Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Spinning Jenny – Máquina de fiar criada por James Hargreaves em 1764. Nota-se que nesta imagem mais
fusos já haviam sido adicionados à máquina além dos oito originais.
Ainda em 1782, James Watt construiu o motor rotativo a vapor, que funcionava com carvão
mineral como combustível, definitivamente impulsionando a expansão industrial inglesa já que
motor a vapor logo foi adaptado para acionar as máquinas de fiação e de tecelagem, revolucionando
toda a indústria têxtil. A partir da construção da máquina a vapor as grandes minas de carvão e de
ferro da Inglaterra tornaram-se fundamentais para a industrialização, levando ao desenvolvimento
simultâneo da mineração do carvão, do ferro a das indústrias de metalurgia.
Durante o início da era industrial, porém, a transição da manufatura para a produção fabril
foi em grande medida efetuada por comerciantes e negociantes que já agiam diretamente no
mercado de tecidos, tanto na área comercial quanto da produção, através de empréstimos e capitais
reduzidos. Frequentemente, iniciavam por financiar e sistematizar o trabalho dos artífices,
estabelecendo, em seguida, fábricas maiores para produzirem em maior escala. Aqueles que
controlavam a maior parte do capital inglês no século XVIII – proprietários de terras, grandes
negociantes, financistas – não estavam dispostos a investir capitais na construção de fábricas
durante o início da era industrial, que neste período consistiam basicamente em fábricas têxteis.
Fábrica do período inicial da Revolução Industrial. Nota-se já a introdução de máquinas de fiar que ainda
funcionavam com força motriz manual, e a fiscalização da produção pelo proprietário da fábrica e das
máquinas.
Os trabalhadores
Por outro lado, a ampliação da demanda tanto do mercado externo quanto interno de tecidos
levou à elevação da demanda por profissionais da tecelagem e da fiação, que cada vez mais eram
expulsos ou deixavam o campo e passavam a se empregar exclusivamente na indústria.
Paralelamente, muitos trabalhadores e profissionais qualificados, comerciantes e empresários foram
arruinados pela industrialização e atirados às fileiras do proletariado, sendo rapidamente superados
em produtividade e custo pelas máquinas. A concentração destas classes que buscavam seu sustento
e de suas famílias nas indústrias levou à formação do proletariado industrial e de grandes
concentrações de trabalhadores nas cidades.
Para muitos profissionais qualificados, a qualidade de vida e de trabalho sofreu grande declínio
após a Revolução Industrial.
A Revolução Industrial teve, porém, consequências dramáticas para todos os trabalhadores.
Os operários nas fábricas, os mineiros nas minas de carvão, os artífices nas suas oficinas e os
camponeses na terra, tiveram que se ajustar a um modo de produção inteiramente distinto da sua
tradição. A partir do estabelecimento das fábricas e das máquinas, o operário passara a ser
submetido à rígida disciplina fabril e a jornadas de trabalho extremamente longas. Os operários das
primeiras fábricas ficavam em inteira dependência dos patrões que geralmente se interessavam
pouco pelas condições de trabalho e submetiam os trabalhadores a constantes ameaças de demissão
e de penas.
O Ludismo
Em 1836 fora fundada por William Lovett a Associação dos Trabalhadores de Londres que,
em 1838, preparou um projeto de proposta a submeter ao Parlamento, o qual foi publicado como
“Carta do Povo”. Continha seis demandas das quais: sufrágio universal para os homens adultos,
eleições anuais para o Parlamento, eleições por votação secreta, fim da qualificação de propriedade
para eleição ao Parlamento e a instituição de um pagamento regular aos membros da Câmara pelo
exercício de suas funções, para que os deputados que fossem eleitos dentre os trabalhadores
pudessem exercer o seu cargo e fossem remunerados. A Carta refletia a demanda dos trabalhadores
pela chance real de candidatura e eleição de membros de suas fileiras à Câmara dos Comuns.
Esperava-se que a formação de um partido operário no Parlamento levasse a reformas para a
população. A partir da publicação da Carta, o movimento se expandiu da capital para os distritos
industriais recebendo o apoio de grande parte dos operários fabris. Realizaram-se grandes reuniões
públicas pelo país para eleger representantes a uma convenção cartista que se reuniu em Londres
1839 para preparar uma petição que acompanhasse a Carta quando esta fosse submetida ao
Parlamento. Em Julho, porém, a Câmara dos Comuns rejeitou a Carta e vários dos chefes cartistas
foram presos. Em Novembro, John Frost, um dos membros da convenção, conduziu um bando de
manifestantes armados a Newport para protestarem, sendo depressa reprimidos pelas autoridades.
Rebelião cartista.
A partir de 1840 o cartismo se dividiu em várias facções, porém, ainda fora organizada uma
segunda convenção realizada em Londres em 1842 com uma segunda petição apresentada ao
Parlamento sem sucesso e em 1848, com a Europa a arder em revoluções, os cartistas planejaram
uma manifestação em Kennington Common, Londres, para a apresentação de uma terceira petição,
igualmente rejeitada pela Câmara.
Quando a Câmara dos Comuns rejeitou a Carta pela segunda vez, em 1842, era evidente que
os trabalhadores pouco haviam conseguido com a ação política e com o Parlamento, e verificou-se
uma intensificação da atividade direta dos sindicatos. Em 1844, Friedrich Engels que escreveu
sobre a situação dos trabalhadores ingleses, identificara que não eram incomuns as tentativas de
incendiar ou explodir fábricas. O caso mais notório foi o dos thugs de Glasgow, processados em
Janeiro de 1838. O processo descobriu que a associação dos tecelões de algodão existia desde 1816
e era excepcionalmente organizada. Os associados vinculavam-se sob juramento às decisões da
maioria e durante cada greve operava um comitê secreto (desconhecido da maioria dos associados).
Esse comitê colocava a prêmio o assassinato dos furadores de greve e dos industriais
particularmente odiados, além de fixar prêmios por incêndios a fábricas.
Em 1842 seguiram-se os levantamentos conhecidos como Plug Plot no Lancashire e no
Cheshire. Neste período o negócio do algodão atravessava uma severa crise e muitos operários
estavam desempregados ou ameaçados com reduções de salário. A partir de Julho de 1842 as minas
de carvão tentaram reduzir os salários gerando várias greves e levando uma multidão a marchar de
fábrica em fábrica convocando os operários para a greve. Em Manchester, uma grande multidão
reunida fechou várias fábricas. A desordem e violência ascendente permaneceram até sua repressão
por 2.500 agentes especiais, quando a polícia e as autoridades militares conseguiram restabelecer a
ordem. Os grevistas, porém, haviam feito parar fábricas em várias cidades e a agitação se espalhou
para o sul e para norte atingindo várias cidades algodoeiras do Lancashire. Desde então, com
poucas exceções, não mais se ouviu falar de redução de salários nestas regiões, e nesse aspecto as
revoltas atingiram o seu objetivo.
Conclusão
Quanto mais o sistema fabril se estabelecia sobre um ramo de trabalho, tanto mais
ativamente os operários se organizavam em associações e sindicatos, e quanto mais agudo se
tornava o contraste entre operários e capitalistas, tanto mais desenvolvida e aguçada se tornava a
consciência proletária no operário. Em 1844, Engels notava que, em geral, quase todos os operários
da indústria estavam direcionados para alguma forma de resistência e eram conscientes enquanto
trabalhadores (working men), título utilizado usualmente nas reuniões cartistas; que constituíam
uma classe específica, com princípios e concepções próprias, em contraste a todos os proprietários.
Bibliografia