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CURSO DE PROFISSIONALIZAÇÃO EM SERVIÇO - ANO LETIVO 2016/2017

TECNOLOGIAS DIGITAIS EM EDUCAÇÃO (11057_16_01) - E-FÓLIO A

MIGUEL INOCÊNCIO SATURNINO. ALUNO 1101468

7 de novembro de 2016
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1.ª Parte

O desenvolvimento exponencial que as Tecnologias da Informação e Comunicação têm registado nas últimas
décadas torna imperativo que se olhe para as mesmas como portadoras de vantagens com potencial para
cumprir favoravelmente os objetivos impostos pelos desafios emergentes do séc. XXI, nomeadamente no que
concerne à Escola, à Educação e a todo o processo de ensino/aprendizagem.
Assim sendo, as questões de política educacional, até pela importância social das mesmas, assumem-se como
um campo privilegiado para essas inovações. Dada a sua reconhecida importância na opinião pública, porém,
as possíveis alterações nesse âmbito serão sempre escrutinadas com critérios mais imediatistas que científicos,
cabendo aos agentes dessas mudanças o ingrato papel de esclarecer e convencer, ao mesmo tempo que
empreendem as reformas.
Antes de mais, importa salientar que o advento das novas tecnologias na Educação, com todos os desafios e
constrangimentos associados, enfrenta, principalmente, a resistência de uma mentalidade demasiadamente
apegada a uma conceção de aprendizagem dependente do papel do professor, do método expositivo e da
tradicional avaliação por parâmetros que procuram, mais do que tudo, padronizar.
Indiferentes às possíveis pressões da opinião pública, têm surgido diversas abordagens e modelos pedagógicos
verdadeiramente inovadores, que registam a necessidade de adoção de uma nova perspetiva educacional,
através da conjugação de espaços de aprendizagem formais e informais, síncronos e assíncronos, privilegiando
o espírito colaborativo, as redes comunicativas e as potencialidades da Web 2.0.
Desse modo, diversos paradigmas emergentes procuraram sistematizar as novas evoluções tecnológicas
(Educação a distância; eLearning; Educação online; Web-based learning; Open learning). Porém, o Blended
Learning (B-Learning) ganha importância como catalisador dessas novas tendências, com foco no estudante
(aprendizagem) e não no professor (ensino).
A adesão a este sistema no nosso sistema de ensino tem obedecido a diversos critérios, passando pela mera
admissão da ideia de base, evoluindo depois para reforço do ensino presencial e, posteriormente (em termos
hipotéticos) para a alteração dos paradigmas educacionais. Em termos teóricos, tem-se assistido ao
aproveitamento das teorias behavoristas, cognitivistas e construtivistas como corroboração da utilidade
educacional do blended learning.
A atratividade do referido sistema justifica-se com as suas diversas vantagens. Antes de mais, destaca-se a
inquestionável flexibilidade espácio-temporal, com implicações também na responsabilização do estudante.
Além disso, “existe a possibilidade de diálogo refletido, centralidade do estudante, interação informal devido
ao grau de anonimato proporcionado pelas tecnologias” 1, entre outras.
Como pontos negativos, há a referir a dificuldade de acesso a infraestruturas de qualidade (hardware, software
e rede), a excessiva dependência de um contexto de responsabilidade individual, a contínua necessidade de

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MONTEIRO, Angélica, AAVV, Blended (e) Learning na Sociedade Digital, Wh!tebooks, Santo Tirso, 2015, p. 36.
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formação por parte dos formadores e a resistência à nova mentalidade por parte da tutela, condição essa
expressa quer na elaboração de políticas educativas, quer na mera construção dos curricula.
Seja como for, assiste-se a cada vez mais tentativas de adoção do blended learning (ou até mesmo no blended
e-learning, se pensarmos no ensino formal vs. informal em termos exclusivamente digitais), o que sugere que
a alteração de paradigma mental (o mais difícil de conquistar) entrou já numa fase irreversível.

2.ª Parte

A docência em ambientes virtuais exige uma contínua atualização de conhecimentos, de modo a que se possa
corresponder às emergentes tecnologias. A verdadeira adaptação, porém, vai muito para além da aquisição de
conhecimentos técnicos. Trata-se, na verdade, de algo muito mais difícil de obter: uma alteração de
mentalidade no que concerne à política de educação.

Ainda que as vantagens do novo paradigma na profissão docente sejam evidentes, as alterações são de uma
envergadura tal que necessitarão, para a sua exequibilidade, de medidas de fundo ao nível da política
educativa.

Isto porque o tradicional papel do professor confere-lhe o estatuto de protagonista no processo ensino-
aprendizagem. É essa a espetativa da sociedade, do professor e, em última instância, dos próprios alunos.

O problema surge quando a sala de aula já não consegue ser suficientemente grande para refletir a
mundividência da população estudantil, com perversos efeitos ao nível do aproveitamento ou, pior, da
aquisição de saber.

Ainda que a adoção de sistemas de ensino privilegiando o prazer tenha entrado em desuso nos últimos anos,
recuperando-se um pouco a noção de que o esforço é um elemento necessário ao ensino, parece um
contrassenso desaproveitar as novas tecnologias da informação e comunicação. Na verdade, estas podem
assumir-se como catalisadoras de uma nova forma de ensino, centrada no estudante, refletindo a sua forma de
ver o mundo e potenciadoras de competências indispensáveis aos perfis profissionais do séc. XXI: autonomia,
comunicação, colaboração.

Destacam-se alguns modelos surgidos neste âmbito: Modelo de Community of Inquiry (Garison & Anderson,
2003); Modelo de Brown (2001); Modelo de interação em ambientes virtuais de Faerber (2002); Modelo de
e-moderador (Salmon, 2004); Modelo de colaboração em ambientes virtuais de Henri e Basque (2003).

Em todos eles, o denominador comum recai na alteração de papel do professor: mais do que um emissor de
conteúdos, será um facilitador de tarefas, um encaminhador de esforços, um enquadrador de conteúdos.
Sempre atento à pluralidade do seu público, sempre disponível para um acompanhamento personalizado,
presencial ou não, síncrono ou assíncrono.
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Bibliografia

MOREIRA, J. A., BARROS, D., & MONTEIRO, A. (Orgs.) (2015). Inovação e Formação na Sociedade Digital: Ambientes
Virtuais, Tecnologias e Serious Games. WhiteBooks: Santo Tirso.

MOREIRA, J. A., & NEJMEDDINE, F. (2015). O Vídeo como Dispositivo Pedagógico e Possibilidades de Utilização
Didática em Ambientes de Aprendizagem Flexíveis. Coleção de Estudos Pedagógicos. Número Extra. WhiteBooks:
Santo Tirso.

MONTEIRO, A., MOREIRA, J.A., & LENCASTRE, J.A. (Orgs.) (2015). Blended (e)Learning na Sociedade
Digital. Coleção de Estudos Pedagógicos, 5, WhiteBooks: Santo Tirso.

CANDEIAS, M.I. & SILVA, J.A. (2008). A nossa sala de aula já é maior que o planeta Terra! Educação, Formação &
Tecnologias; vol. 1(1), pp. 142- 152.

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