a 14 horas e crianças de até 5 anos eram usadas para abrir túneis profundos Eram galerias subterrâneas exploradas nos séculos 18 e 19 para abastecer a indústria inglesa que estava nascendo. Extraindo cerca de 100 milhões de toneladas de carvão por ano, a Inglaterra trocou o esforço humano por locomotivas, teares e máquinas de fiação, impulsionando a Revolução Industrial. 1) Força animal Apesar de abastecer as máquinas da Revolução Industrial, as minas contavam com pouca tecnologia. Pôneis e mulas, animais baixos e resistentes, puxavam pequenos vagões cheios de carvão e moviam elevadores. Uma mina de tamanho médio tinha cerca de 50 animais trabalhando 2) Carga explosiva Para abrir túneis e extrair o carvão da terra, os mineiros usavam dinamite – criada graças à invenção chinesa da pólvora, que chegou à Europa no século 16. Vigas de madeira sustentavam galerias com pouco mais de 1 m de altura. A profundidade total de uma mina chegava a 400 m 3) Enterrados vivos Umidade, calor e gases gerados pela queima de lampiões deixavam o ambiente insuportável, colocando a vida dos mineiros em risco. Além disso, erros na dosagem da dinamite ou problemas na estrutura que sustentava as paredes transformavam a mina, com frequência, em sepultura 4) O buraco é mais embaixo O fosso pelo qual passavam o elevador e a mangueira da bomba que retirava o excesso de água servia como referência espacial. Para ele, convergiam as principais galerias equipadas com trilhos para o transporte do carvão mineral extraído 5) Despertar violento Assim como na maioria das fábricas do século 18, os castigos corporais eram frequentes. A função da chibata não era punir, mas manter o trabalhador acordado durante o expediente, que chegava a 14 horas diárias 6) Sobrevivendo no inferno Quanto mais os mineiros se aprofundavam na terra, mais o termômetro subia. A partir dos 300 m de profundidade, a temperatura subia 1o oC a cada 33 m. O ar intoxicado das galerias provocava uma inflamação nos pulmões que ficou conhecida como “doença negra” 7) Trabalho infantil Túneis profundos eram mais difíceis de abrir. Nesse caso, fazia-se um pequeno buraco e colocava-se uma criança, de 5 a 7 anos, para escavá-lo. Para recolher o carvão extraído, o pequeno funcionário levava um carrinho amarrado ao pé Antes da Revolução Industrial, as famílias europeias viviam nas áreas rurais. Nessa época, as crianças começavam a trabalhar desde pequenas, ajudando pais nas tarefas do campo. No entanto, elas não realizavam trabalhos repetitivos e exaustivos, pois praticavam diferentes tarefas, que variavam desde semear a fabricar calçados. O convívio entre pais e filhos era bem intenso, pois o trabalho não ocupava o dia inteiro das pessoas e sobrava tempo para reuniões e festas entre famílias. A vida nas cidades alterou completamente esse panorama das relações de trabalho familiares. Ao passar o dia nas fábricas, os pais perderam o convívio com seus filhos, que antes existia na vida no campo. A mudança do campo para a cidade contribuiu para a utilização do trabalho infantil nas indústrias. Inicialmente, só as crianças abandonadas em orfanatos eram entregues aos patrões para trabalharem nas fábricas. Com o passar do tempo, as crianças que tinham famílias começaram a trilhar o mesmo caminho, trabalhando por longas e exaustivas horas, perdendo, assim, toda a sua infância. Elas começavam a trabalhar aos seis anos de idade de maneira exaustiva. A carga horária era equivalente a uma jornada de 14 horas por dia, pois começava às 5 horas da manhã e terminava às 7 horas da noite. Os salários também eram bem inferiores, correspondendo à quinta parte do salário de uma pessoa adulta. Além disso, as condições de trabalho eram precárias e as crianças estavam expostas a acidentes fatais e a diversas doenças. O longo tempo de trabalho gerava cansaço nas crianças, o que acabava diminuindo o ritmo das atividades. Castigos como socos e outras agressões eram aplicados para punir a desatenção. As crianças que chegavam atrasadas ou que conversavam durante o trabalho também eram castigadas. As que fugiam eram procuradas pela polícia e fichadas quando encontradas. Dessa forma, a vida nas cidades trouxe grandes dificuldades para as crianças durante o processo de Revolução Industrial, que promoveu a exploração não só de adultos, mas também do trabalho infantil. Depoimento de Jonathan Downe ao Comitê Parlamentar sobre o Trabalho Infantil, 6 de junho de 1832:
“Quando eu tinha sete anos fui
trabalhar na fábrica do Sr. Marshalls na cidade de Shrewsbury. Se uma criança estava sonolenta, o inspetor tocava no ombro da criança e dizia: ‘venha aqui’. Em um canto no quarto havia uma cisterna cheia de água. Ele levantava o menino pelas pernas e imergia na cisterna. Depois do banho, ele mandava a criança de volta para o trabalho.” Depoimento de John Birley ao jornal The Ashton Chronicle, 19 de maio de 1849:
“Nosso turno era das cinco da manhã
até nove ou dez da noite; e, no sábado, até às onze e, frequentemente, até às doze horas da noite. E ainda nos faziam vir no domingo para limpar a maquinaria. Não havia tempo para café-da-manhã, não se podia sentar durante o jantar e não nos davam nenhum tempo para tomar chá. Nós chegávamos à fábrica às cinco horas da manhã a trabalhávamos até aproximadamente as oito ou nove horas, quando nos traziam o nosso café-da-manhã, que consistia em mingau de aveia com bolo e cebolas para dar mais sabor a comida. O jantar consistia em bolo de aveia e leite […] Nós bebíamos o leite e com o bolo em nossas mãos voltávamos a trabalhar, sem sentar.”