansiedade
matemática e memória de trabalho; (2) Estudos sobre a relação entre ansiedade matemática e
controle inibitório; (3) Estudos sobre manejo de um quadro de ansiedade matemática. Todos
os artigos analisados descreveram em seus resultados uma relação entre a ansiedade
matemática e memória de trabalho. Trezise e Reeve (2014) apontaram que indivíduos com
alta capacidade de memória de trabalho e baixa ansiedade obtiveram bons resultados em
solucionar problemas algébricos. Já indivíduos com capacidade baixa de memória de trabalho
e altos índices de ansiedade obtiveram baixos resultados na solução de problemas. Outros
estudos apontaram evidências de uma ligação entre a ansiedade matemática e habilidades
numéricas básicas, e fortalecendo a ideia de que certas características do processamento de
números de baixo nível, constituem um fator de risco potencial de ansiedade matemática
(MALONEY et al., 2010; GEORGES, HOFFMANN, SCHILTZ, 2016). Hartwright et al.
(2008), uscaram identificar os correlatos cerebrais estruturais da Ansiedade Matemática. Em
seus resultados, os autores identificaram que o aumento de Ansiedade Matemática estava
associado à redução de atenção, memória de trabalho e desempenho em matemática.
Mammarella et al. (2015) também apontaram para a memória de trabalho verbal como um
componente influenciado pela ansiedade matemática. O tipo de tarefa utilizada para avaliar
memória de trabalho possui influência nessa associação. Buelow e Frakey buscaram examinar
a relação entre ansiedade matemática, ansiedade geral, desempenho em aritmética, e as três
tarefas do Índice de Memória de Trabalho da WAIS-IV (Wechsler Adult Intelligence Scale):
Dígitos, Aritmética e Sequenciamento de Números e Letras. Os resultados indicaram que a
ansiedade matemática previu o desempenho na Aritmética, mas não os outros dois subtestes
utilizados. Além disso, a ansiedade matemática foi apontada por Mattarella-Micke et al.
(2011) como um componente decisivo para o nível de cortisol influenciar ou não desempenho
em matemática, em indivíduos com bom funcionamento da memória de trabalho. Os achados
sobre ansiedade matemática e controle inibitório apoiaram a hipótes da Teoria de Controle
Atencional indicando que indivíduos com alta ansiedade matemática possuem dificuldades
particulares para se concentrar em informações relevantes para a tarefa em situações de
interferência, bem como inibir informações irrelevantes. (GEORGES, HOFFMANN,
SCHILTZ, 2016; PASSOLUNGHI et al., 2016) Hartwright et al. (2008), ao investigar os
correlatos cerebrais estruturais da ansiedade matemática, também apontaram que o aumento
da ansiedade matemática, segundo os exames de neuroimagem, foi associado com redução da
massa cinzenta no sulco intraparietal anterior esquerdo. Esta região também foi associada à
atenção, sugerindo que as diferenças na morfologia podem basear diferenças atencionais, em
parte manejadas pelo controle inibitório.Sobre as estratégias de manejo para ansiedade
matemática, foram apontadas três tipos de intervenção eficazes: uso de estratégias avançadas
de resolução de problemas (RAMIREZ ET AL., 2016); uso de escrita expressiva (PARK,

Anais do XVII Congresso Brasileiro de Neuropsicologia da SBNp



66

RAMIREZ, BEILOCK, 2014); e uso de estratégias de Mindfulness (BELLINGER,


DECARO, RALSTON, 2015) Conclusões: Por meio dos resultados identificou-se uma forte
relação entre o quadro de ansiedade matemática e aspectos cognitivos. A influência da
ansiedade matemática na memória de trabalho tem sido constatada como um consenso na
literatura. Os resultados obtidos fortalecem tal afirmação, uma vez que todos os estudos
analisados neste trabalho descrevem a hipótese de que a ansiedade matemática rouba recursos
cognitivos da memória de trabalho utilizados para a resolução de problemas matemáticos.
Além disso, o controle inibitório, assim como os processos atencionais em geral, também tem
demonstrado influenciar os casos de ansiedade matemática. Os estudos encontrados nesta
pesquisa que citaram e analisaram esta função executiva corroboram para evidenciar a Teoria
do Controle Atencional, a qual afirma que a ansiedade matemática acaba sobrecarregando a
cognição por dificultar a inibição de estímulos ameaçadores ou distratores. Observa-se
também, que alguns estudos têm se dedicado a compreender e testar mecanismos de manejo
do quadro de ansiedade matemática. Constatou-se que esses estudos de caráter interventivo
também têm evidenciado a relação entre a ansiedade e a cognição. Em relação aos estudos
analisados, foi demonstrado que tanto o uso da escrita expressiva, quanto mindfulness ou de
estratégias de solução de problemas, podem ser relacionados à uma desobstrução da memória
de trabalho e de mecanismos atencionais que possuem um papel importante no desempenho
em matemática. Ressalta-se que, mesmo utilizando descritores em língua portuguesa, não
foram encontrados estudos brasileiros que associassem a ansiedade matemática à fatores
cognitivos. Tal achado demonstra a ansiedade matemática como um tema ainda pouco
explorado na literatura nacional. Além disso, é apontada a necessidade de uma pesquisa mais
aprofundada, com a utilização de outros descritores bem como variadas bases de dados.

Número: 105
Título: ASSOCIAÇÃO ENTRE SÍNDROME METABÓLICA E FUNÇÃO COGNITIVA:
UMA ABORDAGEM METODOLÓGICA DE REVISÃO SISTEMÁTICA COM
METANÁLISE
Autores: Alexandre Marcelo Hintz, Edilane Argolo de Jesus Marques, Yasmine Silva Santos,
Isaac Suzart Gomes Filho, Cíntia Ribeiro Martins, Ana Claudia Morais Godoy Figueiredo e
Simone Seixas da Cruz
Resumo: A Síndrome Metabólica é um conjunto de alterações do metabolismo, de forte
relação com desfechos desfavoráveis em saúde, a exemplo do aumento do risco de doenças
cardiovasculares. Dentre muitos fatores relacionados a síndrome metabólica, destaca-se a
função cognitiva que representa uma gama de processos cerebrais ligados à aquisição,
armazenamento, retenção e uso do conhecimento. Objetivo: Analisar sistematicamente a
relação entre a síndrome metabólica e a função cognitiva com ênfase na abordagem
metodológica. A busca dos estudos foi realizada nas principais bases de dados (Medline,
Cochrane, SciELO e Lilacs), na literatura cinzenta e nas listas de referências dos artigos
selecionados. Todos os tipos de desenho de estudo epidemiológico que avaliaram a
associação entre a síndrome metabólica e a função cognitiva e que atenderam os critérios de
elegibilidade foram incluídos na revisão, sem limite quanto ao idioma ou data da publicação.
Três revisores, de forma independente, realizaram a seleção dos artigos e extração dos dados.
Análise de heterogeneidade dos estudos, análises de subgrupo e metanálises com modelo de
efeitos randômicos foram realizadas. Para estimar a medida de associação sumária a Odds
Ratio ajustada, com respectivos intervalos de confiança a 95%, foi empregada. A inspeção
visual de gráficos foi utilizada para avaliar viés de publicação. Um total de 3.062 artigos
foram identificados, dos quais 21 foram selecionados para a revisão sistemática e quatro para
as metanálises. A síndrome metabólica se associou à função cognitiva com medida de
associação sumária ajustada de OR = 1,78 (IC95%: 1,38 – 2,29) e I2 de 64,7%, representando
alta inconsistência entre as investigações. A síndrome metabólica se mostrou como um fator
associado para a função cognitiva, embora os estudos existentes sobre o tópico apresentem
ainda achados pouco consistentes devido, principalmente, ao critério de definição da função
cognitiva global e seu valor de referência para o comprometimento da cognição.

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Número: 106
Título: AVALIAÇÃO TRANSDISCIPLINAR DE DEMANDAS DO
NEURODESENVOLVIMENTO: O CASO DO SERVIÇO ESPECIALIZADO EM
DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM (SEDA)/UFU
Autores: Tatiane Santana Prado Ferraresi, Marina Celestino, Liliane Ramone, Margot
Pacheco, Nívea de Macedo Oliveira Morales, Jeanny Joana Rodrigues Alves de Santana
Resumo: A avaliação especializada do neurodesenvolvimento é aspecto fundamental para
identificação de déficits cognitivos sutis, e, também, quando a complexidade da interação
entre sinais, sintomas e fatores de risco demanda diagnóstico diferencial. O estudo teve como
objetivo descrever o funcionamento de serviço transdisciplinar voltado para avaliação de
escolares com queixas cognitivas e comportamentais que têm impacto na aprendizagem.
Participam da equipe neurologista, pediatra, fonoaudióloga, pedagoga e psicólogas. As
docentes da Medicina e Psicologia orientam estudantes de graduação, pós-graduação e
profissionais voluntários da comunidade em ações de ensino, pesquisa e extensão vinculadas
ao serviço. O método para planejamento do funcionamento do serviço envolveu revisões
teóricas sobre atuação interdisciplinar em avaliação neurocognitiva; treinamento da equipe
em centros de assistência; reuniões com gestores municipais da saúde e educação e
formulação de plano de ação com equipe. Como resultado destes esforços foi desenvolvido
um fluxo de atendimentos no qual se intenta que o contato inicial para descrição da queixa
ocorra em interconsulta, na qual serão decididos os encaminhamentos para avaliações dos
especialistas. Os dados de todos destes protocolos são discutidos em reunião da equipe
(global). Neste momento são abordadas hipóteses diagnósticas, recomendações terapêuticas e
intervenções psicossociais. É produzido um relatório interdisciplinar que posteriormente é
apresentado aos responsáveis pelo paciente em entrevista devolutiva. De modo preliminar
notam-se benefícios do serviço nos desfechos clínicos, mas dificuldades em executar o plano
devido a contingente humano limitado, acesso a instrumentos e trabalho em rede com os
dispositivos de saúde e educação. As perspectivas futuras envolvem aprimoramento das
técnicas de avaliação baseadas em evidências e fortalecimento do apoio de gestores públicos
visando promoção da saúde integral da infância e adolescência.

Número: 108
Título: DISCALCULIA DO DESENVOLVIMENTO: DIFERENÇAS QUANTO AO
GÊNERO EM COGNIÇÃO NUMÉRICA E ANSIEDADE À MATEMÁTICA
Autores: Liene R. Rossi; Jéssica M. do Nascimento; Flávia Heloísa Dos Santos
Resumo: Alguns estudos sugerem diferenças quanto ao gênero entre os casos de Discalculia
do Desenvolvimento (DD) e a ansiedade à matemática. Estudar a prevalência de ambos é
importante devido à possível co-ocorrência e seu impacto na remediação das dificuldades de
aprendizagem da matemática. Em nosso país há poucos estudos sobre a prevalência de DD e
de ansiedade à matemática baseados na avaliação neuropsicológica por meio de testes
cognitivos e escalas comportamentais. Caracterizar o perfil neurocognitivo de escolares com
DD e determinar a prevalência dos déficits em cognição numérica e de ansiedade à
matemática quanto ao gênero. Método: Estudo transversal em duas fases: triagem e avaliação
diagnóstica. Foram triadas 522 crianças regularmente matriculadas no terceiro e quarto ano
do Ensino Fundamental de escolas públicas do município de Bauru. Os estudantes foram
avaliados por medidas objetivas de desempenho escolar, raciocínio lógico e abstrato,
cognição numérica e escala de ansiedade à matemática. Quarenta e três escolares de 8 a 10
anos, de ambos os gêneros, exibiram perfil de DD. A amostra foi caracterizada por raciocínio
abstrato médio, dificuldades no desempenho escolar quanto a escrita e aritmética, com
pontuações abaixo do esperado dadas idade e ano escolar, capacidade leitora satisfatória,
níveis acentuados de ansiedade à matemática, e prejuízos na cognição numérica. Os níveis de
ansiedade à matemática foram classificados como moderados e mais frequentes em meninas.
A prevalência de DD foi ligeiramente mais alta do que em estudos internacionais, o que pode
ser explicado pela adoção de dois critérios diagnósticos. Apesar da prevalência de DD ter sido
maior em meninas, a pontuação dos meninos com DD foi similar, indicando a equivalência

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entre os gêneros quanto ao rendimento. A ansiedade à matemática exacerbada sugere a


necessidade de intervenções que considerem o funcionamento emocional das crianças.

Número: 109
Título: ELABORAÇÃO DOS ITENS DE UMA TAREFA DE COMPREENSÃO DE
IRONIA VERBAL – EVIDÊNCIAS DE VALIDADE DE CONSTRUTO
Autores: Sergio Duarte Junior; Maity Siqueira; Tamara Melo de Oliveira; Laura Baiocco;
Caroline Girardi Ferrari; Nichele Lopes
Resumo: A ironia verbal é um fenômeno multidimensional que recruta diferentes acepções
teóricas, dificultando a precisão conceitual durante a elaboração de itens para uma tarefa de
avaliação da compreensão do fenômeno. A linguística, a neuropsicometria e a psicologia
oferecem as perspectivas teóricas e o método experimental se fundamenta na psicolinguística.
A tarefa aqui descrita é parte do Teste de Compreensão de Linguagem Figurada
(COMFIGURA), que inclui tarefas já validadas de compreensão de metáfora, metonímia,
expressão idiomática e provérbio. O objetivo deste estudo é apresentar o processo de
elaboração dos itens que irão compor uma tarefa de compreensão de ironia verbal. No estudo
piloto 1 participaram 40 crianças, com idades entre 6 e 11 anos (M=8,2;DP=1,44) e 52
adultos, com idades entre 18 e 49 anos (M=23,9;DP=6,73). Os participantes responderam a
14 itens divididos quanto ao subtipo de ironia que apresentavam: 9 do tipo contrafactual, 2 do
tipo pergunta, 1 oferta, 1 solicitação exageradamente polida e 1 afirmação verdadeira. As
perguntas feitas aos participantes verificavam se esses entendiam a intenção do falante do
enunciado irônico. Buscou-se avaliar se o participante compreendia o tipo de ato de fala
envolvido na sentença de estímulo. No estudo piloto 2 participaram 7 crianças entre seis e
sete anos (M=6,28;DP=0,45), que responderam 9 itens, ajustados, apenas do tipo de ironia
contrafactual. Na reelaboração dos itens foram considerados diferentes aspectos teóricos
envolvidos na compreensão da ironia verbal, tal como descrito pela Teoria da Pretensa Alusão
(Kumon-Nakamura, Glucksberg & Brown, 1995). O construto foi operacionalizado a partir de
duas dimensões: a) alusão a uma expectativa violada e b) insinceridade pragmática. Uma
dimensão adicional foi incorporada, considerando sua relação já estabelecida com a ironia em
diferentes estudos e sua expressividade em diferentes situações clínicas: c) a habilidade de
teoria da mente, em especial de segunda ordem. Todos os participantes apresentavam
desenvolvimento típico. As análises de juízes realizadas, nas duas etapas, sugerem que a
concepção teórica utilizada no estudo piloto 2 acomoda a amplitude de aspectos linguísticos e
cognitivos envolvidos na compreensão de ironia verbal indicando evidências satisfatórias de
validade de construto.

Número: 112
Título: INTERVENÇÕES NEUROPSICOLÓGICAS PRECOCE-PREVENTIVAS DAS
FUNÇÕES EXECUTIVAS NO CONTEXTO ESCOLAR: INTEGRAÇÃO DOS
PROGRAMAS DE CAPACITAÇÃO DE PROFESSORES E DE ESTIMULAÇÃO EM
CRIANÇAS
Autores: Fernanda Tais Apolo
Resumo: No propósito de fortalecer a interface entre neurociência, neuropsicologia e
educação, pesquisas propõem a criação de programas e intervenções voltadas para área da
neuropsicologia com aplicabilidade no âmbito escolar. Existem estudos voltados aos
professores e outros com crianças visando estimular as habilidades cognitivas. No entanto, até
o momento, parece não existir um estudo integrando essas duas modalidades. Frente a isso,
nesse estudo buscou investigar a efetividade da integração dos programas de capacitação de
professores (CENA) e de estimulação precoce-preventivo em escolares (PENcE) para
estimular as FE e processos correlatos em crianças do 3° do Ensino Fundamental. Seguido,
buscou verificar se houve efeito e transferência para outras habilidades cognitivas.
Participaram desse estudo duas professoras (n= 1 professora no GE e n=1 professora no GC),
ambas lecionam no 3° do ensino fundamental em uma escola pública e 25 crianças, que foram
subdivididas em dois grupos: grupo experimental (GE) (n=12) e grupo controle (GC) (n=13).
O estudo foi conduzido em 4 etapas: (1) implementação do CENA; (2) avaliação pré-

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intervenção das crianças, (3) implementação do PENcE, (4) avaliação pós intervenção das
crianças. Os grupos não se diferenciaram em nenhuma medida na avaliação pré-intervenção.
De um modo geral, na comparação dos grupos, verificou-se o GE apresentou ganhos
significativos de controle inibitório e flexibilidade cognitiva. Houve efeito de transferência
para outras habilidades cognitivas (atenção auditiva, memória episódica de curto prazo,
capacidade de iniciação), sendo que o GE superou o GC. Assim, a integração do CENA e do
PENcE pode ser considerada uma proposta de intervenção que parece proporcionar benefícios
as crianças em idade escolar, com aperfeiçoamento das FE e processos relacionados. As
evidências apresentadas neste estudo corroboram com os resultados de outras pesquisas, as
quais também alcançam efeitos profícuos, além disso, acredita-se que estudos como esse
possibilitam a continuidade do diálogo entre neuropsicologia e educação.

Número: 113
Título: NEUROPSICOLOGIA NA NEFROLOGIA: O PERFIL COGNITIVO DO
PORTADOR DE DOENÇA RENAL CRÔNICA
Autores: Thaís M. Amatneeks; Débora B. Schimidt; Luiza H. R. Cavallet; Jéssica C. dos
Santos; Luana R. de Santi
Resumo: A Neuropsicologia está progressivamente ampliando sua atenção aos diferentes
contextos de atuação. A Nefrologia é um campo complexo, que demanda construção
interdisciplinar de conhecimentos. Estima-se que atualmente existam mais de 122.825
pacientes em tratamento, 92% deles em hemodiálise. Os mecanismos fisiopatológicos que
interferem no comprometimento dos rins possuem similaridades aos processos de
comprometimento cerebral, representando um risco ao desempenho cognitivo. Os déficits
cognitivos tendem a ser subdiagnosticados e podem se converter em má adesão ao tratamento,
aumento nos custos do cuidado e menor qualidade de vida ao paciente. Desse modo, o
objetivo deste trabalho foi identificar o perfil cognitivo do doente renal crônico. Foram
avaliados 168 doentes renais crônicos em hemodiálise, de ambos os sexos. O instrumento
utilizado para avaliação cognitiva foi o Montreal Cognitive Assessment Basic, versão
português (Brasil). As avaliações foram realizadas durante o primeiro mês de
acompanhamento psicológico, que na maioria dos casos coincidiu com o início do tratamento.
Da amostra 58,93% são homens, com idade média de 54,32 anos, 30,95% possuem ensino
fundamental incompleto. Dos avaliados, 54,17% apresentaram comprometimento cognitivo.
Foi evidenciado pior desempenho com relação à cognição dos pacientes renais crônicos nas
funções executivas com apenas 32,34%, seguida pela evocação tardia, com desempenho de
58,08%. A fluência verbal e a abstração apresentaram cerca de 61% de desempenho. A
orientação apresentou o melhor desempenho, de 93,91%. Destaca-se a presença de
comprometimento cognitivo em parte significativa da amostra. Neste contexto, as
dificuldades nas funções executivas tendem a ser interpretadas de forma errônea, sendo
muitas vezes julgados como mal-intencionados ou até acometidos por algum transtorno
psiquiátrico. A avaliação da capacidade cognitiva neste campo é fundamental para nortear o
manejo clínico dos profissionais de saúde. Esses dados podem auxiliar no aprimoramento de
estratégias de orientação e intervenção em função da qualidade de vida do paciente e do
retardo da progressão do quadro de declínio cognitivo. Considera-se, que a atuação na
nefrologia é um nicho em expansão na Neuropsicologia, permitindo ao neuropsicólogo atuar
de modo a promover a autonomia a participação do paciente em seu tratamento.

Número: 116
Título: PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO EM NEUROPSICOLOGIA DO
ENVELHECIMENTO PARA EQUIPES DE SAÚDE (CENEES): ESTUDO PILOTO
Autores: Natalie Pereira; Luana Kubiack da Silva; Gabriela Peretti Wagner; Renata
Kochhann; Rochele Paz Fonseca
Resumo: A capacitação de profissionais da saúde facilita a disseminação e tradução de
conhecimentos inacessíveis para aqueles que não estão inseridos na pesquisa. O objetivo é
apresentar o projeto piloto do CENEES. O programa foi desenvolvido em 2 fases: a primeira
com 4 etapas a) levantamento do referencial teórico, b) construção e esboço do CENEES, c)

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analise de juízes e d) reformulações após juízes. A segunda fase composta de 2 etapas: a)


grupo focal com participantes e b) estudo piloto. O CENEES contém quatro módulos
divididos em dois encontros cada um de mais ou menos uma hora e meia de duração, sendo
um encontro semanal. Os módulos são: 1. Pilares do Conhecimento; 2. Memória; 3. Funções
Executivas e 4. Comunicação. Cada encontro foi dividido em PARTE A (15 min - revisão do
encontro anterior -exceto no primeiro dia- e aplicação do quiz de conhecimento), PARTE B
(45 min - novo tópico e dinâmica), PARTE C (15 min - revisão do encontro e aplicação do
quiz da PARTE A) e PARTE D (10 min - combinações e tarefas da semana). Participaram 7
agentes comunitários de saúde (ACS) de uma Unidade Básica de Saúde da região
metropolitana de Porto Alegre com média de idade de 38,14±10,74, de escolaridade
11,00±1,73 e escore total de hábitos de leitura e escrita 28,29±9,92. Para a análise de
desempenho dos participantes um quiz com perguntas sobre o conteúdo de cada encontro foi
construído e aplicado na PARTE A(pré) e PARTE C(pós) além de um quiz de consolidação
duas semanas após finalização do módulo, exceto para o módulo de comunicação que foi
aplicado uma semana após. O teste de Friedman (p≤0,05) demonstrou no módulo 1 [x2(2)=
5,429; p=0,06] uma tendência de diferença significativa; módulo 2 [x2(2)= 10,571; p<0,01,
ŋ2=0,79] sendo pós melhor que pré (p=0,02) e consolidação melhor que pré (p=0,10); módulo
3 [x2(2)= 5,040; p=0,08] e módulo 4 [x2(2)= 8,583; p<0,01, ŋ 2=0,82] pós melhor que pré
(p<0,01). Os dados são preliminares mas percebe-se que nos conceitos mais usuais a toda
população os participantes foram capazes de aprender e manter o aprendizado após
finalização dos mesmos. Talvez os módulos 1 e 3 possam ser revisados intra-módulos.
Entende-se que a capacitação das equipes de saúde para o manejo diário com a população
idosa pode auxiliar nos diagnósticos e intervenções precoces desta população.

Número: 117
Título: VIOLÊNCIA DOMÉSTICA: SINFONIA IRÔNICA DO AMOR, IMPACTOS
EMOCIONAIS E COGNITIVOS
Autores: Ana Paula C. Hungaro; Antonio de Pádua Serafim
Resumo: Historicamente a violência contra a mulher é tratada pela perspectiva do
silenciamento e naturalização no cotidiano. Contudo esse cenário está gradativamente se
modificando através dos movimentos sociais e com as convenções internacionais, dando
abertura para novas políticas públicas para essa problemática que transcendeu varias gerações
até a atualidade (Moura et al, 2009). Em 1975 foi declarado oficialmente pela ONU, o Ano
Internacional da Mulher, juntamente com o reconhecimento da questão da mulher como
problema social (Sarti, 2001). Somente no final do século XX que no Brasil a violência contra
mulher passou a ser considerada politicamente como violação aos direitos humanos (Moura et
al, 2009). A Lei 11.340, Lei Maria da Penha, surgiu no dia 7 de agosto de 2006, é um reflexo
de conquistas históricas do movimento feminista no Brasil. Reforça Narvaz e Koller (2006),
que a violência contra a mulher não é mais uma questão privada, visto que sua gravidade
coloca a situação no âmbito público e que demanda preocupação social. A violência é
caracterizada como toda relação na qual existe abuso de poder, que pode se manifestar de
diversas formas, tais como: violência física, psicológica, sexual, patrimonial e moral.
Violência doméstica é entendida como a prática de violência contra a mulher por parceiros
que tenham uma relação afetiva e sexual, independente se essa relação é legalizada ou
orientação sexual (Narvaz e Koller, 2006). A Organização Mundial de Saúde define a
violência contra mulher como um problema de saúde pública (Kronbauer e Meneghel, 2005).
Visto que existe enorme probabilidade da mulher vítima de violência apresentar diversos
tipos de comorbidades psiquiátricas vinculados ao histórico de abuso sofrido, com possíveis
alterações cognitivas e afetivas (Mozzambani et al, 2011). Entretanto é importante ressaltar
que as vítimas de violência doméstica podem apresentar alguns aspectos na personalidade que
revele maior submissão, assujeitamento, passividade e inibições (Narvaz e Koller, 2006).
Com grande possibilidade de ter prejuízos em longo prazo na sua autoestima e autoimagem
(Mozzambabi et al, 2011) Frente a essa problemática, é necessário um olhar além do próprio
fenômeno, na tentativa de compreender a complexa articulação entre os aspectos de gênero e
de poder na dinâmica das relações violentas (Narvaz e Koller, 2006). Para uma melhor

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compreensão, é necessário perceber as condições objetivas e subjetivas que são geradas nas
relações sociais (Santos e Oliveira, 2010). O objetivo desta pesquisa foi analisar o
desempenho cognitivo e investigar as dimensões da personalidade em mulheres vítima de
violência doméstica. Trata-se de um estudo de natureza descritiva. Visto que a pesquisa teve
como base aplicação de testes que possibilitam um parecer quanto às funções executivas e a
avaliação da personalidade. A amostra da presente pesquisa foi composta por seis mulheres
vítimas de violência doméstica da Zona Sul de São Paulo. Foram incluídas no estudo todas as
mulheres que concordaram e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido,
previamente aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (FMUSP). Foram considerados para o grupo de pesquisa os
seguintes critérios de inclusão: ser mulher vítima de violência doméstica e ter idade entre 20 e
50 anos. Os seguintes critérios de exclusão também foram considerados: abuso de álcool e\ou
outras drogas; presença de quadro depressivo; apresentando alterações cognitivas e visuais
que impedissem a realização dos testes neuropsicológicos. Primeiro foram aplicados os
instrumentos que avaliam o desempenho cognitivo, tais como: Wisconsin, Semelhanças,
Dígitos, Cubos e Vocabulário. Em seguida o teste de avaliação da personalidade: As
Pirâmides Coloridas de Pfister. Mediante investigação da avaliação do desempenho cognitivo,
foi possível analisar que existem oscilações quanto o desempenho nos testes de modo geral.
Apresentando no resultado de cada avaliação a existência de prejuízos nas funções executivas
em algumas das participantes, contudo, não é possível determinar que tais prejuízos sejam
decorrentes do processo de violência vivenciado, visto que não temos parâmetros que medem
o desempenho cognitivo antes da exposição à violência doméstica. Iniciaremos a análise
avaliando os resultados obtidos quanto ao uso das cores do grupo composto por mulheres
vítimas de violência doméstica, onde apresentaram um rebaixamento significativo da
porcentagem de utilização da cor laranja. Visto que o baixo uso dessa cor pode revelar
repressões, inibições, influenciabilidade ou submissão (Villemor-Amaral, 2012). Com relação
ao aspecto formal, encontramos nas participantes um aumento significativo nas formações em
camadas. Nesse tipo de formação as cores são dispostas em camadas por uma cor ou
tonalidade. As formações em camadas podem ser: monotonais, quando constituída por
somente um único tom; monocromáticas, quando constituídas por uma cor e seus vários tons;
ou multicromática, quando cada camada é feita de uma cor. Sendo que esse tipo de formação
proporciona indícios de imaturidade no trato com as emoções e manejos defensivos, podendo
ser de um nível mais grave de inibição e retraimento a um estilo sensível, entretanto mais
reprimido na ação (Villemor-Amaral, 2012). Os dados mostram que a maioria da amostra
apresenta uma organização da personalidade mais imatura, com pouca capacidade de reação
ao ambiente e aspectos de astenia psíquica. O que parece estar ligado às características de
submissão e incidir a passividade. Bem como, não há movimento para buscar equilíbrio e
apresenta pouco uso da capacidade intelectual, o que geraria mais angústia. Foi possível
evidenciar, a partir da pesquisa realizada, a complexidade que envolve a violência doméstica
contra mulher, que permeia ao senso comum, envolvendo questões culturais, gênero e abuso
do poder (Narvaz e Koller, 2006). Através de instrumentos que avaliam o desempenho
cognitivo, foi constatado variações nos resultados dos testes. Apresentando a existência de
prejuízos cognitivos, porém impossibilitando a afirmação de que tais prejuízos são
decorrentes da exposição à violência, uma vez que não existem parâmetros de medida do
desempenho cognitivo antes da violência sofrida. Nesse estudo podemos identificar a
gravidade dos prejuízos emocionais que as mulheres vítimas de violência doméstica
apresentam. Embora a pesquisa apresente pontos considerados fracos, como o pequeno
número de mulheres avaliadas e pelo fato de não ter sido realizada uma avaliação de
personalidade antes da exposição à violência, contudo foram utilizadas escalas validadas e
embasadas na literatura. Com isso, entendemos que os resultados aqui descritos permitem
fazer afirmações quanto à alta probabilidade de mulheres vítimas de violência doméstica
apresentarem uma personalidade mais fragilizada, com aspectos de passividade e submissão.
Atingindo assim o objetivo desta pesquisa e a hipótese dessa pesquisa. Frente à gravidade que
essa demanda apresenta, mostra a necessidade de investigações cientificas, para maior
exploração da complexidade dessa temática, assim contribuindo com levantamento de

Anais do XVII Congresso Brasileiro de Neuropsicologia da SBNp



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maiores recursos científico para o trabalho com as vítimas e fornecer embasamentos a


projetos de prevenção a violência doméstica.

Número: 118
Título: AMANHÃ EU FAÇO - CONTRIBUIÇÕES DA REABILITAÇÃO
NEUROPSICOLÓGICA NA INTERVENÇÃO DE COMPORTAMENTO
PROCRASTINADOR E DIFICULDADE EM GESTÃO DO TEMPO EM INDIVÍDUOS
TÍPICOS
Autores: Daniela Rosa de Oliveira Costa; Marina Nery Machado Barbosa
Resumo: Procrastinar é um comportamento comum à muitas pessoas,envolve aspectos
comportamentais ambientais, processos cognitivos e metacognitivos. Apresentando-se de
forma persistente, traz impactos sobre a gestão do tempo e a produtividade. A Reabilitação
Neuropsicológica (RN) visa reduzir os efeitos de déficits cognitivos que comprometem um
desempenho adequado, pode-se utilizar suas estratégias para melhorar a performance de
indivíduos que apresentam dificuldades relacionadas à procrastinação e gestão do tempo.
Verificar a eficácia da RN em um grupo de sujeitos típicos, que consideram o próprio
comportamento procrastinador como um problema à sua funcionalidade. Check list baseado
nas queixas do grupo, escala de procrastinação,ADT,BFP,TesteD2,FDT,TIG-NV e a
Resolução de Problema Complexo.Sujeitos:5 indivíduos de ambos os sexos, idade média 30
anos, ensino superior completo ou incompleto, sem diagnóstico neurológico ou psiquiátrico,
com queixas de prejuízos funcionais decorrentes da procrastinação. Aceitação voluntária dos
participantes e assinatura do TCLE;02 atendimentos individuais iniciais para avalição;13
encontros semanais realizados em grupo, cada um com média de 90 minutos, estruturados a
partir do programa de reabilitação neuropsicológica desenvolvido de acordo com o
comprometimento dos participantes. Ao final do programa os participantes preencheram
novamente as escalas ADT e de procrastinação. Após 15 dias foi realizado um fallow up e a
apresentação dos resultados ao grupo. Os resultados indicam melhora funcional no
comportamento com relação à procrastinação e gestão do tempo, pois houve: aumento do
número de atividades planejadas e executadas; diminuição de atividades adiadas e da
realização das desnecessárias em detrimento das necessárias; predomínio da pontualidade nos
compromissos e redução no tempo de atraso nos encontros em grupo. Por meio de uma
análise qualitativa, observou-se melhora no controle inibitório, flexibilidade cognitiva,
planejamento e organização, assim como nos aspectos metacognitivos.Com base nos
resultados apresentados, verificou-se que a RN contribuiu para a melhora do desempenho
relacionado à gestão de tempo e diminuição da procrastinação.

Número: 119
Título: ANÁLISE DO EFEITO DE DURABILIDADE DE UM TREINAMENTO
MULTIMODAL SOBRE MEDIDAS COGNITIVAS EM IDOSOS
Autores: Lucas Matias Felix; Marcela Mansur-Alves; Mariana Teles Santos Golino; Heitor
Blesa Farias
Resumo: O envelhecimento cerebral está amplamente associado à perda de diferentes
funções cognitivas, como: memória, atenção, dentre outras. O declínio cognitivo inerente ao
processo de envelhecimento saudável pode interferir diretamente na rotina dos idosos e afetar
a sua capacidade de autonomia. Por conseguinte, destaca-se a relevância das investigações
que anseiam por explicar como prevenir o comprometimento cognitivo durante o
envelhecimento. Os impactos dessas intervenções sobre o desempenho mental de idosos tem
sido foco de interesse crescente na psicologia e na neuropsicologia. O presente trabalho tem
como objetivo apresentar os resultados preliminares da condução de um estudo de follow-up
(3anos) para investigação do efeito de durabilidade de um programa de treinamento
cognitivo. Participaram deste estudo 50 idosos de ambos os sexos (média de idade = 70,38
anos, DP = 7,77; média de escolarização = 5,76 anos, DP = 4,51). As medidas cognitivas
utilizadas nos exames de acompanhamento foram: tarefas de memória episódica lista de
supermercado e seis subteste da Escala Wechsler de Inteligência para Adultos (Dígitos,
Completar Figuras, Aritmética, Procurar Símbolos, Raciocínio Matricial e Códigos). Para

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avaliação do efeito de durabilidade, comparou-se o desempenho dos dois grupos nas medidas
psicométricas em diferentes tempos através da análise Aligned Rank Transform ANOVA
para medidas repetidas não paramétricas. Os resultados preliminares apontaram que para o
fator tempo:grupos, todas as medidas apresentam efeitos significativos, como: Dígitos (F[4] =
12.11, p = 0.00008, n² = 0.20); Completar Figuras (F[4] = 18.35, p = 0.00000000000008, n² =
0.28); Aritmética (F[4] = 13.11, p = 0.00001, n² = 0.21); Procurar Símbolos (F[4] = 6.91, p =
0.00003, n² = 0.13); Raciocínio Matricial (F[4] = 7.67, p = 0.00009, n² = 0.14); Códigos (F[4]
= 15.97, p = 00002, n² = 0.25); Memória Episódica Lista (F[4] = 32.95, p = 00002, n² = 0.40);
Memória Episódica História (F[4] = 25.24, p = 00001, n² = 0.34). Contudo, o post-hoc de
Tukey revelou efeitos significativos de durabilidade em função dos grupos para as medidas de
Dígitos, Completar Figuras e Aritmética, com tamanhos de efeitos médios segunda o cálculo
de Eta- quadrado. Os resultados apresentados são provenientes de análises preliminares, mas
já demonstram a relevância do desenvolvimento de intervenções para idosos.

Número: 120
Título: APRESENTAÇÃO DE PROTOCOLO DE PSICOEDUCAÇÃO E SUPORTE,
REALIZADO POR TELEFONE, NO AUXÍLIO DE CUIDADORAS DE PACIENTES COM
DEMÊNCIA EM ACOMPANHAMENTO AMBULATORIAL ESPECIALIZADO
Autores: Andressa Hermes Pereira, Patrícia Ferreira da Silva, Pedro Alves Fagundes,
Matheus Canellas Fonseca Barbosa dos Santos, Renata Kochhann, Artur Schuh
Resumo: As demências são típicas da população idosa e comprometem a capacidade de viver
independentemente, tornando necessário suporte constante de cuidadores. Os cuidadores
sofrem prejuízos na saúde devido à sobrecarga com os cuidados. Em diversos países,
intervenções presenciais e via telefone têm sido desenvolvidas para suporte de cuidadores,
demostrando diminuição da sobrecarga, sintomas ansiosos e depressivos. O objetivo é
apresentar um protocolo de psicoeducação e suporte, realizado por telefone por acadêmicos
de psicologia, para cuidadoras de pacientes com demência. Trata-se de um ensaio clínico
randomizado, paralelo e cegado. Serão incluídas cuidadoras familiares do paciente em
acompanhamento ambulatorial com demência de qualquer etiologia e gravidade com, no
mínimo, 6 meses de cuidados e escolaridade mínima de 4 anos. Pacientes com prejuízo
funcional significativo relacionado a outras enfermidades e planos familiares de colocar o
paciente em lar de longa permanência nos próximos 10 meses serão excluídos. As cuidadoras
serão randomizadas em um grupo intervenção e um grupo controle. O grupo intervenção
receberá 8 ligações, uma por semana. As primeiras 4 ligações abordarão o funcionamento do
programa, educação da doença, comunicação com o paciente, comportamentos
problemáticos, cuidados com as cuidadoras e modificações no ambiente. As outras 4 semanas
retomarão conteúdos anteriores de acordo com as demandas da cuidadora. Além dos
conteúdos, todas as 8 ligações estarão abertas para demandas. O grupo controle receberá uma
cartilha com esclarecimentos dos cuidados. Os entrevistadores serão cegados e aplicarão três
entrevistas com as cuidadoras: a primeira no início do estudo; a segunda após 8 semanas
(imediatamente após o período de intervenção); e a terceira após 16 semanas. O desfecho
primário será a sobrecarga de doença avaliada pela escala de Zarit (escore baixo de 2,0 a 7,0;
moderado de 9,3 a 14,0; alto de 18,5 a 30,0 e severo de 33,0 a 53,0). O estudo está em
andamento tendo um total de 83 cuidadoras incluídas até o momento. Espera-se que a
intervenção possa diminuir parte da sobrecarga que cuidadoras de pacientes demenciados
apresentam e que os resultados desse estudo possam resultar em programas de saúde pública
que melhorem o suporte a famílias.

Número: 121
Título: AS CONTRIBUIÇÕES DA INTERVENÇÃO COGNITIVA EM PACIENTE COM
AFASIA PROGRESSIVA PRIMÁRIA VARIANTE LOGOPÊNICA
Autores: Alan Ehrich de Moura; Mariana das Neves Lopes; Tiago Amorim da Costa; Beatriz
Araujo Pessoa; Flavia Souza de Almeida; Bernardino Fernández Calvo
Resumo: A Afasia Progressiva Primária (APP) é uma patologia rara de início gradual e curso
progressivo, que afeta principalmente o domínio da linguagem. A APP pode ser dividida em

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três variantes – agramática, semântica e logopênica – baseadas em características específicas


da fala e linguagem de cada subtipo. Estratégias não farmacológicas têm emergido para
auxiliar no tratamento de sujeitos com APP. Nesse contexto, a Intervenção Cognitiva (IC)
pode ser útil ao estimular tantos os aspectos linguísticos preservados como os
comprometidos, minimizando o impacto do distúrbio da linguagem nas Atividades de Vida
Diária (AVD’s) do paciente. Este estudo teve como objetivo investigar os efeitos da IC em
um paciente com APP variante logopênica. Trata-se de um homem de 49 anos com
dificuldade de acesso ao vocabulário (fala espontânea e denominação por confrontação), erros
na repetição de frases e discurso pouco fluido. A IC incluiu atividades lúdicas, psicoeducação
e treinos cognitivos para funções específicas, como a linguagem (compreensão, expressão,
denominação e associação), memória (semântica e episódica), percepção, funções executivas
e atenção. Foram realizadas 32 sessões, com duração de 1 hora cada, na Clínica-Escola de
Psicologia da Universidade Federal da Paraíba. O paciente foi submetido à avaliação
cognitiva antes e depois da IC, através de testes de rastreio, bateria neuropsicológica
semiestruturada e escalas funcionais. Os resultados das avaliações revelaram estabilização
nos escores e aumento de 23% da iniciativa para a realização das AVD’s. Esse dado foi
confirmado pela cuidadora que ressaltou a contribuição da IC para a melhora do humor e
motivação do paciente. Conclui-se que a IC beneficiou o paciente nos âmbitos cognitivo,
funcional e emocional, visto que, pequenas alterações nos escores ou estabilização de
algumas funções cognitivas revelam grande ganho na vida de pacientes com doença
neurodegenerativa, como a APP.

Número: 122
Título: AS EVIDÊNCIAS E PERSPECTIVAS DA UTILIZAÇÃO DO ESTIMULAÇÃO
ELÉTRICA TRANSCRANIANA POR CORRENTE CONTÍNUA E TREINO COGNITIVO
EM PACIENTES COM TRAUMATISMO CRANIOECEFÁLICO
Autores: Maíra G. Babo; Vanessa Maria Paglioni, Daniel de Carvalho; Wellingson Silva
Paiva; Ana Luiza Zaninotto
Resumo: Traumatismo cranioencefalico (TCE) é a maior causa de sequelas em adultos
jovens. Devido à escassez de técnicas de reabilitação, a estimulação cerebral não-invasiva
surgiu como modalidade para impulsionar tratamento pó TCE. Verificar a eficácia da
estimulação transcraniana de corrente contínua (ETCC) combinada ao treino cognitivo.
Estudo clinico, duplo-cego, randomizado. Os pacientes serão recrutados no ambulatório de
neurologia do Hospital das Clinicas FMUSP e divididos em três grupos (grupo 1 – ETCC na
região dorsolateral pré-frontal esquerda; grupo 2 – ETCC na região temporal bilateral; grupo
3 – ETCC placebo). Serão 10 sessões de ETCC durante 10 dias (1 sessão por dia durante 2
semanas) concomitante a treino cognitivo para memória episódica e atenção. Todos os
pacientes farão uma avaliação neuropsicológica basal, uma logo após o último dia de ETCC e
treino cognitivo e outra após 3 meses a última de estimulação. Os resultados do estudo piloto
(n=4) mostraram que não houve diferença significativa (Wilcoxon Signed Rank test p>0.05)
na avaliação do humor (Escalas de Ansiedade e Depressão de Beck), e em medidas
neuropsicológicas (BVMT, RAVLT, Stroop, TMT, FAS). O tamanho do efeito foi moderado
(Cohen d=0.35). Apesar dos resultados serem não significativos devido ao pequeno tamanho
da amostra (n=4), o tamanho de efeito foi moderado, indicando um potencial positivo da
ETCC combinada ao treino cognitivo em uma amostra mais ampla de pacientes com TCE
moderado e grave.

Número: 123
Título: CONTRIBUIÇÕES DA AVALIAÇÃO E REABILITAÇÃO
NEUROPSICOLÓGICA EM UM COM DIAGNÓSTICO DE TRANSTORNO
NEUROCOGNITIVO MAIOR: DEMENCIA FRONTOTEMPORAL
Autores: Aline Cristina Monteiro Rossi
Resumo: A avaliação neuropsicológica em casos com diagnóstico de Transtornos
Neurocognitivos (demência) contribui para a identificação do perfil cognitivo, emocional e
funcional do avaliado, o que permite a melhor compreensão do caso e a tomada de decisão

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para condutas com o paciente e família. O objetivo deste trabalho é apresentar os resultados
de uma avaliação neuropsicológica de um caso com diagnóstico de demência frontotemporal
de uma mulher com 65 anos, e as intervenções de reabilitação propostas para o caso. Os
instrumentos utilizados na avaliação foram: Instrumento de Avaliação Neuropsicológica
Breve (Neupsilin); Escala de Inteligência Wechsler para adultos – WAIS 3° Edição; Teste
Não Verbal de Inteligência (R-1); Teste de Cópia e Reprodução de Memória de Figuras
Geométricas Complexas de Rey; Teste de Trilhas Coloridas; Bateria Psicológica para
Avaliação da Atenção; Teste dos Cinco Dígitos, e instrumentos de rastreio e análise
qualitativa, como Questionário de Pfeffer e Mini Exame do Estado Mental. A partir dos
resultados foi possível observar que a avaliada apresentou déficits em atenção, e alterações
consideradas de gravidade importante em linguagem, como redução da fluência, compreensão
e processamento de inferências. Dificuldades em memória, com desempenho considerado de
gravidade importante em memória semântica de longo prazo. Déficits em funções executivas,
como dificuldades em resolução de problemas, fluência verbal; flexibilidade e controle
inibitório (impulsividade); alterações na velocidade de processamento e manipulação de
informações. Apresentou ainda, orientação têmporo-espacial, habilidades aritméticas,
percepção e praxias preservados no início do tratamento. Por fim, o processo de reabilitação
teve como propostas treino cognitivo para funções específicas, orientações para os familiares
sobre o manejo comportamental com a familiar, uma vez que o diagnóstico de uma demência
frontotemporal evidencia alterações significativas em aspectos de personalidade, alterações
das funções executivas como inibição e juízo social, o que trouxe dificuldades de manejo e
aceitação para os familiares.

Número: 124
Título: DESEMPENHO MNEMÔNICO E ATENTIVO EM IDOSO COM AVE PÓS
REABILITAÇÃO COGNITIVA
Autores: Natália A. Amorim; Karina F. Leão; Daniela S. Zanini; Gabrielle G. Mazarão;
Mônica M. Campos; Lisa Paula F. Porto
Resumo: O Acidente Vascular Encefálico (AVE) pode provocar várias consequências
cognitivas. Um estudo apontou que mais da metade dos pacientes após um AVE apresentam
déficit mnemônico. A memória é um processo que envolve a atenção, a decodificação, o
armazenamento e a recordação. O AVE pode afetar essas funções e para recuperá-las é
necessário o processo de reabilitação cognitiva que visa recuperar ou estimular as habilidades
funcionais. Objetivo: Avaliar o desempenho do idoso com AVE após a reabilitação cognitiva,
comparando o desempenho atentivo e mnemônico da primeira avalição com a reavaliação
após reabilitação. Método: Participou da pesquisa, um idoso, sexo masculino,68 anos, vítima
de AVE em março/2015. O paciente realizou a 1ª avalição neuropsicológica em 2017 e após
80 dias iniciou o processo de reabilitação cognitiva por 2 meses. Após 6 meses foi feita a
reavaliação. Utilizou-se os testes neuropsicológicos de Aprendizagem Auditivo Verbal de
Rey para mensurar a memória e a Bateria Psicológica para Avaliação da Atenção para medir
a atenção. Houve melhora no desempenho atentivo concentrado e se manteve os escores na
atenção alternância e geral. Notou-se que apesar do nível de dificuldade ter aumentado na
atenção dividida, o paciente demonstrou melhora funcional. A memória de curto prazo se
mantém dentro do esperado, tanto antes quando após a reabilitação. Pode-se perceber que o
paciente piora os escores na etapa de evocação espontânea, porém é possível verificar uma
melhora nos resultados da etapa de reconhecimento em relação ao benefício de dicas após a
reabilitação, justifica-se também pela aprendizagem de estratégias mnemônicas. Conclui-se,
que é possível inferir que a reabilitação cognitiva após AVE beneficia o indivíduo em tarefas
diárias. Em função de estudos futuros, sugere-se um número maior de participantes após AVE
em processo de reabilitação cognitiva, para melhor correlação estatística das funções
envolvidas.

Número: 125

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Título: EFEITO DE SOFTWARES E PROGRAMAS DE REABILITAÇÃO


COMPUTADORIZADOS EM PACIENTES COM DOENÇA DE ALZHEIMER: UMA
REVISÃO SISTEMÁTICA
Autores: Larissa M. Francisco, Marina Martorelli, Angela teles, Neander Abreu
Resumo: A doença de Alzheimer (DA) é a causa mais prevalente de demência. Programas de
reabilitação cognitiva baseados em computador oferecem algumas vantagens em relação a
tratamentos tradicionais para a DA. O objetivo dessa revisão sistemática foi avaliar o efeito
de softwares e programas de reabilitação computadorizados em amostras diagnosticadas com
DA. A pesquisa foi feita nas bases de dados Pubmed, Cochrane, Embase e Web of science
utilizando os descritores "Doença de Alzheimer", "Neuropsicologia", "Reabilitação
Neuropsicológica”, "Treinamento Cognitivo", “Treinamento Cognitivo baseado em
Computador”, “Cognitivo” e “Computador”. Os critérios de elegibilidade determinaram a
inclusão de estudos de intervenção em participantes diagnosticados com DA e que avaliaram
o uso de estratégias computadorizadas de reabilitação cognitiva. A análise dos resultados foi
elaborada baseada em duas categorias: treinamento cognitivo tradicional em ambiente
computadorizado e programas específicos ou softwares neuropsicológicos. Dez artigos
compuseram os resultados dessa revisão e apontam para evidências de redução do declínio
cognitivo com o uso de técnicas computadorizadas. Em relação à validade ecológica, os
estudos são inconclusivos, apesar de oferecerem várias vantagens sobre os programas
tradicionais, incluindo a capacidade de treinamento individualizado. A despeito da escassez
de estudos, a utilização de softwares ou programas computadorizados para treino cognitivo
mostrou-se mais eficaz do que a utilização de tarefas tradicionais de treino cognitivo em
ambiente computadorizado. Há, entretanto, necessidade de pesquisas futuras já que ensaios
clínicos metodologicamente bem delimitados são escassos e, em sua maioria, inadequados
para aplicação na prática clínica atual.

Número: 126
Título: EFEITOS DO PROGRAMA DE PROMOÇÃO DA SAÚDE BASEADA EM
MINDFULNESS (PSBM) NA QUALIDADE DE VIDA DE FAMILIARES DE PESSOAS
COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL
Autores: Letícia S. Oliveira; Priscila Palomo; Chong A. Kim; Solange Andreoni; Debora G.
Melo; Marcelo M. P. Demarzo
Resumo: Cuidadores familiares são descritos na literatura como população vulnerável a
elevados níveis de estresse e prejuízo na qualidade de vida. A exemplo disso, selecionamos
para compor a amostra desta pesquisa mães de pessoas com deficiência intelectual (DI).
Pensando em técnicas que pudessem contribuir para uma melhor qualidade de vida destas
famílias, associamos mindfulness, que possui vastos estudos comprovando diminuição de
estresse e aumento de qualidade de vida em diversas populações, a cuidadores familiares de
pessoas com a DI. Como não foram encontrados, até o presente momento, estudos realizados
no Brasil relacionando esses dois temas, os resultados poderão colaborar com a ampliação
científica. Objetivo: a pesquisa tem por objetivo verificar os efeitos do programa de
Promoção da Saúde Baseada em Mindfulness (PSBM) na qualidade de vida de mães de
pessoas com DI. Método: será realizado um estudo controlado e randomizado, com medidas
pré-pós intervenção, e uma medida de follow up após seis meses do fim da intervenção.
Amostra: Será composta pelas mães dos 209 atendidos com deficiência intelectual moderada,
adolescentes e adultos do Serviço de Sócioeducação da APAE de São Paulo, excluindo
aquelas que tiverem qualquer problema psiquiátrico em fase aguda e menores de idade, ou
que tenham prática regular de mindfulness ou meditação nos últimos 6 meses. Desfechos e
Instrumentos a serem utilizados: Como desfecho primário será observado a qualidade de vida
do cuidador familiar e como desfecho secundário será observado a sobrecarga do cuidador.
Como variáveis explicativas serão consideradas ansiedade, depressão, funcionalidade e nível
de atenção ao presente momento (mindfulness). Usaremos grupo focal, questionário
Sociodemográfico, Escala de Avaliação de Incapacidades da Organização Mundial de Saúde
– WHODAS 2.0, Hospital Anxiety and Depression Scale HADS, Escala Autocompaixão
Breve, Escala WHOQOL-bref, Escala MAAS, Escala QAQ-SE, Questionário QASCI,

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Avaliação de Quantidade de Práticas e Efeitos Adversos. Procedimento: As mães de pessoas


com DI serão convidadas a participarem do protocolo de pesquisa. Tendo ciência do que se
trata, aceitando participar e assinando o termo de consentimento, irão responder aos
questionários acima identificados, com duração total de aproximadamente 1 hora e 30
minutos. Posteriormente serão randomizadas em dois grupos, no qual um receberá a
intervenção mindfulness e o outro, controle ativo, irá participar de um Treinamento em
Resolução de Problemas. O protocolo de questionários e grupo focal serão realizados antes,
imediatamente depois da realização dos grupos e no follow-up de seis meses. O grupo de
intervenção terá duração de 8 semanas, conforme o programa de Promoção da Saúde Baseada
em Mindfulness (PSBM) e neste mesmo período ocorrerá o grupo controle ativo. Hipóteses e
resultados esperados: Espera-se que mindfulness colabore para a melhora da qualidade de
vida desta população, e assim possamos contribuir para o incremento científico no tema.

Número: 127
Título: EFICÁCIA DA INTERVENÇÃO COGNITIVA NO COMPROMETIMENTO
COGNITIVO LEVE E DEMÊNCIA
Autores: Letícia Thereza Brito Loureiro; Alan Ehrich de Moura; Vanessa Nunes de Lima;
Mariana das Neves Lopes; Laís Michelle da Rocha Silva Diniz; Bernardino Fernández Calvo
Resumo: O envelhecimento está associado ao declínio de algumas funções cognitivas,
entretanto, este fato não impede o desenvolvimento de estratégias para compensar esses
déficits. Nesse cenário, a Intervenção Cognitiva (IC) caracteriza-se como abordagem não-
farmacológica que visa a melhora das funções cognitivas, do desempenho das atividades
cotidianas e o aumento da qualidade de vida de pacientes com Comprometimento Cognitivo
Leve (CCL) e Demência (DE). O presente estudo objetivou avaliar a eficácia da IC no
desempenho cognitivo em idosos com CCL e DE. A IC foi realizada pelo Serviço de
Intervenção Cognitiva (InterCog) da Universidade Federal da Paraíba, com duração
aproximada de 5 meses. Foram realizadas atividades lúdicas e de estimulação cognitiva,
utilizando estratégias e técnicas específicas. Os idosos foram submetidos à avaliação
cognitiva antes e depois da IC, através de testes de rastreio e bateria neuropsicológica
semiestruturada. Participaram 14 idosos, entre 60 e 86 anos (M=70.5; DP=8.8), dos quais 4
com CCL e 10 com DE. Após a IC, 9 dos 14 participantes apresentaram escores mais altos no
MEEM (M=19.7; DP=3.8) em relação à avaliação pré-intervenção (M=18.2; DP=3.4), com
tamanho de efeito moderado (r=-0.29). Observou-se também uma estabilização nos escores
dos idosos no FAS (M=20.7; DP=9), Fluência Categórica – Animais (M=8; DP=4.8) e TDR
por Comando (M=3.3; DP=2.1) em relação à avaliação anterior. Ademais, o escore da FAB
foi significativamente mais alto (Z=-1.99, p <.05), na avaliação pós (M= 9.5; DP= 4.0) do que
na avaliação pré-intervenção (M= 8.5; DP= 3.3), com tamanho de efeito moderado (r=-0.41).
Estes resultados destacam a importância da IC em idosos com CCL e DE para compensar
déficits cognitivos, o que pode refletir nos aspectos funcionais e emocionais dos pacientes.

Número: 130
Título: ESTUDO DE CASO DA INTERVENÇÃO NEUROPSICOLÓGICA DE PACIENTE
COM EPILEPSIA E COM COMPROMETIMENTO COGNITIVO LEVE DE TIPO
AMNÉSTICO.
Autores: Flávia S. Almeida; Crislany B. de Melo; Leticia Thereza B. Loureiro; Vitória M.
Tenório; Beatriz A. Pessoa; Nelson T. Alves.
Resumo: A Epilepsia é conceituada como uma desorganização do cérebro, caracterizada por
crises frequentes. Ainda, o Comprometimento Cognitivo Leve (CCL) é uma condição
intermediária entre o funcionamento cognitivo propício e o patológico, podendo evoluir para
uma demência ou não, e possibilitando quadros estáveis. O tipo mais comum é o CCL
Amnéstico, que se caracteriza por alteração apenas da memória episódica. A partir disso, uma
forma de intervenção não-farmacológica que busca melhora ou estabilidade no tratamento da
patologia é a Intervenção Neuropsicológica. Esta visa à melhora da qualidade de vida do
sujeito, além de capacitar uma melhor forma de lidar, não só do sujeito, mas também de sua
família, com esta situação. Este trabalho objetiva apresentar resultados de uma paciente que

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participou deste processo. A paciente era uma mulher de 63 anos com Epilepsia e CCL
Amnéstico associado a um transtorno de humor. Foram efetuadas 21 sessões, que tiveram
início em março e fim em junho de 2018, na Clínica-Escola de Psicologia do campus I da
Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Utilizaram-se atividades escritas e lúdicas a fim de
estimular, principalmente, a memória, a atenção e as funções executivas da paciente, a
psicoeducação, para informar, tanto à paciente, quanto a sua família, sobre a patologia
vigente, autoestima e outros assuntos relacionados, além de estratégias compensatórias, como
o incentivo do uso regular de uma agenda. Foi observada melhora na orientação espacial e
temporal, e estabilidade na memória, nas funções executivas e no humor, comprovando-se
através da comparação entre a Avaliação Neuropsicológica pré (2017) e pós (2018)
Intervenção. Resultados pré: MEEM= 23, NPI= 3, FAB= 16. Resultados pós: MEEM= 26,
NPI= 3, FAB= 17. Tomando como base os dados apresentados, percebeu-se uma estabilidade
no curso da doença, além da melhora na forma da paciente e sua família de lidar com a
patologia.

Número: 132
Título: INTERVENÇÃO EM AUTORREGULAÇÃO DA APRENDIZAGEM EM
ESTUDANTES DE PSICOLOGIA
Autores: Alana Augusta Concesso de Andrade; Marisa Cosenza Rodrigues; Pedro Paulo
Marci Tette; Beatriz Maia Soares Silva; Humberto Pereira dos Reis; Thaynara Barbosa
Resumo: Autorregulação da aprendizagem é a habilidade de autogerenciamento do processo
de aprendizagem, envolvendo capacidades cognitivas, metacognitivas e de administração de
recursos internos e contextuais. A autorregulação permite o uso de estratégias de
aprendizagem que incrementam a adaptação escolar e o rendimento acadêmico em diferentes
níveis educacionais, ajudando a evitar evasão escolar entre universitários. Diante da
relevância da autorregulação para plena adaptação acadêmica, o objetivo do estudo foi avaliar
a eficácia de uma intervenção em estratégias de aprendizagem em universitários. Utilizou-se
metodologia quasi-experimental, com 20 alunos de Psicologia, distribuídos igualmente em
grupo experimental (GE) e grupo controle (GC), não equivalentes, sendo os participantes
alocados por critério de conveniência, conforme interesse em participar. Os grupos
responderam a Escala de Estratégias de Aprendizagem para Universitários no pré-teste, pós-
teste e segundo pós-teste quatro meses após a intervenção. A intervenção se deu em oito
sessões, de 90 minutos cada, uma vez por semana, em que se estimulou metacognição,
cognição, autorregulação social e administração de recursos. A estatística Wilcoxon detectou
aumento significativo no desempenho total do GE no primeiro pós-teste (z=-1,836; p=0,036),
não alterado no segundo pós-teste (z=-0,153; p=0,453), com principal aumento na
autorregulação de recursos (z=-1,781; p= 0,049). GC não modificou significativamente seu
desempenho total no primeiro (z=-1,424; p=0,091) e segundo pós-teste (z=-1,020; p=0,163),
apresentando diminuição significativa da autorregulação social (z=-1,980; p=0,035). A
estatística Mann-Whitney mostrou vantagem de GE sobre GC após a intervenção no total da
escala, com nível de significância marginal (z=-1,563; p=0, 065). Os resultados indicam
eficácia da intervenção e reforçam a relevância de programas dessa natureza para promover
habilidades e evitar seu declínio ao longo da graduação.

Número: 133
Título: MEDIDA DE RESULTADOS SOBRE MUDANÇA DE AUTOPERCEPÇÃO APÓS
REABILITAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA COMBINADA A TERAPIA COGNITIVO-
COMPORTAMENTAL
Autores: Luciane Simonetti
Resumo: A autopercepção pode ser definida como a visão que os indivíduos têm de si
mesmos. Este tema é de grande relevância para a reabilitação neuropsicológica (RN) e terapia
cognitivo-comportamental (TCC) em pessoas com lesão encefálica adquirida (LEA).
Pacientes com LEA experimentam o impacto limitante do problema cerebral na vida, gerando
ideias rígidas de incapacidade na medida em que a limitação é observada. As limitações de
atividades e a restrição na participação social são reais e impactam negativamente na

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autopercepção destes pacientes. Este trabalho tem como objetivo apresentar os construtos
pessoais desenvolvidos com um paciente adulto com LEA como medida de mudança de
autopercepção após intervenções da RN e da TCC. Os construtos pessoais foram
desenvolvidos com um adulto de 26 anos com LEA causada no nascimento por hipóxia. Os
construtos foram elaborados com base no método descrito por Gracey et al. (2008), com
exceção de o paciente não se basear num período pré-lesão, visto que não havia história pré-
mórbida (self antes da lesão). Foram comparados os construtos bipolares do self pós-lesão
(como eu sou) e o self ideal (como eu gostaria de ser) em três momentos do tratamento (2015,
2016 e 2018). As intervenções foram baseadas na RN e na TCC. Foram levantados 24
construtos pessoais e classificados nos temas propostos por Gracey et al. (2008): 33,3%
experiência do eu (self) no mundo; 25% habilidades básicas; 20,8% experiência do eu (self)
em relação ao eu (self); 8,3% relacionamento social; 4,2% atividades; 4,2% emoções e 4,2%
enfrentamento. Na primeira aplicação a autoavaliação foi negativa ou neutra. Entre a primeira
e a terceira aplicação, a autopercepção foi significativamente mais positiva dentro da escala
bipolar quando comparada com a primeira e a segunda aplicação. As três autoavaliações do
paciente sobre o self futuro foi praticamente igual dentro da escala bipolar. Os construtos
pessoais são uma excelente ferramenta de medida de resultados e de acompanhamento dos
ganhos obtidos por meio da RN e da TCC. A abordagem dos construtos pessoais auxilia na
elaboração da identidade como um dos de reabilitação para pacientes com LEA. Ao final de
três anos de intervenção o paciente desenvolveu um autoconceito mais positivo sobre si.

Número: 134
Título: OFICINA DA MEMÓRIA – INTERVENÇÕES VOLTADAS À ESTIMULAÇÃO
NEUROCOGNITIVA DO IDOSO POR EQUIPE MULTIPROFISSIONAL
Autores: Thiago H. Navarro C. Lima; Paulo R. de Souza; Júlia G. Gonçalves
Resumo: Apresentamos um trabalho focado na promoção de saúde, objetivando-se a
reabilitação em intervenções baseadas na neuropsicologia, mas permeadas pelos aspectos
psicológicos, educacionais e sociais presentes em nosso contexto, a Unidade de Atenção ao
Idoso - UAI. A atividade visa trabalhar memória de curto e longo prazo, bem como a
memória operacional; atenção concentrada/sustentada e dividida/alternada; funções
executivas e visuoperceptivas; velocidade de processamento; linguagem, fluência verbal,
leitura e escrita, além da comunicação e socialização. O trabalho é desenvolvido duas vezes
por semana em sala de uso multiprofissional na UAI, pertencente à Secretaria de
Desenvolvimento Social da Prefeitura Municipal de Uberaba-MG, com estrutura e materiais
adequados. Em cada encontro são trabalhadas palavras de acordo com um tema específico, de
forma semelhante ao ‘jogo da forca’. A dinâmica em sua essência é citar letras a fim de
completar a palavra colocada no quadro, posteriormente pontuado o seu acerto e investigação
da palavra utilizando-se a internet como ferramenta, repetindo-se o processo sucessivamente
e, ao final, pede-se para que repitam em ordem todas as palavras trabalhadas durante o
encontro. Mediante questionário estruturado e auto-referenciado, tivemos: n=13; 92% do sexo
feminino; idade média de 68 anos; escolaridade de 50% com 1º, 23% com 2º e 30% com 3º
grau; 76% aposentados. Realizam semanalmente: 53% leitura, 46% palavras-cruzadas, 46%
artesanato, 53% jogos, 61% uso de smartphones. Quanto à atividade física 38% realizam por
4 ou mais vezes por semana. Em relação ao tempo, 75% participam há mais de 6 meses.
Segundo sua auto-percepção quanto à memória, em escala Likert (0-10), antes de iniciar
atividade tivemos como média 4,30 e no presente a média 7,92, havendo, assim, melhora de
84%. Toda a atividade é realizada de maneira descontraída, estimulando-se o brincar com o
uso de cada letra citada e de diferentes palavras, buscando-se associar o conhecimento
proposto pelos facilitadores com o conhecimento e realidade dos participantes. Observa-se a
grande melhora na percepção da memória em geral, constituindo-se um contexto importante
para posteriores pesquisas e maior aprofundamento mediante avaliação neuropsicológica.

Número: 138
Título: TERAPIA DE ENTONAÇÃO MELÓDICA NA RECUPERAÇÃO NA AFASIA DE
BROCA: RELATO DE CASO

Anais do XVII Congresso Brasileiro de Neuropsicologia da SBNp



80

Autores: Nátali Romano


Resumo: A afasia trata-se de um acometimento da linguagem, de origem neurológica,
restringindo a comunicação, seja ela oral ou escrita. A terapia fonoaudiológica visa
reestabelecer esta comunicação. O objetivo deste trabalho é descrever o caso de uma afásica
que se beneficiou da terapia de entonação melódica (TEM). Trata-se de um relato de caso de
intervenção fonoaudióloga durante dois meses de F., gênero feminino, 72 anos, com afasia de
Broca após sofrer um Acidente Vascular Encefálico (AVE). As sessões fonoaudiológicas
foram realizadas duas vezes por semana, com duração de 50 minutos e no domicílio de F.
Utilizou-se a abordagem discursiva e de entonação melódica, com apoio visual. Após quatro
meses do AVE, foi realizada avaliação ecológica de F., a qual apontou dificuldades de
articulação, apraxia oral e de fala e produção oral restrita (somente vogais e esteriotipia
“óia”). Durante as sessões de fonoterapia, baseada na estimulação da entonação melódica,
escolheram-se palavras de maior valor sentimental e mais frequentes no dia a dia de F., como
nome dos familiares, expressões cordiais e alimentos, estas foram entoadas em uníssono e,
quando observado que F. era capaz de produzi-las sozinha, a terapeuta utilizava pistas para
produção independente. Além disso, utilizaram-se imagens e as palavras foram escritas com
letras grandes, visando prompting visual/gestual e a imagem articulatória era sempre
destacada, visando aumentar o número de pistas para emissão oral. Ao final de dois meses de
terapia, notou-se melhora no quadro de linguagem oral e escrita, com maior facilidade no uso
de palavras frequentes, bem como cumprimentos. A TEM mostrou-se positiva na evolução do
quadro de afasia do sujeito em estudo, facilitando a produção oral. Bem como o uso de pistas
visuais auxiliou no processo da produção das palavras e sua repetição contextualizada.

Número: 140
Título: TREINO COGNITIVO DA ATENÇÃO E FUNÇÕES EXECUTIVAS NA DOENÇA
DE PARKINSON: UM ESTUDO PILOTO
Autores: Nariana M. F. Sousa; Ana Cristina Neri; Ivar V. Brandi; Sônia M. D. Brucki
Resumo: Pacientes com Doença de Parkinson (DP) têm alto risco de desenvolver
Comprometimento Cognitivo Leve (CCL). Apesar das limitações metodológicas, estudos
indicam eficácia de treinos cognitivos nesta população. Determinar impacto do TC em
medidas cognitivas e de qualidade de vida em pacientes com DP. Material e Estudo
longitudinal, não controlado. Grupo de intervenção com até 6 pacientes, previamente
avaliados, em oito sessões estruturadas e sob mediação padronizada. Antes e após a
intervenção foram aplicados o questionário de qualidade de vida (Parkinson Disease
Questionnaire – PDQ-39),Exame Cognitivo de Addenbrooke (ACE-III) e testes de funções
executivas (Dígitos Span e Trail Making Test, A e B). Foram incluídos 15 pacientes, segundo
critérios da Movement Disorder Society, em 2012, para CCL. Utilizada terceira versão do
ACE-III (conforme escolaridade) e escala funcional (Pfeffer<4), para exclusão de quadros
demenciais. Critérios de inclusão: escala Hohen and Yahr (H&Y) de I-III; escores nos
Inventários Beck de Depressão e Ansiedade, mínimo e leve (BDI<16 e BAI<15). A amostra
teve uma média de 64 anos de idade, com proporção maior de homens, e 13 anos de
escolaridade. Em relação aos dados clínicos, a média foi de 6 anos de evolução da doença e
menor gravidade dos sintomas motores (H&Y de I-II). Todos os pacientes permaneceram por
oito encontros, sendo excluídos três pacientes devido perda de seguimento. Para comparar e
medir o efeito da intervenção, foi utilizada estatística não paramétrica (Wilcoxon matched-
pairs signed-ranks test). Foi identificada melhora em medidas cognitivas globais-ACE-III
total (z=-3172, p=0.0015) e aspectos atenção/orientação (z=-2181, p=0.0292), bem como
linguagem (z=-2333, p=0.0196). Foram observados benefícios das estratégias de reabilitação
cognitiva em pacientes com CCL na DP, porém aumento da amostra é necessário para maior
evidência destes resultados.

Número: 141
Título: USO DE PALESTRAS PARA OS CUIDADORES DOS PACIENTES AGUDOS
INTERNADOS NO CRER NO ENGAJAMENTO À REABILITAÇÃO
Autores: Natália Graziani Silva; Fernanda Guedes Afiune

Anais do XVII Congresso Brasileiro de Neuropsicologia da SBNp



81

Resumo: Segundo Sohlberg & Mateer (2009) a inconsciência, um resultado comum da lesão
cerebral adquirida, produz obstáculos significativos à recuperação. O indivíduo que tem a
compreensão limitada da natureza, grau e/ou impacto de suas deficiências pode ser resistente
à terapia. O ensinamento sobre a lesão cerebral pode ser o ponto recomendado para iniciar a
intervenção da consciência.A equipe de reabilitação deve determinar as metas fundamentando
nas expectativas e necessidades da pessoa com lesão encefálica e de seus familiares (Nery &
Barbosa, 2012). Reconhecer a família como principal fonte para o estabelecimento dos
objetivos da reabilitação e de como eles serão atingidos tem propiciado ganhos no contexto
familiar (Sohlberg & Mateer, 2009). Capacitar cuidadores dos pacientes internados para
Reabilitação no CRER na compreensão do diagnóstico, fatores de risco e prevenção. Auxiliar
compreensão das alterações cognitivas e potencialidades do paciente e na otimização dos
aspectos cognitivos e comportamentais do paciente. Trata-se de um estudo transversal
descritivo, realizado com cuidadores/familiares dos pacientes com LEA internados para
reabilitação no CRER.Resultados e Discussão: Antes da palestra sobre AVE 38% dos
participantes afirmaram não saber o que é AVE, 38% sabiam o significado das siglas, 13%
definiram o que é e 13% deram outras explicações. Ao final da palestra todos os participantes
souberam o que era AVE, sendo que 50% definiu com suas palavras e os outros 50%
transcreveram as letras. Antes da palestra foi questionado aos participantes quais os fatores de
risco para o AVE e 13% afirmaram ser quedas, 13% afirmaram ser acidente de transito, 50%
pressão alta, 13% idade e 50% não souberam responder. Ao fim da palestra 25% ainda
afirmaram que quedas é fator de risco para AVE e 13% disseram acidente de transito. A
totalidade dos participantes compreenderam que Pressão Alta é fator de risco para AVE foi de
100% e 88% compreenderam que idade também é fator de risco. Nenhum participante disse
não saber quais os fatores de risco. Antes da palestra sobre TCE 40% dos participantes
afirmaram não saber o que é TCE e 60% sabiam o significado das siglas. Ao final da palestra
todos os participantes souberam o que era TCE, sendo que 13% definiu com suas palavras,
80% transcreveram as letras e 7% deram outras definições. Antes da palestra foi questionado
aos participantes quais as causas mais comuns de TCE e 60% afirmaram ser quedas, 60%
afirmaram ser acidente de transito, 47% pressão alta e 13% diabetes. Ao fim da palestra todos
os participantes (100%) compreenderam que Quedas e Acidente Transito são as causas mais
comuns de TCE. Nenhum participante disse não saber quais as causas mais comuns. Antes da
palestra sobre Alterações de Comportamento no Paciente com LEA foi questionado aos
participantes o que é LEA e 68% afirmaram não saber, 21% sabiam o significado das siglas,
5% definiram com suas palavras o que era e 5% deram outras respostas. Após a palestra
apenas 5% afirmaram não saber o que é LEA, 47% sabiam o significado das siglas, 42%
definiram com suas palavras e 5% deram outras respostas. Foi solicitado aos cuidadores que
assinalassem quais as formas de estimulação no paciente com LEA e 5% assinalou ligar a TV
e som, 16% assinalou ambiente tranquilo, 53% realizar uma atividade de cada vez, 21%
deixar o paciente fazer tudo sozinho, mesmo errando; 21% usar calendário e 47% assinalaram
não saber. Após a palestra 0% assinalou ligar a TV e o som, 0% assinalou não saber a
resposta, 16% deixar o paciente fazer sozinho mesmo errando e 89% compreendeu que o
ambiente precisa estar tranquilo para auxiliar a recuperação do paciente e 95%
compreenderam que o paciente precisa realizar uma atividade de cada vez.

Número: 142
Título: A EFICÁCIA DA TERAPIA DE EXPOSIÇÃO À REALIDADE VIRTUAL PARA
MELHORIA DA INTERAÇÃO SOCIAL DE CRIANÇAS COM O TRANSTORNO DO
ESPECTRO AUTISTA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA BASEADA EM EVIDÊNCIAS
Autores: Vanina Papini Góes Teixeira; Ítalo Luiz Ferreira de Lima
Resumo: O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento
caracterizado por prejuízo persistente na comunicação e na interação social, e padrões
restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades. Os sintomas surgem no
início da infância e afetam negativamente o funcionamento diário. Atualmente, as frequências
relatadas de TEA em vários países são de 1% da população, com amostras similares de
crianças e adultos. A Realidade Virtual vem se apresentando como uma rica ferramenta em

Anais do XVII Congresso Brasileiro de Neuropsicologia da SBNp



82

diversos campos da saúde, entre eles no autismo. Objetivo: revisar ensaios clínicos em busca
de evidências sobre a eficácia do tratamento baseado na realidade virtual (RV) para crianças
com TEA em relação às habilidades sociais e de comunicação. Método: foi realizada uma
busca nas bases de dados PubMed, ScienceDirect, Lilacs e SciELO, utilizando os descritores
autism, ASD, autism spectrum disorder, virtual reality, VR, social interaction, social skills e
social communication, em inglês e português. inicialmente foram encontradas 437
publicações. Após a exclusão das publicações seguindo os critérios de inclusão e exclusão
estabelecidos (período de 2014 a 2018, idiomas inglês e português, ensaios clínicos, estudos
duplicados, leitura de título e resumo, e texto completo), 09 artigos atenderam aos critérios de
elegibilidade e atendiam a ferramenta PICO (população, intervenção, comparação e
outcome/desfecho). Os estudos totalizam 224 sujeitos com TEA, entre crianças e
adolescentes. Todos os estudos que compõem essa revisão sugerem eficácia na utilização da
realidade virtual para melhoria das interações sociais de crianças com autismo com avaliações
antes e após a intervenção, possibilitando um aperfeiçoamento nas habilidades de
comunicação e habilidades socias, e levando a generalização deste comportamento para seus
ambientes naturais. Segundo os estudos analisados, há evidências moderadas de que
tratamentos baseados em RV auxiliam crianças com TEA. A partir dos resultados não se pode
afirmar que os tratamentos baseados em RV são melhores que os tratamentos tradicionais.
Porém, os resultados promissores e as vantagens de RV (considerando os sintomas do TEA)
deve encorajar a comunidade científica a desenvolver novos tratamentos baseados em RV.

Número: 146
Título: AVALIAÇÃO DA FUNCIONALIDADE E VIABILIDADE DE UM PROGRAMA
DE TREINO COGNITIVO DIGITAL PARA CRIANÇAS BRASILEIRAS: UM ESTUDO
PILOTO
Autores: Drielle Barbosa Pereira; Luiz Alves Ferreira Junior; Elisa Rodrigues de Souza;
Henrique de Almeida Galvão; Renata Saldanha-Silva; Marcela Mansur-Alves
Resumo: A memória de trabalho (MT) é um sistema cognitivo multicomponente associado
ao armazenamento e manipulação de informações durante espaços curtos de tempo. A MT
associa-se a processos como aprendizagem em diversas fases da vida. O desenvolvimento de
treinos cognitivos (TC), cujo objetivo é melhorar o funcionamento desse e de outros
processos, tem despertado grande interesse nas pesquisas científicas. No Brasil, os programas
de TC digitais existentes são apenas traduzidos, não sendo culturalmente adequados e sem
eficácia comprovada. Objetivo: avaliar a funcionalidade e viabilidade de um programa de TC
para crianças, criado para a realidade brasileira. O Programa de Ativação da Memória de
Trabalho (PRAMEMT) possui formato de game e é constituído por 5 tarefas, as quais treinam
diferentes aspectos da MT, com temática da fauna brasileira, sistema adaptativo e de
recompensa. participaram do estudo 10 crianças, de 6 a 11 anos (70% meninos, M=8,6 anos;
DP=1,43) do 1º ao 6º ano do ensino fundamental, selecionadas por conveniência. Cada
criança realizou 3 tarefas do TC e respondeu a um questionário sobre a qualidade dos enredos
e instruções. Foram realizadas análises descritivas para cada tarefa, segundo a idade e sexo
dos participantes; e análise qualitativa dos questionários. observou-se os níveis progressivos
de dificuldade das tarefas. Crianças mais velhas obtiveram maior acurácia. Não foi possível
observar diferença de desempenho entre os sexos, devido ao tamanho amostral. A tarefa com
maior taxa de acertos foi a de span simples visuoespacial, já a mais difícil foi de span
complexo verbal. Em relação à análise qualitativa, a maioria das crianças classificou como
boa a qualidade das histórias e instruções. foram levantadas necessidades de mudanças de
alguns parâmetros da tarefa de span complexo visuoespacial (Onça) para melhor adequação
ao nível das crianças. Conclui-se que a aplicação do TC é viável para futura avaliação de sua
eficácia.

Número: 147
Título: COGNIÇÃO INCORPORADA NO PLANEJAMENTO DA INTERVENÇÃO
NEUROPSICOLÓGICA
Autores: Leiliane B. Gebrim; Jeanny J. R. A. de Santana

Anais do XVII Congresso Brasileiro de Neuropsicologia da SBNp



83

Resumo: A teoria da cognição incorporada pressupõe um sistema hierárquico de organização


mental visando economizar recursos cognitivos. Assim, percepção, ação, introspecção e
interações humano-ambientais são substrato de habilidades cognitivas superiores e, estruturas
relacionadas a processos superiores, como a rede de conexão frontoparietal dorsal, também
são ativadas em atividades motoras. A neurociência evolutiva vem demonstrando que ação,
cognição e a linguagem se desenvolvem em paralelo na estrutura neuropsicológica, sendo
recomendado a estimulação motora e cognitiva para o desenvolvimento da linguagem. Este
trabalho tem o objetivo de demonstrar como o conhecimento da cognição incorporada foi
determinante para a recomendação da estimulação psicomotora em casos de atraso no
desenvolvimento da leitura e escrita. Seis menores (07 a 12 anos) com queixa de dificuldade
na aquisição da leitura e escrita foram avaliados entre janeiro e julho de 2018. As habilidades
visuoconstrutivas e psicomotoras foram aferidas pelos testes Figuras Complexas de Rey
(ROCF), Bender –SPG ou Benton. Todos os pacientes apresentaram desempenho inferior na
cópia da figura A do ROCF (percentil 10) sugerindo prejuízos na habilidade visuoconstrutivas
e de coordenação olho-mão. Três crianças foram reavaliadas com o teste Bender e tiveram
desempenho inferior confirmado (percentil >90). Um pré-adolescente foi reavaliado com o
teste Benton que confirmou o desempenho inferior (percentil 5). O prejuízo das habilidades
visuoconstrutivas justificaram o encaminhamento para reabilitação psicomotora. As
habilidades motoras são base para o desenvolvimento de capacidades cognitivas. A
perspectiva evolutiva em neurociências colabora para a redução da crescente patologização
dos comportamentos infantis que observamos atualmente, especialmente porque mais
importante que oferecer um diagnóstico, a avaliação neuropsicológica pode conduzir planos
de estimulação que promovam a aprendizagem e adaptabilidade.

Número: 148
Título: IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO DOS PAIS COMO SUJEITOS ATIVOS NA
MUDANÇA DE HÁBITOS ALIMENTARES DE UMA ADOLESCENTE DE 14 ANOS
COM TDAH.
Autores: Melina Passos Teixeira Zanata; Fernanda Guedes Afiune
Resumo: A reabilitação neuropsicológica tem o objetivo de minimizar e compensar
dificuldades funcionais encontradas no cotidiano de indivíduos com lesões ou disfunções
neurológicas. O objetivo deste estudo foi criar um programa de reabilitação neuropsicológica
para uma adolescente de 14 anos com diagnóstico de TDAH, visando a mudança de hábitos
alimentares. Trata-se de um estudo de caso com análise qualitativa. Foram realizadas 12
sessões, com duração média de 50 minutos cada, uma vez por semana. Houve 3 sessões
individuais com a adolescente, 4 sessões individuais com o pai e 5 sessões com a presença do
pai e da mãe; além de monitoramento semanal feito pela terapeuta juntamente com os pais
através do whatsapp. A psicoeducação é uma das primeiras intervenções na Reabilitação, pois
promove a consciência do individuo em relação a suas dificuldades, possibilitando a maior
probabilidade de mudança. Nesse processo, a psicoeducação dos pais em relação aos hábitos
alimentares e importância da família comer sentada a mesa sem distratores promoveu
mudanças imediatas e a manutenção do comportamento nos jantares durante a semana. De
acordo com o relato da mãe, essa mudança promoveu maior interação entre a família e,
conseqüentemente, redução da ansiedade e impulsividade da paciente.Após esta etapa, foi
trabalhada a meta de comer devagar. Assim, foi proposto o descanso dos talheres entre uma
garfada e outra e o registro (em uma planilha) do tempo gasto para realizar o jantar. No
primeiro dia, seria feito o registro sem descansar os talheres, para se obter uma linha de base e
a partir do segundo dia, descansando os talheres. Esse registro deveria ser realizado por todos
os membros da família. No entanto, esse registro não funcionou.Então, foi sugerido pela mãe
da adolescente o registro de fotos do prato antes e após a refeição e envio imediato por
Whatsapp, sendo possível identificar o tempo gasto na refeição.Com essa nova estratégia, foi
feito o registro durante 6 dias, no entanto, ainda não foi possível assegurar uma redução no
tempo de realização das refeições, visto que a quantidade de comida no prato variou. No
entanto, em média, a duração do tempo na refeição do jantar já aumentou, o que sugere uma
boa resposta à intervenção até o momento. A paciente ainda encontra-se em atendimento. O

Anais do XVII Congresso Brasileiro de Neuropsicologia da SBNp



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estudo mostrou a importância da participação dos pais como sujeitos ativos no processo de
mudança de comportamentos alimentares de uma adolescente, visto que esses são como
exemplos .para as crianças e adolescentes de modo geral. O processo de reabilitação é lento e
esses são os resultados obtidos até o momento

Número: 149
Título: NEUROCIÊNCIA DA BRINCADEIRA: UMA FERRAMENTA PARA O
DESENVOLVIMENTO INFANTIL
Autores: Fernanda D. Menezes; Cássio F. Veloso; Liubiana A. de Araújo
Resumo: O lúdico pode ser um recurso para a aprendizagem, sendo importante entender o
processo a nível cerebral, visando uma prática mais adequada. Objetivo: Compreender, a
partir da Neurociência, como o lúdico potencializa a aprendizagem. Método: Revisão
bibliográfica sobre o brincar e efeitos no aprendizado, a partir de artigos nas bases de dados
Pubmed (321) e Lilacs (63) e documentos disponibilizados por associações médicas de
pediatria entre 2010 e 2018. Baseado nos bancos de descritores DeCS e MeSH, foram
utilizadas as seguintes palavras e expressões: “brincadeira”, “aprendizagem”,
“desenvolvimento infantil” e “brincar”. De 384 artigos e 4 documentos encontrados, foram
selecionados 31 com foco no impacto do lúdico no desenvolvimento de habilidades
cognitivas e de aprendizagem das crianças. Foram excluídos aqueles envolvendo síndromes e
transtornos mentais ou de aprendizagem. As brincadeiras envolvem o prazer, que ativa o
sistema límbico cerebral promovendo, assim, a aprendizagem e o desenvolvimento de
conexões intra e inter regiões cerebrais. Estas conexões fortalecem sinapses entre o sistema
límbico e neocórtex, aperfeiçoando as habilidades de tomada de decisões. Há ainda a
liberação de neurotransmissores epinefrina, norepinefrina e dopamina que aprimoram a
neuroplasticidade cerebral. O lúdico causa a formação de conexões sinápticas mais fortes e
duradouras, proporcionando aprendizado mais efetivo e o desenvolvimento de afetividade,
percepção, expressão, raciocínio, criatividade e socialização tanto de crianças quanto de
adultos que interagem na brincadeira. Atividades que estimulam o aprendizado associada às
janelas de oportunidade, ou seja, fases ideais para o desenvolvimento de determinadas
habilidades, são ainda mais potencializadas quando realizadas através de brincadeiras.
Através de lúdicos, ocorre a ativação cerebral nas crianças com o desenvolvimento da
cognição, da socialização e das funções executivas.

Número: 152
Título: OFICINA PARA ESTÍMULO DE ATENÇÃO COMPARTILHADA PARA
CRIANÇAS COM TEA
Autores: Olívia Entrebato Kruger; João Rodrigo Maciel Portes
Resumo: A Atenção Compartilhada (AC) é a habilidade de direcionar a atenção de uma
pessoa à um objeto de interesse, sendo Iniciativa de Atenção Compartilhada (IAC) quando a
iniciativa de compartilhamento de um estímulo é espontânea, e Resposta de Atenção
Compartilhada (RAC) quando há resposta ao compartilhamento iniciado por terceiros. O
comprometimento das Funções Executivas no Transtorno do Espectro Autista (TEA),
interfere no desenvolvimento desta habilidade devido à dificuldade no planejamento e
monitoramento de ações baseadas em intenções específicas. Assim, torna-se essencial a
estimulação da AC desde o início do diagnóstico. O objetivo da intervenção foi estimular o
desenvolvimento da AC de crianças com TEA através da interação com pares e atividades
lúdicas. Método: as intervenções foram na modalidade de grupo, totalizando 4 encontros de 1
hora, em uma associação filantrópica de SC. Participaram 4 profissionais das áreas de saúde e
quatro crianças de cinco a oito anos, diagnosticadas com TEA em níveis de comprometimento
distintos. Estrutura dos encontros: início com música de boas-vindas; brincadeiras e jogos
direcionados que, para serem executadas, exigiam comportamentos de IAC e/ou RAC;
finalização com música de despedida. Foi administrado nos encontros um quadro de
economia de fichas com reforço imediato, visando recompensar o cumprimento dos
combinados do grupo nas atividades. A avaliação dos resultados consistiu na observação
orientada por critérios pré-estabelecidos conforme os conceitos de AC. De modo geral, foram

Anais do XVII Congresso Brasileiro de Neuropsicologia da SBNp



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observados em maior prevalência comportamentos de RAC. Duas crianças apresentaram,


gradativamente, maior frequência de IAC nas atividades que exigiam esta habilidade. devido
ao número reduzido de encontros não foi possível saber se as intervenções foram efetivas para
o desenvolvimento da AC, entretanto as atividades mostraram-se favoráveis para estimulação
desta habilidade.

Número: 154
Título: PROGRAMA DE INTERVENÇÃO NEUROPSICOLÓGICA PARA
ESTIMULAÇÃO DA ATENÇÃO EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM
TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS
Autores: Priscila Lima Cerqueira Ferreira Sertori; Antônio de Pádua Serafim; Cristiana
Castanho de Almeida Rocca
Resumo: Os transtornos mentais representam uma das principais problemáticas mundiais.
Atualmente a prevalência dos Transtornos Mentais para crianças e adolescentes é de 13,4%
em todo o mundo. Sabe-se que os Transtornos afetam o desenvolvimento cognitivo,
emocional e social, e predizem desfechos negativos na idade adulta. Dentre as questões
cognitivas detecta-se os prejuízos atencionais. NA literatura encontram-se estudos de treino
cognitivo com crianças e adolescentes são com o diagnóstico de Transtorno de Déficit de
Atenção e Hiperatividade (TDAH), os quais sugerem melhoras nos testes neuropsicológicos,
porém, sem generalização dos benefícios para outros contextos. OBJETIVO: Este trabalho
teve a finalidade de avaliar os resultados de um Programa de Estimulação Neuropsicológico
da Atenção previamente criado pelos autores, estruturado com treino cognitivo da atenção,
psicoeducação e orientação aos pais de crianças e adolescentes que realizavam tratamento
psiquiátrico e apresentavam queixas de atenção. MATERIAL E Participaram deste estudo 29
crianças e adolescentes (8-17 anos) organizados em dois grupos: Experimental-GE (n=17),
submetidos a 10 sessões de treino cognitivo associados à psicoeducação e orientação de pais /
responsáveis e Grupo Controle-GC (n=12), que receberam apenas o treino cognitivo (10
sessões) e os responsáveis não acompanhavam as sessões. A estruturação da intervenção
passou por quatro fases. A primeira etapa foi a idealização do programa, onde foi realizada
uma revisão na literatura nacional e internacional, sobre intervenções da atenção. Na segunda
etapa foi realizada a construção de uma versão preliminar da intervenção, onde dois
neuropsicólogos experientes avaliaram e apresentaram concordância sobre a adequação das
atividades. Na terceira etapa foi aplicada a versão preliminar nos pacientes em regime de
semi-internação do Hospital Dia Infantil do Instituto de Psiquiatria–HCFMUSP. Por fim, a
quarta etapa envolveu adaptação do conteúdo (atividades e vocabulário dos conceitos) e
finalização da estrutura da intervenção, decidindo assim estabelecer uma estrutura fixa para
todas as sessões, (psicoeducação, treino da atenção e orientações), além de incluir lições de
casa e dicas para os responsáveis nas situações do cotidiano e no ambiente escolar. No
momento pré e pós intervenção os participantes realizaram uma bateria neuropsicológica e foi
aplicada a escala MTASNAP-IV, a qual foi preenchida pelos responsáveis, professores e
pacientes. Para avaliação das diferenças entre grupos, entre os momentos pré e pós
intervenção e interação, foram empregados Modelos de Estimações Generalizadas (GEE).
Foram evidenciaram melhoras no desempenho dos testes neuropsicológicos nos dois grupos
após o treino cognitivo de atenção. No entanto, o GE apresentou melhora significativa no
teste de atenção concentrada, com diminuição das omissões e aumento de estímulos
detectados, indicando maior precisão e menos erros. Além disso, o GE também apresentou
maior redução dos sintomas de desatenção, hiperatividade e comportamento de oposição de
acordo com a percepção dos responsáveis na Escala MTA-SNAP-IV. Esse dado representa
um novo achado para literatura, já que até então os trabalhos existentes indicavam que os
benefícios do treino cognitivo se limitavam aos testes neuropsicológicos. Neste trabalho, além
da melhora nos testes neuropsicológicos, apresentou uma diminuição dos sintomas de
desatenção ao levar em conta a percepção dos responsáveis, sugerindo uma generalização dos
benefícios para outros ambientes. Além disso, acredita-se que os resultados alcançados
indicam um quadro promissor em termos de formas de intervenções que auxiliam no
tratamento dos Transtornos Mentais com queixas de atenção.

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Número: 156
Título: TERAPIA FONOAUDIOLÓGICA PARA TRANSTORNO DO
PROCESSAMENTO AUDITIVO (CENTRAL) EM CRIANÇAS COM DIFICULDADE DE
APRENDIZAGEM
Autores: Nátali Romano
Resumo: O transtorno do processamento auditivo (central) – TPA(C) tem impacto no
desenvolvimento de linguagem, interferindo na interação e aprendizado. O objetivo do estudo
é relatar a experiência da intervenção fonoaudiológica em crianças com TPA(C) e dificuldade
de aprendizagem. Relato de experiência de intervenção fonoaudiológica. Participaram do
estudo cinco crianças de 10 a 12 anos, com TPA(C) e transtorno de linguagem escrita em
acompanhamento fonoaudiológico individual em uma instituição. A terapia semanal teve
duração de 45 minutos e foi direcionada para o desenvolvimento das habilidades auditivas e
da leitura e escrita. Antes do início da terapia e ao final da mesma, a criança realizou
avaliação do Processamento Auditivo (PA). No início da terapia fonoaudiológica foi aplicada
avaliação da consciência fonológica, da leitura e da escrita (dirigida e espontânea). Baseado
nas alterações nas habilidades do processamento auditivo e as tarefas de consciência
fonológica, leitura e escrita, foram escolhidas intervenções específicas para cada caso.
Seguiu-se um cronograma planejado pela terapeuta responsável sendo que cada sessão
contemplava: estimulação das habilidades auditivas e de consciência fonológica com jogos
computadorizados, sendo que as atividades eram adaptadas para inserção da leitura e escrita.
As atividades propostas também contemplaram estimulação de habilidades visuais, atenção,
planejamento, memória e raciocínio. No final da intervenção todos participantes atingiram o
padrão de normalidade na reavaliação do PA e nas avaliações de leitura e escrita. A
intervenção fonoaudiológica na estimulação das habilidades auditivas e linguagem escrita
com atividades lúdicas mostrou-se eficiente para o desenvolvimento das crianças que
passaram pela intervenção. O desenvolvimento integrado dessas habilidades permite um
funcionamento cortical mais amplo e melhor participação social das crianças com
dificuldades de aprendizagem.

Número: 157
Título: USO DA PSICOEDUCAÇÃO PARA ORGANIZAÇÃO DO AMBIENTE DE
ESTUDO DE PACIENTE COM TDAH E TRANSTORNO DE APRENDIZAGEM
Autores: Cristina Lopes Trindade Alves; Fernanda Guedes Afiune
Resumo: Por meio da observação direta no atendimento clínico percebe-se uma grande
incidência de crianças e adolescentes com diagnósticos de Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade (TDAH) e Transtorno de Aprendizagem. De acordo com o DSM-5
(2014) a prevalência do TDAH é de 5% das crianças e de 2,5% dos adultos na população
mundial. E a prevalência do Transtorno Específico de Aprendizagem entre as crianças é de
5% a 15% e nos adultos é desconhecida, porém calcula-se que seja cerca de 4%. Ainda
segundo o DSM-5 (2014) é comum a comorbidade entre esses dois transtornos, a qual Rohde
et al. (2008) aponta índices de 10% a 25% de acordo com pesquisa. A psicoeducação,
esclarecem Knapp (2008) e Rohde et al. (2008), é uma técnica fundamental e inicial em
programas de intervenção. Tem o propósito de auxiliar paciente e familiares a entenderem os
sintomas e prejuízos do transtorno, e corrigir interpretações equivocadas. Com isso promove
alívio ao paciente, melhora sua auto-estima e motivação para mudança, e incentiva sua
atuação proativa no processo terapêutico. Além disso, ajuda os familiares a colaborarem com
o paciente na realização das estratégias aprendidas. A psicoeducação permeia o processo de
Reabilitação Neuropsicológica (RN) que, conforme Wilson (1997), propões minimizar os
déficits e alterações de desempenho das pessoas em suas práticas no âmbito do trabalho,
educação e da vida cotidiana.Objetivo do estudo:Verificar a eficácia da psicoeducação para
auxiliar no manejo da organização do ambiente para a realização de tarefas escolares de uma
criança diagnosticada com TDAH e Transtorno de Aprendizagem.Tipo de Estudo: Estudo de
caso com análise descritiva qualitativa. Sujeito: criança do sexo masculino, 12 anos de idade,
cursando o 7º ano do Ensino Fundamental em colégio estadual, com diagnóstico de TDAH e

Anais do XVII Congresso Brasileiro de Neuropsicologia da SBNp



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Transtorno de Aprendizagem. Resultados e Discussão:Os resultados sugerem que


inicialmente (6ª sessão) a criança estava adaptada a um ambiente físico inadequado, com
distratores e desordem. Após o inicio da intervenção com psicoeducação, em acordo com
Knapp (2008) e Rohde et al. (2008), sua motivação e proatividade foram evidenciadas em
sua iniciativa de sugerir um local para estudar (6ª sessão) e aderir a ele (nas demais sessões).
As verbalizações da mãe e do pai (11ª sessão e visita domiciliar) apontam o envolvimento e
colaboração da família, como preconizam esse mesmos autores. Na visita domiciliar pode-se
observar a organização do espaço físico, indicando que a psicoeducação levou à modificação
ambiental, como sugerem Sohlberg & Mateer (2017), para lidar com a dificuldade de atenção.
Os resultados de ganhos em atenção e desempenho relatados pela criança (a partir da 11ª
sessão) demonstram que a estratégia de intervenção contribuiu para cumprir com a proposta
da RN, com base em Wilsom (1997), minimizado o déficit e alteração de desempenho da
criança ao realizar suas tarefas escolares. Pode-se afirmar que a Psicoeducação foi uma
estratégia efetiva para trabalhar a meta estabelecida no caso em estudo.

Número: 158
Título: VALIDADE DE CONTEÚDO DE UM TREINO COGNITIVO PARA CRIANÇAS
Autores: Luiz Alves Ferreira Junior, Drielle Barbosa Pereira, Henrique de Almeida Galvão,
Elisa Rodrigues de Souza, Renata Saldanha-Silva, Marcela Mansur-Alves
Resumo: A memória operacional (MO) consiste em um sistema de armazenamento e
manipulação de informações através de componentes específicos. Atualmente, as evidências
acerca da efetividade e eficácia dos treinamentos cognitivos (TC) em MO são contraditórias.
Não há TC totalmente desenvolvido para a população brasileira com eficácia testada. O
objetivo do trabalho é apresentar os resultados do estudo de validade de conteúdo de um
programa de treino cognitivo para crianças, o PRAMEMT (Programa de Ativação da
Memória de Trabalho), composto por 5 módulos de tarefas com animais brasileiros como
tema e baseadas nos componentes da MO em seus aspectos de span simples (curto prazo),
complexo (visuoespacial e verbal) e updating. Participaram do estudo seis profissionais
experientes do sexo feminino da área de neuropsicologia, psicometria, desenvolvimento
humano e clínica infantil (M=12,4 anos de experiência). Os juízes receberam um formulário
online que continha a descrição e exemplificação das tarefas e seus respectivos construtos,
além da escala likert de 3 pontos (adequado, pouco adequado e inadequado) para avaliarem
cada um dos critérios solicitados: familiaridade, representatividade do construto (RC),
aplicabilidade e nível de dificuldade). A análise foi realizada através do cálculo do Índice de
Validade de Conteúdo (IVC) para cada um dos critérios e, também, de cada tarefa completa.
O IVC de cada um dos critérios variou de 66,67 a 100. O IVC RC de todas as tarefas foi
maior ou igual a 83,33. Os resultados encontrados permitem afirmar que o PRAMEMT
possui validade de conteúdo, mostrando-se familiar e compreensível para o público-alvo de
acordo com os juízes. Algumas modificações nas tarefas de updating são necessárias para
contemplar as sugestões dadas, como simplificar instruções e estímulos. Além disso, o estudo
piloto deve ser realizado a fim de investigar o funcionamento, a dificuldade e a aplicabilidade
das tarefas diretamente com a população-alvo.

Número: 159
Título: AVALIAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO ENTRE DISTÚRBIOS DO SONO E
COGNIÇÃO EM PACIENTES COM PARKINSON NO AMBULATÓRIO DE
NEUROLOGIA DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO
Autores: Janine de Carvalho Bonfadini; Isabelle de Sousa Pereira; Pedro Gustavo Barros
Rodrigues; Rhebecca Araújo Carneiro; Crislanny Fonteles da Silva; Pedro Braga Neto.
Resumo: A doença de Parkinson (DP) é definida como uma doença neurodegenerativa
caracterizada por sintomas motores e não motores, que incluem distúrbios do sono e
comprometimento cognitivo. Há evidências que a diminuição da qualidade de sono esteja
associada a déficits cognitivos leve. O presente estudo objetivou correlacionar a cognição
com variáveis de interesse relacionadas ao sono de pacientes com DP atendidos em Serviço
de Neurologia no Estado do Ceará. Foram aplicados o Mini Exame do Estado Mental

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(MEEM), o Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh (IQSP), a Escala de Sonolência de


Epworth (ESS) e a Escala de Sono para Doença de Parkinson (PDSS). A amostra foi
composta por 57 pacientes, a maioria do sexo masculino (64,9%), com idades entre 36 e 89
anos (65,5; ± 10,7). O MEEM se correlacionou negativamente (ρ = - 0,27) e
significativamente (p < 0,05) com a latência do sono. Com relação aos subitens do MEEM a
orientação temporal correlacionou negativamente com alterações do sono (ρ = - 0,28), o
domínio Atenção/Cálculo do MEEM correlacionou positivamente com a PDSS (ρ = 0,35) e,
negativamente, com o IQSP (ρ = - 0,35). O domínio Atenção/Cálculo do MEEM
correlacionou negativamente com: Latência do sono (ρ = - 0,32); Alterações do sono (ρ = -
0,36); Disfunção diurna do sono (ρ = - 0,36). Por último, observou-se uma correlação
negativa (ρ = - 0,26) entre a memória recente do MEEM e a Latência do sono. As associações
encontradas nesta pesquisa entre declínio da atenção, habilidades matemáticas e memória
operacional (necessárias na tarefa atenção/cálculo do MEEM), orientação temporal e
memória recente com alterações do sono confirmam estudos anteriores com pacientes com
DP em que foi verificada relação entre a pior qualidade do sono com as funções cognitivas e
seus domínios, como a atenção (Stavitsky et al. 2012), e correlação entre aumento da latência
do sono e pior desempenho da memória (Santos et al. 2018).

Número: 160
Título: O IMPACTO DAS PARASSONIAS NO DESENVOLVIMENTO DAS FUNÇÕES
EXECUTIVAS EM ADOLESCENTES.
Autores: Karolina Maria de Jesus Padilha; Anna Gabriela Braz da Silva; Fátima Rosa
Rodrigues Borges; Léa Andes Rufino Vaz; Larissa de Oliveira e Ferreira
Resumo: O sono é um importante componente no desenvolvimento físico e mental de
crianças e adolescentes, sendo associados a indicadores de saúde. No período da adolescência
é comum a presença de Parassonias - transtornos comportamentais do sono associados a
mudanças nos hábitos do sono, que ocorrem no início, durante ou ao despertar. O adolescente
encontra-se em pleno desenvolvimento cognitivo, sendo de fundamental importância um sono
de qualidade para possibilitar um satisfatório desenvolvimento cognitivo. As funções
executivas participam do desenvolvimento cognitivo de forma significativa e são definidas
como habilidades que integradas possibilitam o direcionamento do comportamento a metas,
adequação de ações, sendo relevante diante de novas tarefas, como, por exemplo, na
aprendizagem. Assim danos nas funções executivas exercem um prejuízo importante, nos
processos de aprendizagem e adaptação. Diante do exposto o objetivo deste trabalho foi
investigar o impacto causado pelas Parassonias no desenvolvimento das Funções Executivas
na adolescência. Por se tratar de uma pesquisa experimental quantitativa, faz uso de testes
(Five Digit Test- FDT, Escala de Inteligência Weschsler para Crianças- 4ª edição -WISC-IV ,
Figuras Complexas de Rey, Bateria Psicológica para Avaliação da Atenção-BPA),
instrumento psicológico (Torre de Hannoi) e questionários (Escala de sonolência de Epworth-
ESS-BR, Índice de qualidade de sono de Pittsburg- PSQI-BR, Questionário de Fletcher e
Luckett) para a obtenção de dados acerca das funções executivas e do sono. Utilizou-se de
uma amostra composta por 6 (seis) adolescentes, divididos em dois grupos iguais,
considerando a presença ou ausência de Parassonias. Os participantes foram escolhidos
através da lista de pacientes do Serviço de Psicologia Aplicada da faculdade Estácio de Sá de
Goiás. Os dados obtidos corroboram com as hipóteses levantadas acerca da interferência do
sono nas Funções Executivas. – Com base nos dados levantados até o presente momento,
pode-se sugerir que existe considerável impacto causado pelo sono no desenvolvimento das
Funções Executivas.

Número: 161
Título: PSICOTERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL E NEUROCIÊNCIA: A
INTERLOCUÇÃO NA PRÁTICA CLÍNICA
Autores: Ingrid Gabrielly Santos da Silva, Jaqueline França de Almeida, Cíntia Martins
Ribeiro.

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Resumo: A Neurociência e a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) possui caráter


relacional, visando compreender as alterações neurofuncionais através da TCC e como pode
ser refletida na prática clínica. O estudo tem como objetivo compreender as interfaces entre a
TCC e neurociências. Desse modo, foi realizada uma revisão de literatura, exploratória, por
meio de uma análise de dados de uma pesquisa qualitativa. A partir disso, foram encontradas
evidências que comprovam as modificações neurofuncionais através das técnicas. Há uma
escassez na revisão da literatura no que concerne a relação entre a neurociência e a TCC, com
isso, percebe-se que estudos dentro do campo da psicologia que visam uma interface com a
neurociência e suas colaborações, são mínimos, sendo que há uma grande relevância na
compreensão de como o processo terapêutico possibilita modificações no sujeito. Foi
salientada a eficácia da TCC em pacientes fóbicos, sendo analisada uma diminuição nas áreas
límbicas e paralímbicas. Porém, se observa que vários autores apresentam indícios de que
variadas áreas estão envolvidas em questões específicas, então não há um determinante do
funcionamento a ser modificado, isso irá variar diante de vários fatores. Autores abordam que
o processo terapêutico ocasionou mudanças clínicas, gerando modificações neurofuncionais,
sendo efetiva através das técnicas de exposição gradual e reestruturação cognitiva. De tal
modo, nota-se que a literatura traz que essas duas técnicas são evidentes neste tipo de manejo
terapêutico, assim, faz se uma reflexão de outras técnicas da TCC não ser mencionada, sendo
que também apresentam efetividade. É imprescindível que, mediante aos argumentos
explanados, as pesquisas envoltas da neurociência e a TCC sejam aprimoradas para validar a
importância dessa junção, sendo assim, refinadas e agregadas com outras técnicas, a fim de
promover ao sujeito mudanças efetivas em vários aspectos vivenciados pelo mesmo,
consequentemente a mudança neurofuncional.

Número: 162
Título: AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA DOR E DO ESTRESSE PRECOCE NOS
NÍVEIS DE CORTISOL SALIVAR EM DEPRIMIDOS
Autores: Brisa Burgos Dias Macedo, Itiana Castro Menezes, Cristiane von Werne Baes,
Mário Francisco Pereira Juruena
Resumo: A depressão é considerada a maior causa de adoecimento e incapacidade de pessoas
em idade fértil entre todas as doenças médicas. Estudos realizados estimam que cerca de 350
milhões de pessoas sofram com pelo menos um episódio depressivo ao longo da vida e que
números significativos destes pacientes apresentem quadros de dores crônicas associadas. De
forma isolada, tanto a depressão quanto a dor crônica, sofrem influência de aspectos
biológicos e psicossociais. Entretanto, permanece incerta a intensidade da influência destes
fatores biopsicossociais nesta comorbidade. Objetivo: O objetivo deste trabalho foi avaliar o
impacto biopsicossocial da dor crônica em pacientes deprimidos. Método: O estudo foi
realizado por uma amostra total de 59 sujeitos composta por um grupo de participantes em
episódio depressivo e com dor crônica (n=22), um grupo de participantes em episódio
depressivo sem dor crônica (n=22) e um grupo de controles saudáveis (n=15). Os
participantes tiveram seus diagnósticos confirmados ou excluídos por meio da Mini
Entrevista Neuropsiquiátrica Internacional (MINI-Plus). Para avaliação da gravidade dos
sintomas depressivos utilizou-se a Escala de Depressão GRID de Hamilton (GRID-HAM-
D21). Nos grupos de pacientes, apenas aqueles que atingiram pontuação na HAM-D21≥16
foram incluídos no estudo. Para avaliação detalhada a respeito do impacto dos sintomas
psiquiátricos na dor e na depressão, utilizou-se o Inventário de Depressão de Beck (BDI-II), o
Inventário de Ansiedade de Beck (BAI), a Escala de Desesperança de Beck (BHS), a Escala
de Ideação Suicida de Beck (BSI) e o Questionário Sobre Traumas na Infância (CTQ). A
avaliação multidimensional da dor foi realizada por meio do BPI (Inventário Breve de Dor),
sendo este instrumento aplicado integralmente no grupo de deprimidos com dor e apenas para
excluir a presença do quadro doloroso nos demais grupos. Para avaliação do perfil
neuroendócrino, foram coletadas amostras de cortisol salivar de deprimidos com dor (n=13),
deprimidos sem dor (n=13) e controles saudáveis (n=13). Foram feitas avaliações da Área
Sob a Curva (AUC) e dos níveis basais de cortisol em cada ponto (minuto 0, 30 e 60). Além
disso, foram avaliadas a Resposta do Cortisol ao Acordar (CAR) e seus incrementos relativos

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(CARi%) e absolutos (AINC). Os níveis de cortisol salivar ao despertar foram avaliados a


partir da presença dos subtipos de EP em deprimidos com dor e sem dor. Para análise dos
resultados utilizamos o Software Statistical Package for the Social Science 23.0. (SPSS 23.0).
Os pacientes deprimidos com dor crônica apresentaram sintomas depressivos mais graves
quando comparados ao grupo de deprimidos sem dor (p = 0,005) do estudo. Não foram
encontradas diferenças entre os grupos de pacientes deprimidos do estudo na avaliação da
ansiedade (p = 0,24), da desesperança (p = 0,57) e da ideação suicida (p = 0,82). De acordo
com a avaliação da CTQ, foi encontrada presença significativamente maior de estresse
precoce entre os deprimidos com dor em comparação aos participantes deprimidos sem dor (p
= 0,05). Quanto a avaliação dos subtipos de estresse precoce, a presença dos cinco subtipos
foi expressiva tanto no grupo de deprimidos com dor quanto de deprimidos sem dor. No
entanto, o grupo de deprimidos com dor crônica apresentou maior número de participantes
com história de negligência emocional do que o grupo de deprimidos sem dor (p = 0,03). Na
avaliação da intensidade e da interferência da dor crônica na depressão, foram encontradas
correlações positivas de moderada intensidade entre a interferência da dor e os sintomas
depressivos (p = 0,009; r = 0,42) e ansiosos (p = 0,04; r = 0,42). Os resultados da avaliação do
perfil endócrino mostraram que não houve diferença significativa entre os grupos do estudo
na avaliação da AUC (p = 0,33), bem como dos níveis basais de cortisol nos pontos 0 min (p
= 0,07), 30 min (p = 0,18) e 60 min (p = 0,32) após acordar. Também não houve diferença
entre deprimidos com dor, deprimidos sem dor e controles quanto a CAR (p = 0,25). Na
avaliação dos incrementos em relação ao cortisol basal, entretanto, foram encontradas
diferenças entre grupos deprimidos sem dor e controles tanto nos valores da CARi% (p =
0,03) como nos da AINC (p = 0,01). Não foram encontradas diferenças entre os dois grupos
de deprimidos e nem entre os deprimidos com dor e os controles com relação a CARi% (p =
0,15; p = 0,69) e a AINC (p = 0,09; p = 0,63). Na avaliação da relação dos subtipos de EP e
os níveis de cortisol ao despertar (minuto 0) em deprimidos com dor, os pacientes com
negligência emocional apresentaram níveis mais altos de cortisol salivar do que os que não
sofreram negligência emocional (p = 0,005). Porém, não foram encontradas relações
significativas entre a negligência emocional e os níveis de cortisol salivar ao despertar em
deprimidos sem dor (p = 0,31). Nossos achados indicam que o quadro doloroso influencia no
agravamento da depressão. Sugerem também que a história de estresse precoce,
principalmente o subtipo negligência emocional, é um fator de predisposição importante para
o desenvolvimento da comorbidade entre dor e depressão. Os nossos achados sugerem que a
presença do subtipo de estresse precoce negligência emocional, desempenha papel importante
nas alterações no eixo HPA, aumentando os níveis de cortisol salivar entre deprimidos com
dor crônica ao despertar. Por fim, nossos achados apontam que o aumento da interferência da
dor na vida de pacientes deprimidos está diretamente relacionado ao agravamento dos
sintomas depressivos e ansiosos nestes pacientes, além da presença de história de negligência
emocional.

Número: 163
Título: AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS NO
TRANSTORNO DE BULIMIA NERVOSA
Autores: Fernanda Figueiredo Coelho; Amer Cavalheiro Hamdan
Resumo: Os transtornos alimentares (TA) são caracterizados por uma perturbação persistente
na alimentação ou no comportamento alimentar que resulta no consumo ou na absorção
alterada de alimentos e que compromete significativamente a saúde física ou o funcionamento
psicossocial. A bulimia nervosa (BN) é o transtorno alimentar mais comum entre a
população, estando presente de 1% a 4,2% da população. Os critérios diagnósticos são:
episódios de compulsão alimentar; comportamentos compensatórios inapropriados
recorrentes a fim de impedir o ganho de peso (como vômitos auto induzidos, uso indevido de
laxantes, diuréticos ou outros medicamentos, jejum ou exercício físico em excesso); a
compulsão alimentar e os comportamentos compensatórios inapropriados ocorrem, em média,
no mínimo uma vez por semana durante três meses; a autoavaliação é indevidamente
influenciada pela forma e pelo peso corporal; e a perturbação não ocorre exclusivamente

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durante episódios de anorexia nervosa (NA). Apesar da grande incidência da BN na


atualidade, a etiologia desta ainda é desconhecida e os déficits cognitivos tendem a ser
subdiagnosticados. Deste modo, o objetivo deste trabalho foi analisar as funções executivas
(planejamento, memória operacional, flexibilidade cognitiva e controle inibitório) em pessoas
com bulimia nervosa (BN). A amostra foi composta por 47 adultos, de ambos os sexos,
divididos em dois (02) grupos. O Grupo Clínico (GCl) foi composto por 22 adultos com BN e
o Grupo Controle (GCo) por 25 adultos sem histórico de BN. Foram utilizados os seguintes
instrumentos: Questionário de avaliação geral (QAG), Montreal Cognitive Assessment
(MoCA), Torre de Londres (ToL), Teste Stroop versão Victória (TSp), O Teste dos 5 Dígitos
(FDT), Sequência de Números e Letras (SNL), Teste de Fluência Verbal Semântica (FV),
Tarefa do Hotel (THo), Eating Attitudes Test (EAT – 26) e Escala de Perda de Controle sobre
a Alimentação (EPCSA). No GCl 88,9% foram mulheres, com idade média de 31,33 e no
GCo 94,3% mulheres, com média de idade de 35,5. Ao comparar o grupo clínico e o grupo
controle nas tarefas de execução, os resultados indicaram que houve diferença
estatisticamente significativa no desempenho entre os grupos no escore de planejamento,
controle inibitório e flexibilidade cognitiva. Neste contexto, as dificuldades nas funções
executivas tendem a expressar um comportamento mais impulsivo, o que poderia contribuir,
de alguma forma, para a origem dos episódios de compulsão alimentar e para um
comportamento purgativo na BN. Déficits na capacidade de planejamento também podem
estar relacionados com a dificuldade de tomada de decisão e direcionamento das escolhas
para ações necessárias afim de alcançar uma meta, seleção adequada de habilidades para
elaborar um plano, o que poderia causar grande impacto na escolha adequada e manutenção
de um comportamento alimentar saudável. Indivíduos com BN também demonstraram maior
dificuldade em tarefas de flexibilidade cognitiva, que exigem generalização, o que poderia
demonstrar uma dificuldade de alterar padrões comportamentais disfuncionais. Atualmente
ainda é necessário aprofundar o conhecimento sobre o que os déficits neuropsicológicos
representam nos distúrbios alimentares, especialmente na BN, e quais são os aspectos causais
que levam uma pessoa a manter uma relação patológica com a forma corporal e o peso,
perdendo o controle sobre sua própria saúde. Os dados desta pesquisa reforçam a importância
da avaliação da capacidade cognitiva nesta população, afim de auxiliar no melhor
planejamento de ações, intervenções diferenciais e nortear o manejo clínico dos profissionais
de saúde e proporcionar uma melhor qualidade de vida nesta população.

Número: 164
Título: AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA DE ALCOOLISTAS E SEU IMPACTO NO
TRATAMENTO PSICOTERAPÊUTICO: REVISÃO
Autores: Nathálya S. Ribeiro
Resumo: O alcoolismo está associado a diversas questões de saúde, incluindo déficits
neuropsicológicos. Estudos apontam que indivíduos dependentes de álcool apresentam
prejuízos em memória, funções executivas e cognição social. Tais prejuízos têm sido
relacionados a dificuldades na manutenção da abstinência. Neste sentido, esta revisão visa
apresentar o estado da arte da avaliação neuropsicológica de alcoolistas e discutir o impacto
dos déficits cognitivos no tratamento da dependência. Metodologia: Foram realizadas buscas
nas bases de dados PsycArticles e BVS, sendo incluídos quatro estudos publicados nos
últimos 10 anos, realizados com indivíduos dependentes de álcool os quais foram submetidos
à avaliação neuropsicológica. Foram coletadas as informações bibliométricas e realizou-se
análise de conteúdo categorial temática. A partir dos resultados das avaliações
neuropsicológicas pode-se constatar que o grupo composto por dependentes de álcool
apresentou déficits significativos em funções executivas (inibição cognitiva, flexibilidade
cognitiva, memória de trabalho e resolução de problemas) e memória (recordação recente e
tardia e memória visual). Também foram observados prejuízos quanto ao reconhecimento de
rostos e prosódia, nomeação e reconhecimento facial. Em suma, os achados deste trabalho
corroboraram os estudos da área. Faz-se necessário que os estudos investiguem de modo mais
específico de que forma os déficits cognitivos decorrentes do alcoolismo afetam o tratamento

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da dependência. O alcoolismo é um transtorno heterogêneo e a avaliação neuropsicológica


contribui substancialmente para o planejamento do tratamento.

Número: 167
Título: IMPACTO DO TRANSTORNO DE ANSIEDADE SOCIAL NA CAPACIDADE
FUNCIONAL DE IDOSOS DA COMUNIDADE
Autores: Madson A. Maximiano-Barreto; Ana Julia de Lima Bonfim, Marcos H. N. Chagas
Resumo: O Transtorno de Ansiedade Social (TAS), também conhecido como Fobia Social
(FS), pode acometer indivíduos de qualquer faixa etária, inclusive idosos. É caracterizado por
uma ansiedade acentuada e persistente nas interações sociais e oferecem prejuízos funcionais
e psicológicos. Objetivo: Comparar os níveis de funcionalidade em idosos com e sem TAS.
Método: Trata-se de um estudo transversal realizado em uma cidade do interior de São Paulo.
Participaram desse estudo 261 idosos de ambos os sexos com idade igual ou superior aos 60
anos. Utilizou-se os seguintes instrumentos: questionário estruturado com intuito de
identificar e caracterizar os idosos pesquisados, Escala de Avaliação de Saúde e Deficiência
(WHODAS 2.0), Mini Exame do Estado Mental (MEEM) e o Mini-Inventário de Fobia
Social (Mini-SPIN). O ponto de corte considerado na Mini-SPIN para rastreio positivo de
TAS foi de sete ou mais. Dos participantes, 59,8% (n=156) eram do sexo feminino, com
idade entre 60-93 anos (X̅ = 70,37; DP= 7,68). A maioria dos idosos apresenta baixa
escolaridade (X̅ =3,07; DP= 2,99). Segundo a Mini-SPIN, 6,2% (n=16) do idosos
apresentaram rastreamento positivo para TAS. Em relação à capacidade funcional, houve
diferença significava entre os grupos no escore total da WHODAS 2.0 (p=0,009). Diante dos
seis domínios que compõem esse mesmo instrumento, obteve-se relação estatisticamente
significativa nos domínios cognição (p=0,019) e atividades de vida (p<0,001). Diante dos
resultados descritos acima, é possível identificar um maior prejuízo na capacidade funcional
de idosos com TAS, especialmente nos domínios cognição e atividades de vida.

Número: 170
Título: SUSPEITA DIAGNÓSTICA E IDADE ESCOLAR: RELATO DE CASO DA
CLÍNICA PSICOPEDAGÓGICA.
Autores: Débora L. Squilante; Maria Regina L. Minardi
Resumo: Em idade escolar, a presença da ansiedade pode ter um efeito indireto no
aprendizado, já que interfere nos processos cognitivos responsáveis por regular a
aprendizagem.As características primordiais do Transtorno de Ansiedade Generalizada são a
ansiedade e preocupação excessivas em diferentes situações. A mediação psicopedagógica
sob a ótica da Experiência de Aprendizagem Mediada e da Modificabilidade Cognitiva
Estrutural busca favorecer mudanças estruturais no nível cognitivo.Devido à relevância e o
impacto que o tema representa no desenvolvimento e na aprendizagem da criança, o presente
trabalho apresenta um caso com suspeita de transtorno de ansiedade generalizada e seus
desdobramentos na mediação psicopedagógica. Avaliação psicopedagógica, estruturada em 5
sessões: Observação Clínica da criança com Enfoque Estruturalista do Desenvolvimento,
Teste House, Tree e Person, Dupla Educativa e Família Educativa e atividades preparatórias
de leitura e escrita. Intervenção psicopedagógica, estruturada em 7 sessões: livros
paradidáticos, jogos pedagógicos e materiais recicláveis. Com a mãe foram agendados 3
encontros e com a professora do ensino regular 1 encontro.A atuação psicopedagógica foi
embasada nos 12 critérios da Teoria de Experiência de Aprendizagem Mediada.A avaliação
apontou a necessidade de intervenção psicopedagógica justificada pela ansiedade flutuante e
excessiva da criança no processo e com prejuízos pedagógicos associados à dificuldade de
atenção e concentração e preocupação excessiva com a sua competência. A intervenção
resultou no aumento do tempo de atenção da criança durante a realização das atividades e
menor resistência em relação à escrita e leitura, assim como mudança de postura frente às
verbalizações do mediador.A mediação psicopedagógica contribuiu para auxiliar no
desenvolvimento e na aprendizagem da criança em idade escolar e com suspeita de transtorno
de ansiedade generalizada.

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Número: 171
Título: TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO E PENSAMENTOS
RUMINATIVOS EM SOBREVIVENTES DE CÂNCER INFANTIL: UM ESTUDO
PILOTO
Autores: Franciele Cristiane Peloso; Maria Júlia Armiliato; Danielle Kirsch e Elisa Kern de
Castro
Resumo: A vivência do câncer infantil somada a possíveis sequelas físicas, emocionais e do
tratamento pode ter consequências negativas em longo prazo, como sintomatologia de
Estresse Pós-traumático (TEPT). Após um evento estressante ou traumático o indivíduo pode
ter pensamentos ruminativos intrusivos (pensar no evento mesmo não querendo) ou
deliberados (com intenção de pensar/refletir), sendo que a ruminação intrusiva pode estar
mais associada com o processo cognitivo que envolve o TEPT. Assim, objetivou-se
identificar correlações entre pensamentos ruminativos e TEPT em sobreviventes de câncer
infantil. Trata-se de um estudo ex-post facto em que participaram 47 sobreviventes da doença
com idade média de 16,7 (DP= 3,7) anos. A coleta de dados foi realizada em um hospital após
os sobreviventes fazerem suas consultas médicas de rotina. O convite para participação na
pesquisa e o agendamento da coleta foram feitos através de contato telefônico. Os critérios de
inclusão eram: ter mais de 12 anos de idade e estar em remissão da doença há pelo menos
dois anos. Os instrumentos utilizados foram Questionário de Dados Sociodemográfico e
Clínico, Event-related Rumination Inventory (ERRI) e PCL-5 Checklist. Foi feito o teste de
Shapiro-Wilk que identificou distribuição normal na amostra, assim foi utilizado correlação
de Pearson considerando o nível de significância p<0,05. A análise dos dados foi realizada no
programa SPSS 22. Observou-se correlação significativa positiva entre ruminação intrusiva
com sintomatologia de TEPT revivência (r=0,637), evitação (r=0,737), alterações cognitivas e
de humor (r=0,452) excitabilidade (r =0,599), além de TEPT total (r=0,617). Já a ruminação
deliberada correlacionou-se positivamente com o sintoma de TEPT revivência (r=0,420) e
evitação (r=0,467). Conclui-se que tanto a ruminação intrusiva quanto a deliberada estão
relacionadas com a sintomatologia de TEPT. Pensamentos deliberados podem coexistir com
a cognição intrusiva, fazendo parte do processo de reflexão sobre a doença. Assim, ao mesmo
tempo em que os sobreviventes não querem pensar sobre o câncer infantil e não conseguem
controlar ou parar seus pensamentos, apresentando associação com a sintomatologia de
TEPT, eles também pensam de forma reflexiva sobre o porquê revivem e evitam estímulos
que os relembrem da doença.

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