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Contra o Absolutismo

O Absolutismo foi uma das marcas do século XVII na Europa. Na França, na Inglaterra e na Espanha, por
exemplo, a autoridade do rei era quase absoluta. Isso significa que ela não estava limitada por nenhum outro
poder, exceto, como se acreditava na época, pelas leis de Deus e por alguns costumes locais. Acreditava-se que o
poder dos reis era concedido diretamente por Deus. Isso era chamado de direito divino dos reis.

Uma das primeiras nações a passar por mudanças na forma de governar foi a Inglaterra. Lá a transição de
monarquia absolutista para monarquia constitucional aconteceu após a Revolução Puritana, de 1640, e a Revolução
Gloriosa, iniciada em 1688.

Nascimento do Iluminismo

As primeiras manifestações do que mais tarde viria a ser chamado de Iluminismo ocorreram nos Países
Baixos ainda no século XVII. Por essa época, ali havia mais liberdade de pensamento e de expressão do que em
qualquer outro país da Europa. Um dos motivos é que a forma de governo vigente era a república, e não a
monarquia absolutista.

Nos Países Baixos, podia-se discutir e publicar tratados científicos contra a Igreja Católica e as monarquias
absolutistas. Dois dos mais importantes precursores do iluminismo, o pensador inglês John Locke (1632 -1704) e o
filósofo francês René Descartes (1596 -1650), viveram alguns anos na Holanda, uma das províncias dos Países
Baixos.

Locke é um dos pioneiros do pensamento liberal. Ele defendia a liberdade de consciência, a tolerância
religiosa, o direito de cada um escolher sua própria religião e propunha a separação entre a Igreja e o Estado. Outro
pioneiro importante do Iluminismo foi o cientista inglês Isaac Newton (1643 -1727). Ele afirmava que a ciência
deveria descobrir leis universais e demonstrá-las por meio da razão, ou seja, de forma racional.

Dois temas, portanto, começavam a se destacar entre os pensadores ingleses na passagem do século XVII
para o século XVIII: a necessidade da tolerância para o convívio em sociedade e o uso da razão como instrumento
fundamental do conhecimento humano.

Na França, Descartes já tinha defendido o método racional de pensamento e o uso da reflexão e da dúvida
para chegar à verdade. Para ele, a razão era o ponto de partida de todo conhecimento. As ideias deviam ser
colocadas à prova e rigorosamente investigadas. Somente aquelas que resistissem às dúvidas e à investigação
deveriam ser consideradas verdadeiras.

Nova geração de filósofos e cientistas

Esses e outros pensadores foram fundamentais para a formação de uma nova geração de filósofos e
cientistas capazes de pensar racionalmente e sem recorrer ao pensamento religioso para explicar a natureza e a
sociedade. Essas foram as bases para o desenvolvimento do Iluminismo, um movimento de ideias que abarcou
diversos campos do conhecimento humano, como a Filosofia, as Ciências, a Política, a Economia e o estudo da
sociedade e da cultura em geral.

Em suas reflexões e, em parte, em suas ações, os iluministas defendiam:

• A extinção da ignorância e da superstição por meio da educação e da divulgação do conhecimento


científico.

• O uso da razão como instrumento para conquistar a liberdade e a capacidade de o ser humano pensar
por si próprio. • A tolerância e a liberdade religiosa e política.

• A liberdade de consciência e de expressão.

• A condenação das injustiças, dos privilégios, da dominação religiosa e do Estado absolutista.


O liberalismo econômico

Com o lluminismo, as propostas do mercantilismo, ainda em vigor na Europa, foram colocadas em xeque.
Os filósofos e economistas iluministas passaram a criticar duramente a postura intervencionista do Estado.
Segundo eles, o desenvolvimento econômico só poderia ser alcançado quando existisse a completa liberdade de
mercado, sem qualquer regulamentação estatal. Ou seja, o rei e o Estado não poderiam restringir as atividades
econômicas dos indivíduos nem estabelecer preços especiais ou regras para a realização de atividades comerciais.

Essa defesa da liberdade comercial deu origem a um pensamento que recebeu o nome de liberalismo
econômico. Um dos principais representantes desse pensamento foi o pensador escocês Adam Smith (1723-1790).
Para ele, as relações comerciais deveriam ser reguladas naturalmente pelo mercado, por meio da lei da oferta e da
procura: se há muitas pessoas desejando adquirir uma mercadoria, seu preço no mercado tende a subir; se uma
mercadoria atrai pouco interesse dos compradores, esse preço cai. Segundo Smith, tentar estabelecer um preço
fixo ou impedir o livre trabalho dos indivíduos somente atrapalharia o desenvolvimento natural e racional do
mercado.

O liberalismo econômico se tornou um importante instrumento de crítica ao Absolutismo e às práticas


econômicas adotadas pelas monarquias do período. Muitos indivíduos defenderam reformas que ampliassem a
liberdade do mercado e diminuíssem o poder de intervenção do Estado, abrindo caminho para transformações
sociais importantes no século seguinte.

Déspotas esclarecidos

A maior parte dos pensadores iluministas se opunha à monarquia absolutista e defendia a instauração de
uma monarquia constitucional.

Alguns monarcas europeus procuraram, de alguma forma, adotar certos princípios iluministas sem perder
seus poderes. Para tanto, procuraram tornar mais racional sua administração, modificando a cobrança de impostos
e reformando o sistema de privilégios concedidos à nobreza. Além disso, modernizaram algumas instituições do
Estado, como as de ensino e as Forças Armadas.

Esses monarcas ficaram conhecidos como déspotas esclarecidos. Receberam esse nome porque eram
governantes absolutistas (ou seja, “déspotas”) partidários de algumas ideias iluministas (ou seja, “esclarecidos”).

Entre eles, um dos que mais se destacou foi Frederico II, o Grande (1712-1786), da Prússia, que protegeu
diversos filósofos (como Voltaire) e promoveu uma grande reforma educacional, com o objetivo de acabar com o
analfabetismo em seu país.

Na Espanha, Carlos III (1716-1788) diminuiu o poder da Igreja Católica, pôs fim à Inquisição e expulsou os
jesuítas da Espanha e de suas colônias americanas.

Em Portugal, Sebastião José de Carvalho e Melo (1699-1782), conhecido como Marquês de Pombal, foi
ministro do rei José I (1750-1777). Durante sua permanência no governo, ele promoveu o desenvolvimento
comercial do reino e estimulou reformas na educação expulsando os jesuítas dos domínios portugueses.

Atividade:

1 -O liberalismo econômico foi um conjunto de ideias que criticava as práticas mercantilistas vigentes
durante o Absolutismo. Em quais aspectos essas duas ideias econômicas se diferenciam?

2 -Os iluministas pregavam a ideia de que o Estado deveria ser laico, ou seja, deveria haver uma separação
entre o Estado e a Igreja. Qual a importância desse pensamento no que diz respeito à liberdade religiosa? Pela
Constituição brasileira, o Brasil é um país laico. Em sua opinião, a religião exerce influência nas decisões políticas?
Justifique sua resposta.

3 -O Iluminismo foi um período em que houve uma grande circulação do conhecimento, com a difusão de
novas ideias a respeito de política, economia, religião, entre outros assuntos. Quando você se depara com novas
ideias, que se chocam com o seu pensamento ou com as coisas em que você acredita, como você reage? Você
procura analisar criticamente essas ideias ou as ignora? Nesse sentido, você se considera aberto a novas
experiências? Justifique suas respostas.

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