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EDUCAÇÃO 3.0 – ENSINO HÍBRIDO E SALA DE


AULA INVERTIDA
Vitor Almeida de Oliveira

Resumo

Este artigo trata do uso das Tecnologias Educacionais em Instituições de Ensino com a
adoção do conceito da Educação 3.0, aliado aos novos métodos de ensino: o Ensino
Híbrido, que alia o uso do ensino tradicional com o uso das Tecnologias de Informação
e o conceito de Sala de Aula Invertida que uso um modo diferenciado de disseminação
de conhecimento em sala de aula.

Palavras-Chave: Educação 3.0; Tecnologias de Informação; Ensino Híbrido; Sala de


Aula Invertida.

Abstract:

This article deals with the use of Educational Technologies in Education Institutions
with the adoption of the concept of Education 3.0, combined with the new teaching
methods: Hybrid Teaching, which combines the use of traditional teaching with the use
of Information Technologies and the concept of Flipped Classroom that uses a
differentiated way of disseminating knowledge in the classroom.

Keywords: Education 3.0; Information Technologies; Hybrid Teaching; Flipped


Classroom.

1.INTRODUÇÃO

A ideia que circula com muita força nas Escolas de Educação Básica que são
públicas ou particulares é a de que o método de ensino atual, relegado a uma forma
conteudista e explicativa, não cabe mais num modelo tradicional de Educação por estar
dissonante ao cotidiano dos alunos diante dos avanços pedagógicos e tecnológicos de
um mundo cada vez mais exigente quanto à capacidade de absorção do conhecimento.
Este modelo não satisfaz mais como aquisição de saber.

Não basta mais às Instituições Educacionais, na figura de seu corpo docente,


despejar conteúdo em sala de aula aos seus alunos, pois isto não chama mais a atenção,
nem atrai este mesmo aluno a entender o que se está aprendendo, causando desinteresse.
Basta ver o nível de desempenho das Escolas e dos seus alunos, que a cada ano diminui
assustadoramente, num quadro de descaso com a Educação.

Eis as medições e gráficos do MEC sobre evasão e reprovação na Educação


Básica que corroboram as informações do texto:
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Figura 1 – Taxa de Reprovação em 2015. Fonte: MEC.

Figura 2. Rendimento por Etapa Escolar. Fonte MEC.

Figura 3. Taxa de Rendimento Escolar em 2016.


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Figura 4. Taxa de Rendimento Escolar – Ensino Fundamental, Anos Iniciais (2016)

Figura 5. Taxa de Rendimento Escolar. Ensino Fundamental, Anos Finais (2016).

Figura 6. Taxa de Rendimento Escola. Ensino Médio (2016)


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Quando se fala em diferencial em um Colégio, normalmente se pensa em que


tipo de situação?

Lembramos em atividades extraclasses; nos espaços internos do Colégio (pátio)


que agrega alunos, Pais e Responsáveis; em melhorias na infraestrutura... Mas isso é
diferencial?

Não. Isto se chama serviço.

As Escolas preocupam-se em atualizar as suas instalações; melhoram o aspecto


visual da parte física para tornar os espaços mais agradáveis; inserem equipamentos
cada vez mais modernos (computadores, notebooks, projetores, lousas interativas, redes
de alta velocidade, tablets, Chromebooks e etc.) no afã de atrair um público consumidor
mais exigente. Mas, e o modo como o conhecimento é disponibilizado a este aluno que
consume tudo isto, mudou nestes últimos 30, 20, 10 anos ou mesmo nos dias atuais?

A resposta é NÃO!

Aulas puramente expositivas, com alunos passivos e inibidos a qualquer ação


interativa: este é o retrato do ensino atual, que não busca alternativas para a melhora da
compreensão do que é ensinado pelos professores, também desatualizados quanto às
tecnologias educacionais e os métodos de ensino. O modo como se aprendeu, ficou
estático, relegado ao um passado na Faculdade ou no nível de Educação Básica.

Os alunos de hoje não são mais os mesmos para os quais o nosso sistema
educacional foi criado. Em seu cotidiano, muitos alunos estão conectados com uma
nova realidade onde as redes sociais, o acesso direto às informações e a instantaneidade
são marcas registradas. Para eles, aulas explicativas centradas unicamente no professor,
com poucas possibilidades de interação e elevado grau de passividade são altamente
desmotivadoras e carentes de significado.

Pois a questão que se apresenta como desafio a este cenário atual é a seguinte:
como fazer diferente?

É disso que se trata este artigo sobre a Educação 3.0; a hibridização do ensino
como forma alternativa de aprendizado e a modalidade de salas de aulas invertidas
como novo conceito de método de ensino, trazendo uma renovação nos modelos como
frescor nas práticas pedagógicas, podendo resultar em aulas muito mais interessantes e
trazendo novamente o aluno a gostar de estudar.

2.HISTÓRICO

Em junho de 2017, ao dar continuidade às pesquisas com a plataforma


MOODLE que é a parte integrante do AVA (Ambiente Virtual de Aprendizagem) no
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Colégio Concórdia, deparei-me com o conceito de Sala de Aula Invertida, onde a


ferramenta principal é o uso do MOODLE, num artigo escrito por Jonathan Bergmann e
Aaron Sams.

Curioso, comecei a pesquisar mais sobre o conceito e o modelo chamou muito a


atenção pela mudança de paradigma dentro de uma sala de aula.

Após muitas leituras e pesquisas, cheguei ao nome de Erik Mazur, holandês,


Professor de Física em Harvard, localizada em Cambridge, estado de Massachusetts,
nos Estados Unidos, que introduziu o conceito inicial e é um dos mais respeitáveis
pesquisadores da área. Ele percebeu que os seus alunos tinham um rendimento melhor
quando assistiam os seus vídeos após as aulas, como tema de casa. Com o conhecimento
adquirido neste formato, o aluno chegava em sala de aula com a informação fresquinha.

Este foi o princípio básico da Sala de Aula Invertida.

Descobri que o professor Mazur tinha sob os seus cuidados um de seus pupilos
que estava trabalhando no mesmo modelo da minha proposição, já a alguns anos, e que
é brasileiro, gaúcho e professor da disciplina de Física na UFRGS.

Entrei em contato e prontamente o professor Ives Solano Araújo, que é graduado


em Licenciatura e Bacharelado em Física (FURG - 2000), Mestrado em Física na área
de concentração de Ensino de Física (UFRGS - 2002) e Doutorado em Física também
voltado ao Ensino de Física (UFRGS 2005) e realizou um estágio pós-doutoral na
Universidade de Harvard (EUA, 2009-2010) participando do grupo de pesquisa em
Ensino de Física do Prof. Eric Mazur, com quem mantém colaboração desde então e
atualmente é Professor Associado II do Departamento de Física – UFRGS me recebeu
gentilmente para uma rodada de conversas sobre o assunto.

Ele deu espaço para que eu explicasse o projeto, como se constituía, fez diversas
colocações e se colocou à disposição para uma leitura do projeto final. Achou que o
caminho é esse de acordo com o que foi exposto e que o retorno é fantástico. Mas avalia
que a introdução do conceito deve ser feito aos poucos para não causar um impacto
negativo na Instituição.

3.CONCEITO

3.1.EDUCAÇÃO 3.0

O mundo contemporâneo e corporativo mudou com o advento das tecnologias e


transformou para sempre a maneira como os negócios serão feitos daqui para diante.

O grande desafio está no fato de que as nossas Instituições Educacionais não


mudaram na mesma medida atingindo um impasse: enquanto o crescimento exponencial
da tecnologia nos levou a uma nova revolução do trabalho, a Escola permanece
enraizada e praticamente estática na forma de disseminar este conhecimento para o
mercado de trabalho.
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O mercado quererá jovens profissionais criativos, flexíveis, colaborativos,


investigadores, capazes de resolver problemas com poucos recursos, pessoas que
poderiam resolver problemas com o estímulo do raciocínio para situações de qualquer
tipo de risco… Mas é isso que eles estão aprendendo na sala de aula?

Existem muitas diferenças entre o ambiente de trabalho e o ambiente escolar,


pois na mesma medida em que o conhecimento das novas tecnologias serviu ao mundo
corporativo para alavancar os negócios, no ambiente escolar o modo como se
compreendem estes novos conhecimentos não foi acompanhado por uma evolução
pedagógica.

Pois a Educação 3.0 é exatamente isso: quer transformar a compreensão do


conhecimento em algo que possa ser alcançado e que esteja alinhado com o mercado de
trabalho, o mundo corporativo e com o avanço das ciências e das tecnologias, de modo
que as Instituições Educacionais estejam em concordância com o avanço da sociedade
como mola propulsora do saber (SASSAKI, 2017).

A tecnologia digital traz não somente novas ferramentas, mas novas


mentalidades. É preciso saber procurar, manipular e priorizar informações em meio a
um mar de novidades em que, de repente, todos se tornam produtores de conteúdo, não
mais consumidores passivos. O profissional 3.0 é multitarefas, está sempre conectado ao
que ocorre no mundo e pode trabalhar de qualquer lugar.

Seguindo essa lógica, a Escola deveria refletir a nova realidade do mercado. A


Educação 3.0 defende essa adaptação: a Escola passaria a ser um ambiente pluralizado
(que permite a interação entre crianças e jovens de diferentes idades), de estruturas mais
flexíveis no que concerne tempo e espaço. Afinal, a aprendizagem, assim como o
trabalho profissional, pode acontecer em toda parte, a qualquer momento.

Não há mais um único objetivo a ser atingido: a partir de agora, a aprendizagem


ocorre a partir da solução de problemas reais; cada aluno ou grupo de alunos
enveredando por um caminho alternativo e adquirindo, enquanto isso, seu conjunto
particular de conhecimentos, habilidades e competências.

A tecnologia, da mesma forma, tem papel central na Educação 3.0, entretanto, ao


contrário do que acreditam alguns estudiosos no assunto, isso não significa distribuir um
dispositivo eletrônico por aluno. A Escola do novo milênio deve preparar os alunos para
a cidadania digital e para a autoria. A tecnologia é uma linguagem a ser dominada para
que o aprendiz possa criar, não apenas curtir e compartilhar conteúdo. Sendo assim, “a
ênfase não está nas ferramentas em si, está nas possibilidades de interação,
produção, solução de problemas e na colaboração”.

4.ENSINO HÍBRIDO
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O Ensino Híbrido propõe o alinhamento entre o ensino tradicional-conteudista,


com as novas tecnologias educacionais e os avanços tecnológicos na forma de
disseminar o conhecimento em sala de aula, incluindo sua formatação dentro das salas.

Discorre não somente ao que é disponibilizado em forma de conteúdo, mas


estabelece a maneira como este conteúdo é dado dentro da sala, na administração das
informações pelo professor e como o aluno percebe este conhecimento.

Consiste na alternância entre diversos momentos e espaços de aprendizagem em


torno de uma mesma temática (SASSAKI, 2017). As possibilidades dentro desta
modalidade estão: momentos individuais e coletivos, conexão online e offline,
momentos de debate e produção, em sala de aula e em campo.

Figura 7. Características do Ensino Híbrido.

Um dos conceitos mais utilizados atualmente é o de INOVAÇÃO


DISRUPTIVA que é o fenômeno pelo qual uma inovação transforma um mercado ou
um setor existente (Educação) por intermédio da um conceito que gera e agrega valor
comercial. É a ruptura entre o antigo e o novo de modo a unifica-los na adoção de um
conceito novo, sobrepujando-o. Um exemplo disso é a normatização pela BNCC que
coloca o material didático em um novo alinhamento.

Em muitas Escolas, o Ensino Híbrido está emergindo como uma inovação


sustentada em relação à sala de aula tradicional. As vantagens da Educação online
combinadas com todos os benefícios da sala de aula tradicional são:

1. Representa tanto a nova quanto a antiga tecnologia, como uma inovação que
rompa ditames e que não oferecia a tecnologia anterior em sua plena forma;
2. Busca atender aos clientes já existentes, ao contrário dos não-consumidores –
ou seja, aqueles para os quais a alternativa ao uso da tecnologia seria utilizar
nada;
3. Procura ocupar o espaço da tecnologia pré-existente. Como resultado, a
obrigação de se atingir um desempenho que supere as expectativas dos
clientes exigentes é bastante alta, uma vez que o híbrido precisa realizar o
trabalho pelo menos tão bem quanto o próprio produto anterior, se analisado
pela definição original de desempenho. Por outro lado, as empresas bem-
sucedidas na implementação destas inovações, assumem o acontecimento
como um dado favorável para implementação no mercado de que a ideia é
boa, mudando um paradigma;
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Dentre as normas recentemente criadas para o uso do Ensino Híbrido estão as


seguintes nomenclaturas: modelos de Rotação por Estações, Laboratório Rotacional e
Sala de Aula Invertida. Elas incorporam as principais características tanto da sala de
aula tradicional quanto do ensino Online. Este novo conceito muda os ambientes das
salas de aula com eficiência e eficácia e traz para os gestores educacionais um novo
modelo pedagógico que alia aquisição de conhecimento com tecnologia.

Estes modelos estão incorporados nos modos Flex, A La Carte, Virtual


Enriquecido e de Rotação Individual que não serão discutidos ou incluídos neste artigo.
Os modelos mais inovadores estão posicionados de modo a transformar o sistema de
salas de aula a tornarem-se os motores da mudança em longo prazo.

Figura 8. Como se consitui o Ensino Híbrido

De que modo fazer esta mudança?

1. Criar uma equipe na Escola que seja autônoma em relação a todos os


aspectos da sala de aula tradicional;
2. Focar os modelos inovadores de Ensino Híbrido inicialmente nas áreas mais
frágeis da Escola; P. Ex.: disciplinas que os alunos têm baixo rendimento;
3. Quando houver esta expansão, procurar pelos alunos com menores
exigências de desempenho;
4. Insistir no projeto até que ele dê certo. E dá;
5. Introduzir políticas de incentivo à inovação;

Em 2012, o Instituto Clayton Christensen publicou um artigo chamado


“Classifying K-12 blended learning” que ordenava por categorias os programas de
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Ensino Híbrido no Ensino Fundamental e Médio norte-americano (K12). Os principais


modelos são:

 Modelo de Rotação: é aquele no qual, dentro de um curso ou matéria, os


alunos revezam entre modalidades de ensino, em um roteiro fixo ou a
critério do professor, sendo que pelo menos uma modalidade seja de
ensino online. Outras podem incluir atividades com as lições em grupos
pequenos ou turmas completas, trabalhos em grupo, tutoria individual e
trabalhos escritos. O Modelo de Rotação tem três submodelos:
a) Rotação por Estações ou o que alguns chamam de Rotação de
Turmas ou Rotação em Classe – é aquele no qual os alunos
revezam dentro do ambiente de uma sala de aula.
b) Laboratório Rotacional é aquele no qual a rotação ocorre entre
a sala de aula e um laboratório de aprendizado para o ensino
online.
c) Rotação Individual difere dos outros modelos de Rotação
porque, em essência, cada aluno tem um roteiro individualizado
e, não necessariamente, participa de todas as estações ou
modalidades disponíveis.
Obs.: Existe ainda, um quarto modelo que não citarei aqui, pois será
objeto de análise no item logo a seguir, que é o modelo de Sala de Aula
Invertida.

Figura 9. Zona híbrida de ensino

5.SALAS DE AULAS INVERTIDAS

O conceito de Sala de Aula Invertida é fazer em casa o que era feito em aula. Por
exemplo: assistir palestras on-line e, em aula, o trabalho que era feito em casa. Ou seja,
resolver o problema proposto pelo professor (BERGMANN; SAMS, 2012).

Embora seja implementado de modos diferentes, em geral esse modelo emerge


como técnica usada por professores tradicionais para melhorar o engajamento dos
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estudantes. Por exemplo, os alunos matriculados em aulas de matemática da 4ª à 6ª


séries usam dispositivos conectados à internet — normalmente a partir de casa — para
assistir às lições assíncronas, em vídeo com duração de 10 a 15 minutos, e completar
questões de compreensão no Moodle. Na escola, eles praticam e aplicam seu
aprendizado com a presença do professor.

Este modelo não transforma as operações escolares ou os atributos tradicionais


das salas de aula, incluindo os grupos divididos por idade, horários programados ou o
desenho básico de suas instalações. Em vez disso, ele aproveita melhor seus professores
e salas de aula existentes para oferecer melhorias de desempenho sustentadas a seus
estudantes tradicionais (CHRISTENSEN; HORN, STAKER, 2013, p.31).

Em resumo, significa transferir eventos que tradicionalmente eram feitos em


aula para fora de aula, segundo Lage, Platt e Treglia (2000). Trata-se de uma abordagem
pela qual o aluno assume a responsabilidade pelo estudo teórico e a aula presencial
serve como aplicação prática dos conceitos estudados previamente (JAIME; KOLLER;
GRAEML, 2015). O uso do conceito de Sala de Aula Invertida não é novo e existe
desde a década de 90 de acordo com a figura 4:

Figura 10. Evolução histórica da Sala de Aula Invertida

A partir dos anos 2000, o termo “Flipped Classroom” passou a ser um “chavão”
impulsionado por publicações internacionais com o surgimento, na esteira, de Escolas
de Ensino Básico e Superior adotando esta abordagem.

Existe uma organização com mais de 25.000 educadores, a FLIPPED


LEARNING NETWORK que reúne trabalhos, palestras e estudos sobra a aprendizagem
invertida para que educadores possam implantá-la com sucesso. Sucesso este que se
tornou uma tendência crescente em Educação em vários países.
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Figura 11. Itens que compõem a Sala de Aula Invertida

No Brasil, algumas Escolas e Universidade já adotaram o sistema ajustado às


suas necessidades com ótimos resultados, como o caso do Colégio Dante Alighieri, das
Universidades UNIAMÉRICA, UNISAL, UNIASSELVI etc.

Segundo apontamento da Flipped Learning Network (2014), aprendizagem


invertida é entendida com uma abordagem pedagógica na qual a aula expositiva passa
da dimensão da aprendizagem individual, transformando-se o espaço em sala de aula
restante em um ambiente de aprendizagem dinâmico e interativo, no qual o facilitador
guia os estudantes na aplicação dos conceitos.

Moran (2014) considera a Sala de Aula Invertida um dos modelos mais


interessantes da atualidade para mesclar tecnologia com metodologia de ensino, pois
concentra no virtual o que é informação básica e, na sala de aula, atividades criativas e
supervisionadas, numa combinação de aprendizagem por desafios, projetos e problemas
reais. Para que os professores se engajem na proposta de Sala de Aula Invertida, será
necessária a observação dos quatro pilares que sustentam a prática da modalidade que
são: Ambiente Flexível, Cultura de Aprendizagem, Conteúdo Dirigido e Educador
Profissional.

5.1.METODOLOGIA DE ENSINO

A Sala de Aula Invertida prevê o acesso ao conteúdo antes do período das aulas
pelos alunos, com material divulgado em plataforma de conteúdo (Moodle/AVA). O
segundo passo será em sala de aula com o uso dos primeiros minutos para
esclarecimento de dúvidas, de modo a diminuir equívocos antes dos conceitos serem
aplicados nas atividades práticas em sala de aula. Os alunos são estimulados a
concentrarem seus esforços em atividades que requeiram maior concentração dentro de
um trabalho cognitivo como: aplicar, analisar, avaliar, criar num contato contínuo e em
conjunto com colegas e professores a fim de obter melhores resultados.
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Figura 12. Como funciona a Sala de Aula Invertida.

O formato permite que o conteúdo a ser debatido em sala de aula, seja de


conhecimento do aluno de forma prévia, por intermédio de vídeo de pequena duração
(entre 5 a 10 min) para que o aluno possa absorver o conhecimento do assunto exposto
na plataforma. Também poderá ser administrada, uma palestra com o teor da matéria a
ser debatida ou a leitura de um texto curto sobre o assunto. Tudo de forma a fazer o
aluno chegar à sala de aula com conhecimento fresco.

A preparação prévia para as atividades de aprendizagem ativa durante a aula


ajudam os estudantes a desenvolver sua comunicação e habilidades a desenvolver sua
comunicação e habilidades de pensamento de ordem superior (LAGE; PLATT;
TREGLIA, 2000).

5.1.1.Habilidades Cognitivas

As habilidades cognitivas são um conjunto de habilidades que são aprendidas em


diferentes graus, conforme um indivíduo cresce e se desenvolve mentalmente. São
também as habilidades usadas para aprender, compreender e integrar as informações de
uma forma significativa. Informação aprendida cognitivamente é entendida e
assimilada, não apenas memorizada.
No caso das Salas de Aula Invertidas, as habilidades cognitivas possuem três
principais características de aprendizado: Antes da Aula, Durante a Aula e Depois da
Aula.
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Figura 13. Habilidades Cognitivas para a Sala de Aula Invertida.

5.1.2.Antes da Sala de Aula

É o momento do aluno antes de partir para as tarefas em sala de aula, no dia


seguinte. Nesta ocasião, o aluno fará a revisão dos conteúdos estabelecidos previamente
pelo professor, assistindo vídeos com o resumo do assunto a ser tratado ou arquivo de
áudio com o mesmo teor do vídeo. Pequenos textos podem ajudar a lembrar a fixar
conteúdo. É interessante que o aluno recorde as principais expressões do assunto e
busque conhecer termos novos os quais não tinha tomado contato ainda. Todo este
conteúdo será administrado pelo aluno num período não superior a 30 minutos, tempo
suficiente para não tornar o aprendizado maçante.

Um dos métodos mais utilizados para anotações de conteúdo e registro de aulas


é o Método Cornell. Trata-se de um sistema amplamente usado para se tomar notas em
palestras ou leituras e, ainda, para revisar e reter o material apreendido. Usar o sistema
Cornell pode ajudar na organização de suas notas, envolvê-lo ativamente na produção
de conhecimento, aprimorar as suas habilidades de estudo e levar ao sucesso acadêmico.

O primeiro passo é dividir a folha em 3 campos (como mostra a imagem a


baixo) a área A tem 3 cm de largura, a área B tem 5,5 cm de largura, a área C tem 4 de
altura e a área D tem 2 cm de altura. Agora vamos falar sobre como usar cada área.

 ÁREA A – revisão (Nele você vai anotar tópicos, palavras chaves,


questões que farão você lembrar o que foi dito);
 ÁREA B – anotações (Aqui você vai anotar os principais conceitos e
ideias do tema, respondendo às perguntas feitas na área A);
 ÁREA C – resumo (Área destinada para fazer um resumo de mais ou
menos 4 linhas só com os pontos principais e o que você aprendeu do
tema);
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 ÁREA D – cabeçalho

Lugar para anotar a data e o tema da aula

Figura 14. Método Cornell para anotações

Outro facilitador, no caso do Colégio Concórdia é que existe a ferramenta do


AVA (Ambiente Virtual de Aprendizagem) que serve como repositório de conteúdo, o
qual pode ser administrado pelo professor para disponibilizar material nesta
modalidade: vídeos, textos, arquivos para consulta em casa. O modo se adequa
perfeitamente a Sala de Aula Invertida. Este item será explorado a seguir em
“Qualificações do Professor”.

Quanto ao tempo dedicado, uma pesquisa, publicada na revista “Journal of


Educational Psychology” da Associação Americana de Psicologia, avaliou 7.725 alunos
espanhóis, com média de 13 anos, e concluiu que o ideal é dedicar à tarefa cerca de uma
hora diária, e que muito mais que isso pode, inclusive, atrapalhar o rendimento dos
estudantes. Segundo o estudo, tão importante quanto o tempo é a regularidade e a
maneira como a lição é feita, isto é, se o aluno conta ou não com a ajuda de outras
pessoas.
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Os resultados mostraram que a partir de 1h30 a 1h40 de estudo houve queda nas
notas. Já os que utilizavam entre 1h10 e 1h30 tiveram pequenos ganhos, mas que
quando comparados aos dos que ocupavam apenas uma hora diária se mostraram
inexpressivos — afinal, gastavam-se quase duas horas a mais por semana para atingir
um resultado não muito superior. Dessa forma, os pesquisadores concluíram que o
benefício de estudar em média uma hora é maior.

Além disso, foi observado que os alunos que recebiam deveres de casa com
regularidade conseguindo uma pontuação maior nos testes do que aqueles que tinham
uma frequência menor de lições; e os que faziam o dever sozinhos conseguiram nota
melhor que os que recebiam ajuda frequentemente (FERREIRA, 2017). Assim sendo,
estima-se que o aluno usando entre 30 minutos e uma hora de estudo, pode estimular o
aprendizado sem comprometer o rendimento.

5.1.3.Durante a Sala de Aula

Principal atividade no modelo invertido.

O professor assume o papel de transmissor, disseminador de informações usando


bom tempo da sala de aula com os conteúdos no método tradicional e ajudando a
compreender o que foi proposto como assunto a ser resolvido pelos alunos, na forma de
conteúdo prévio.

Na Sala de Aula Invertida, o professor torna-se responsável por criar, selecionar


e organizar o estudo, bem como auxiliar os estudantes tirando dúvidas deles e
concentrando mais atenção às especificidades de cada um nos encontros presenciais
(OLIVEIRA; ARAÚJO; VEIT, 2016, p. 5).

A inversão das aulas coloca o aluno como centro do processo educativo, onde a
maior parte do tempo é dada atenção ao que os alunos discutem em sala de aula sobre o
assunto proposto. O professor passa a se importar mais como os alunos desenvolvem as
atividades como um fio condutor, a modo de construir conhecimentos em decorrência
das atividades, aumentando sua capacidade de compreensão.

Em aulas tradicionais, o professor dita o ritmo, e os alunos interessados tentam


acompanhar as explicações. Esse tipo de abordagem, muitas vezes, causa no aluno um
sentimento equivocado de que entendeu o conteúdo e, não raramente, quando tenta
aplicar esse conhecimento, percebe que não o assimilou. Na Sala de Aula Invertida o
ritmo é dado, em parte, pelo estudante. A partir do contato prévio com o conteúdo, ele
tem tempo para pensar sobre o que está estudando. Além disso, ao pedir para que os
alunos elaborem perguntas sobre o conteúdo do material de estudo, o professor está
estimulando o desenvolvimento tanto da capacidade de reflexão quanto da habilidade de
elaboração de perguntas.
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O método de inversão, cuja principal estratégia é o uso de vídeos, é,


possivelmente, um dos mais conhecidos e difundidos nos meios de comunicação
educativos. Um dos motivos que o tornou popular é a sua simplicidade.

Neste método, os alunos, em casa, assistem a um vídeo de 10 a 15 minutos com


o conteúdo a ser estudado. Enquanto olham o vídeo, fazem anotações e formulam
perguntas para levarem à sala de aula. Em classe, nos primeiros 10 minutos, o professor
esclarece as dúvidas dos estudantes e, em seguida, os envolve em atividades de
resolução de problemas, experimentais e/ou de simulações computacionais, as quais são
realizadas em pequenos grupos. Nesse processo, o professor circula pela sala de aula
orientando os alunos e ajudando-os a sanar suas dúvidas (BERGMANN; SAMS, 2012).

Outras atividades podem ser acopladas para enriquecer as atividades de casa,


como: simulações interativas, textos e discussões online que motivem os estudantes,
notícias sobre acontecimentos do assunto tratado no dia da aula, podcasts, blogs e
canais do YouTube (Nerdologia, MinutoDaFísica, Manual do Mundo, Ciência Todo
Dia) voltados à divulgação científica. Além disso, podem ser usadas listas de
problemas. A escolha das atividades e a forma de apresentá-las variam de acordo com
os objetivos do professor e da Instituição.

O professor precisa enviar as atividades prévias aos alunos, que, por sua vez,
precisam enviar as respostas ao professor por intermédio de questionários. Uma forma
eficiente e prática de fazê-lo é utilizar o Google Forms, que consiste em uma ferramenta
gratuita que permite criar formulários e disponibilizá-los online (enviando um link para
os estudantes) para que possam ser respondidos. As respostas são organizadas em
tabelas, às quais o autor do formulário tem acesso.

As respostas dos alunos precisam ser avaliadas pelo professor, mas não em
termos de certo e errado, e sim em termos de raciocínio demonstrado e de
engajamento com a atividade. O interessante é que os estudantes reflitam ativamente
sobre o material estudado e enviem ao professor um feedback capaz de enriquecer as
atividades de sala de aula.

De posse das respostas dos estudantes às tarefas de preparação, o professor pode


adequar suas exposições orais. Algumas horas antes da aula, ele precisa analisar e
selecionar as respostas que possibilitem uma melhor apresentação do conteúdo, o que
não representa, necessariamente, as respostas corretas. Descrições que apontem
concepções alternativas são boas fontes de discussões em sala de aula. O professor pode
ter uma aula preparada previamente, com vídeos, simulações, exemplos do cotidiano,
demonstrações experimentais e ajustá-la, usando os recursos mais pertinentes aos
apontamentos e dúvidas advindas da tarefa de preparação.

O aspecto mais importante é que as discussões dos modelos de atividade em sala


de aula são a própria aula. O desenvolvimento das explicações das teorias e conceitos da
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disciplina estão interligadas com as questões propostas pelo professor e as respectivas


respostas dos alunos. Os estudantes precisam perceber que seus esforços para realizar a
tarefa de preparação são a essência das aulas, assim, aos alunos estarão cada vez mais
envolvidos nas atividades. Com isso, as atividades em classe previstas pelo modelo
Estudo sob Medida (Just-in-Time) se dividem em dois tipos complementares: aulas
expositivas interativas e prática colaborativa.

As aulas expositivas interativas são exposições orais (normalmente divididas em


pequenas etapas de aproximadamente 15 minutos) que o professor organiza utilizando
as perguntas e respostas dos alunos à tarefa de preparação. A partir da análise feita,
algumas horas antes da aula, a maneira como os conceitos físicos são apresentados é
construída. Recomenda-se que sejam mostradas as respostas dos alunos (de forma
anônima) e, a cada aula, respostas de alunos diferentes sejam utilizadas para que todos
tenham suas colocações postas nas discussões. O professor, se possível, deve tentar não
deixar perguntas sem respostas.

A prática colaborativa consiste em organizar os alunos em pequenos grupos para


resolverem esses problemas. A preparação para essas aulas pode ser feita por meio da
resolução de problemas de livro-texto do material didático adotado pela Escola, por
exemplo.
No início da aula, em aproximadamente 20 minutos, o professor revisa os
problemas de casa. Em seguida, os alunos são organizados em grupos e recebem novos
e mais complexos problemas para resolverem. Recomenda-se que todos os grupos
trabalhem no mesmo problema, facilitando assim a troca de informações entre os
grupos.

5.1.4.Outros Modelos

O Ensino sob Medida (EsM) e o Instrução pelos Colegas (IpC) são dois
métodos que vêm sendo utilizados em conjunto como uma forma de inverter as aulas. O
EsM orienta o professor em como realizar e tirar o melhor proveito do estudo prévio. O
IpC, desenvolvido pelo professor de física de Harvard Eric Mazur, oferece subsídios
para orientar as discussões de forma ativa em sala de aula, sendo uma opção para a
prática colaborativa indicada pelo EsM.
No IpC, o professor apresenta um teste conceitual (Puzzle) aos alunos, os quais o
respondem individualmente, utilizando algum sistema de votação, podendo ser utilizado
o aplicativo Plickers, modelo a ser abordado a seguir. Em seguida, dependendo da
quantidade de acertos, o professor instrui os alunos a tentarem convencer uns aos outros
de suas respostas por intermédio de debates.
Afinal, o sujeito que acabou de compreender determinado conceito pode ter uma
forma diferente e, muitas vezes, mais eficiente que a do professor, de explicar àquele
que ainda está com dificuldades de entendimento. O ensino (ou instrução) pelos colegas
é o aspecto central do método. Por fim, o método prevê uma segunda votação, após a
discussão entre os colegas. Mostramos uma linha do tempo com a combinação do EsM
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e do IpC para uma determinada aula. Inicialmente o professor elabora a tarefa de


preparação, denominada por Araújo e Mazur de Tarefa de Leitura (TL), e a envia para
os estudantes.

Figura 15. Linha do tempo do “Ensino sob Medida” e do “Instrução pelos Colegas”.

Os alunos, fora da sala de aula, leem o material, respondem às questões


propostas pelo professor e as enviam. Esse processo inicial acontece de 2 a 7 dias antes
da aula ou numa combinação com os seus pares. Com aproximadamente 12 horas de
antecedência à aula, o professor revisa as respostas dos alunos, planeja suas breves
exposições orais e define os testes conceituais que irá usar durante a aula. Em classe, o
professor inicia com uma exposição oral, enfatizando as dúvidas dos alunos referentes a
um dos tópicos tratados na TL.

Em seguida, apresenta uma questão conceitual, na qual os estudantes pensam


individualmente em uma resposta e votam. O professor avalia a distribuição de
respostas e, caso esta fique em torno de 30% a 70% de acertos, solicita que os alunos
discutam a questão em pequenos grupos e convençam seus colegas sobre suas respostas.
Feito isso, os estudantes votam novamente. Caso a distribuição seja menor que 30%, o
professor pode discutir a resposta e apresentar uma nova questão conceitual sobre o
mesmo tema. Se for maior que 70%, ele pode discutir a resposta com os alunos e passar
para um novo tópico. Mais informações sobre o IPC podem ser encontradas em Araújo
e Mazur.

5.1.5.Sistema de Registro

Sobre os sistemas de votação, mencionamos três: os cartões de respostas


(flashcards), os Clickers e os Plickers. O primeiro é o mais simples, o próprio professor
pode confeccionar seus próprios cartões com as alternativas (A, B, C, D e E), podendo
ter uma cor associada a cada letra para facilitar a identificação. A única desvantagem
do uso dos cartões é que a contagem de acertos (a distribuição de respostas) tem que ser
feita “no olho”.
19

Figura 16. Modelo de Votação dos Testes Conceituais com o uso de cartões-resposta.

Os Clickers são dispositivos eletrônicos individuais (controles remotos) que se


comunicam com o computador do professor. Com eles, o professor pode ter acesso
facilitado à distribuição de respostas, pois a mesma aparece na tela de seu computador.
O único problema é que esses dispositivos são caros e em grande parte das escolas de
Ensino Médio brasileiras não têm condições de comprá-los.
Uma alternativa tecnológica e barata, que une as vantagens dos cartões de
respostas e as dos Clickers, é o uso de Plickers.

Figura 17. (a) Cartela de respostas para leitura via software Plickers. Cada lado corresponde a uma
alternativa (A, B, C e D). (b) Tela do aplicativo Plickers no momento da leitura do código impresso em uma
folha.

Nesse caso, o professor baixa um aplicativo em seu smartphone (cujo nome é


Plickers), disponível gratuitamente para Android (Google Play) e iOS (App Store), e os
alunos votam com cartelas de respostas que contém um código similar ao QR code que
o aplicativo é capaz de ler através da câmera do aparelho, correspondente a cada
alternativa. Apresentamos a tela do aplicativo Plickers no momento da leitura do código
impresso em uma folha. Cada cartela é numerada e são diferentes entre si. Deste modo,
é possível designar uma cartela para cada aluno e registrar a evolução de suas respostas
ao longo do tempo.
20

Simulamos um teste com o aplicativo em uma demonstração do conceito para


dois professores do Colégio Concórdia e a eficiência surpreendeu pela facilidade de uso,
agilidade no acesso às informações e pela resposta quanto aos resultados obtidos.

Os métodos EsM e IpC focam principalmente na compreensão conceitual; já


outras formas de se inverter a sala de aula abrem espaços para o desenvolvimento de
outras habilidades essenciais ao ensino, como resolver problemas e trabalhar
colaborativamente.
Este método está presente no final do artigo com um modelo de Plano de Aula
Invertida.

5.1.6.Depois da Aula

Muitos educadores argumentam, quando se deparam com a sala de aula


invertida, que seus alunos não leriam o material indicado e nem mesmo assistiriam a
vídeos em casa. Realmente, em diversos contextos de ensino, incentivá-los a estudar em
casa não é uma tarefa fácil. Contudo, diversos trabalhos demonstram experiências bem-
sucedidas neste sentido.

Uma alternativa usada pelos autores para amenizar essa dificuldade é fazer com
que a preparação prévia para as aulas tenha papel importante na atribuição dos conceitos
avaliativos na disciplina. A ideia é usar o nível de esforço explicitado pelos alunos ao
tentar responder as questões associadas às tarefas de preparação prévia através do
RACIOCÍNIO DEMONSTRADO, e não pela correção das respostas. Assim, os
estudantes não ficam inibidos em errar e se sentem incentivados a tentar responder a
partir do que realmente estão compreendendo e em grupo, o que diminui a sensação de
desconforto pelo erro.

Além da apresentação de um par de questões sobre o conteúdo abordado, o


professor pode também apresentar uma pergunta sobre as dificuldades que tiveram ao
ler o material ou ao assistir ao vídeo e, caso não tenham tido nenhuma dificuldade, que
digam o que mais lhes despertou interesse. As tarefas de preparação prévia devem ser
sucintas. Recomendamos que o tempo total de preparação envolvendo o contato inicial
com o conteúdo (através da leitura, por exemplo) e a resposta às questões sobre o
material disponibilizado não ultrapasse 45 min. É fundamental para o estabelecimento
do hábito de estudo por parte dos discentes que as tarefas sejam bem definidas, e não
tomem muito tempo para serem realizadas.

Algumas escolas são resistentes à mudança, sendo contrárias a qualquer


iniciativa educacional menos conservadora. Em certos casos, inclusive, as escolas
adotam materiais que parecem manifestar a intenção de ser “à prova de professor”, ou
seja, que o nível de qualidade de ensino seria garantido pela adoção de livros e
apostilas, reduzindo o papel do professor à execução de atividades já planejadas. Nesses
casos, o professor pode tentar inverter a sala de aula aos poucos. Não é necessário que
21

haja uma mudança brusca, pode começar apenas com um tópico a partir dos materiais já
adotados pela Instituição. Por exemplo, as tarefas de preparação prévia podem ser feitas
a partir da leitura de seções do livro/apostila usados pelos alunos, assim como
problemas e testes conceituais podem também vir desses materiais. Na medida em que
resultados positivos vão aparecendo, é razoável esperar que os próprios alunos e seus
pais passem a apoiar as ações tomadas pelo professor, o que pode facilitar a aceitação
das mudanças inovadoras por parte da Instituição de ensino (OLIVEIRA; ARAÚJO;
VEIT, 2016, p. 9-11).

5.2.Habilidades Socioemocionais

Como os alunos de hoje serão os trabalhadores do futuro, não basta que eles
estejam engajados somente em adquirir conhecimento obtido nas salas de aula. Será
necessário que eles tenham resiliência quanto às dificuldades impostas pelo mercado de
trabalho. Para isso, eles serão talhados nos moldes das habilidades emocionais.

Motivação, autonomia, perseverança, autocontrole, colaboração e criatividade


são os itens que compõem estas habilidades, sem as quais o aluno não saberá como
enfrentar os desafios futuros.

Estas habilidades foram elencadas pela OECD (Organization for Economic Co-
operation and Development) que é uma organização voltada para o desenvolvimento de
economia de livre mercado, que também possui um setor de desenvolvimentos na área
de Educação e que atua em mais de 35 países mundo afora (ORGANISATION FOR
ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT, 2002, p. 13-14). De acordo
com a OECD, a motivação é o fator mais importante para o desenvolvimento emocional
de uma pessoa, acima até da idade para um aprendizado bem-sucedido, sabendo-se que
para este sucesso, são necessários alguns fatores ao aprendiz:

 Ter muita autoconfiança e uma boa autoestima;


 Ser fortemente motivado a aprender;
 Ser capaz de aprender em um ambiente com característica de “elevado
desafio” aliado a um ambiente de “baixa ameaça”.

6.TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO

Com a adoção do conceito de Educação 3.0 no Colégio Concórdia de Porto


Alegre, o uso das Tecnologias de Informação foram implementadas e redimensionadas
para uma nova realidade: a de alinhar o ensino tradicional com os recursos de tecnologia
da informação como material de apoio.

7.PLATAFORMA MOODLE (AVA)

Num esforço da direção do Colégio Concórdia, em 2017 foi inserido o conceito


da plataforma Moodle como Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) que é a
22

ferramenta que os professores podem inserir conteúdo diversificado (textos, vídeos,


arquivos, etc.) e questionários como método de avaliação parcial. Ficou combinado que
uma das provas de cada trimestre será feita na plataforma e o resultado advindo da
inserção no ambiente será usado para cálculo da média em cada um destes períodos
(trimestres).

Figura 18. Página do AVA no Moodle no Colégio Concórdia.

No conceito de Sala de Aula Invertida, o AVA é ferramenta fundamental para


divulgação de conteúdos. Como o professor necessitará de recurso para divulgação a ser
administrado na aula seguinte, o AVA comporta perfeitamente o modelo. A intenção é
que a plataforma seja usada cada vez mais, até que se torne uma ferramenta de uso
contínuo e permanente.

8.QUALIFICAÇÃO DE PROFESSORES

O professor é o agente fundamental neste processo de inserção das Tecnologias


Educacionais, pois é ele quem faz os planejamentos com as diversas utilizações das
tecnologias da informação e comunicação. A entrada destes recursos na Educação deve
ser acompanhada de uma concreta formação dos professores para que eles possam
utilizá-las de uma forma responsável e com potencialidades pedagógicas adequadas.

A escolha da tecnologia, como o AVA, além de ser fundamental para o trabalho


que o professor irá desenvolver com seus alunos, pressupõe uma visão de mundo, uma
concepção de Educação. Fica assim evidenciada a importância que deve ser dada à
escolha destes recursos que serão selecionados para serem utilizados com intuito
educacional.
23

A escolha da tecnologia a ser adotada está diretamente ligada aos objetivos que o
professor deseja alcançar. Conhecer o produto, conhecer algumas teorias de
aprendizagem e ter um instrumento de avaliação são elementos que podem fornecer
alguns indicativos para ajudar nessa escolha e no planejamento de suas atividades.

Planejar atividades educacionais com apoio tecnológico requer do professor


mais tempo e maior capacidade de criação. Este deve investigar e conhecer bem os
propósitos do recurso tecnológico, sua qualidade técnica-estética e curricular, sua
adequação às características dos alunos, bem como as concepções teóricas que lhe dão
suporte e o momento adequado para sua introdução. Como se percebe, o professor é um
importante elemento nesse novo processo de interação da tecnologia com a Educação.
Assim, é necessário que os professores saibam incorporar e utilizar as novas tecnologias
no processo de aprendizagem exigindo-se uma nova configuração do processo didático
metodológico tradicionalmente usado em nossas escolas.

Além disso, há o ingrediente psicológico frente ao desconhecimento no


manuseio destes recursos. O professor “trava” diante destas dificuldades e se não
houver um suporte para isso, deixará de lado o uso.

Neste viés, a formação de professores do Colégio Concórdia tornou-se uma


prática fundamental e necessária, pois um dos fatores essenciais para o sucesso na
utilização das tecnologias é a capacitação do professor fornecida pela Instituição. Este
será preparado para que perceba como deve efetuar a integração desta tecnologia com a
sua proposta de ensino.

Capacitar os professores não significa simplesmente promover treinamentos de


uso das novas ferramentas de informática e sim, conduzir um processo articulado de
mudança de mentalidade perante a Educação, além de uma mudança dos materiais e
espaços a serem trabalhados.

Como afirma Nóvoa (2001) apud Barros (2007, p. 109) “a atualização e a


produção de novas práticas de ensino surgem de uma reflexão do grupo e nascem da
Escola”. Assim, os professores precisam estar profissionalmente qualificados e,
hoje, não se pode falar em qualificação sem apropriação das tecnologias. É um
caminho sem volta. Cada vez mais os postos de trabalho serão ocupados por pessoas
que tenham no seu perfil este tipo de qualificação. O mercado de trabalho por si só fará
a distinção.

Os cursos de qualificação de professores como responsável pela formação de


parte desses profissionais devem ter seu currículo preparado para prover essa formação,
aliando a teoria a uma prática reflexiva. E assim foi feito durante o ano letivo, com
encontros em grupo ou individuais, num primeiro momento com a divisão de grupos
por nível de ensino e num segundo momento individualmente.
24

Na formação por grupos, foi possível, de forma genérica, introduzir o conceito


primordial sobre o uso do AVA e suas principais funcionalidades o suficiente para
colocar a plataforma em uso.

Na formação individual, cada professor teve um momento para explicação


agendada em data específica, com o intuito de entender o funcionamento da ferramenta
em quase todos os seus aspectos, de forma que o professor pudesse colocar os itens que
a compõe: textos, arquivos, vídeos, etc. Os resultados ainda estão sendo colhidos e
analisados, mas podemos afirmar sem sombra de dúvidas que o saldo é muito positivo.
A aceitação ao conhecimento e uso da plataforma está em torno de 80% do público
alvo.

9.QUALIFICAÇÃO DE ALUNOS

O aluno faz parte de uma cultura atual totalmente imersiva nas tecnologias de
informação, pois fazem parte da chamada “Geração Z” conhecidas por serem “nativas
digitais”, estando muito familiarizadas com a Internet, com o compartilhamento de
arquivos, com os smartphones, tablets, e o melhor de tudo: sempre conectadas. É muito
natural para eles, manipularem tais elementos que fazem parte de seu cotidiano, sem
receio. Se pensarmos mais um pouco sobre isso, perceberemos que esta geração não
teve contato com um mundo sem computadores. E outra: não conseguem nem usar um
computador, pois já nascem sob o signo dos dispositivos que tenham tela de toque
capacitiva, usando somente o dedo.

Este facilitador não tem sido levado em conta dentro das salas de aula, pois
desafia o modo tradicional de dar o conteúdo, atrapalhando o andamento das atividades
e sob certo ponto de vista, sendo proibido o seu uso.

Pois a Tecnologia de Informação deve ter sua importância identificada na hora


de introduzir conhecimento para dentro da sala de aula como aliado do professor. Como
dito anteriormente neste artigo, o foco do novo método, muda do professor para o aluno,
tornando-o o centro das ações e atividades em sala de aula.

A nova visão é que o aluno se transforme em agente ativo na condução das


atividades e dos espaços, chegando até ao nível de compartilhamento do que adquiriu de
conhecimento nesta modalidade. Se existe alguma dificuldade, encontrará no colega que
sabe mais, suporte para todas as suas dúvidas. O professor será um mediador destas
ações.

10.CONFIGURAÇÃO DOS ESPAÇOS

Na Sala de Aula Invertida, os espaços internos são considerados essenciais para


o bom andamento de uma aula pelo professor. Dá a chance para que o posicionamento
do aluno seja usado como benefício dele mesmo, podendo o aluno render mais, frente às
atividades propostas pelo professor. Talvez esta medida não seja “simpática”
inicialmente, mas à medida que os alunos percebem os ganhos com tal medida, vai
aceitando o modelo de forma mais tranquila.
25

Espaço 1 – Modelagem por Núcleos

Grupos de discussão considerados pequenos rendem mais e não há perda de tempo de


assuntos considerados desnecessários para a produtividade em sala de aula.

Espaço 2 – Formato em Círculo


26

Espaço 3 – Formato em Núcleos Específicos

Espaço 4 – Espaço Tête-à-Tête.

Espaço 5 – Núcleos de Quatro Alunos


27

O espaço em formato de núcleos de estudos com quatro alunos é considerado o


melhor formato existente, pois possibilita um cuidado maior por parte do professor na
execução das tarefas propostas em sala de aula.

Espaço 6 – Núcleos de Estudo Com um Número maior de participantes.

Espaço 7 – Núcleo de Estudo no Formato em “U”

10.CONSIDERAÇÕES FINAIS
28

Na leitura e exposição das ideias deste artigo, já é possivel verificar a série de


benefícios que a adoção deste método de ensino pode oferecer.

É uma mudança forte de direcionamento na proposta pedagógica, na maneira de


ensinar e nas relações entre professores e alunos, de forma a impactar o consumo deste
tipo de serviço em uma Instituição Educacional. Muda não só a forma de ver a maneira
como se ensina, mas põe em xeque formas tradicionais de disseminação de
conhecimento.

O “calcanhar de Aquiles” é a resistência docente quanto ao conceito. Se os


professores aceitarem as mudanças, ficará muito mais fácil inserir o modo de Sala de
Aula Invertida. Esta mudança parte de todos os níveis: Direção, Coordenação, Corpo
Docente (Professores), Corpo Discente (Alunos), Administrativo e Comunidade
Educativa (Pais, Mães e Responsáveis). Depende do que o Colégio está disposto a
aceitar. O avanço ou a continuidade.
29

PLANO DE AULA INVERTIDA


NOME DO PROFESSOR Nikolas Wille DISCIPLINA Ensino Religioso
DURAÇÃO DA AULA 2 aulas NÚMERO DE ALUNOS 31
Modelo Híbrido ( ) Rotação por Estações ( ) Laboratório Rotacional ( ) Rotação Individual (X ) Sala de Aula Invertida ( ) Flex
Objetivo da Aula: Estado Islâmico – Entender como pensam seus integrantes e o porquê de existir este tipo de intolerância nos dias atuais.
Conteúdo(s): Localizar no tempo e no espaço histórico a criação, o pensamento e a ação deste grupo terrorista islâmico.
O que pode ser feito para Sala de Aula Invertida: Apresentação em sala de aula do material que os alunos pesquisaram em casa.
personalizar?
Vídeo do Professor tratando sobre o assunto;
Recursos: Conteúdo no Formato de Questionário no AVA (Ambiente Virtual de Aprendizagem);
Áudio Visuais Material Didático do assunto;
Texto em formato PDF sobre o assunto no AVA;
PLANO DE ESTUDO

ESPAÇOS ATIVIDADE DURAÇÃO PAPEL DO ALUNO PAPEL DO PROFESSOR


No AVA, elaborar um questionário Depois de ler o material Depois do fim do horário
prévio com no máximo de 10 disponibilizado no AVA, estabelecido pelo professor
questões, para que a avaliação seja responder ao questionário para para o cumprimento da tarefa,
Espaço 1 - AVA 20 ou 30 minutos
feita de forma breve e seja possível o confirmar a absorção do verificar o índice de acertos.
professor avaliar as dificuldades do conteúdo.
aluno.
Elaborar questões práticas sobre o Formar grupos de discussão, Mediar os assuntos tratados em
Espaço 2 – Análise assunto no momento da primeira pequenos o suficiente para que grupo, circulando e
10 ou 20 minutos
Conceitual discussão com os alunos em sala de os assuntos tratados não direcionando o que é discutido
aula. excedam o tempo limite. até que haja consenso.
Com o aplicativo Escolher as respostas que Identificar os resultados
Espaço 3 – https://www.plickers.com/library dar julgue certa e mostrar o código parciais. Se alcançar o objetivo,
Retroalimentação continuidade na avaliação parcial. 5 ou 10 minutos QR para leitura. segue com material novo. Caso
(Feedback) contrário, promover nova
rodada de debates.
Divulgação dos resultados com o Ao chegar no percentual de
Espaço 3 – Divulgação 5 ou 10 minutos
aplicativo correção, avaliar o andamento.
30

ATUALIZAÇÃO

A Pandemia

Como todos já sabem, em 2020 tivemos o assombro de uma pandemia do Coronavírus


assolando as pessoas no mundo inteiro, num cenário de muitas incertezas e dúvidas, que o
isolamento foi o principal ato para ajudar a diminuir os efeitos da doença e melhorar a
condição de saúde individual de cada um. Este isolamento, trouxa um desconforto gigante
para as Escolas de Educação Básica, pois a grande maioria das instituições não estavam
preparadas para este cenário de guerra.

Muitas foram pegas no contrapé, pois não tinham organizados seus sistemas de
informática para darem aulas on-line. De uma hora para outra, as Escolas tiveram que se
esforçar para colocarem à disposição dos alunos, professores e famílias, condições
tecnológicas para as aulas serem virtuais e não causar prejuízo aos seus usuários.

Felizmente, por uma estratégia bem coordenada, o Colégio Concórdia saiu na frente da
maioria das Escolas de Porto Alegre, com um processo de informatização de seus conteúdos
pedagógicos, que propiciou uma transição sem sustos ao mundo virtual. Os professores e
alunos contavam com a ferramenta do AVA (Ambiente Virtual de Aprendizagem) que se
tornou a plataforma de inserção de conteúdos dos professores.

Para que os alunos e professores pudessem se “enxergar”, faltou apenas um modo de


transmissão de aulas. Dois meses depois do início da pandemia, os usuários do Colégio
Concórdia estavam utilizando a plataforma de reuniões on-line, o Teams da Microsoft. Em
menos de duas semanas, a TI e a TE conseguiram colocar em funcionamento um sistema de
reuniões por vídeo que integrava os alunos visualmente aos professores, o que facilitou ainda
mais o contato educacional.

Na virada de 2021 para 2022, o Colégio Concórdia passou a utilizar a plataforma


Geekie em substituição ao AVA, que permite uma maior colaboração entre a comunidade
educativa (alunos, famílias e professores), com material subsidiado pela própria empresa que
vende o produto educacional, com a vantagem de uso do material didático digital em um
dispositivo apropriado, o Chromebook.

Agora que a pandemia recrudesceu, voltamos ao modo presencial, mas sem esquecer o
que foi utilizado até então, como segurança para eventuais problemas futuros, se é que eles
acontecerão novamente.

11.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
31

BARROS, Daniela Melaré Vieira. Formação continuada para docentes do Ensino


Superior: O virtual como espaço educativo. Revista Diálogo Educacional. Curitiba, v. 7, n.
20, p. 103- 122, jan./abr. 2007.

BERGMANN, J.; SAMS, A. Sala de aula invertida: uma metodologia ativa de


aprendizagem. Tradução de Afonso Celso da Cunha Serra. 1. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012.

CHRISTENSEN, Clayton M.; HORN, Michael B.; STAKER, Heather. Ensino Híbrido: uma
Inovação Disruptiva? Uma introdução à teoria dos híbridos. Clayton Christensen
Institute. Boston. Maio 2013.

FERREIRA, Paula. Excesso de tempo dedicado ao dever, pode prejudicar desempenho,


mostra estudo. Um estudo recente da Universidade de Oviedo, na Espanha.
<https://oglobo.globo.com/sociedade/educacao/excesso-de-tempo-dedicado-ao-dever-de-casa-
pode-prejudicar-desempenho-mostra-estudo-15783995>, acessado em 19 set. 2017.

FLIPPED LEARNING NETWORK. The four pillars of F-L-I-P. South Bend, IN: Flipped
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out 2015.

JAIME, M. P.; KOLLER, M. R. T.; GRAEML, F. R. La aplicación de flipped Classroom


en el curso de dirección estratégica. In: JORNADAS INTERNACIONALES DE
INNOVACIÓN UNIVERSITARIA EDUCAR PARA TRANSFORMAR, 12., 2015. Actas...
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LAGE, M. J.; PLATT, G. J.; TREGLIA, M. Inverting the classroom: a gateway to creating
an inclusive learning environment. Journal of Economic Education. Bloomington, IN, v. 31,
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MORAN, J. M. Nova personalidade [25 out. 2014]. Brasília: Correio Braziliense. Brasília.
Entrevista concedida para Olivia Meireles.

OLIVEIRA, Tobias Espinosa de; ARAÚJO, Ives Solano; VEIT, Eliane Ângela. Sala de Aula
Invertida (Flipped Classroom): Inovando as aulas de Física. Física na Escola. v. 14, n. 2,
2016. UFABC, São Paulo.

ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT.


Understanding the brain: towards a new learning science. Paris: OECD, 2002.

SASSAKI, Cláudio. Educação 3.0: uma proposta pedagógica para a Educação. Grupo
Educacional Expoente. Curitiba, PR. 2017

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