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História

2ºANO
ENSINO MÉDIO

PROFESSORA:
YOLANDA S. DIAS
PRIMEIRO BIMESTRE

UNIDADE TEMÁTICA / OBJETO(S) DE CONHECIMENTO(S)

 Iluminismo

 Liberalismo

 Inconfidência Mineira

 Conjuração Baiana

 Crise do Sistema Colonial nas Américas.


UNIDADE TEMÁTICA 1:

O Iluminismo foi um movimento intelectual que se tornou popular no século XVIII, conhecido
como "Século das Luzes". Surgido na França, a principal característica desta corrente de
pensamento foi defender o uso da razão sobre o da fé para entender e solucionar os
problemas da sociedade.

Os iluministas acreditavam que poderiam reestruturar a sociedade do Antigo Regime.


Defendiam o poder da razão em detrimento ao da fé e da religião e buscaram estender a
crítica racional em todos os campos do saber humano.
Através da união de escolas de pensamento filosóficas, sociais e políticas, enfatizavam a
defesa do conhecimento racional para desconstruir preconceitos e ideologias religiosas. Por
sua vez, essas seriam superadas pelas ideias de progresso e perfectibilidade humana. Em
suas obras, os pensadores iluministas argumentavam contra as determinações mercantilistas
e religiosas.

Também foram avessos ao absolutismo e aos privilégios dados à nobreza e ao clero. Estas
ideias eram consideradas polêmicas, pois isso abalava os alicerces da estrutura política e
social do Antigo Regime. Desta maneira, filósofos como Diderot e D’Alembert buscaram
reunir todo o conhecimento produzido à luz da razão num compêndio dividido em 35
volumes: a Enciclopédia (1751-1780).

A publicação da Enciclopédia contou com a participação de vários expoentes iluministas


como Montesquieu e Jean-Jacques Rousseau. Suas ideias se difundiram principalmente
entre a burguesia, que detinha a maior parte do poder econômico. Entretanto, não possuíam
nada equivalente em poder político e ficavam sempre à margem das decisões.

Características do Iluminismo
O iluminismo rejeitava a herança medieval e, por isso, passaram a chamar este período de
"Idade das Trevas". Foram esses pensadores que inventaram a ideia que nada de bom havia
acontecido nesta época.

Economia
Em oposição ao Mercantilismo, praticado durante o Antigo Regime, os iluministas afirmavam
que o Estado deveria praticar o liberalismo. Ao invés de intervir na economia, o Estado
deveria deixar que o mercado a regulasse. Essas ideias foram expostas, principalmente, por
Adam Smith.

Alguns, como Quesnay, defendiam que a agricultura era a fonte de riqueza da nação, em
detrimento do comércio, como defendido pelos mercantilistas. Quanto à propriedade privada
não havia consenso entre os iluministas. John Locke enfatizava que a propriedade era um
direito natural do homem, enquanto Rousseau, apontava que esta era a razão dos males da
humanidade.

Política e Sociedade
Contrários ao Absolutismo, os iluministas afirmavam que o poder do rei deveria ser limitado
por um conselho ou uma Constituição.

O escritor Montesquieu, por exemplo, defendia um modelo de Estado onde o governo estaria
dividido em três poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário. Assim, haveria equilíbrio e
menos poder concentrado numa só pessoa. Esta ideia de governo foi adota por quase todos
os países do mundo ocidental.

Igualmente, os súditos deveriam ter mais direitos e serem tratados de forma igualitária. Com
isso queria se afirmar que todos deveriam pagar impostos e minorias, como os judeus,
tinham que ser reconhecidos como cidadãos plenos. É preciso lembrar que no Antigo
Regime, as minorias religiosas como judeus e muçulmanos, forma obrigados a se converter
ou a deixar os países onde estavam para escapar das perseguições.

Embora houvesse algumas vozes a favor das mulheres e até pensadoras iluministas, como
Émilie du Châtelet ou Mary Wollstonecraft, nenhum homem defendeu realmente a concessão
de direitos para elas.
Religião
A religião foi muito criticada por vários pensadores iluministas. A maioria, defendia a limitação
dos privilégios do clero e da igreja; bem como o uso da ciência para questionar as doutrinas
religiosas.

Havia aqueles que compreendiam o poder da religião na formação do ser humano, mas
preferiam que houvessem duas esferas distintas: a religião e o Estado. De igual maneira,
alguns iluministas defendiam o fim da igreja como instituição e a fé deveria ser uma
expressão individual.

Despotismo esclarecido
As ideias iluministas se espalharam de tal modo que muitos governantes buscaram implantar
medidas embasadas no iluminismo para modernizar seus respectivos Estados. Isso
acontecia sem que os monarcas abdicassem de seu poder absoluto, apenas conciliando-o
aos interesses populares. Deste modo, estes governantes faziam parte do Despotismo
Esclarecido.

Iluminismo no Brasil
O Iluminismo chegou ao Brasil através das publicações que eram contrabandeadas para a
colônia. Igualmente, vários estudantes que iam à Universidade de Coimbra também tiveram
contato com as ideias iluministas e passaram a difundi-las.

Essas ideias passavam a questionar o próprio sistema colonial e fomentar o desejo de


mudanças. Assim, o movimento das Luzes influenciou a Inconfidência Mineira (1789), a
Conjuração Baiana (1798) e a Revolução Pernambucana (1817).

Consequências do Iluminismo
Os ideais iluministas tiveram sérias implicações sociopolíticas. Como exemplo, o fim do
colonialismo e do absolutismo e implantação do liberalismo econômico, bem como a
liberdade religiosa, o que culminou em movimentos como a Revolução Francesa (1789).

Principais pensadores iluministas

 Montesquieu (1689-1755)
 Voltaire (1694-1778)
 Diderot (1713-1784)
 D’Alembert (1717-1783)
 Rousseau (1712-1778)
 John Locke (1632-1704)
 Adam Smith (1723-1790)
LIBERALISMO

O liberalismo é um conjunto de pensamentos que surgiu no século XVII e ganhou destaque


na Europa do século XVIII. O seu apogeu ocorreu após a Revolução Industrial, no início do
século XIX. Basicamente, a visão liberal de mundo consiste em enxergar que todos os seres
humanos são dotados de capacidades para o trabalho e intelectuais e que todos têm direitos
naturais a exercer a sua capacidade.

Dessa maneira, o Estado não tem o direito de interferir na vida e nas liberdades individuais
dos cidadãos, a menos que esses atentem contra a ordem vigente. Esse pensamento liberal
norteou eventos como a Revolução Francesa e a Revolução Industrial, criando um Estado de
Direito liberal na modernidade, que visava assegurar os direitos dos cidadãos e acabar com
o despotismo.

Resumo sobre liberalismo

 Doutrina política e econômica que surgiu entre os séculos XVII e XVIII;

 Visava a acabar com os governos absolutistas, estabelecendo um quadro de


igualdade e de defesa da liberdade;

 Perdeu força com a ascensão da burguesia industrial;

 Foi reformulado a fim de atender às demandas pós-crise de 1929;

 O neoliberalismo defende que a iniciativa privada deve tocar a economia livremente,


sem a interferência do Estado.
Características do Liberalismo

John Locke, filósofo inglês considerado um dos “pais” do liberalismo.

O liberalismo, como um todo, visava a acabar com a opressão do chamado Antigo Regime
(as monarquias absolutistas que dominaram, durante muito tempo, as potências europeias).
Para os liberais, o ser humano era dotado de direitos naturais (pensamento herdado do
filósofo inglês John Locke) que assegurariam o direito de todos os cidadãos de participar da
política e da economia, de trabalhar, acumular riquezas e adquirir uma propriedade privada.
Do mesmo modo, eram direitos naturais à vida e à liberdade, sendo vedado ao Estado
qualquer forma autoritária e injustificada de restrição da liberdade ou assassinato dos
cidadãos.

Para os teóricos liberais modernos, não havia qualquer justificativa para o controle da vida,
do governo e da economia por parte dos monarcas. Isso porque a monarquia absolutista
estava assentada no ideal do direito divino, ou seja, os governantes eram pessoas eleitas por
Deus para guiar o povo. O pensamento moderno, já altamente racional, rejeitava essa noção.

Para os modernos, era a razão, distribuída entre as pessoas, a responsável por criar um
projeto de mundo capaz de impulsionar a sociedade e os indivíduos ao crescimento. Esses
ideais, que constituíam o Iluminismo, geraram o centro do pensamento liberal: a capacidade
individual de trabalhar, criar e evoluir.

Tipos de liberalismo
O liberalismo clássico pode ser dividido em liberalismo político e liberalismo econômico.
Chamamos de liberalismo clássico aquele que surgiu dos ideais de filósofos liberais do
século XVII e XVII contra o Antigo Regime e a favor da livre iniciativa individual na economia.
Em contraposição, existe o neoliberalismo, que é uma doutrina econômica do século XX que
resgatou elementos do liberalismo, adaptando-os à realidade econômica do mundo
globalizado e do capitalismo altamente desenvolvido.

Liberalismo Político
O pensamento liberal, em geral, visava a acabar com a opressão estatal sobre a vida das
pessoas em seus aspectos políticos e econômicos. Para tanto, era necessário abandonar a
visão medieval de governo, baseada no poder absoluto e irrestrito de um governante e no
severo controle da economia por parte do Estado (como ocorreu no mercantilismo, em que
os governos promoviam as ações da economia, baseadas no comércio e na exploração de
colônias, controlando absolutamente tudo).

Ao abandonar a visão antiga de governo e economia, os liberais modernos adotaram uma


visão política baseada no republicanismo ou no parlamentarismo. Esses sistemas políticos
permitiam a divisão dos poderes, retirando das mãos de um monarca o poder absoluto.
O filósofo francês Charles de Montesquieu, um dos pensadores que influenciaram o
liberalismo e a Revolução Industrial, defendeu a divisão dos poderes estatais em três partes:
o Poder Legislativo (formado por um corpo de legisladores, que criarão as leis); o Poder
Executivo (formado por um corpo de governo responsável por executar as leis e governar a
cidade ou o país); e o Poder Judiciário, que atua quando algum cidadão infringe as leis
estabelecidas ou entra em conflito de interesses com outros cidadãos ou com o Estado.

Liberalismo Econômico
No campo econômico, foram as ideias do filósofo e economista inglês Adam Smith que
predominaram para estabelecer as diretrizes desse novo pensamento econômico. O
liberalismo econômico consiste no entendimento de que o Estado não deve interferir na
economia, pois essa deve ser feita a partir da livre iniciativa dos cidadãos, que devem ser
livres para produzir e fazer comércio, sendo responsáveis por si mesmos.

A meritocracia e a valorização do esforço individual são marcantes no pensamento liberal,


que coloca como responsável pela riqueza e pelo sucesso, unicamente, o indivíduo. Para
Smith, haveria uma espécie de “mão invisível” que faria com que a economia se
desenvolvesse autonomamente no poder da iniciativa privada, sem necessitar do Estado,
pois esse colocava um entrave no crescimento econômico ao querer reivindicar a sua parte
nos lucros sem nada oferecer em troca.

História do Liberalismo
As primeiras insurgências liberais começaram já no fim do século XVII, com um pensamento
burguês que desafiava a ordem vigente do absolutismo. Na Inglaterra, esse fator ocorreu
com a Revolução Gloriosa, que acabou de vez com o absolutismo inglês e implantou um
regime parlamentar no país que manteve a monarquia, mas abriu um Parlamento com a
possibilidade de participação política de pessoas que não pertenciam à nobreza.

O pensamento liberal começou a se espalhar pela Europa, destacando-se personalidades


como o filósofo inglês John Locke, o filósofo e jurista inglês Jeremy Bentham, além dos
filósofos políticos franceses pertencentes ao
Iluminismo, como Voltaire, Montesquieu e
Diderot.

Charles de Montesquieu, um dos filósofos iluministas franceses.

Em razão da influência do pensamento iluminista, que valorizava a razão e a racionalidade


em detrimento da antiga concepção religiosa que tomava conta da vida política durante a
Idade Média, as pessoas atentaram-se para o fato de que a vida pública deve ser regida pela
racionalidade, e não pela religião.

Também foi fundamental a percepção de que existem direitos básicos que devem ser
garantidos, o que John Locke chamou de naturais e que os iluministas franceses chamaram
de direitos do homem e do cidadão. Dentre tais direitos, destacam-se a liberdade, a
igualdade (no caso, não a igualdade socioeconômica, mas a extinção de um sistema de
nobreza que privilegia as castas nobres na política) e o direito à propriedade (nos regimes
absolutistas, a maior parte da propriedade concentrava-se nas mãos da nobreza e do clero).

Outro fator que impulsionou o pensamento liberal foi a Revolução Industrial e o


desenvolvimento do capitalismo industrial. A burguesia queria expandir os seus negócios,
produzir mais, lucrar mais e expandir a propriedade privada. Com os entraves colocados
pelos governos autoritários, os burgueses viam-se incapacitados de lucrar como queriam.
Daí, as ideias liberais fizeram nascer um pensamento liberal no campo econômico para
permitir o desenvolvimento econômico baseado apenas nos esforços da burguesia, sem
interferência estatal.

Neoliberalismo e Liberalismo
O liberalismo clássico mostrou-se ineficaz no início do século XX, após o advento de crises,
como a Grande Depressão de 1929, em que a Bolsa de Valores de Nova Iorque quebrou. O
cenário era de desemprego geral e péssimas condições de vida e trabalho para a classe
operária europeia e estadunidense (principalmente), mas também para as classes operárias
de outros países fora dos grandes eixos industriais.

O socialismo havia inspirado a formação de organizações sindicais, que organizavam


grandes greves contra a exploração dos trabalhadores por parte da burguesia, algo comum e
necessário dentro da doutrina liberal. O cenário do século XX fez com que governantes e
economistas revissem o liberalismo clássico.

Um dos economistas que apresentaram uma proposta diferente foi o inglês John Maynard
Keynes, formulando uma doutrina conhecida posteriormente como keynesianismo. Essa
teoria trouxe uma forma de pensar a economia capitalista como um misto de lucro para a
iniciativa privada, mas com uma regulação estatal que assegurasse boas condições de vida
para toda a população, e não somente para uma classe privilegiada.

As formas de governar que surgiram a partir dessas ideias ficaram conhecidas como social-
democracia, sendo aplicadas nos Estados Unidos por Franklin Delano Roosevelt e por
países nórdicos europeus, como a Finlândia. A educação, a saúde, a segurança, o pleno
emprego e a dignidade da vida deveriam ser promovidos pelo Estado quando a iniciativa
privada não conseguisse atingir a todos com os seus benefícios, o que fez surgir um Estado
de bem-estar social, que tornaria mais digna a vida humana e permitiria o acesso ao
consumo por parte das classes trabalhadoras.

Como resposta a esse tipo de política econômica, o


economista da Escola Austríaca de Economia,
Ludwig von Mises formulou uma doutrina político-
econômica que resgatava os elementos do
liberalismo clássico e adaptava-os à realidade do
capitalismo globalizado e altamente desenvolvido do
século XX.

Ludwig von Mises, economista da Escola Austríaca que fundamentou as primeiras teorias neoliberais.

A nova realidade não permitiria uma completa e total separação entre a economia e o
Estado, mas permitiria ajustes que os neoliberais consideravam necessários. Esses ajustes
visavam, em geral, à ampliação da iniciativa privada na oferta de serviços básicos e a
supressão quase total das empresas, órgãos e funcionários públicos, a fim de, como dizem
os neoliberais, desinflar a máquina estatal. Por essa lógica, o papel do Estado na economia
seria quase nulo, a cobrança de impostos abaixaria muito e os serviços básicos seriam, em
sua maioria, cobrados.

Críticos dessa vertente econômica dizem que esse tipo de política econômica tende a manter
uma classe privilegiada no poder econômico, assim como acontecia no liberalismo clássico,
além de precarizar a vida do trabalhador, que precisa trabalhar mais e perde muitos dos seus
direitos trabalhistas
INCONFIDÊNCIA MINEIRA

A Inconfidência Mineira ou Conjuração Mineira foi um movimento de caráter separatista


que ocorreu na então capitania de Minas Gerais em 1789. O objetivo era proclamar uma
República independente, criar uma universidade e abolir dívidas junto à Fazenda Real. O
movimento, porém, foi descoberto antes do dia marcado para a eclosão por conta de uma
delação e seus líderes foram presos e condenados.

Causas da Inconfidência Mineira


A partir de 1760, a produção começa a cair anualmente. Mesmo com a diminuição da
extração do ouro, o sistema e o valor de cobrança dos quintos devidos à coroa, mantinha-se
o mesmo. Quando o ouro entregue não alcançava 100 arrobas (cerca de 1500 kg) anuais,
era decretada a “derrama”. Esta consistia em cobrar da população, pela força das armas, a
quantidade que faltava.

Apesar de ter sido decretada somente uma vez, sempre pairava a ameaça que a derrama
poderia se tornar realidade e isso assustava tanto os exploradores de ouro como a
população. O custo de vida em toda a região aumentava, pois tudo era comprado a prazo e
com ouro. Desta maneira, os funcionários que detinham o monopólio do metal começaram a
se endividar.

Com isso, deixaram de fazer pagamentos aos comerciantes, agricultores e traficantes de


escravos que também foram arrastados para a crise. Igualmente, o “Alvará de 1785”,
agravou a situação. Esta lei determinava o fechamento de manufaturas locais, proibindo a
existência do fabrico de tecidos de qualquer natureza. Isto obrigava a população a consumir
apenas produtos importados e de alto preço.

Também as ideias do Iluminismo que apregoavam temas como a liberdade para os povos e
questionar a ordem política vigente, circulavam pela capitania de Minas Gerais apesar da
censura. Estas ideias foram trazidas por estudantes brasileiros que tinham realizado cursos
superiores na Europa e através de livros.

Não se pode esquecer que os envolvidos nesta conspiração tomavam como exemplo a
Independência dos Estados Unidos. Ali, os colonos, revoltados contra o sistema fiscal de sua
metrópole, tinham conseguido a independência da Inglaterra. Isto animou a elite mineradora
a conspirar contra a metrópole.

Os Inconfidentes: líderes da Inconfidência Mineira

Bandeira da Inconfidência - 1789: Os Inconfidentes. Carlos Oswald, c.1939. Academia de Polícia Militar (MG)

Os inconfidentes eram, em sua maioria, grandes proprietários, mineradores, padres e


letrados, como Cláudio Manuel da Costa. Oriundo de família enriquecida na mineração, havia
estudado em Coimbra e foi alto funcionário da administração colonial. Por sua parte,
Alvarenga Peixoto era minerador e latifundiário.

Tomás Antônio Gonzaga, escritor e poeta, depois terminar os estudos jurídicos na Europa,
tornou-se ouvidor (juiz) em Vila Rica. Francisco de Paula Freire, tenente coronel e
comandante do Regimento dos Dragões (tropa militar de Minas Gerais), estava
hierarquicamente logo abaixo do governador.

Joaquim José da Silva Xavier, chamado de Tiradentes, era filho de um pequeno fazendeiro e
ganhou a vida como militar, dentista, tropeiro e comerciante. Foi o mais popular entre os
conspiradores e, embora não tenha sido o idealizador do movimento, teve papel importante
na propagação das ideias revolucionárias junto à população.

Objetivos da Inconfidência Mineira


Os Inconfidentes tinham uma série de propostas para a capitania de Minas Gerais como:
➯ Romper com Portugal e adotar um regime republicano (a capital seria São João del

Rei);
➯ Criar indústrias;
➯ Fundar uma universidade em Vila Rica;
➯ Acabar com o monopólio comercial português;
➯ Adotar o serviço militar obrigatório;
➯ Instituir parlamentos locais que seriam subordinados a um parlamento regional.
A bandeira do novo país seria um pavilhão que conteria a frase latina “Libertas quae sera
tamen” (Liberdade ainda que tardia). Mais tarde, um desenho semelhante e o lema seriam a
base para a criação da bandeira do Estado de Minas Gerais. Bandeira da Inconfidência
Mineira com as cores da Revolução Francesa e um índio rompendo grilhões.

A revolta deveria ter início no dia do derrama, que o governo programara para 1788 e acabou
suspendendo quando soube da conjuração. Os planos dos inconfidentes foram frustrados
porque três participantes da conspiração procuraram o governador, Visconde de Barbacena,
para delatar o movimento.

Foram eles: o coronel Joaquim Silvério dos Reis, o tenente coronel Basílio de Brito Malheiro
do Lago e o mestre de campo (militar) Inácio Correia Pamplona.
Tiradentes, que viajava para o Rio de Janeiro a fim de adquirir armas, foi preso naquela
cidade, no dia 10 de maio de 1789.

Após três anos sendo processados, todos os participantes foram perdoados ou condenados
ao degredo. Somente Tiradentes foi condenado à morte e executado no dia 21 de abril de
1792, no campo de São Domingos, no Rio de Janeiro. Após o cumprimento da sentença, o
corpo foi esquartejado e ficou exposto à execração pública.

Contudo, a figura de Tiradentes seria recuperada pelo regime republicano que o transformou
num mártir da liberdade. Inclusive, dia 21 de abril, data da morte de Tiradentes, é feriado
nacional, o Dia de Tiradentes, a fim de lembrar a Inconfidência Mineira.

Inconfidência ou Conjuração Mineira?


O termo "Inconfidência" vem sendo questionado por alguns estudiosos. "Inconfidência"
significa "falta de fé ou de fidelidade, especialmente em relação ao Estado ou a um
soberano", segundo o Dicionário On-line de Português. Por sua parte, a palavra "conjuração"
é definida como "Associação de pessoas que, secreta ou clandestinamente, conspiram
contra um governo" pelo mesmo dicionário.

O termo "inconfidente" seria a visão da metrópole em relação ao envolvidos e, dificilmente,


eles gostariam deste vocábulo para descrever estes acontecimentos.
O historiador Kenneth Maxwell se expressou nestes termos sobre esta discussão, por
ocasião do Bicentenário da Inconfidência, em 1989: (...) a palavra inconfidência vem dos
donos do poder e não da oposição. Vem da contrarrevolução e não da revolução; e, enfim, o
objeto das nossas comemorações é uma revolução frustrada, não uma repressão bem-
sucedida. É bom que estejamos bem claros sobre isto.

CONJURAÇÃO BAIANA

A Conjuração Baiana ou Revolta dos Alfaiates foi um movimento político popular ocorrido
em Salvador, Bahia, em 1798. Tinha como objetivos separar a Bahia de Portugal, abolir a
escravatura e atender às reivindicações das camadas pobres da população.
É também conhecida como "Conspiração dos Búzios" ou "Revolta dos Alfaiates", por ter
como principais líderes os alfaiates João de Deus e Manuel Faustino dos Santos Lira. A
Conjuração Baiana foi composta, em sua maioria, por escravizados, negros livres, brancos
pobres e mestiços, que exerciam as mais diferentes profissões, como sapateiros, pedreiros,
soldados, etc.
Influenciada pela Revolução Francesa e pela Revolução Haitiana, a Conjuração Baiana foi
fortemente reprimida. Seus membros foram presos e, em 1799, os líderes do movimento
foram condenados à morte ou ao degredo.

Líderes da Conjuração Baiana


Além da liderança exercida pelos alfaiates, o movimento também era encabeçado pelos
soldados Luís Gonzaga das Virgens e Lucas Dantas.

A maçonaria exerceu uma forte influência sobre a conjuração, pois os ideais políticos da
Revolução Francesa chegavam ao Brasil também por intermédio deste grupo. A primeira loja
maçônica criada na Bahia, Cavaleiros da Luz, contava com a participação de diversos
intelectuais que se envolveram na conjuração.
São eles:
José
da Silva

Lisboa, futuro visconde de Cairu; o cirurgião Cipriano Barata, o "médico dos pobres"; o
farmacêutico João Ladislau de Figueiredo; o padre Francisco Gomes; o professor de latim
Francisco Barreto e o tenente Hermógenes Pantoja, que se reuniam para ler Voltaire, traduzir
Rousseau e organizar a conspiração.

Os quatro líderes da Conjuração Baiana condenados à morte em 1799. (imagem: Revista Caros Amigos)

Contexto histórico da Conjuração Baiana


Da mesma forma, repercutia na Bahia o movimento chefiado pelo negro alforriado Toussaint
Louverture, no Haiti, contra os colonizadores franceses - o primeiro grande levante de
escravizados bem sucedidos na história.

Outra causa que levou à revolta foi o fato da população da cidade de Salvador estar em
situação de penúria, depois que a capital do Brasil colônia foi transferida para o Rio de
Janeiro, em 1763. Afirmou-se a necessidade de fundar na Bahia uma república Democrática,
onde não houvesse diferenças sociais e onde todos fossem iguais.
No dia 12 de agosto de 1798, a cidade de Salvador amanheceu coberta de papéis
manuscritos pregados aos muros das igrejas. Os panfletos chamavam a população à luta e
proclamavam ideias de liberdade, igualdade, fraternidade e República.
Um dos principais dizeres era: “Animai-vos povo baiense que está para chegar o tempo
feliz da nossa Liberdade: o tempo em que todos seremos irmãos, o tempo em que
todos seremos iguais.”

Fim da Conjuração Baiana


A distribuição dos panfletos com palavras de ordem levou as autoridades a agir prontamente
e reprimir a manifestação. Alguns membros foram presos e forçados a delatar o restante dos
participantes.

O governador da Bahia, Fernando José de Portugal e Castro, soube através de uma


denúncia feita por Carlos Baltasar da Silveira, que os conspiradores iriam se reunir no
Campo de Dique, no dia 25 de agosto. A ação do governo foi rápida e o coronel Teotônio de
Souza foi encarregado de surpreendê-los em flagrante. Diante da aproximação das tropas do
governo, alguns conseguiram fugir.
Reprimida a rebelião, as prisões sucederam-se e o movimento foi desarticulado. Foram
presas 49 pessoas, das quais três eram mulheres, nove escravizados e outros homens livres
que exerciam profissões como alfaiates, barbeiros, soldados, bordadores e pequenos
comerciantes.

Os principais envolvidos foram julgados e condenados à morte. No dia 8 de novembro de


1799, um ano e dois meses depois dos acontecimentos, os acusados foram declarados
culpados por traição. Desta maneira, receberam a pena de morte por enforcamento e depois
esquartejados: Luís Gonzaga das Virgens, Lucas Dantas, João de Deus e Manuel Faustino
dos Santos Lira. Os corpos foram expostos em diversos locais da cidade de Salvador para
servir de exemplo a possíveis subversivos.

Os intelectuais e membros da maçonaria que participaram da conjuração receberam penas


mais brandas ou foram absolvidos. Apesar de seu terrível desfecho, a Conjuração Baiana
influenciou outros movimentos como a independência (1822), a Revolta do Malês (1835) e a
abolição da escravatura (1888).
Crise do Sistema Colonial nas Américas- Brasil
A crise do Sistema Colonial foi antecedida por movimentos nativistas realizados no Brasil
Colonial e por revoluções que ocorreram na Europa e na América do Norte. Um dos fatores
que contribuíram para a crise do Sistema Colonial foi o avanço das ideias iluministas, que
criticavam o Antigo Regime – base política da colonização.
O Crescimento Do Capitalismo
Durante os séculos XV-XVII, o capitalismo comercial serviu para as potências europeias
ampliarem seus mercados consumidores. A política econômica mercantilista praticada por
esses países era baseada no metalismo, numa balança comercial favorável e na intervenção
do Estado para organizar e regular a economia nacional. O colonialismo permitiu que as
potências europeias garantissem uma balança comercial favorável. O pacto colonial as
favoreceu imensamente.

Na segunda metade do século XVIII, os objetivos do capitalismo comercial haviam sido


realizados: as potências europeias haviam adquirido grande riqueza. Ao mesmo tempo,
ocorria uma integração econômica dos mercados mundiais. Na Europa, o mercado
consumidor foi ampliado durante a Revolução Comercial. Uma das consequências disso foi a
demanda por mais mercadorias. O capital acumulado pela burguesia comercial, acumulado
nos últimos três séculos, passou a ser investido na produção. A Revolução Industrial foi
fruto das inovações tecnológicas ocorridas nos séculos XVII e XVIII que possibilitaram o
surgimento da indústria fabril.

Durante 70 anos, a Inglaterra foi o único país industrializado do mundo. É claro que a
Inglaterra, com o objetivo de exportar seus produtos industriais, favorecia o livre comércio. O
pacto colonial prejudicava as ambições comerciais da Inglaterra. Portanto, a Inglaterra, que
anteriormente apoiava o colonialismo, passou a incentivar a independência das colônias. O
motivo disso é óbvio: se as colônias se tornassem independentes, elas poderiam comprar
produtos manufaturados ingleses e vender matérias-primas à Inglaterra a preço baixo.

Nessa época, surgiu na Inglaterra a teoria do liberalismo econômico. Em contraposição ao


mercantilismo, essa teoria defendia o fim do pacto colonial, a livre concorrência e a não
intervenção do Estado na economia. Essa teoria impulsionou o capitalismo industrial a partir
da segunda metade do século XVIII.
Países como Portugal e Espanha, que não se industrializaram, entraram em declínio
econômico. Tentando compensar as suas perdas, eles passaram a exigir mais riquezas de
suas colônias. Essa pressão acabou causando com que as colônias se revoltassem e
buscassem sua independência.

O desmoronamento do sistema colonial


A crise do capitalismo comercial português e as ambições comerciais da Inglaterra não foram
os únicos fatores que resultaram no desmoronamento do sistema colonial. O próprio
processo de colonização foi o fator determinante. É verdade que a colonização, mesmo
tendo um propósito quase inteiramente exploratório, resultou no crescimento do Brasil
Colônia.
Durante os dois séculos em que a colonização predominou, as elites locais beneficiaram-se.
Porém, os mesmos fatores que levaram ao crescimento da economia colonial brasileira
tornaram-se, a partir do século XVIII, insuportáveis e inaceitáveis à população colonial. Quais
foram eles? Os monopólios, a severa fiscalização e a alta tributação. Tornou-se óbvio o fato
de que o pacto colonial realmente visava apenas beneficiar as metrópoles. O pacto colonial
havia favorecido o crescimento econômico do Brasil, mas havia se tornado um enorme
empecilho, prejudicando os objetivos econômicos dos colonizados.

As primeiras rebeliões ocorridas na colônia contra Portugal não visavam a independência do


Brasil. Essas manifestações, as chamadas rebeliões nativistas, exigiam apenas algumas
mudanças no pacto colonial. As rebeliões nativistas eram regionalistas e não se
preocupavam com a unidade nacional do Brasil. Elas ocorreram entre 1641 e 1720 e foram
nada mais que esforços contra alguns aspectos da exploração colonial. Só um século mais
tarde, quando a exploração da colônia se agravou, é que as rebeliões passaram a exigir o
fim do pacto colonial e autonomia política.

A aclamação de Amador Bueno (1641)


No início do século XVII, a situação econômica da região de São Vicente era precária. A
região basicamente dependia economicamente do apresamento de índios. Mas os jesuítas
faziam campanha para que a metrópole proibisse os bandeirantes de escravizar os
indígenas. Autoridades da colônia não receberam bem a demanda dos jesuítas e
incentivaram a expulsão deles de São Vicente, o que ocorreu em 1641. No mesmo ano, os
paulistas tentaram se tornar independentes de Portugal e aclamaram Amador Bueno como
rei. Esse movimento não obteve muito apoio e foi abandonado.
A revolta de Beckman (1684)
Quase todos os escravos negros
trazidos ao Brasil eram levados às
zonas açucareiras de Pernambuco
e Bahia. Nas plantações do
Maranhão faltava mão de obra. A
solução encontrada foi a utilização
de escravos indígenas. Porém, os
jesuítas do Maranhão tentavam
impedir que os indígenas fossem
escravizados. Em 1653, um novo
grupo de jesuítas chegou ao
Brasil, entre os quais o padre
Antônio Vieira.

Para resolver o problema de mão de obra no Maranhão, a Coroa criou a Companhia Geral
de Comércio do Maranhão, que teria a obrigação de fornecer 500 escravos negros por ano
durante 20 anos. O rei esperava, assim, solucionar o problema da falta de mão de obra no
Maranhão e agradar os jesuítas, que se opunham à escravização de nativos.

Mercado de escravos
A Companhia do Maranhão monopolizaria o comércio do estado do Maranhão. Ela deveria
fornecer aos habitantes alimentos importados e adquirir toda a produção da região para
exportá-la.
Mas os administradores da Companhia não cumpriram com suas obrigações. Eles
roubavam, falsificavam e cometiam inúmeros atos de corrupção. A Coroa havia tentado
solucionar o conflito entre colonos e jesuítas no Maranhão, mas a solução imposta acabou se
provando pior que o problema.

Manuel Beckman e seu irmão Tomás lideraram o levante contra a Companhia do Maranhão
e os jesuítas. Manuel Beckman declarou: “Não resta outra coisa senão cada um defender-se
por si mesmo; duas coisas são necessárias: a revogação do monopólio e a expulsão dos
jesuítas, a fim de recuperar a mão livre no que diz respeito a comércio e aos índios; depois
haverá tempo de mandar ao rei representantes eleitos e obter a sanção dele”.

A revolta de Beckman levou à abolição do estanco da companhia. Além disso, foi nomeado
um novo governador para o estado do Maranhão: Gomes Freire de Andrade. Mas após
alcançar parte de suas reivindicações, o movimento perdeu força e foi debelado em 1685.
Manuel Beckman e Jorge Sampaio, dois dos líderes da revolta, foram presos e executados.
Os jesuítas, que haviam sido expulsos, retornaram ao Maranhão.

A guerra dos Emboabas (1707-1709)


A descoberta das minas fez com que muitas pessoas, inclusive muitos portugueses, viessem
a Minas Gerais. Os paulistas que habitavam a região, e que ali haviam descoberto ouro,
chamavam os recém-chegados de emboabas.

A maioria dos emboabas dedicou-se ao comércio. Muitos mineradores se endividaram com


os emboabas e foram obrigados a hipotecar suas propriedades. Dessa maneira, alguns
comerciantes portugueses tornaram-se donos de datas e fazendas de gado, o que era
inaceitável para os paulistas. Isso resultou num conflito entre paulistas e reinóis (ou naturais
do Reino, isto é, Portugal), que ocorreu entre 1707 e 1709. Os paulistas sofreram grandes
derrotas e foram massacrados numa luta num local chamado de Capão de Traição.
Derrotados pelos emboabas, muitos paulistas migraram para Goiás e Mato Grosso, onde
também descobriram ouro e diamantes.

Em 1709, o governo interveio, criando a capitania real de São Paulo e Minas do Ouro. Para
atender às exigências dos paulistas, Ribeirão do Carmo, Sabará e Vila Rica foram elevadas
ao status de vilas, com a criação de câmaras municipais. Os conflitos diminuíram, mas suas
causas não foram esquecidas.

A guerra dos Mascates (1710)


Em Pernambuco, outras lutas ocorreram entre os proprietários de terra e os comerciantes
reinóis. Em Pernambuco, esses comerciantes reinóis eram chamados de mascates.
Quando os holandeses foram expulsos do Brasil em 1654, os produtores pernambucanos
perderam o mercado de açúcar para os produtores de Antilhas. A elite comercial de Recife,
formada por portugueses, passou a financiar a produção açucareira que era centralizada em
Olinda. Os portugueses cobravam taxas elevadas e executavam hipotecas.

Cidade de Olinda
Os comerciantes portugueses de Recife eram economicamente superiores aos brasileiros,
mas eles não tinham autoridade política, pois a Câmara Municipal, que era a sede do poder
político local, localizava-se em Olinda. Mas em 1710, Recife obteve a carta régia de
emancipação política e administrativa, construindo na cidade o pelourinho, que simbolizava a
autonomia administrativa do lugar.

Os olindenses não aceitavam a perda do controle administrativo de Recife. Sob o comando


de Bernardo Vieira de Melo, eles invadiram a cidade e derrubaram o pelourinho. Os
mascates se organizaram e retaliaram.

A Coroa decidiu intervir e nomeou um novo governador, pôs fim ao conflito e confirmou a
autonomia de Recife. Mais uma vez, os interesses coloniais entravam em conflito com os
interesses metropolitanos.

A revolta de Vila Rica ou de Filipe dos Santos (1720)


Apesar de rígida, a administração portuguesa na zona mineradora não conseguira impedir o
contrabando de ouro e diamantes. A partir de 1718, o controle sobre a exploração de ouro e
diamantes se tornou mais rígido. Houve, simultaneamente, um aumento do contrabando. Em
1719, a Intendência das Minas, que era o órgão encarregado da administração da região
aurífera, criou as casas de fundição, por onde todo o ouro extraído deveria passar.
O ouro era fundido e transformado em barras. Um quinto dele era retirado para ser
submetido à Coroa. Foi proibida a circulação de ouro em pó. Isso causou um profundo
descontentamento entre o povo, pois os exploradores das minas tinham que pagar a
fundição. Eles perdiam tempo tendo de caminhar à casa de fundição. Além disso, o ouro
precisava ser purificado para ser fundido. Essa purificação causava com que o ouro
perdesse peso e, consequentemente, valor. Pior ainda: o governo cobrava um imposto a
título de purificação.

Os colonos reagiram a essa rigorosa política de fiscalização da metrópole apelando para a


falsificação e o contrabando, que era frequentemente feito com a cumplicidade e conivência
dos intendentes e de outros funcionários da Coroa.

O governo metropolitano reagiu a essas tentativas dos colonos de fugir da pesada carga de
impostos e da fiscalização ao criar novos impostos e aumentar a vigilância. Os mineradores
foram obrigados a pagar taxas sobre os escravos e pedágios para transitar nas estradas que
iam para as Minas. Também foram criados "donativos" que eram um tipo de imposto
provisório para atender a um objetivo específico, mas que logo se tornavam permanentes.
Para combater o descaminho do ouro entre as Minas e o Rio de Janeiro, o governo
português determinou a instalação de casas de fundição em Vila Rica, onde o ouro seria
transformado em barras e selado, depois de retirada o quinto que era dado ao governo
português. À medida que o contrabando aumentava, aumentavam também as punições aos
contrabandistas. As tensões aumentavam em Vila Rica.

Finalmente, em 1720, uma rebelião ocorreu em Vila Rica, liderada pelo rico minerador
Pascoal da Silva Guimarães e pelo fazendeiro Filipe dos Santos. Os rebeldes tomaram conta
da cidade por vinte dias e exigiram a suspensão das casas de fundição. Filipe dos Santos foi
capturado e condenado à morte por enforcamento sem sequer ter sido julgado. Seu corpo foi
esquartejado e pedaços de seu corpo foram espalhados pela cidade para servir de exemplo
para outros possíveis rebeldes.

Apesar de esmagada, a revolta de Vila Rica inaugurou um período de sangrento


antagonismo entre Brasil e Portugal. As últimas palavras de Filipe dos Santos foram um
prenúncio das futuras rebeliões que ocorreriam no Brasil a partir da segunda metade do
século XVIII, exigindo a independência política total em relação a Portugal: “Morro sem me
arrepender do que fiz e certo de que o canalha do rei será esmagado”.
SEGUNDO BIMESTRE

UNIDADE TEMÁTICA/OBJETO(S) DE CONHECIMENTO

 Formação Do Território Brasileiro

 1º Reinado

 Período Regencial

 2º Reinado
UNIDADE TEMÁTICA 2:

A primeira região a ser povoada pelos portugueses foi o litoral, especialmente o nordestino.
Ali se estabeleceram as plantações de cana de açúcar, os engenhos, e os portos. Paralelo a
isso, os colonos organizavam expedições em busca de mão de obra, metais e pedras
preciosas.

A formação do território brasileiro começou antes da chegada dos portugueses.


Para evitar conflitos entre Espanha e Portugal, os dois países assinaram o Tratado de
Tordesilhas (1494). Este estabelecia os limites das terras a serem ocupadas e exploradas na
América.

O TERRITÓRIO BRASILEIRO NO PERÍODO COLONIAL


O Tratado de Tordesilhas obrigava os portugueses a permanecerem no litoral. Com isso, a
primeira atividade econômica foi a exploração do pau-brasil e em seguida, o plantio da cana
de açúcar.

Observe o aspecto do mapa brasileiro com os limites do Tratado de Tordesilhas e as


capitanias hereditárias:

Com a União Ibérica (1580-1640), o Tratado de Tordesilhas deixa de ter validade. Desta
maneira, os colonos portugueses podem ir para o interior. Com isso, encontram ouro e
pedras preciosas nas regiões hoje conhecidas como Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais.

Com o fim da União Ibérica e o restabelecimento da monarquia em Portugal, os portugueses


se expandem para o sul e fundam a Colônia do Sacramento, em 1680. A fim de resguardar
aquelas terras, os espanhóis respondem criando Os Sete Povos das Missões onde jesuítas e
índios guaranis viveriam.

Posteriormente, começa na Europa a Guerra de Sucessão (1700-1713), uma disputa entre


as potências europeias para escolher o próximo soberano espanhol. Esta briga se refletiria
também nas colônias americanas e mudaria o os limites do Brasil.
Com o fim do conflito é assinado o Tratado de Utretch, o qual estabelecia:
 as fronteiras entre o Brasil e a Guiana Francesa
 o Amapá, disputado entre França e Portugal, foi reconhecido como português
 a Colônia do Sacramento foi entregue à Espanha
 a área ocupada pelos Sete Povos das Missões foi cedida a Portugal.

Formação territorial do Brasil no século XIX


Com a vinda da corte portuguesa para o Rio de Janeiro, o território do Brasil sofreu novas
alterações. A atividade mineradora perdeu força e o café passou ser o principal produto de
exportação do Brasil. Com isso, os estados como Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo
ganharam importância.

A Banda Oriental do Uruguai foi incorporada ao Brasil como Província da Cisplatina e a


Guiana Francesa foi ocupada militarmente. Em 1817, o Brasil deixa a Guiana Francesa, mas
obtém o reconhecimento da posse da foz do Amazonas.

Após a independência, porém, as Províncias Unidas do Rio da Prata, alegam que a área da
Cisplatina lhes pertencia e tem início a Guerra da Cisplatina (1825-1828). A solução é a
criação de um Estado independente, a República Oriental do Uruguai.

Nesta época, se registram a criação das províncias de Alagoas (1817), Sergipe (1820),
Amazonas (1850) e (1853).

Organização Do Território Brasileiro No Século XX


Com a proclamação da República, em 1889, as províncias passam a se denominar
"estados".
O Brasil aumentou de tamanho durante o século XX. A França alegava que parte do Amapá
lhe pertencia, pois não reconhecia o rio Oiapoque como fronteira.

Em maio de 1900, após disputas diplomáticas lideradas pelo barão do Rio Branco, a questão
foi resolvida a favor do Brasil e uma faixa de terra de 250.000 km² foi incorporado ao estado
do Pará .No entanto, o principal conflito territorial foi registrado com a Bolívia.

Ambos os países se enfrentavam pela região onde atualmente é o estado do Acre. O


confronto deu origem a Revolução Acreana e terminou com a incorporação destas terras pelo
Brasil. Através do Tratado de Petrópolis, a Bolívia foi indenizada e a ferrovia Madeira-
Mamoré foi construída.

Observe no mapa abaixo o aspecto do território brasileiro em 1922.

Mapa do Brasil em 1922

No século XX, observamos a reorganização territorial do Brasil com a criação de novos


estados como o Território Federal do Guaporé (1943), Mato Grosso do Sul (1977) e Tocantins
(1988). Isso respondia ao crescimento da população e também tinha o objetivo de melhorar a
administração local.

O Território Federal do Guaporé passou a ser o estado de Rondônia, em 1982. Por sua vez,
Amapá e Roraima foram elevados à categoria de estados em 1988.
O Primeiro Reinado é um período que se estendeu de 1822 e 1831, sendo a fase em que d.
Pedro I foi imperador do Brasil. Esse momento de nossa história iniciou-se com a declaração
de independência, em 7 de setembro de 1822. A fase de consolidação do Brasil como nação
independente durou até 1825, quando Portugal reconheceu a autonomia do nosso território.

A primeira Constituição do Brasil foi outorgada em 1824, em um processo que gerou muito
atrito entre imperador e parlamentares. O Primeiro Reinado ainda sofreu com os impactos da
Guerra da Cisplatina, conflito que resultou na independência do Uruguai, e da Conferência
do Equador. Desgastado, d. Pedro I abdicou do trono em 1831.

Independência do Brasil
Dom Pedro I encabeçou a independência do Brasil e foi imperador de nosso país de 1822 a
1831. O Primeiro Reinado é, antes de tudo, o resultado da independência do Brasil, em
1822. É bastante conhecido que emancipação brasileira deu-se quando D. Pedro I deu
o grito de independência às margens do Rio Ipiranga, em São Paulo.

A consolidação da independência ainda se arrastou por alguns anos, conforme veremos. De


toda forma, esse processo é resultado das transformações que aconteciam na Europa, do
enfraquecimento de Portugal e das tentativas de recolonização do Brasil realizadas pela elite
portuguesa durante a Revolução Liberal do Porto. Para entendermos esse processo,
mesmo que brevemente, temos de retornar a 1808.
Esse ano ficou marcado pela chegada da Coroa portuguesa ao Brasil para fugir das tropas
francesas que invadiram Portugal no final de 1807. A transferência da Corte para o Rio de
Janeiro trouxe mudanças significativas para o Brasil, tanto do ponto de vista econômico
quanto do político.
O Brasil passou a gozar de uma maior liberdade econômica por causa da abertura dos
portos anunciada em 1808, a ter um cenário científico e cultural mais próspero, e, desde
1815, por ordem de d. João (tornou-se d. João VI só em 1816), tornou-se parte integrante
do reino. Isso significou que o Brasil deixava a posição de colônia.

As relações entre Brasil e Portugal mudaram drasticamente com o início da Revolução


Liberal do Porto. Essa revolução da burguesia portuguesa tinha como grande objetivo
reorganizar Portugal em uma monarquia constitucional. As duas grandes demandas dos
portugueses eram o retorno de d. João VI para Portugal e a reversão de medidas em
benefício do Brasil durante o Período Joanino.

Isso foi interpretado como uma tentativa dos portugueses de recolonizar o Brasil. As relações
entre os representantes portugueses e as elites brasileiras tornaram-se ruins ao ponto de d.
Pedro, filho de d. João VI, ter sido alçado à condição de líder do processo de independência.

D. Pedro sofreu pressão para que também retornasse a Portugal, assim como seu pai, mas,
apoiado pelas elites brasileiras, decidiu ficar em janeiro de 1822. A partir daí, o desgaste foi
acelerado e as decisões tomadas por d. Pedro ou pelas Cortes em Portugal só ampliaram o
fosso entre brasileiros e portugueses.

Em setembro, a situação ficou insustentável, e D. Pedro declarou a independência,


sendo coroado imperador em dezembro daquele ano.

Guerras de independência
A independência do Brasil foi declarada em 1822, mas a situação só se estabilizou
internamente durante o fim do ano de 1823. Isso porque, apesar de a maioria das províncias
ter apoiado o movimento, houve, em algumas regiões, uma resistência. Os estados que
resistiram permaneceram leais a Portugal, o que levou a conflitos armados.

As províncias que permaneceram leias a Portugal foram: Pará, Maranhão, Piauí, Ceará e
Cisplatina. As tropas que lutavam pela independência contaram com a ação de dois
importantes estrangeiros: o oficial francês Pedro Labatut, responsável por mobilizar tropas
terrestres, e o Lorde Cochrane, inglês que liderou embarcações brasileiras contra as
portuguesas.

As duas maiores resistências foram organizadas na Bahia e na Cisplatina, e as tropas leais a


Portugal só foram derrotadas nesses locais em julho e novembro de 1823, respectivamente.
Depois de resolvidas as questões internas, o caminho era o de garantir o reconhecimento
internacional.

Reconhecimento Internacional Da Independência


Um passo importante na consolidação da independência do Brasil era o de garantir seu
reconhecimento internacional. Portugal, naturalmente, impôs muita resistência em aceitar a
nova situação e só o fez via mediação da Inglaterra, grande interessada em garantir que o
Brasil permanecesse como nação independente.

Os portugueses só aceitaram a emancipação brasileira em 1825, além de terem recebido


uma indenização de dois milhões de libras (dinheiro que o Brasil pegou emprestado da
Inglaterra) e uma garantia de que a ex-colônia não incentivaria a independência das colônias
portuguesas na África.

Os ingleses, por sua vez, exigiram que, pelos serviços prestados e pelo reconhecimento da
independência, o Brasil deveria manter os acordos comerciais estabelecidos no Período
Joanino (muitos favoráveis aos comerciantes ingleses) e deveria assumir um compromisso
de acabar com o tráfico negreiro.
Os Estados Unidos foram, oficialmente, o primeiro país a reconhecer a independência do
Brasil. O reconhecimento norte-americano aconteceu em maio de 1824 e foi a forma
encontrada pelos EUA para colocarem em prática a sua política de combate à influência
europeia no continente americano.

A historiografia tradicional brasileira afirma que a reação inicial das nações sul-americanas
foi a de não referendar a independência por conta, do regime instalado aqui ter sido uma
monarquia. No entanto, um estudo conduzido por Rodrigo Wiese Randig aponta evidências
de que o reconhecimento argentino aconteceu em 25 de junho de 1823.

Isso, supostamente, colocaria os argentinos como os primeiros a reconhecerem nossa


emancipação e não os norte-americanos, como é tradicionalmente conhecido.

Por que o Brasil tornou-se uma monarquia?


Logo após a independência, o Brasil organizou-se com uma monarquia. Essa transformação
foi praticamente imediata, tanto que, em outubro, d. Pedro foi aclamado imperador e, em
dezembro, foi coroado como d. Pedro I. O caso brasileiro foi o único na América do Sul,
pois todas as nações sul-americanas que conquistaram a sua independência converteram-se
em repúblicas.

No caso da América Latina, houve experiências monárquicas no México e no Haiti, mas em


ambos elas foram curtas. O Brasil foi, portanto, o único país na América Latina que teve de
maneira consistente e duradoura uma monarquia. Os fatores para isso são variados e o
entendimento dos historiadores a respeito é diverso.

As historiadoras Lília Schwarcz e Heloísa Starling definem que a opção da monarquia em


vez da república no Brasil aconteceu pela junção de três fatores:

1. Temia-se que a escolha pela república pudesse ter o mesmo efeito que teve na
América Espanhola e gerasse fragmentação territorial;

2. A elite brasileira tinha sido criada na tradição monárquica portuguesa e, portanto, as


ideias de república não tinham muita força;

3. Temia-se que a escolha pela república pudesse causar grandes transformações


no status quo.

Outros estudos apontam também que a proximidade geográfica entre as grandes cidades
brasileiras (todas litorâneas), a homogeneidade cultural das suas elites e presença da Corte
portuguesa no Brasil, entre 1808 e 1822, tenham contribuído para a coesão territorial do
Brasil e pelo forte apoio ao modelo monárquico.

Além disso, há que se levar em consideração que a formação cultural e as diferenças nas
colônias da América Espanhola eram muito diferentes. As grandes distâncias territoriais
entre as maiores cidades, a existência de universidades que possibilitavam a circulação de
ideias, as diferenças das elites hispânicas e o enfraquecimento da Coroa espanhola no
século XIX foram fatores que contribuíram para que a república ganhasse força nas antigas
colônias espanholas.
Principais acontecimentos do Primeiro Reinado
Cisplatina, província brasileira que foi palco da Guerra da Cisplatina (1825-1828). Conquistou
sua independência, tornando-se o Uruguai. Ao longo de quase nove anos de Primeiro
Reinado, importantes acontecimentos passaram-se no Brasil. No aspecto político, a
montagem do país passava obrigatoriamente pela elaboração de uma Constituição. Para
isso era necessário a convocação de eleição para a escolha de deputados e a formação de
uma Assembleia Constituinte.

 Constituição de 1824
A Constituinte iniciou seus trabalhos em maio de 1823, e
a relação entre deputados e o imperador desgastou-
se ao longo desse processo. Isso porque d. Pedro queria
a montagem de uma Constituição que centralizasse o
poder nele, e os parlamentares defendiam uma
monarquia constitucional em que eles realizassem o
papel de moderadores do poder imperial.

Os constituintes apresentaram um projeto de Constituição


que ficou conhecido como Constituição da Mandioca, mas
ele não agradou d. Pedro I. O imperador então mandou tropas
cercarem a Assembleia Constituinte em 12 de novembro de
1823. A assembleia foi dissolvida e d. Pedro I autorizou que
uma nova Constituição fosse elaborada.

Em 25 de março de 1824, a primeira Constituição brasileira


foi outorgada. Ela nasceu do autoritarismo de D. Pedro I e
seu desejo pela centralização do poder. O documento ficou
caracterizado por reforçar o poder do imperador, que era
inimputável e tinha poderes acima de todas as outras
instâncias por meio do Poder Moderador.
A dissolução da Assembleia Constituinte foi o primeiro ato que fez com que d. Pedro I
perdesse influência entre os grandes nomes da política brasileira. A impopularidade do
imperador foi aumentando-se conforme ele mantinha o seu caso extraconjugal com a
Marquesa de Santos, além disso, dois outros eventos tiveram influência em minar seu poder,
os quais serão pontuados a seguir.

 Confederação do Equador
O Nordeste era uma das regiões mais insatisfeitas com o autoritarismo de D. Pedro I, e a
dissolução da Assembleia Constituinte gerou um grande ressentimento na região a ponto da
Câmara de Olinda anunciar que não reconheceria a Constituição de 1824. Além disso,
houve desentendimentos entre a elite pernambucana e o imperador a respeito da
nomeação de um governador para a província.
Pernambuco era uma província historicamente marcada por rebeliões e agitação popular. O
ressentimento com a forma que d. João VI tinha lidado com a Revolução Pernambucana de
1817 ainda estava vivo, e os desentendimentos com d. Pedro I reacenderam a insatisfação
dessa província.

O resultado foi que, em 2 de julho de 1824, teve início a Confederação do Equador, uma
rebelião de caráter republicano que ganhou todo o Nordeste. Liderada por Manoel de
Carvalho Paes de Andrade e Frei Caneca, o levante espalhou-se pelo Rio Grande do
Norte, Ceará, Paraíba, Piauí e Maranhão. A violenta reação de d. Pedro I fez com que os
rebeldes fossem contidos e muito dos envolvidos fossem executados.
 Guerra da Cisplatina
Um dos grandes erros estratégicos de D.
Pedro I foi o seu envolvimento em
um conflito com as Províncias Unidas
do Prata (atual Argentina) pelo controle
da Cisplatina — província mais ao sul do
território brasileiro naquela época. O
governo portenho incentivou uma
rebelião, liderada por Juan Antonio
Lavalleja, contra o governo brasileiro.

Brasil e Províncias Unidas entraram em


guerra formalmente em dezembro de 1825 (embora a rebelião tenha sido iniciada em abril).
A situação econômica brasileira não suportava o envolvimento do país em uma guerra,
e o resultado acabou não sendo o esperado pelo imperador. A Guerra da Cisplatina foi
desastrosa para o Brasil e para a reputação de d. Pedro I.

O Brasil acumulou derrotas no campo de batalha e sua situação econômica ficou ainda
pior. O país precisou aceitar negociações com as Províncias Unidas pelo fim da guerra.
Desse acordo, ambos territórios concordaram, em 1828, em reconhecer a independência da
Cisplatina sob o nome de República Oriental do Uruguai.

 Abdicação de D. Pedro I

Em 7 de abril de 1831, d. Pedro I abdicou do trono brasileiro em favor de seu filho, Pedro de Alcântara.

A derrota na Guerra da Cisplatina teve um impacto muito negativo na reputação de d.


Pedro. Seu estilo centralizador também criou muitos problemas, e, quanto mais acuado
ficava, mais ele se aproximava do partido português, seu defensor. Os ânimos já estavam
exaltados quando um crítico do imperador foi assassinado.

Em 1830, o jornalista italiano Líbero Badaró foi assassinado nas ruas de São Paulo. Ele era
um forte crítico de d. Pedro I e usava o seu jornal O Observador Constitucional para explicitar
o autoritarismo do imperador. Em 20 de novembro de 1830, Líbero Badaró foi morto na porta
de sua casa, e boatos começaram a acusar o imperador de proteger o mandante do crime.

A situação política era tão tensa que defensores e apoiadores do imperador entraram em
confronto físico nas ruas do Rio de Janeiro. Esses embates começaram em 11 de março de
1831 e duraram até o dia 16, ficando conhecidos como Noite das Garrafadas. A situação
política ficou muito ruim a partir daí, e d. Pedro I, acuado, abdicou do trono em nome de
seu filho, no dia 7 de abril de 1831.
Período Regencial

O Período Regencial (1831- 1840) foi a época em que o Brasil foi governado por regências,
pois o herdeiro do trono era menor de idade. Este período é caracterizado por momentos de
grande conturbação no Brasil com várias revoltas civis. Termina com o Golpe da Maioridade
que levou ao trono D. Pedro II aos 14 anos de idade.

Características do Período Regencial


Dom Pedro I enfrentava vários problemas internos como falta de apoio das elites econômicas
e externos, como a derrota na Guerra da Cisplatina. Além disso, com a morte de Dom João
VI, em Portugal, ele havia sido aclamado D. Pedro IV de Portugal.
Neste momento em que o imperador perde a sua popularidade, decide abdicar ao trono
brasileiro. Nessa altura, porém, o seu herdeiro, D. Pedro II, não podia governar, pois tinha 5
anos de idade. A solução, prevista pela Constituição de 1824, era formar uma Regência até
que D. Pedro II atingisse a maioridade.

Revoltas do Período Regencial

Abre-se uma época de grande disputa de poder e instabilidade política que dão origem a
uma série conflitos:

 Cabanagem, na Província do Grão-Pará (1835 – 1840);


 Guerra dos Farrapos (ou Revolução Farroupilha), na Província de São Pedro do Rio
Grande do Sul (1835 – 1845);
 Revolta dos Malês, Província da Bahia (1835);
 Sabinada, na Província da Bahia (1837 – 1838);
 Balaiada, na Província do Maranhão (1838 – 1841).
As Regências
O Período Regencial contou com as seguintes regências:

➯ Regência Trina Provisória (abril a julho de 1831)


➯ Regência Trina Permanente (1831 a 1834)
➯ Regência Una do Padre Feijó (1835 – 1837)
➯ Regência Una de Araújo Lima (1837 – 1840)
Grupos políticos do Período Regencial
Nessa altura, havia três grupos políticos defendendo cada qual uma posição distinta de
governo:
 Liberais moderados (também conhecidos como ximangos): defendiam o centralismo
político da monarquia constitucional;
 Liberais exaltados (apelidados de farroupilhas): defendiam a federalização do
governo, com mais poderes para as províncias e o fim do Poder Moderador.
 Restauradores (ou caramurus): eram a favor do regresso de D. Pedro I. Após a morte
deste, em 1834, vários membros entraram para partido dos liberais moderados.

Guarda Nacional (1831)


Em 1831 foi criada a Guarda Nacional para contrabalançar o poder que o Exército tinha no
governo. Este corpo armado seria integrado por cidadãos que tivessem direito a voto ou seja,
a elite brasileira. desempenharia um importante papel na política brasileira.
Ato Adicional (1834)
O Ato Adicional foi um conjunto de propostas com caráter liberal, introduzidos na
Constituição de 1824. Entre essas medidas podemos destacar a criação de Assembleias
Legislativas Provinciais cujo deputados teriam mandato de dois anos e os governos
provinciais podiam criar impostos, contratar e demitir funcionários.
Também foi determinado que regência seria exercida por uma só pessoa e não três. O
primeiro regente foi o padre Antônio Feijó.

Fim do Período Regencial


As consequências da instabilidade política são as revoltas regências ocorridas em vários
pontos do Brasil como anteriormente. Com o objetivo de acabar com a desordem e agitação,
que levaria à desintegração do território brasileiro, o Partido Liberal propõe que a maioridade
de D. Pedro II seja antecipada.

A ideia é levada à votação na Câmara, mas não é aprovada. Desta maneira, os políticos
tramam o Golpe da Maioridade, declarando D. Pedro II maior de idade aos 14 anos.
Um ano depois, D. Pedro começa a governar o Brasil e tem início o Segundo Reinado.
O Segundo Reinado é o período em que o Brasil foi governado pelo imperador Dom Pedro II,
entre os anos de 1840 a 1889. Pedro II foi o governante que mais tempo ficou no poder no
Brasil. Ele assumiu o trono brasileiro com apenas 13 anos de idade – logo após o Golpe da
Maioridade, que encerrou o Período Regencial – e foi deposto em 15 de novembro de 1889,
quando militares proclamaram a República.

Contexto histórico do Segundo Reinado


O Brasil Império teve início em 1822, logo após a Independência, e estendeu-se até 1889,
com a Proclamação da República. Ao contrário das antigas colônias espanholas na América,
que, após a independência, tornaram-se repúblicas, o Brasil seguiu o caminho do Império,
isto é, da formação de um governo central com um monarca com poderes absolutos.

Nesse período, o Brasil consolidou-se como um império de grandes proporções territoriais, o


maior da América do Sul, o que reforçava a necessidade de consolidar tanto as fronteiras
como também a unidade política interna. Historicamente dividimos o Brasil Império em três
períodos: Primeiro Reinado (1822-1831), Período Regencial (1831-1840) e Segundo Reinado
(1840-1889).

O Segundo Reinado iniciou-se logo após o conturbado Período Regencial. Esse período foi
marcado por revoltas provinciais. De norte a sul do Brasil, as províncias pegaram em armas
por conta de disputas de poder local, problemas sociais e questões republicanas.

Durante o Período Regencial, não havia imperador. Em 1831, Dom Pedro I abdicou do trono
brasileiro em favor do seu filho Pedro de Alcântara, que tinha apenas 5 anos de idade. A
Constituição de 1824 – que foi a primeira Constituição do Brasil e outorgada por Dom Pedro I
– dizia que o novo imperador só poderia assumir o poder com 18 anos. Enquanto o herdeiro
não alcançava a maioridade, o Brasil foi governado por regentes.

Dom Pedro II (1825-1891) governou o Brasil por quase 50 anos. Foi o homem que mais
tempo ocupou o poder em nossa história.
Dom Pedro II (1825-1891) governou o Brasil por quase 50 anos. Foi o homem que mais
tempo ocupou o poder em nossa história.
As constantes disputas provinciais fizeram com que fosse decretado o Golpe da Maioridade,
que permitia a coroação de Dom Pedro II mesmo sem atingir a idade mínima exigida pela
Constituição. Com um imperador coroado, o Poder Moderador poderia ser exercido
novamente, garantindo assim a ordem interna do Império brasileiro.

No contexto externo, o mundo era dominado pela Europa, que expandia seus domínios pela
Ásia e África. O século XIX foi caracterizado pelo neoimperialismo, avanço das novas
tecnologias e desenvolvimento científico. A segunda fase da Revolução Industrial expandiu a
indústria para outras nações europeias, como França e Bélgica. Acontecia também as
unificações da Alemanha e da Itália, que, em pouco tempo, tornaram-se potências europeias.
Características do Segundo Reinado

Política
Na política, o Segundo Reinado foi marcado pelo retorno do Poder Moderador. Logo após a
abdicação de Dom Pedro I e na impossibilidade de Dom Pedro II assumir o trono por conta
da sua pouca idade, o Poder Moderador foi suspenso durante o Período Regencial, pois, de
acordo com a Constituição de 1824, apenas o imperador poderia exercê-lo. Com o Golpe da
Maioridade e a coroação de Dom Pedro II, o Poder Moderador voltou a ser exercido até a
Proclamação da República em 1889. Dessa forma, consolidavam-se a centralização política
e o fortalecimento da figura do imperador.

O Parlamento foi o grande local de debates durante o Segundo Reinado. Dois partidos
políticos dominavam a cena política: conservadores e liberais. Seus representantes não
tinham diferenças ideológicas. Assim, não importava se o Parlamento fosse dominado por
conservadores ou liberais, pois havia disputas apenas por prestígio e vantagens políticas.
Segundo o professor Boris Fausto:

“Chegar ao poder significava obter prestígio e benefícios para si próprio e sua gente. Nas
eleições, não se esperava que o candidato cumprisse bandeiras programáticas, mas as
promessas feitas a seus partidários. (...) A divisão entre liberais e conservadores tinha assim
muito de disputa entre clientelas opostas em busca das vantagens ou das migalhas do
poder.” |1|

O político pernambucano Holanda Cavalcanti dizia: “Nada se assemelha mais a um


‘saquarema’ do que um ‘luzia’ no poder”. “Saquarema” era o apelido dos conservadores, em
uma referência ao Visconde de Itaboraí, que era uma das principais lideranças do partido
conservador e tinha uma fazenda em Saquarema (RJ). “Luzia” referia-se ao partido liberal
por conta da vila de Santa Luzia, em Minas Geais, onde aconteceu uma revolta de cunho
liberal.
O Parlamento brasileiro buscava inspiração na Inglaterra. Todavia, o Poder Moderador
concedia a Dom Pedro II interferir no Conselho de Estado e também dissolver o Parlamento.
Isso era o oposto do Parlamento britânico, no qual o rei não interferia nas atividades
parlamentares. Por essa razão, essa forma de governo no Brasil ficou conhecida como
“parlamentarismo às avessas”.

Logo após o final da Guerra do Paraguai, em 1865, os militares do Exército ganharam força e
não se contentaram apenas com as atividades nos quartéis. Inspirados nos ideais
positivistas, eles decidiriam que tinham o dever de participar da política brasileira. Porém,
Dom Pedro II impediu tais manifestações políticas vindas dos quartéis. Isso fez com que o
Exército começasse a conspirar contra o imperador.

Desde o Primeiro Reinado, havia a união entre Estado e Igreja. De acordo com a
Constituição de 1824, a religião oficial do Império brasileiro era a católica.

Economia
A independência em 1822 trouxe mais transformações políticas do que sociais e econômicas
para o Brasil. A economia permaneceu durante o período imperial como agroexportadora, ou
seja, atendendo às necessidades do mercado europeu. Em meados do século XIX, um
produto começou a ser exportado de forma mais intensa: o café.

Plantado primeiramente na região do Vale do Paraíba (entre as províncias de São Paulo e


Rio de Janeiro), a exportação do café ocupou espaço na economia brasileira do Segundo
Reinado, gerando lucros para os cafeicultores. A mão de obra utilizada era a escrava. Com o
êxito das lavouras de café, aumentou a movimentação de escravos da região Nordeste e das
minas de ouro para a região do Vale do Paraíba.

A partir de 1850, o café expandiu-se para a região do Oeste Paulista, tornando-se o maior
produtor de café do Império. Ao contrário das lavouras do Vale do Paraíba, o café plantado
no Oeste Paulista contou com a mão de obra imigrante.

Inúmeros europeus vieram para o Brasil em busca de melhores condições de vida e


estabeleceram-se em São Paulo. Esses imigrantes fugiam dos conflitos sociais e guerras
relativos à unificação alemã e italiana.

Essa mão de obra tinha mais qualificação do que a escrava e isso foi fundamental para o
êxito da produção cafeeira da região. A partir desse momento, a província de São Paulo
passou a se destacar no cenário do Segundo Império.

O café, ao longo do século XIX, tornou-se a principal atividade econômica do Brasil, mas não
era a única. Mesmo em menor número, ainda havia a produção de açúcar, exploração do
ouro e outras atividades econômicas secundárias.

Além disso, havia projetos de investimento em outros ramos econômicos, como a indústria.
Irineu Evangelista de Sousa, o Barão de Mauá, procurou meios para desenvolver a indústria
no Brasil, mas não conseguiu superar o domínio do café. Mauá foi pioneiro na indústria e
também na construção de ferrovias, que foram utilizadas no transporte do café até o Porto de
Santos, onde o produto era exportado para a Europa.

Sociedade
A sociedade brasileira do Segundo Império passava por transformações. A maioria da
população ainda vivia no campo, mas as cidades começavam a receber maior número de
habitantes. Os donos de lavouras de café ganhavam prestígio social e aproximavam-se do
imperador, que os agraciava com títulos de nobreza.
A vinda de imigrantes trouxe também mudanças para a sociedade brasileira, como a
influência cultural e política, aumentando consideravelmente a presença europeia em nosso
território. Além disso, a chegada do imigrante foi substituindo gradativamente a mão de obra
escrava. O Parlamento brasileiro, ao longo da segunda metade do século XIX, aprovou leis
que proibiam o tráfico negreiro (Lei Eusébio de Queiroz) e libertou o escravo recém-nascido
(Lei do Ventre Livre).

Era uma sociedade mais informada. Vários jornais começaram a circular pelo Rio de Janeiro
informando notícias, mas também disseminando ideias republicanas e abolicionistas. Porém,
ainda era uma sociedade herdeira das características coloniais: elitista e escravocrata.

Abolição da escravidão
A escravidão no Brasil começou desde a chegada dos portugueses em 1500. Primeiramente,
tentou-se escravizar os índios, mas foi a escravidão negra que vigorou em nosso território.
Mesmo com a independência em 1822, a liberdade tão defendida na época não atingiu as
senzalas. Durante quase todo o período imperial, a mão de obra no Brasil era escrava.
Somente em meados do século XIX, com a chegada dos imigrantes, a mão de obra, aos
poucos, foi substituindo o trabalho dos escravos. Aqueles que saíram das fazendas
procuravam trabalho nas cidades.

Foi no Segundo Reinado que a abolição da escravidão teve ampla discussão e sua
concretização. Intelectuais, jornalistas e políticos, como Joaquim Nabuco|2|, Rui Barbosa,
José do Patrocínio, André Rebouças, discutiam o fim da escravidão em jornais, discursos no
Parlamento e em praça pública.

O Parlamento brasileiro aprovou várias leis que, gradativamente, acabaram com a


escravidão. Porém, elas tinham suas limitações, como se observa a seguir:

➯ Lei Eusébio de Queiros (1850): aboliu o tráfico negreiro no Brasil. Buscava impedir a
chegada de navios vindos da África com negros para o trabalho escravo. Como o tráfico
negreiro era muito lucrativo, a lei demorou a ter o seu efeito esperado e motivou o
deslocamento de escravos dentro do Império brasileiro. Os que estavam no Nordeste eram
vendidos para os senhores do Vale do Paraíba que estavam investindo na lavoura de café.

➯ Lei do Ventre Livre (1871): o recém-nascido de escrava era liberto, mas, enquanto não
completasse 21 anos de idade, estava sob tutela e trabalhando para o seu senhor.

➯ Lei do Sexagenário (1885): dava liberdade aos escravos com mais de 65 anos. Porém, o
número de escravos que chegavam a tal idade era bastante reduzido.

➯ Lei Áurea (1888): aboliu definitivamente a escravidão no Brasil, mas sem diretrizes para
inserir o escravo liberto na sociedade.

A abolição da escravidão foi um dos fatores que determinaram a queda do Império em 1889.
Dom Pedro II perdeu o apoio dos cafeicultores, que tiveram de libertar os escravos após a
assinatura da Lei Áurea e não receberam nenhuma indenização por parte do governo
central. Se quiser saber mais detalhes sobre esse processo que pôs fim à utilização
institucionalizada de mão de obra escrava no Brasil, leia: abolição da escravatura.

Guerra do Paraguai
A Guerra do Paraguai foi um confronto envolvendo Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. A
região da Bacia do Prata era muito disputada pelos países envolvidos no conflito, a fim de
dominar o comércio da região. Solano Lopez, ditador paraguaio, desejava abrir um caminho
que ligasse o Paraguai até o Oceano Atlântico, facilitando o comércio do país com as nações
europeias sem depender de nenhum país vizinho.

Brasil, Argentina e Uruguai uniram-se por meio da Tríplice Aliança para lutar contra o
Paraguai. O conflito durou seis anos, entre 1864 e 1870. Dom Pedro II, decidido a todo custo
a derrotar Solano Lopes, enviou para o front escravos mediante a promessa de liberdade
caso voltassem da guerra. A Tríplice Aliança venceu o Paraguai, que saiu devastado do
confronto.

O Exército brasileiro fortaleceu-se após o conflito. Os militares buscaram maior participação


na política brasileira, porém foram impedidos por Dom Pedro. Mesmo saindo vitorioso da
guerra, a situação financeira do Império brasileiro deteriorou-se. O endividamento externo
para custear as tropas brasileiras no campo de batalha provocou uma crise econômica
determinante para o fim do Império. Para saber mais sobre esse conflito ocorrido durante o
Segundo Reinado, acesse: Guerra do Paraguai.

Fim do Segundo Reinado


O Segundo Reinado começou a entrar em crise principalmente após a Guerra do Paraguai.
Foram vários fatores que levaram à queda de Dom Pedro II em 1889.

Questão militar
Após a vitória na Guerra do Paraguai e influenciados pelos ideais do positivismo, os militares,
em especial os do Exército, decidiram participar ativamente da política brasileira. Foram
criados Clubes Militares, que discutiam a crise vivida pelo Segundo Reinado, os ideais
republicanos e as ideias positivistas.

Dom Pedro II, utilizando as prerrogativas do Poder Moderador, mandou fechar esses clubes.
Essa censura imperial fez com que os militares se organizassem para derrubar Dom Pedro II
do poder.

Questão da Igreja
A Constituição de 1824, que vigorou durante todo o período imperial, dizia que a religião
oficial do Brasil era a católica. Porém, era comum haver conflito entre “o trono e o altar”.
Decretos eclesiásticos só entravam em vigor no território brasileiro desde que o imperador
autorizasse.

O Papa Pio IX emitiu um decreto reafirmando o poder da Igreja e do papa sobre o mundo.
Esse decreto chegou ao Brasil, e os católicos buscaram atitudes mais rígidas que
reforçassem a disciplina religiosa. Dom Vital, bispo de Olinda, na província de Pernambuco,
decidiu proibir a entrada de maçons nas irmandades religiosas. Alguns ocupantes de cargos
de destaque do Império eram maçons, como o Visconde de Rio Branco, que presidia o
Conselho de Ministros. Dom Vidal foi preso, acusado de “rebeldia”, mas foi solto dias depois.
Essa crise abalou o apoio eclesiástico a Dom Pedro II.

Questão escravista
A abolição da escravidão no Brasil ocorreu em 13 de maio de 1888, com a assinatura da Lei
Áurea. Porém, os escravos foram libertos sem que os donos de fazenda de café fossem
indenizados por causa da abolição. Isso fez com que os cafeicultores| abandonassem Dom
Pedro II e apoiassem a causa republicana. Esses cafeicultores que abandonaram o apoio a
Dom Pedro II nos últimos momentos do Segundo Reinado foram apelidados na época de
“republicanos de última hora”.

Marechal Deodoro da Fonseca (1827-1892) liderou as tropas que proclamaram a República


em 15 de novembro de 1889.
012234567890
A República no Brasil foi proclamada em 15 de novembro de 1889. Tropas do Exército
lideradas pelo Marechal Deodoro da Fonseca depuseram Dom Pedro II, e a família imperial
foi exilada na Europa. Segundo relatos da época, muitos viram a movimentação das tropas
como um mero desfile militar. Já o jornalista Aristides Lobo conseguiu resumir muito bem o
que foi o 15 de novembro de 1889: “O povo assistiu bestializado”.

Resumo sobre o Segundo Reinado

 Duração do Segundo Reinado: 1840 (Golpe da Maioridade) até 1889 (Proclamação da


República).
 Dom Pedro II interferia na política por meio do Poder Moderador.
 A economia era agroexportadora, baseada principalmente na exportação do café.
 A abolição da escravidão foi feita aos poucos, com leis que garantiam a liberdade aos
negros, apesar das suas limitações.
 A vinda dos imigrantes substituiu boa parte do trabalho escravo na lavoura de café.
 Apesar da vitória na Guerra do Paraguai, o endividamento com o conflito levou à crise
econômica.
 Isolamento de Dom Pedro II às vésperas da Proclamação da República.
TERCEIRO BIMESTRE

UNIDADE TEMÁTICA/OBJETO(S) DE CONHECIMENTO

 Capitalismo

 Modelos Socioeconômicos: Capitalismo x Socialismo.

 Estados Unidos no século XIX


Unidade temática 3:

CAPITALISMO
O capitalismo é o sistema econômico que tem
como principal característica a acumulação de
capital privado. Esse modelo é praticado na
maior parte dos países do globo. O modelo
econômico capitalista visa ao acúmulo de
capital.

O capitalismo é um sistema econômico que


tem como objetivo principal a obtenção de
lucro. As características centrais do capitalismo
são a propriedade privada e a acumulação de
capital.

O sistema capitalista tem como vantagens importantes a liberdade econômica, a inovação


tecnológica e a livre concorrência. Porém, também apresenta pontos bastante negativos,
como a ampla desigualdade social.

A origem do modelo capitalista de produção, o qual substituiu o modelo feudalista, está


ligada à ascensão da burguesia. Essa classe econômica, formada especialmente por
empresários e comerciantes, passou a deter grande poder econômico mediante a
acumulação de bens diversos. Logo, o modelo capitalista ascendeu de forma predominante
em todo o mundo, por meio de quatro grandes fases:

 capitalismo comercial;

 capitalismo industrial;

 capitalismo financeiro;

 capitalismo informacional.

O que é capitalismo?
O capitalismo é um sistema econômico que tem como premissa a acumulação de capital.
Portanto, visa à obtenção do lucro, defende o direito à propriedade privada e prega a
liberdade econômica. O sistema econômico capitalista, em razão da sua importância
histórica e da sua influência social, vai além da esfera econômica, influenciando diversos
campos da sociedade.

Origem do capitalismo
A origem do capitalismo está atrelada à decadência do feudalismo e, consequentemente, à
ascensão de um modelo econômico baseado no acúmulo de capital privado. Nesse contexto,
tornou-se fundamental o surgimento da burguesia, classe econômica formada por detentores
de capital, como os comerciantes.
O surgimento desse sistema econômico ocorreu pioneiramente na Europa Ocidental, que
vislumbrou, por meio da queda do feudalismo, a ascensão de comércios e indústrias, assim
como o desenvolvimento das cidades. Tal cenário econômico-social foi fundamental para a
consolidação do sistema capitalista.

Características do capitalismo
A principal característica do capitalismo é o acúmulo de capital. Logo, tal sistema econômico
tem como diretriz a obtenção de lucros, normalmente por meio de atividades comerciais e
industriais. Ele tem como características importantes:

 direito à propriedade privada;

 liberdade econômica;

 acumulação de riquezas;

 trabalho assalariado;

 existência de diversas classes sociais.

A obtenção de lucro é um dos principais objetivos do sistema capitalista.

Fases do capitalismo
O capitalismo é dividido em quatro grandes fases, que ocorreram de forma linear,
aglutinando características importantes desse sistema econômico. São elas:

Capitalismo comercial: representa o primeiro momento do sistema econômico capitalista.


Nesse período, destacam-se as Grandes
Navegações, fase histórico-econômica
caracterizada pela introdução do comércio
em nível mundial como resultado da
colonização. A lógica do mercantilismo e do
metalismo se estabeleceram como duas
doutrinas importantes para defender a
acumulação de riquezas em nível individual.

Capitalismo industrial: teve início com a Revolução Industrial. Nesse período, o acúmulo de
capital proveniente do comércio foi aplicado no desenvolvimento de atividades industriais,
iniciando uma nova maneira de gerar lucro. A lógica de produção fabril fomentou uma nova
forma de acumulação de capital, por meio do emprego de mão de obra assalariada e da
maximização do lucro.

Representação da estrutura de uma típica indústria têxtil da Inglaterra dos séculos XVIII e XIX.

Capitalismo financeiro: ascendeu após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) com o


desenvolvimento de um complexo setor
financeiro atuante em nível global. Essa fase
capitalista estava centrada
prioritariamente nos bancos, além de outras
instituições financeiras. Houve, assim, maior
concentração de riquezas e maior
participação do capital especulativo na
economia.

Capitalismo informacional: é fruto do


desenvolvimento da tecnologia e do
avanço da globalização. A consolidação do
chamado meio técnico- científico-
informacional contribuiu para a ampliação das
relações comerciais, logo possibilitou novas
formas de transação e inúmeras maneiras de
obtenção de lucro. A sociedade atual é
justamente marcada pelo capitalismo
informacional.
Resumo sobre o capitalismo

 O capitalismo é um sistema econômico caracterizado pela propriedade privada, pelo


acúmulo de capital e pela obtenção de lucros.

 A origem do capitalismo ocorreu na Europa Ocidental por meio da ascensão da


burguesia enquanto classe econômica detentora dos meios de produção.

 São características importantes do capitalismo o direito à propriedade privada, a


liberdade econômica, a acumulação de riquezas e o trabalho assalariado.

 O capitalismo é dividido em quatro grandes fases, sendo elas a comercial, industrial,


financeira e informacional.

 São vantagens da lógica capitalista de produção a liberdade econômica, a inovação


tecnológica e a ampla concorrência entre as empresas.

 Entretanto, o capitalismo é um sistema econômico muito suscetível a sofrer crises


econômicas e a causar grande impacto no meio natural.

 Há diversos sistemas econômicos opostos ao capitalismo, como, por exemplo, o


socialismo, que defende maior igualdade entre as pessoas.
Capitalismo x Socialismo
O sistema capitalista é amplamente praticado em todo o mundo, tendo como elemento
básico a defesa da propriedade privada e o como objetivo final o lucro. Por sua vez, o
sistema econômico
socialista apresenta
inúmeros contrapontos à
lógica capitalista, uma vez que tem
como premissa a socialização dos
meios de produção.

Portanto, o socialismo
defende a extinção da
propriedade privada, maior
participação estatal na
economia e ampla diminuição das diferenças entre as classes sociais. Logo, o socialismo
tem como ponto de partida ideológico a igualdade, mediante uma lógica econômica voltada
para o desenvolvimento econômico de todos.

Vantagens E Desvantagens Do Capitalismo


O sistema econômico capitalista possui pontos considerados importantes para o
desenvolvimento econômico e social da humanidade. Ele é o modelo predominante no globo
quanto trata-se de doutrinas econômicas, tendo ampla aceitação pela sociedade de mercado
atual.

O sistema capitalista tem como principais vantagens:

 liberdade econômica;

 inovação tecnológica;
 ampla concorrência entre as empresas.

Tais vantagens geram um ambiente propício ao comércio competitivo e à modernização


econômica, a qual permite aos consumidores maiores possibilidades de oferta e escolha de
produtos, assim como preços mais baixos e melhores condições de pagamento.

Porém, o sistema capitalista também possui pontos considerados negativos,


especialmente atrelados à diferença social estabelecida no seu contexto. A principal
desvantagem do sistema capitalista é a ampla desigualdade social, expressa
especialmente por meio das diferenças entre os detentores dos meios de produção e os
trabalhadores assalariados. Esse sistema também é muito suscetível a crises econômicas e
políticas, além de impactar de forma intensa o meio natural e possibilitar concentração
desproporcional de poder econômico.

O que é o socialismo:
Socialismo é uma doutrina política, econômica e filosófica surgida no final do século XVIII.
Caracteriza-se pela ideia de transformação da sociedade através da tomada dos meios de
produção e do controle dos recursos econômicos pela classe trabalhadora, bem como a
gestão pública orientada pelo princípio da igualdade social.

O socialismo surgiu durante a Revolução Industrial como programa político das classes
trabalhadoras. Ele nasce como uma reação às condições de vida dos operários nos grandes
centros industriais da Europa, contrapondo-se
ao liberalismo e ao individualismo e defendendo
uma total reformulação da sociedade.

A nova sociedade projetada pelos socialistas


deveria ser erguida sobre bases comunitárias e
centradas no valor do trabalho.

Enquanto doutrina econômica, o socialismo é o


oposto do liberalismo, que se baseia na
propriedade privada dos meios de produção e na economia de mercado. Para o socialismo,
de modo geral, a economia é baseada na necessidade coletiva, não no lucro.

Origem do socialismo
O jornalista e agitador francês Noël Babeuf (1760 – 1797) é considerado um dos precursores
do socialismo. Já no final do século XVIII, ele defendeu propostas de caráter socialista, como
as reformas agrária e tributária.

Karl Marx (1818 – 1883) e Friedrich Engels (1820 – 1895) são dois dos principais nomes do
socialismo no século XIX. Fundaram o chamado "socialismo científico", que, baseado num
método científico, faz a crítica do regime capitalista e proporciona um programa político de
libertação da classe trabalhadora.

O objetivo último desse programa é a superação das


classes sociais - o comunismo, forma de organização
social onde seriam abolidos o Estado e a propriedade
privada dos meios de produção.

Na teoria marxista, o socialismo representaria a fase


intermediária entre o fim do capitalismo e a
implantação do comunismo.
No socialismo, o povo assumiria os negócios do Estado e os administrariam a partir de seus
próprios interesses, com organização racional das forças produtivas.

Para Marx e Engels, essa etapa seria historicamente necessária para a construção de um
novo modo de vida, liberto da ideologia capitalista, dando origem ao comunismo.

A partir dessa perspectiva, nenhum Estado ainda conseguiu ultrapassar essa fase, não
proporcionando objetivamente uma experiência comunista no mundo. No entanto, ao longo
do século XX e XXI, ocorreram algumas experiências socialistas.

Tipos de Socialismo
O socialismo admite uma série de correntes de pensamento, escolas e tendências. Todas
elas possuem em comum as características fundamentais que configuram o socialismo.

No entanto, cada uma compreende modos distintos de realizar a mudança social, ainda que
o objetivo final possa ser comum: a realização do princípio da igualdade.

Socialismo Utópico
O socialismo utópico foi uma corrente de pensamento criada por Robert Owen (1771 –
1858), Saint-Simon (1760 – 1825) e Charles Fourier (1772 – 1837). Nascido no início do
século XIX, o socialismo utópico surgiu da crítica ao capitalismo e tentou encontrar soluções
para os problemas da sociedade industrial.

O nome socialismo utópico surgiu graças à obra Utopia de Thomas More, sendo que a
utopia, usada de forma pejorativa, é referente a algo que não existe ou não pode ser
alcançado.

Esses primeiros socialistas tinham em


mente a construção de uma sociedade mais
harmônica, justa e de abundância pautada
pelo comunitarismo e distribuição igualitária
dos recursos.

Marx e Engels, embora reconhecessem a


importância desses pensadores,
distanciaram-se deles, acusando-os de
"fantasiar" sobre o futuro da sociedade.

Marx e Engels criticavam nos socialistas utópicos o fato deles ignorarem as contradições
existentes na sociedade e a importância da luta de classes, não apresentando,
concretamente, um caminho viável para o socialismo.

Socialismo Científico
O socialismo científico, criado por Karl Marx e Friedrich Engels, propõe a análise científica do
capitalismo, visando a sua superação.

O socialismo científico, também conhecido como marxismo, afasta-se do socialismo utópico


por propor uma "ciência" da revolução. Seu propósito é o de determinar as leis que regem as
organizações sociais do capital, seu surgimento e manutenção para, a partir daí, buscar
meios para sua superação.
O socialismo científico foi determinante para
o desenvolvimento da sociologia e das
demais ciências sociais ao longo do século
XX.

A partir dessa teoria, o comunismo aparece


como uma fase cientificamente previsível da
história. Do mesmo modo que o socialismo
se estabeleceria a partir da superação da
fase capitalista.

O socialismo marxista tem como fundamento


teórico o materialismo histórico, que propõe
um conhecimento racional do mundo e o
desvelamento dos antagonismos existentes
na sociedade.

Por meio da análise das formações econômicas do passado (como o feudalismo), o


materialismo histórico persegue a lei dos fenômenos sociais.

Seu objetivo é entender como ocorrem os processos históricos, as leis que regem a morte e
o surgimento de novas organizações sociais. O socialismo e o comunismo surgem como
consequência necessária do movimento dialético (contraditório) da história.

Segundo o socialismo científico, o conhecimento da história, para resultar nas


transformações sociais desejadas, deve se ligar à ação política. Cabe à classe social
majoritária, o proletariado (classe trabalhadora), assumir seu protagonismo e determinar a
ordem social a partir de seu próprio interesse.

Segundo Marx, só a classes trabalhadora, através da ação revolucionária, poderia solucionar


o conflito da sociedade capitalista, promovendo a sua superação.

Socialismo Real – Socialismo Realista


Socialismo Real ou Socialismo Realista é uma expressão que designa os países que
tentaram pôr em prática os ideais socialistas. Importante destacar que o socialismo, tal como
foi pensado pelos teóricos do século
XIX, jamais foi plenamente
implantado, muito menos o
comunismo.

No século XX, as ideias socialistas


serviram de base para a construção
de sistemas políticos, econômicos e
sociais em diversos países.

Alguns Estados que passaram por um


processo revolucionário de orientação
socialista, onde se destacaram
algumas figuras:

➯ União Soviética (Lênin, Trotsky e Stalin)


➯ China (Mao Tse-Tung)
➯ Cuba (Fidel Castro e Ernesto "Che" Guevara)
➯ Coreia do Norte (Kim Il-sung, Kim Jong-il, Kim Jong-un)
➯ Alemanha Oriental (Walter Ulbricht)
➯ Vietnã (Ho Chi Minh)
➯ Iugoslávia (Marechal Tito)
➯ Burkina Faso (Thomas Sankara)
ESTADOS
UNIDOS
NO SÉCULO
XIX

Logo após garantir sua independência, os Estados Unidos trataram de consolidar suas
instituições políticas e formar um sentimento de patriotismo em todos os cidadãos. Ao longo
do século XIX, esse país passou por diferentes eventos que levaram ao crescimento e
desenvolvimento do seu território. O grande destaque desse período foi o crescimento
territorial experimentado com a conhecida “marcha para o oeste”.
Marcha para o Oeste
Durante todo o século XIX, os Estados
Unidos passaram por um processo de
expansão territorial que fez com que a
nação surgida a partir de uma pequena
faixa de terra no leste da América do
Norte – conhecida como treze colônias
– ocupasse de maneira intensa e
agressiva as regiões das planícies
centrais e alcançasse a costa oeste
banhada pelo Oceano Pacífico.

Essa expansão territorial ficou


conhecida como “marcha para o oeste”
e foi iniciada assim que as treze
colônias conquistaram sua
independência da Inglaterra ainda no século XVIII. Nessa ocasião, após a assinatura do
Tratado de Paris, em 1783, os colonos americanos receberam da Inglaterra uma extensa
faixa de terra a oeste, que ia dos Montes
Apalaches até o Rio Mississipi.

Essa extensa faixa de terra havia sido conquistada


pela Inglaterra dos franceses com a Guerra dos
Sete Anos, e sua ocupação era desejada pelos
colonos americanos havia tempos. A proibição
metropolitana de colonizar essa região, inclusive,
foi um dos fatores que agravaram as relações
entre colonos e ingleses. Depois da
independência, toda essa região passou a ser
ocupada pelos americanos, e os nativos que lá
viviam foram obrigados a mudar-se.

A expansão dos americanos para o oeste ocorreu


de duas formas: primeiramente, pela diplomacia e
pela compra de territórios; em segundo, pela
guerra. Ao longo do século XIX, os Estados Unidos
compraram vastos territórios de outras nações
europeias, assim, especificamente, a Luisiana foi
comprada dos franceses em 1803, a Flórida foi
comprada dos espanhóis em 1819 e o Alasca foi adquirido da Rússia em 1867.

Os franceses viram-se obrigados a vender a Luisiana para os americanos por causa da


necessidade de recursos para a continuidade das guerras napoleônicas no começo do XIX.
Os espanhóis, por causa de toda a turbulência do período napoleônico, tiveram suas
posições na Flórida enfraquecidas e, para evitar uma guerra, venderam essa região. Por fim,
os russos venderam o Alasca em razão do risco que havia dessa região ser invadida pelos
britânicos e das dificuldades financeiras que enfrentavam na época.
A ocupação dos territórios a oeste pelos americanos foi impulsionada por uma ideologia
desenvolvida na época conhecida como Destino Manifesto. Essa ideologia surgiu
oficialmente a partir de um artigo escrito por um jornalista no ano de 1845 e, basicamente,
defendia a ideia de que a posse do oeste pelos americanos fazia parte da providência divina.
Com essa ideia de predestinação divina, os americanos justificavam todas as violências
cometidas no percurso da conquista desses territórios.

Além disso, durante essa expansão territorial, o governo americano incentivou os cidadãos a
mudarem e instalarem-se no Oeste a partir da Lei de Povoamento (Homestead Act). Essa lei,
decretada em 1862, vendia lotes de terra no Oeste a preços irrisórios para cidadãos
interessados, desde que se comprometessem a morar naquela terra por cinco anos.

Os grandes perdedores da marcha para o oeste americana foram os indígenas. Habitantes


originais das terras ocupadas pelos americanos, esses povos sofreram diferentes tipos de
violência durante o século XIX e foram, repetidas vezes, obrigados a abandonar suas terras
para dar espaço para o homem branco. Além disso, o estilo de vida de muitas nações
indígenas foi destruído em consequência da diminuição dos territórios indígenas e da quase
extinção do bisão.

Guerra Mexicano-Americana
Não somente pela diplomacia deu-se a
expansão dos americanos durante o século
XIX, mas também pela guerra. A rivalidade com
o México surgiu com a ocupação do Texas por
colonos americanos, ainda na década de 1820.
Até então, as autoridades mexicanas haviam
permitido a instalação e colonização dessa
região por esses colonos.

Tempos depois, atritos de interesses


emergiram entre colonos americanos e as
autoridades mexicanas. Isso motivou uma
revolta desses colonos que desembocou na
“Revolução do Texas” e resultou na independência do Texas do México e na sua anexação
aos Estados Unidos em 1836. Esse evento levou o México a cortar relações com os Estados
Unidos.

Uma década depois, as ambições dos Estados Unidos por novos territórios mexicanos (que
correspondiam aos das montanhas Rochosas até o Pacífico) levaram essas duas nações à
guerra. A Guerra Mexicano-Americana teve início em 1846 e foi finalizada em 1848, após a
assinatura do Tratado Guadalupe-Hidalgo, no qual o México – derrotado – cedeu grande
parte de seu território, e o Rio Grande
foi estabelecido como nova
fronteira entre os dois países.

Guerra de Secessão – Guerra Civil Americana


Durante o século XIX, uma grande tensão existia entre os estados sulistas e os estados
nortistas por causa da relação envolvendo o uso de escravos de origem africana nos
territórios recém-conquistados. Os nortistas
defendiam a manutenção do trabalho escravo única
e exclusivamente nos estados sulistas, sem sua
expansão para os novos territórios. Já os sulistas
defendiam a expansão do escravismo também para
essas terras.

Essa discussão provocou pequenos embates entre


milícias dos dois grupos em determinados locais,
como no Kansas durante a década de 1850. Com as
eleições presidenciais e a vitória de Abraham
Lincoln, a rivalidade transformou-se em guerra. Os sulistas, inconformados com a vitória de
Lincoln, declararam a secessão, ou seja, separaram-se da União e formaram os Estados
Confederados da América.

A separação dos sulistas deu


início ao conflito em 1861,
quando a União respondeu a um
ataque sulista enviando cerca de
80 mil soldados. A conhecida
Guerra de Secessão – também
chamada de Guerra Civil
Americana – estendeu-se até
1865 e foi finalizada com a
derrota do Sul e um saldo de
600 mil mortos.

Os estados sulistas que haviam


declarado a secessão foram
reintegrados à União e, como
consequência de sua derrota, foram obrigados a aceitar a abolição da escravidão em todo o
território americano a partir da 13ª Emenda Constitucional. Após essa guerra, esses estados
passaram por uma grande reconstrução por causa de toda a destruição causada pela guerra.
QUARTO BIMESTRE

UNIDADE TEMÁTICA / OBJETO(S) DE CONHECIMENTO(S)

 Imperialismo

 Revolução Industrial

 Primeira Guerra Mundial

 Crise De 1929

 Estados Totalitários De Direita


Unidade temática 4:

Imperialismo consiste numa política de expansão e o domínio territorial, cultural e


econômico de uma nação sobre outras. Nessa perspectiva, estados poderosos procuram
ampliar e manter seu controle ou influência sobre povos ou nações mais fracas.

História do Imperialismo
Muitos são os exemplos de impérios que surgiram e tiveram seu fim. Destacam-se o
Império Egípcio e o Império Romano, os quais figuram modelos mais antigos de Império
que conhecemos. Todavia, a concepção de imperialismo foi perpetrada por economistas
alemães, franceses e ingleses somente na primeira metade do século XIX.

Portanto, apesar de falarmos de impérios desde a antiguidade, será no período em que o


sistema capitalista torna-se industrialmente mais tecnológico, que notaremos a utilização de
artifícios mais invasivos na busca de mercados.

Essa busca passa a abranger todo o globo, o qual, por sua vez, será manipulado por
empresas multinacionais e por grandes bancos. Esta ação mais agressiva do capitalismo
teve início a partir da Segunda Revolução Industrial (1850-1950).

As inovações tecnológicas, tal como motores elétricos e à explosão, a siderurgia do aço, os


barcos movidos à hélice, os sistemas ferroviários e rodoviários, o telégrafo, o telefone, o
automóvel, o avião, irão permitir um avanço das forças imperialistas de um modo sem
precedentes na história. Cabe aqui também citar uma distinção entre Colonialismo e
Imperialismo:

Colonialismo sugere controle político, abarcando incorporação de território e perda da


soberania pela força militar.

Imperialismo se refere ao domínio que é exercido tanto do ponto de vista formal quanto
informal, direta ou indiretamente, porém, com o mesmo resultado, que é o controle político
e econômico da região. Portanto, com o imperialismo, não há anexação do país que recebe
a influência.

Ademais, o capitalismo é pacifista em essência se considerar os preceitos do Liberalismo,


enquanto a política imperialista subverte aqueles valores ao mesmo tempo que é
confundida com o próprio capitalismo.

Desse modo, o expansionismo se deve às estruturas remanescentes do período pré-


capitalista, baseadas numa política de guerras e conquistas.

A capitalização das nações imperialistas gradativamente se amplia, assim como a


"absorção" dos países dominados pelos monopólios, levando ao ciclo de colonialismo, o
qual é produto da expansão do imperialismo.

Sob a égide do progresso, as nações imperialistas do período moderno lançaram-se numa


corrida civilizacionista pelo mundo.

Seu domínio sobre outro país era justificado pelas correntes teóricas que pregavam o
etnocentrismo, o qual afirmava a superioridade de alguns povos sobre outros. Nesse
sentido, vale lembrar que os europeus se consideravam superiores a todos os outros
povos. Também podemos citar aqui, o darwinismo social, que promovia a sobrevivência dos
mais fortes como um fator social.

Os países imperialistas, principalmente os europeus, dominaram e exploraram os povos de


quase todo o planeta. Assim, provocaram muitos conflitos como a Guerra do Ópio na China,
a Revolução dos Cipaios na Índia e a Primeira e Segunda Guerra Mundial.

Paralelo a isso, tem início uma nova era imperialista, na qual os EUA irão figurar com
destaque entre as nações dominantes. O Imperialismo deste país pode ser percebido em
nível militar, cultural, econômico e político.

Ásia e África
O período da conquista europeia na Ásia começa por volta de 1500 e continua até a
metade do século XX e até a I Guerra Mundial, a maior parte da Ásia estava sob controle
europeu.

Por sua vez,


durante o século
XIX na África,
alguns
acontecimentos
despertaram a
atenção da
Europa sobre a
importância
econômica e
estratégica do
continente:
A abertura do Canal de Suez,
em 1869; a descoberta de uma
série de minas de diamantes
na África do Sul.

REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

A Revolução Industrial foi um processo de grandes transformações sociais e econômicas que


começou na Inglaterra no século XVIII. O modo de produção industrial se espalhou por
grande parte do hemisfério Norte durante todo o século XIX e início do século XX. Produzir
mercadorias ficou mais barato e acessível, porém trouxe a desorganização da vida rural e
estragos ao meio ambiente.

O advento da produção em larga escala mecanizada deu início às transformações dos


países da Europa e da América do Norte. Estas nações se transformaram em
predominantemente industriais e suas populações se concentraram cada vez mais nas
cidades.

Por isso, a revolução industrial é caracterizada como o processo que levou à substituição das
ferramentas pelas máquinas, da energia humana pela energia motriz e do modo de produção
doméstico (ou artesanal) pelo sistema fabril.
O motor a vapor foi essencial para aumentar a produção das máquinas e a velocidade dos transportes.

Causas da Revolução Industrial


A expansão do comércio internacional dos séculos XVI e XVII trouxe um extraordinário
aumento da riqueza para a burguesia. Isto permitiu a acumulação de capital capaz de
financiar o progresso técnico e o alto custo da instalação nas indústrias.

A burguesia europeia, fortalecida e enriquecida, passou a investir na elaboração de projetos


para aperfeiçoamento das técnicas de produção e na criação de máquinas para a indústria.
Logo verificou-se que se obtinha maior produtividade e se aumentavam os lucros quando se
empregavam máquinas em grande escala.

Consequências da Revolução Industrial


O longo caminho de descobertas e invenções foi uma forma de distanciar os países entre si,
no que diz respeito ao poder econômico e político. Afinal, nem todos se industrializaram ao
mesmo tempo, permanecendo na condição de fornecedores de matérias-primas e produtos
agrícolas para os países industrializados.

Essas diferenças marcam até hoje as nações do mundo que são divididas entre países
desenvolvidos e em desenvolvimento. Uma das maneiras de medir se um país é avançado é
avaliar o quanto ele é industrializado.
Fases da Revolução Industrial
Foi na Inglaterra que o fenômeno da industrialização começou e por isso a Revolução
Industrial Inglesa foi pioneira. Vários fatores explicam as razões desta primazia. A Inglaterra,
possuía capital, estabilidade política e equipamentos necessários para tomar a dianteira do
avanço da Indústria.

Desde o fim da Idade Média, parte significativa da população se dirigia às cidades devido aos
cercamentos (enclousers) do campo. Sem-terra, os camponeses acabavam entrando nas
fábricas que surgiam. Também tinha colônias na África e na Ásia que garantiam
fornecimento de matéria-prima com mão de obra barata.

Primeira Revolução Industrial


A Primeira Revolução Industrial ocorreu em meados do século XVIII e do século XIX. Sua
principal característica foi o surgimento da mecanização que operou significativas
transformações em quase todos os setores da vida humana.

Na estrutura socioeconômica, fez-se a separação definitiva entre o capital, representado


pelos donos dos meios de produção, e o trabalho, representado pelos assalariados. Isto
eliminou a antiga organização dos grêmios ou guildas que era o modo de produção utilizado
pelos artesãos.

Desta maneira, surgem as primeiras fábricas que abrigam num mesmo espaço muitos
operários. Cada um deverá operar uma máquina específica para realizar sua tarefa.
Mulheres e crianças eram usadas como mão de obra barata nas fábricas inglesas.

Devido à baixa remuneração, condições de trabalho e de vida sub-humanas, os operários se


organizam. Desta forma, associaram-se em organizações trabalhistas e sindicatos para
reivindicar melhores jornadas menores e aumento de salários.

A mecanização se estendeu do setor têxtil para a metalurgia, transportes, agricultura,


pecuária e todos os outros setores da economia, inclusive o cultural. A Revolução Industrial
estabeleceu a definitiva supremacia burguesa na ordem econômica. Ao mesmo tempo,
acelerou o êxodo rural, o crescimento urbano e a formação da classe operária.

Era o início de uma nova época, onde a política, a ideologia e a cultura gravitavam em dois
polos: a burguesia industrial e financeira e o proletariado. As fábricas empregavam grande
número de trabalhadores. Todas essas inovações influenciaram a aceleração do contato
entre culturas e a própria reorganização do espaço e do capitalismo.

Nessa fase, o Estado passou a participar cada vez mais da economia, regulando crises
econômicas e o mercado e criando uma infraestrutura em setores que exigiam muitos
investimentos.

Segunda Revolução Industrial


A partir do final do século XIX, o capitalismo se tornava cada vez menos competitivo e mais
monopolista. Apenas poucas empresas ou países dominavam a produção e o comércio. Era
a fase do capitalismo financeiro ou monopolista, característica marcante da Segunda
Revolução Industrial.

Nesta época, o Império Alemão surge como a grande potência industrial. Com a abundância
do minério de ferro e uma cultura militar, os alemães, capitaneados pela Prússia, fazem
reformas políticas e econômicas que vão unificar o país e dotá-lo de uma indústria poderosa.
Desde então, se estabeleciam as bases do progresso tecnológico e científico, visando a
inovação e o constante aperfeiçoamento dos produtos e técnicas, para melhorar o
desempenho industrial.
Terceira Revolução Industrial
O ponto culminante do desenvolvimento industrial, em termos de tecnologia, teve início
em meados do século XX, por volta de 1950, com o desenvolvimento da eletrônica. Esta
permitiu o desenvolvimento da informática e a automação das indústrias.
Deste modo, as indústrias foram dispensando a mão de obra humana e passaram a
depender cada vez mais das máquinas para fabricar seus produtos. O trabalhador intervinha
como supervisor ou em apenas algumas etapas da produção.
Essa fase de novas descobertas caracterizou a Terceira Revolução Industrial ou revolução
informática e tecnológica.
Revolução Industrial no Brasil
Enquanto na Inglaterra, no século XVIII, acontecia a Revolução Industrial, o Brasil, ainda
colônia portuguesa, estava longe do processo de industrialização. Após a independência
houve apenas iniciativas isoladas em instalar indústrias no Brasil. No começo do século XX,
fábricas têxteis, principalmente, surgiam em São Paulo e no Rio de Janeiro.

A industrialização no Brasil, contudo, só começou verdadeiramente em 1930, cem anos


após a Revolução Industrial Inglesa.
Durante o governo de Getúlio Vargas, a centralização do poder no Estado Novo criou
condições para que se iniciasse o trabalho de coordenação e planejamento econômico.
Vargas pôs ênfase na industrialização por substituição de importações.
A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) trouxe uma desaceleração para a industrialização no
Brasil, uma vez que interrompeu as importações de máquinas e equipamentos.
Mesmo assim, o Brasil através de acordos com os Estados Unidos, consegue fundar a
Companhia Siderúrgica Nacional (1941) e a Usiminas (1942).
Após o conflito, o Estado retornaria suas atividades de investidor e impulsionaria a criação de
indústrias como a Petrobras (1953).
A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) foi o resultado dos atritos permanentes provocados
pelo imperialismo entre as grandes potências europeias. O conflito durou quatro anos e
começou em 28 de julho de 1914 e terminou em 11 de novembro de 1918, com a vitória da
Tríplice Entente formada por França, Inglaterra e Estados Unidos.
A Grande Guerra, como era denominada antes de acontecer a Segunda Guerra Mundial, foi
um conflito em escala global. Começou na Europa, envolveu os territórios coloniais da África
e da Ásia e países da América.
Dois blocos enfrentaram-se: a Tríplice Aliança, formada pela Alemanha, Áustria e Itália, e
a Tríplice Entente formada pela França, Inglaterra e Rússia.
A contenda envolveu 17 países dos cinco continentes como: Alemanha, Brasil, Áustria-
Hungria, Estados Unidos, França, Império Britânico, Império Turco-Otomano, Itália, Japão,
Luxemburgo, Países Baixos, Portugal, Reino da Romênia, Reino da Sérvia, Rússia, Austrália
e China. A guerra deixou 10 milhões de soldados mortos e outros 21 milhões ficaram feridos.
Também 13 milhões de civis perderam a vida.

Em rosa, países da Entente; em amarelo, a Tríplice Aliança e em verde, países neutros


Causas da Primeira Guerra Mundial
Vários fatores desencadearam a Primeira Guerra Mundial. Desde o final do século XIX o
mundo vivia em tensão. O extraordinário crescimento industrial possibilitou a Corrida
Armamentista, ou seja: a produção de armas numa quantidade jamais imaginada.
O expansionismo do Império Alemão e sua transformação na maior potência industrial da
Europa fizeram brotar uma enorme desconfiança entre a Alemanha e França, Inglaterra e
Rússia.
Antecedentes da Primeira Guerra Mundial
Acrescentamos as antigas rivalidades entre França e Alemanha, Rússia e Alemanha, e Reino
Unido e Alemanha. Também os desentendimentos quanto às questões de limite nas colônias
gerados pela Conferência de Berlim (1880).

O antigermanismo francês se desenvolveu como consequência da Guerra Franco-


Prussiana. A derrotada França foi obrigada a entregar aos alemães as regiões de Alsácia e
Lorena, esta rica em minério de ferro.
A rivalidade russo-germânica foi causada pela pretensão alemã de construir uma estrada de
ferro ligando Berlim a Bagdá, que passava por regiões ricas em petróleo onde os russos
pretendiam aumentar sua influência.
O antigermanismo inglês se explica pela concorrência industrial alemã. Às vésperas da
guerra, os produtos alemães começavam a chegar em mercados que eram dominados pela
Inglaterra.
Todas essas questões tornaram o conflito inevitável a medida que acirravam os choques de
interesse econômico e político entre as potências industrializadas.
Estopim da Primeira Guerra Mundial
A rede de alianças era uma bomba armada pronta para explodir. Em 1908, a Áustria
anunciou a anexação da Bósnia-Herzegovina, contrariando os interesses sérvios e russos.
A fim de mostrar uma boa relação entre os novos súditos, o herdeiro do trono Austríaco, o
arquiduque Francisco Ferdinando, fez uma visita à região junto com sua esposa, em 28 de
junho de 1914. Neste dia, um estudante bósnio assassinou Francisco Ferdinando e sua
esposa, em Sarajevo, capital da Bósnia.
Esse duplo assassinato foi o pretexto para a explosão da Primeira Guerra Mundial que durou
até 11 de novembro de 1918.

Ilustração do assassinato de Francisco Ferdinando e sua esposa


Fases da Primeira Guerra Mundial
No começo do conflito, as forças se equilibravam, em número de soldados, mas se
diferenciavam em equipamentos e recursos. A Tríplice Entente, por exemplo, não tinha
canhão de longo alcance, mas dominava os mares, graças ao poderio inglês.

Os tanques de guerra, os encouraçados, os submarinos, os obuses de grosso calibre e a


aviação, entre outras inovações tecnológicas da época, constituíram artefatos bélicos de
grande poder de destruição. Com artilharia pesada e 78 divisões, os alemães passaram pela
Bélgica, violando a neutralidade deste país. Venceram os franceses na fronteira e rumaram
para Paris.

O governo francês transferiu-se para Bordeaux e na Batalha de Marne, conteve os alemães,


que recuaram. Depois, franceses e alemães firmaram posições cavando trincheiras ao longo
de toda a frente ocidental. Protegidos por arame farpado, os exércitos se enterravam nos
buracos, onde a lama, o frio, os ratos e o tifo mataram tanto quanto as metralhadoras e
canhões. Este momento do conflito é chamado de Guerra de Trincheiras.

Em 1917, os Estados Unidos, que se mantivera fora da guerra, apesar de emprestar capitais
e vender armas aos países da Entente, principalmente à Inglaterra, declaram guerra à
Alemanha. Nesse mesmo ano, a Rússia saiu do conflito, por conta da Revolução de 1917,
que derrubou o czar e implantou o regime socialista.

Consequências da Primeira Guerra Mundial


Embora a Alemanha continuasse sofrendo sucessivas derrotas e seus aliados tivessem se
rendido, o governo alemão continuava na guerra. Esfomeado e cansado, o povo alemão se
revoltou e os soldados e operários forçaram o kaiser (imperador) a abdicar.

Formou-se um governo provisório e foi proclamada a República de Weimar. No dia 11 de


novembro de 1918, o novo governo assinou a rendição alemã. A Primeira Guerra chegava ao
fim, mas a paz geral só foi firmada em 1919, com a assinatura do Tratado de Versalhes.
Entre os termos do tratado, estava a cessão de regiões do território alemão para as nações
fronteiriças.

A Alemanha também perdeu suas colônias africanas e a República de Weimar foi obrigada a
aceitar a independência da Áustria. Igualmente, teve que pagar uma indenização de 33
milhões de dólares pelos prejuízos causados pelo conflito.

Os termos foram considerados humilhantes e foram usados para provocar a queda da


República de Weimar em 1933, e a posterior consolidação no poder de Adolf Hitler e do
nazismo. Sendo assim, em 1939, pouco mais de 20 anos depois, provocaram a Segunda
Guerra Mundial. As reações aos efeitos do tratado estão entre as principais consequências
da Primeira Guerra Mundial.

A Grande Guerra deixou profundas consequências para todo o mundo. Podemos destacar:

 redesenhou o mapa político da Europa e do Oriente Médio;


 marcou a queda do capitalismo liberal;
 motivou a criação da Liga das Nações;
 permitiu a ascensão econômica e política dos Estados Unidos.

Brasil na Primeira Guerra Mundial


Em abril de 1917, os alemães afundaram no canal da Mancha o navio mercante brasileiro
Paraná. Em represália, o Brasil rompe relações com os agressores.
Em outubro, outro navio brasileiro, o Macau, é atacado. No final de 1917, desembarca na
Europa uma equipe médica e soldados para auxiliar a Entente.
A Crise de 1929, também conhecida como “A Grande Depressão”, foi a maior crise do
capitalismo financeiro.

O colapso econômico teve início em meados de 1929, nos Estados Unidos, e se espalhou
por todo o mundo capitalista. Seus efeitos duraram por uma década, com desdobramentos
sociais e políticos.

Causas da crise de 1929


As principais causas da Crise de 1929 estão ligadas à falta de regulamentação da economia
e à oferta de créditos baratos. Igualmente, a produção industrial seguia um ritmo acelerado,
mas a capacidade de consumo da população não absorvia esse crescimento, gerando
grandes estoques de produtos a fim de esperar melhores preços.

A Europa, que tinha se recuperado da destruição da Primeira Guerra, não precisava mais
dos créditos e produtos americanos. Com os juros baixos, os investidores passaram a
colocar seu dinheiro na Bolsa de Valores e não nos setores produtivos.

Ao perceber a diminuição do consumo, o setor produtivo passou a investir e produzir menos,


compensando seus déficits com a demissão de funcionários. Um filme que se passa nessa
época é Tempos modernos, de Charles Chaplin.

Crash da Bolsa de Nova York


Com tanta especulação, as ações começam a se desvalorizar, o que gera o "crash" ou o
"crack" da Bolsa de Nova York, no dia 24 de outubro de 1929. Este dia seria conhecido como
a "Quinta-feira Negra".

O resultado óbvio foi o desemprego (generalizado) ou a redução salarial. O ciclo vicioso se


completou quando, devido à falta de renda, o consumo caiu ainda mais, forçando uma
diminuição nos preços.

Muitos bancos que emprestaram dinheiro faliram por não serem pagos, diminuindo assim a
oferta de crédito. Com isso, muitos empresários fecharam as portas agravando ainda mais o
desemprego.
Os países mais atingidos pela Quebra da Bolsa de Nova York foram as economias
capitalistas mais desenvolvidas, dentre elas os Estados Unidos, Canadá, Alemanha, França,
Itália e o Reino Unido. Em alguns destes países, os efeitos da crise econômica fomentaram a
ascensão de regimes totalitários. Na União Soviética, onde a economia em vigor era
socialista, pouco foi afetada.

Crise de 1929 na América Latina


O crack da Bolsa de Valores de Nova York repercutiu em todo mundo. Nos países em
processo de industrialização, como os da América Latina, a economia agroexportadora foi a
mais prejudicada pela redução das exportações de matérias-primas.

Ao longo da década de 30, contudo, estas nações puderam assistir um incremento em suas
indústrias, devido à diversificação de investimentos neste setor.

Crise de 1929 no Brasil


A crise econômica nos Estados Unidos atingiu em cheio o Brasil. Neste momento, o país
exportava praticamente apenas um produto, o café, e as boas colheitas já tinham feito que o
preço do produto tivesse uma queda.

Além do mais, como não era um produto de primeira necessidade, vários importadores
diminuíram as compras significativamente. Para se ter uma ideia da dimensão do problema
econômico, a saca de café era cotada a 200 mil réis, em janeiro de 1929. Um ano depois,
seu preço era 21 mil réis.

A Crise de 1929, no Brasil, enfraqueceu as oligarquias rurais que dominavam o cenário


político e abriu caminho para a chegada de Getúlio Vargas ao poder, em 1930.

Contexto Histórico da Crise de 1929


Após a Primeira Guerra, o mundo viveu um momento de euforia, conhecido como os "Loucos
Anos Vinte" (também chamado de Era do Jazz). No Estados Unidos, principalmente, o
otimismo é palpável e se consolida o chamado American Way off Life, onde o consumo é o
principal fator de felicidade.

O jazz é um dos símbolos dos anos de prosperidade americana


Terminada a Primeira Guerra Mundial, em 1918, os parques industriais e a agricultura na
Europa estavam destruídos, permitindo aos EUA exportarem em larga escala para o
mercado europeu. Os Estados Unidos também se transformaram no principal credor dos
países europeus. Essa relação gerou interdependência comercial, que foi se alterando na
medida em que a economia europeia se recuperava e passava a importar menos.

Somado a isso, o Banco Central americano autoriza aos bancos a emprestarem dinheiro a
juros baixos. O objetivo era fomentar ainda mais o consumo, mas este dinheiro acabou indo
parar na Bolsa de Valores. Desta maneira, em meados da década de 1920, os investimentos
em ações da bolsa de valores também aumentam, uma vez que estas ações eram
artificialmente valorizadas para parecerem vantajosas. Contudo, como se tratava de
especulação, as ações não possuíam cobertura financeira.

Como agravante, o governo dos EUA inicia uma política monetária para reduzir
a inflação (aumento de preços), quando deveria combater uma crise econômica provocada
pela deflação econômica (queda nos preços). Primeiramente, a economia norte-americana,
principal credora internacional, passa a reivindicar a repatriação de seus bens, emprestados
às economias europeias durante a guerra e reconstrução.

Este fator, somado à retração nas importações dos EUA (principalmente de produtos
europeus), torna difícil o pagamento das dívidas, levando assim a crise aos outros
continentes. Esta crise já era perceptível em 1928 quando houve uma queda brusca e
generalizada nos preços dos produtos agrícolas no mercado internacional.

Quebra da Bolsa de Nova York

Dezena
s de clientes fazem fila para tirar seus depósitos em julho de 1930

Em 24 outubro de 1929, uma quinta-feira, havia mais ações que compradores e o preço
baixou vertiginosamente. Por isso, milhões de investidores norte-americanos que puseram
seu dinheiro na Bolsa de Valores de Nova York faliram quando a “bolha de crédito” estourou.
Isso provocou um efeito em cadeia, derrubando as bolsas de Tóquio, Londres e Berlim na
sequência. O prejuízo foi milionário e sem precedentes históricos. Na sequência, estoura a
crise financeira, visto que as pessoas, em pânico, sacaram todos seus valores depositados
nos bancos, o que provocou seu colapso imediato. Assim, de 1929 até 1933, a crise só se
agravou.

Todavia, em 1932, o democrata Franklin Delano Roosevelt foi eleito presidente dos EUA.
Imediatamente, Roosevelt inicia um plano econômico denominado (propositalmente) "New
Deal" ou seja, o “Novo Acordo”, caracterizado pela intervenção do Estado na economia.
Como legado, a Crise de 1929 deixou-nos a lição da necessidade do intervencionismo e do
planejamento estatal da economia. Da mesma forma, a obrigação do Estado em prover
assistência social e econômica aos mais afetados pelo decrescimento do capitalismo.

Consequências da Crise de 1929: New Deal


O plano econômico do New Deal foi o principal responsável pela recuperação econômica dos
EUA, sendo adotado como modelo por outras economias em crise. Na prática, este
programa do governo previa a intervenção do Estado na economia, controlando a produção
industrial e agrícola.

Concomitantemente, projetos federais de obras públicas foram realizados com foco na


construção de estradas, ferrovias, praças, escolas, aeroportos, portos, hidroelétricas, casas
populares. Assim, foram criados milhões de empregos, fomentando a economia pelo
consumo.

Mesmo assim, em 1940 a taxa de desempregados estadunidenses era de 15%. Esta


situação foi finalmente resolvida com a Segunda Guerra Mundial, quando a economia
capitalista mundial se recupera. Ao fim da guerra, apenas 1% dos norte-americanos
produtivos estavam desempregados e a economia estava a pleno vapor.
ESTADOS TOTALITÁRIOS DE DIREITA

Os regimes totalitários estão baseados num Estado centralizador, antidemocrático e


autoritário. Esses governos surgiram após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) em
diversos países da Europa a partir da crise do capitalismo e do liberalismo.

O totalitarismo foi uma reação conservadora à democracia e ao liberalismo político e


econômico. Assim, depois do desastre da Primeira Guerra Mundial, surgiu a ideia de que os
governos deveriam ser fortes para serem eficientes.

Caberia aos cidadãos seguirem os passos de um chefe carismático que se encarregaria de


conduzir a política nacional. Os partidos políticos não deveriam existir, pois eram a
expressão da discórdia.

Essas ideias foram defendidas pela direita, mas Josef Stalin, na União Soviética, utilizou o
totalitarismo a fim de implantar o socialismo.

No regime totalitário é preciso controlar as mentes da população pela força e pela


propaganda.

As características do totalitarismo são:

 Governo centralizado
 Nacionalismo extremado
 Anti-liberalismo
 Militarismo
 Organizações militaristas para a juventude
 Culto ao líder
 Partido único
 Expansionismo territorial

Origem dos estados totalitários


Após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), as democracias liberais entraram em
descrédito. Os partidos políticos, as eleições, o voto direto, tudo isso era apontado por
setores da direita como os motivos para o conflito e a crise econômica.

Surgem, então, vozes que defendem o fim da democracia liberal e implantação de um


sistema onde o poder ficaria na mão de poucos. Assim, diante da crise econômica e política,
as ideias totalitárias ganharam terreno.

Este foi o caso da Itália onde Benito Mussolini afirmava que a melhor maneira de resolver os
problemas do país era a criação de um regime totalitário.

Também foi a transformação pela qual passou o governo soviético, após a morte de Lenin,
quando o regime se centralizou na figura de Stalin. Desta maneira, aqueles que não estavam
de acordo com as diretrizes stalinistas eram perseguidos e o poder decisório dos sovietes foi
diminuído.

Principais regimes totalitários

Stalinismo soviético
Com a revolução russa de 1917 e após a
morte de Lenin, iniciou-se o stalinismo na
URSS com o poder concentrado nas
mãos de Josef Stalin.

Stalin eliminou seus adversários e foi


galgando posições até chegar a ser a
figura mais importante da União
Soviética. Foi um dos regimes totalitários
de esquerda que perdurou de 1927 a
1953 acabando com a liberdade civil no
país.

Stalin transformou a União Soviética de um país agrário para uma potência industrial em uma
década. No entanto, isto foi feito a base de coletivizações de terras e do trabalho forçado dos
dissidentes no Gulag, uma prisão especial para aqueles cometesse crimes políticos.

Fascismo
O fascismo italiano iniciou com Benito Mussolini em 1919, com a fundação do Partido
Nacional Fascista (PNF).

De inspiração anticomunista e
antidemocrática, os fascistas entraram no
governo italiano após "A Marcha sobre
Roma", em 1922. Diante da numerosa
multidão que o apoiava, Mussolini foi
convidado a ser chefe do governo pelo rei
Vítor Emanuel III.

Mussolini foi incorporando gradualmente o


partido fascista ao governo, nomeando
ministros dos membros fascistas, reformando a educação e captando adeptos entre os
marginalizados.

O governo fascista de Mussolini foi o primeiro regime totalitário de direita que surgiu na
Europa e só terminou em julho de 1945.

Nazismo
Hitler foi a figura máxima do regime nazista que
se instaurou na Alemanha a partir de 1933.
Inspirado no fascismo italiano, o nazismo ainda
acrescentou no seu programa a superioridade da
raça ariana sobre às demais.
O governo nazista promoveu ideias antissemitas,
perseguindo e exterminando principalmente
judeus. No entanto, também eliminou fisicamente
deficientes físicos e intelectuais, comunistas,
religiosos.

Para contar com o apoio do Exército alemão, o nazismo propagou a ideia de "espaço vital".
Inicialmente, este compreendia os povos germânicos como austríacos e alemães que viviam
na Tchecoslováquia, e se ampliaria para o leste europeu. A expansão territorial da Alemanha
nazista acabaria por iniciar a Segunda Guerra Mundial.

O nazismo terminou em 1945 com o suicídio de Adolf Hitler e o fim da Segunda Guerra
Mundial.

Regimes de inspiração totalitária


Apesar de terem sido ditaduras, o salazarismo e o franquismo não podem ser considerados
regimes totalitários. A grande diferença, nos dois casos, foi o considerável papel que a
religião católica teve, algo que não observamos no fascismo italiano ou no nazismo alemão.

Salazarismo
O salazarismo foi um regime ditatorial inspirado nos
ideais fascistas que vigorou em Portugal sob liderança
de Antônio de Oliveira Salazar a partir da Nova
Constituição, estabelecida em 1933.
Denominado de “Estado Novo”, o salazarismo tinha
por lema “Deus, Pátria e Família” e foi uma das mais
longas ditaduras do século XX. A população elegia o
presidente da República, geralmente em eleições
fraudulentas, porém Salazar era o todo-poderoso
presidente do Conselho de Ministros.

A política de Salazar isolou Portugal do cenário internacional, acabou com a liberdade de


expressão e continuou com o colonialismo na África.

O regime somente terminou com a Revolução de 25 de Abril de 1974, denominada de


Revolução dos Cravos.

Franquismo
O general Francisco Franco, inspirado no nacionalismo, se rebelou contra o governo
democrático do presidente Manuel Azaña Díaz e mergulhou a Espanha na Guerra Civil
(1936-1939).
Os republicanos foram derrotados e muitos partiram para o
exílio na França e no México. Enquanto isso, Franco
instaura na Espanha um regime antidemocrático e
nacionalista que engloba todos os aspectos da sociedade e
privilegia a religião a católica.

Nos anos 70, o regime franquista passaria para a


democracia, numa transição liderada pelo então príncipe
Juan Carlos que articulou com as lideranças no exílio a volta
da democracia.

O regime franquista só terminaria com a morte de Franco, em 1975.

Regime totalitário na atualidade


Atualmente, o único regime totalitário que sobrevive é o do Coreia do Norte que reúne as
mesmas características citadas acima.

Há Estados que possuem aspectos ditatoriais como Cuba, Venezuela e China, porém não
podem ser considerados totalitários
MATERIAL PRODUZIDO POR:

Professora de História – Yolanda S. Dia


Formação profissional – Ciências Socias – Pós graduada em Sociologia – UFMG -MG

Todo material contido nesta apostila está em consonância com a Matriz Curricular/ Plano de
Curso – 2023 – Ciências Humanas e Aplicadas.

REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS:
 Toda Matéria- todamateria.com.br
 História do mundo.com.br

Educamaisbrasil.com.br
 https://
www.preparaenem.com/historia/independencia-da-america-espanhola.htm
 https://brasilescola.uol.com.br/historiag/independencia-estados-unidos.htm
 https://www.politize.com.br › iluminismo
 Matriz Curricular/ Plano de Curso – 2023 – Ciências Humanas e Aplicadas.

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