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A Revolução Industrial
Até o início da Revolução Industrial, no século XVIII, as mercadorias produzidas na Europa eram feitas por
trabalhadores que manuseavam ferramentas e máquinas. A energia e o trabalho das pessoas movimentavam os
equipamentos e produziam todos os objetos necessários no dia a dia. A produção podia ser dividida em dois modos
principais de trabalho: o artesanato e a manufatura.
O artesanato foi a principal forma de produção de objetos na Europa até meados do século XV. Nesse modo, o
artesão e seus aprendizes executavam juntos todas as etapas do trabalho para a produção do objeto, sem muitas divisões
das tarefas. Para fabricar um alfinete, por exemplo, o mesmo artesão preparava o material, cortava-o no formato, afiava
uma ponta e então moldava a cabeça do alfinete.
As pessoas começavam a trabalhar ainda bem jovens, como aprendizes, e iam progredindo no ofício, adquirindo
mais experiência, conhecendo melhor os materiais, até tornarem-se mestres. Essa forma de trabalho era realizada em
pequenas oficinas. Muitas vezes, a oficina ficava na moradia do artesão e ocupava um espaço importante da construção.
No século XV, o trabalho artesanal começou a ser substituído pela manufatura. Começaram a surgir os primeiros
locais onde era realizada a produção dos objetos. O proprietário dessas unidades produtivas fornecia as ferramentas e
contratava trabalhadores que executavam somente uma etapa da produção do objeto.
Ainda usando o exemplo do alfinete, na manufatura um trabalhador preparava a matéria-prima, outro cortava o
material, outro afiava a ponta, e assim por diante. A divisão do trabalho e, ao mesmo tempo, a combinação das várias
etapas do trabalho na manufatura possibilitavam a produção de maior quantidade de mercadorias e também uma
produção mais acelerada.
A maquinofatura
Uma mudança importante na forma de produção dos objetos foi o uso de máquinas para transformar a matéria-
prima. No começo, as máquinas funcionavam com a força humana ou de animais, mas logo passaram a usar outras fontes
de energia, como a queima do carvão e o vapor de água. O nome dessa forma de produção é maquinofatura, e as unidades
de trabalho são as fábricas.
Com máquinas cada vez melhores, as fábricas passaram a produzir maior quantidade de mercadorias com custo
de produção menor: um trabalhador com uma máquina produzia a mesma quantidade que diversos trabalhadores sem
máquina. O aumento de produção e a redução de custos proporcionaram um lucro muito grande para os donos das
indústrias. São eles que mandam construir os locais onde são instaladas as máquinas e que contratam os empregados
para trabalhar na produção. Interessados em ter ainda mais lucro, os donos das indústrias foram aumentando o
investimento na mecanização do trabalho, pois começaram a incentivar a invenção de novas máquinas. Isso ajuda a
entender o sucesso da maquinofatura.
Todo esse processo de mecanização da produção começou na segunda metade do século XVIII, na Inglaterra.
Ao longo do século seguinte, a maquinofatura se espalhou pelo restante da Europa e também para outras regiões do
mundo.
Mas por que será que a Revolução Industrial começou na Inglaterra? Para responder a essa pergunta,
precisaremos conhecer a sociedade inglesa daquele período.
No começo do século XVIII, a Inglaterra era uma das nações mais influentes do mundo, por sua grande força
econômica e poder militar. Seu território era rico em jazidas de ferro, utilizado na produção das máquinas, e de carvão,
a principal fonte de energia das maquinofaturas.
O país tinha uma poderosa frota naval e controlava colônias na América, na África e na Ásia. As colônias, ao
mesmo tempo em que forneciam matérias-primas variadas com baixo custo, eram importantes mercados consumidores
dos artigos produzidos na Inglaterra. A burguesia inglesa, que se fortalecera com as Revoluções Inglesas do século XVII
e com a expansão do comércio, aumentara sua força econômica e política e gozava de grande prestígio social.
Nas cidades, havia uma grande quantidade de pessoas em busca de emprego. Muitas dessas pessoas eram
camponeses que haviam sido expulsos de suas terras pelos grandes proprietários rurais. Isso porque, entre os séculos
XVI e XVIII, o governo inglês concedeu a esses grandes proprietários o direito de se apropriarem das terras comunais
onde viviam os camponeses, para a criação de ovelhas, cuja lã abastecia as indústrias inglesas. Sem terem onde viver,
os camponeses viram-se obrigados a se mudar para as cidades, onde se transformaram, na maior parte das vezes, em
mão de obra barata para a indústria inglesa. Ao mesmo tempo, as manufaturas utilizavam máquinas que necessitavam
de um número menor de trabalhadores e produziam maior quantidade de objetos em um tempo cada vez menor.
A combinação desses fatores gerou profundas transformações em toda a sociedade inglesa, não apenas na
economia, a partir da segunda metade do século XVIII. Essas transformações receberam o nome de Revolução Industrial.
Entre as principais mudanças, destacam-se: o crescimento das cidades, o surgimento de mais indústrias, a invenção de
máquinas cada vez mais modernas, o crescimento acelerado da produção de mercadorias e o surgimento de um novo
grupo social, conhecido como proletariado, ou operários.
A indústria têxtil
Outras máquinas têxteis foram criadas e, em pouco tempo, a indústria têxtil inglesa experimentou um período
de aceleração, com a produção e a exportação de tecidos aumentando significativamente.
As novidades da Revolução Industrial afetaram outros setores da sociedade inglesa. Em 1769, o escocês James
Watt patenteou um motor movido com a energia do vapor de água. Este motor fazia as máquinas trabalharem em uma
velocidade bem maior do que quando eram acionadas pela força humana. Depois de algumas adaptações, ele passou a
ser utilizado na extração e no tratamento de minérios, na agricultura, em barcos e em trens. As distâncias entre os locais
e as pessoas passaram a ser vencidas mais rapidamente.
Vamos analisar mais uma vez a imagem, destacando os trabalhadores. Em primeiro plano, vemos crianças. A
que sai de baixo da máquina poderia estar fazendo alguma inspeção ou manutenção. Outra, com roupas rasgadas e muito
magra, ampara-se em um menino com semblante triste. Ao lado delas, um homem parece conversar com uma mulher,
mas ela está atenta ao funcionamento da
máquina; mais atrás, à esquerda, outra
mulher trabalha na produção de fios. A
imagem representa um fato bastante
comum na industrialização da Inglaterra:
a utilização intensa do trabalho feminino e
do trabalho infantil.
Em meados da década de 1830,
segundo as estimativas, a cada quatro
trabalhadores das fábricas de tecidos,
havia um homem, uma mulher e
duas crianças ou adolescentes. Crianças
com cerca de 7 anos eram obrigadas a
trabalhar por períodos longos, de 12 a 15
horas por dia, seis dias por semana, em
uma jornada semelhante à de um adulto.
Elas raramente se alimentavam de
maneira correta e quase nunca
descansavam, o que as deixava fracas e
doentes.
Em muitas fábricas, só era
permitido parar para se alimentar no jantar
– no restante da jornada, era necessário
comer e trabalhar ao mesmo tempo.
Nesse contexto, a industrialização
provocou um grande aumento no número
de mortes entre as crianças: aquelas que
não sofriam acidente nas fábricas podiam
adoecer pelo cansaço e pelas péssimas condições de vida.
Tanto as crianças quanto as mulheres recebiam salários menores que os dos homens. Essa situação contribuía
para a redução geral dos salários pagos a todos os trabalhadores. Como os homens sempre estavam ameaçados de perder
a vaga para outra pessoa, muitos aceitavam pagamentos insatisfatórios ou a redução do salário.
Além disso, o ambiente de trabalho nas fábricas era sufocante. Havia pouco espaço para a circulação de ar e o
ambiente era geralmente sujo. Nas máquinas não havia sistemas de segurança e seu manuseio era muito perigoso;
qualquer distração poderia provocar acidentes – às vezes graves, com perda de uma mão ou de um braço – e até mesmo
a morte.
Os problemas urbanos
Como vimos, o desenvolvimento das fábricas em áreas urbanas promoveu o crescimento das cidades. Até
meados do século XVIII, a maior parte da população inglesa morava no campo e se dedicava às atividades agrícolas.
Em 1750, apenas as cidades de Londres e Edimburgo tinham mais de 50 mil habitantes. Em 1851, no auge da
industrialização inglesa, 29 cidades atingiram esse número de habitantes e nove cidades já tinham mais de 100 mil
moradores. E, o mais importante, já havia mais pessoas morando nas cidades do que no campo.
No ambiente urbano, as ruas eram estreitas e sujas, não havia áreas para a construção de moradias suficientes.
Em áreas próximas das indústrias, onde a maioria dos trabalhadores morava, o ar era enfumaçado e poluído. Serviços
fundamentais, como saneamento básico, quase não existiam ou eram muito ruins.
Por falta de espaço e por conta do valor mais baixo dos aluguéis, as pessoas viviam em cortiços e em construções
superlotadas, casebres desprotegidos do vento e da chuva, ou mesmo em habitações temporárias. Esses ambientes
poluídos, sem higiene e apertados propiciavam a proliferação de muitas doenças. A fome e a fraqueza tornavam todos
mais suscetíveis às doenças. As epidemias de cólera, febre tifoide e outros males espalhavam-se pelos bairros de
operários
ATIVIDADES
Bibliografia: SERIACOPI, Gislane C. A. Inspire história : 8o ano 1. ed. – São Paulo , FTD, 2018.