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Universidade Save

Faculdade de Ciências de Educação e Psicologia

Cadeira: Psicologia Geral

Docente: MSc. Armando Laita

Estudante: Nália Alfiado Rubene Comé

O Homem como ser Bio-Psico-Socio-Cultural

A Psicologia é a ciência que estuda o comportamento, principalmente, do ser humano. As


divergências teóricas se reflectem no que consideram "comportamento", porém toda e qualquer
acção, seja a reflexa (no limiar entre a psicologia e a fisiologia), sejam os comportamentos
considerados conscientes que envolvem experiências, conhecimentos, pensamentos e acções
intencionais, e, num plano não observável directamente, o inconsciente (Yves, (2006).

Segundo Yves (2006.) todo ser humano à nascença já constitui-se como indivíduo, com
qualidades de integridade próprias, particularidades que o distinguem dos outros. O mesmo não
se pode dizer em relação à Personalidade. O ser humano forma sua personalidade em resultado da
sua constituição biológica (características herdadas), das influências do meio social e cultural do
contexto em que se encontra (aquisições do meio), assim como das experiências de vida
(desenvolvimento), e sempre considerando seu desenvolvimento psicológico (estabilidade
emocional, de sentimentos).

O Homem como ser Bio-psicológico

A Bio-psicologia: é uma área de estudo e investigação psicológica que tenta explicar o


comportamento numa base orgânica. É uma área também conhecida por psico-fiologia,
neuropsicologia e genética comportamental A componente Biológica do Homem são as
características físicas do indivíduo, herdadas dos pais ou adquiridas ao longo da vida. Temos
como exemplo o METABOLISMO, a resistência física, a vulnerabilidade dos órgãos e sistemas
(Limonge-França. 2008).

O Homem como ser biológico apresenta factores que influenciam a sua existência e inclusão no
meio social.

 A Hereditariedade: pode ser definida como o conjunto de características, que recebemos


ou que nos são transmitidas pelos nossos progenitores e que formam o nosso organismo
físico e psíquico. Exemplos: Raça, cor da pela, tipo de cabelo e dos olhos. Tamanho
corporal, voz. Inteligência, ritmo/velocidade dos processos psicológicos (memória,
pensamento, imaginação) (Wisner, 1987).
 Meio Ambiente: é constituído por todos os estímulos que o indivíduo recebe desde a sua
concepção até à morte. Pode-se considerar que o meio engloba todos os elementos
externos que intervêm no desenvolvimento de um indivíduo onde o indivíduo sofre as
influências do ambiente (Wisner, 1987);
 A Experiência de Vida: experiência individual é produto de aprendizagens quotidianas e
traduz-se no saber (conhecimentos), saber-fazer (habilidades e hábitos) desse indivíduo.

Durante toda a sua vida, o ser humano tem que ajustar-se às mudanças causadas pelas
transformações do seu próprio corpo e pelos factores do meio em que vive, e isto depende de dois
aspectos básicos: maturação e aprendizagem (Wisner, 1987).

Maturação

É o processo através do qual ocorre a mudança e o crescimento progressivo, nas áreas física e
psicológica do organismo infantil. Subjacentes a tais mudanças, existem factores intrínsecos
transmitidos por hereditariedade, que constituem parte do equipamento congénito do recém-
nascido (Wisner, 1987).

Aprendizagem

É a mudança sistemática do comportamento ou da conduta, que se realiza através da experiência


e da repetição e depende de factores internos e externos, ou seja, de condições neuro-psicológicas
e ambientais. Toda aprendizagem depende da maturação (condições orgânicos e psicológicas) e
das condições ambientais (cultura, classe social). É através da aprendizagem que o homem
desenvolve os comportamentos que o possibilita viver, e actualmente, estudiosos afirmam que
este processo se inicia mesmo antes do nascimento (Wisner, 1987).

Componente Psicológica do Homem


São os processos afectivos, emocionais e racionais que formam a personalidade e o modo do
indivíduo de posicionar-se diante das pessoas e das circunstâncias (Limonge-França. 2008).

Segundo Agra (1990, p. 422), a função do sistema psíquico consiste em dar um destino, uma
significação psicológica ao seu substrato biológico e ao seu super-estrato sociocultural. O autor
apresenta níveis-estratos constituem a matriz do sistema psíquico e da sua relação interna com os
sistemas biológico e social.
 O estrato neuro-psicológico e psico-sensorial: constituem as bases psicofisiológicas e
das ligações neuro-cerebrais que possibilitam o desenvolvimento dos restantes níveis de
funcionamento psicológico. São as condições biológicas e genéticas que permitem a
abertura ao psicológico, social e ambiental.
 O estrato expressivo: possibilita a emergência do sentido ao permitir a simbolização e
expressão dessa simbolização, a partir da percepção e da acção (Agra, 1990);
 O estrato afectivo: possibilita a relação interpessoal e a ligação ao social através do
desenvolvimento das dimensões emocionais e afectiva, e da comunicação com o outro. A
inter-relação circular entre este estrato e o estrato cognitivo permitirá a integração entre as
dimensões perceptiva e o pensamento, criando as condições para a emergência do saber
sobre o mundo, sobre si, sobre as relações com o outro e com o mundo e sobre o saber de
si e do mundo (Agra, 1990);
 O estrato experiencial: permite integrar diferentes formas de subjectivação ou de planos
de significação existencial a partir da integração das dimensões da experiência, do saber e
do poder através de uma construção individual e social do real. Abre portanto a
possibilidade à emergência do sujeito auto-poiético (Agra, 1990);
 Estrato político: irá permitir organizar e integrar numa unidade com significado todos os
restantes estratos, permitindo a construção de um sentido para a existência, permitindo a
projecção para além de si do sujeito auto-poiético (Agra, 1990).
 O sujeito psicológico: descobre-se como criador de si próprio e reconhece o poder do
pensamento sobre a sua experiência. Começa a construir-se e transformar-se a partir de si
próprio, complexificando o seu meio interno e o seu poder de auto-organização. O sujeito
descobre o psiquismo como vazio e a experiência de finitude e cria uma dimensão
temporal interior que corresponde ao tempo sentido, ao tempo percepcionado: o tempo
vivido (Idem, 1990).

O Homem como ser Social

Socialização: é um processo através do qual uma pessoa aprende as regras ou normas da


sociedade. O Homem como ser social é o conjunto de valores, crenças, papéis desempenhados
nos grupos de que o indivíduo participa, bem como o meio ambiente e a localização geográfica,
tendo em vista seu contexto cultural (Limonge-França. 2008).
O comportamento é regido por normas sociais de uma cultura ou subcultura sentidas como
próprias e a relação com o espaço e o tempo está ligada a uma sociabilidade local e a processos
temporais curtos, definindo planos de significação existencial etológico-éticos, medianamente
determinados do exterior (Agra, 1997).

Os aspectos psicológicos e sociais afectam directamente o aspecto biológico, o corpo. Então, a


preocupação com a satisfação, com as necessidades e, por conseguinte, com o bem-estar
entra em voga como sendo um novo paradigma para as organizações. As empresas passam a se
preocupar com a qualidade de vida de seus trabalhadores, pois sabem que há influências directas
no trabalho do empregado (Limonge-França. 2008).

Psicológico-Sociais

 A percepção dos objectos e fenómenos à nossa volta;


 As recordações sobre objectos, coisas;
 Os pensamentos sobre onde e como vamos, emoções;
 O modo de caminhar resultou de aprendizagens através da imitação de outras pessoas, os
sapatos, sandálias, chinelos que nos facilitam a marcha são frutos sociais (Idem, 2008).

Esquema da Vertente Bio-psico-social do Homem

Vertente Descrição

Corpo Bio Genética

Desenvolvimento fisiológico

Mente Psico Personalidade

Conhecimento

Vontade (garra)

Primeiros grupos de referência


Ambiente Social
(família, escola, amigos)
Comunidade cultural

Áreas de interesse
Referências Bibliográficas

Agra, C. (1990). De la toxicomanie a une anthropologie du sujet autopoiétique. Le sens de la


recherche au Centro de Ciências do Comportamento Desviante de l'Université de Porto.

Agra, C. (1997). Droga-Crime. A Experiência Portuguesa: programa de estudos e resultados.


Gabinete de Planeamento e do Combate à Droga.

Limonge-França. A. C. (2008). Psicologia do trabalho: psicossomáticas, valores e práticas


organizacionais. Saraiva. São Paulo.
Wisner, A. (1987). A que homem o trabalho deve ser adaptado. In: Wisner, A. Por dentro do
trabalho. Cortez. São Paulo.

Yves, C. (2006). A Função psicológica do trabalho. Petrópolis. Vozes. Rio de Janeiro.

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