A visão crítica da teoria evolucionista e os seus fundadores
1. Na segunda metade do seculo XIX, nasce a teoria evolucionista que defendia
uma evolução paralela. De acordo com esta teoria as culturas foram criadas, independentemente, seguindo um percurso por estádios fixos: barbárie, primitivismo, selvagismo e civilização. a) Segundo Charles Darwin, (1809-1882), as visões críticas da teoria evolucionista são:
Os dados não falam por si próprios: é preciso organizar os dados, em relação
à teoria. Os dados são apenas barulho, se não aportam um contributo à teoria antropológica; Para eles, as sociedades eram organismos naturais que evoluíam; O seu modelo de civilização era a sociedade vitoriana inglesa (Ocidente): o resto do mundo tinha um desenvolvimento inferior; Pensaram, erradamente, que os ―povos primitivos‖ teriam que elaborar instituições semelhantes às da sua tecnologia; Partem muitas vezes de supostos etnocêntricos; A crença não é um erro, como afirmava Tylor. A crença dá sentido à experiência humana. A mente não pode esperar que a ciência resolva todos os seus problemas, daí que se alimente a crença (tal disse Durkheim); A teoria da evolução muitas vezes entra em conflito com crenças religiosas, particularmente o criacionismo e o design inteligente. Isso levou a controvérsias em muitos lugares, com críticos argumentando que a teoria evolucionista nega a existência de Deus e contradiz relatos religiosos de criação Os fundadores da teoria evolucionista são: J.J.Bachofen (1815-1887) L.H, Morgan (1818-81); H. Maine (1822-88); J.F. Mc Lennan (1827-81); E.B. Tylor (1832-1917); J. Frazer (1854-1941). b) O contributo dado pelos antropólogos evolucionistas para a construção da antropologia é na Ilustração, a ideia de progresso foi central; e para o evolucionismo, as culturas encontravam-se em movimento, através de diferentes etapas de desenvolvimento, até alcançarem a etapa de desenvolvimento da cultura ocidental. Todas as culturas evoluiriam da mesma maneira e passariam pelos mesmos estádios. Os antropólogos evolucionistas desempenharam um papel significativo na construção e desenvolvimento da antropologia como disciplina académica. Embora a abordagem evolucionista tenha sido criticada e, em alguns casos, substituída por outras teorias e métodos ao longo do tempo, sua influência e contribuições iniciais são inegáveis. 1. Desenvolvimento da Teoria Evolucionista – os antropólogos evolucionistas, como Lewis Henry Morgan e Edward Tylor, foram pioneiros na elaboração de teorias sobre a evolução da cultura humana. Eles propuseram modelos evolutivos que descreviam a passagem da sociedade humana por estágios de desenvolvimento, partindo de formas mais simples para mais complexas. Morgan, por exemplo, propôs uma teoria de evolução social que incluía estágios como o estado selvagem, o estado bárbaro e o estado civilizado. 2. Colecta de Dados e Estudos Comparativos – os evolucionistas realizaram extensas pesquisas etnográficas e colectaram dados de diversas culturas ao redor do mundo. Isso levou à compilação de informações detalhadas sobre sociedades não ocidentais, seus costumes, línguas, sistemas de parentesco, mitologia e práticas culturais. Essa abordagem comparativa ajudou a criar uma base de conhecimento sólida para a antropologia. 3. Contribuições para a Teoria do Parentesco – Lewis Henry Morgan desempenhou um papel importante na formulação da teoria do parentesco, que incluía o desenvolvimento de sistemas de parentesco e terminologia. Seu trabalho sobre a classificação de parentesco em termos de "sistemas" (como o sistema Crow) ainda é relevante na antropologia cultural. 4. Estudo de Instituições Sociais – Edward Tylor e outros antropólogos evolucionistas estudaram várias instituições sociais, como religião, casamento, política e propriedade, a fim de compreender como essas instituições evoluíram ao longo do tempo e como elas eram relacionadas às crenças culturais e à organização social. 5. Desenvolvimento da Antropologia como Disciplina Científica – os antropólogos evolucionistas contribuíram para a profissionalização da antropologia, estabelecendo métodos de pesquisa e padrões de análise. Eles também defenderam a ideia de que a antropologia deveria ser uma disciplina científica que se baseasse em observações e colecta sistemática de dados. 2. O parentesco é uma relação humana universal com base biológica e com variações nos significados socioculturais particulares. a) As funções do parentesco O parentesco tem um papel importante pois confere ao indivíduo a identidade social perante ao grupo, de forma que este seja reconhecido pelos outros como membro pertencente ao grupo, isto é, dentro de uma sociedade pode definir a sua posição por meio de termos de parentesco com qualquer pessoa com quem se encontre a tratar socialmente, quer pertença á própria tribo quer pertença a outra. As funções do parentesco podem variar de uma sociedade para outra, mas geralmente incluem: 1. Reprodução – o parentesco desempenha um papel central na reprodução da sociedade. As relações familiares geralmente fornecem o contexto social para a procriação e criação de filhos. Através do casamento e da descendência, as sociedades regulamentam a reprodução e a continuidade das gerações. 2. Organização da Herança e Propriedade – o parentesco ajuda a determinar como os recursos e a propriedade são transmitidos de uma geração para outra. Muitas culturas têm regras e normas que regem a herança de terras, bens, riqueza e outras propriedades de acordo com relações familiares específicas. 3. Apoio Social e Económico – a família é frequentemente vista como a unidade básica de apoio social e económico. 4. Regulação do Casamento e da Aliança – as regras de parentesco também desempenham um papel importante na regulação do casamento e das alianças matrimoniais. 5. Estabelecimento de Papéis Sociais – as relações de parentesco muitas vezes determinam papéis sociais específicos na sociedade. 6. Manutenção da Identidade Cultural – o parentesco também desempenha um papel na manutenção da identidade cultural. 7. Estabelecimento de Alianças Sociais – em muitas sociedades, o parentesco é utilizado para estabelecer alianças sociais, políticas e económicas. Casamentos e alianças matrimoniais podem fortalecer laços entre grupos familiares ou entre diferentes comunidades. 8. Estruturação da Parentalidade – o parentesco influencia como as responsabilidades parentais são distribuídas na sociedade. Ele define quem é considerado um pai ou mãe e estabelece normas sobre cuidado, educação e protecção das crianças. 9. Regulação do Comportamento Sexual – o parentesco também regula o comportamento sexual e as normas sociais em relação à escolha de parceiros sexuais. Muitas culturas têm regras sobre casamentos endogâmicos (dentro do mesmo grupo) ou exogâmicos. b) O parentesco desempenha um papel fundamental na construção de relações sociais, redes de apoio e identidade. São formas comuns pelas quais as pessoas usam o parentesco para criar laços sociais e integrar-se em grupos: Criação de Famílias – o parentesco é a base da formação de famílias. O casamento e o nascimento de filhos são eventos que estabelecem relações familiares e criam laços emocionais e sociais entre os membros da família. Redes de Apoio Social – as relações de parentesco geralmente servem como redes de apoio social. A família e os parentes próximos são frequentemente os primeiros a serem contactados em situações de necessidade, como problemas de saúde, questões financeiras ou apoio emocional. Identidade Cultural – o parentesco desempenha um papel crucial na construção da identidade cultural. Muitas culturas atribuem grande importância à pertença a grupos étnicos ou tribais, e o parentesco é uma parte fundamental disso. A pertença a um grupo étnico muitas vezes é transmitida por meio da descendência e dos laços familiares. Estabelecimento de Redes de Aliança – em algumas sociedades, o parentesco é usado para estabelecer alianças sociais, políticas e económicas. Isso pode ocorrer por meio de casamentos arranjados ou alianças matrimoniais que unem diferentes grupos familiares. 3. O casamento tradicional não deixa de ser um fenómeno económico e de poder na medida em que serve de regulação social e eleva o estatuto dos nubentes. a) A independência de Moçambique em 1975 trouxe mudanças significativas em vários aspectos da sociedade, incluindo práticas matrimoniais. Antes da independência Casamentos Arranjados – tradicionalmente, os casamentos em muitas comunidades em Moçambique eram frequentemente arranjados pelas famílias dos noivos; Dotes e Troca de Bens – os casamentos frequentemente envolviam a troca de bens ou dotes entre as famílias dos noivos; Rituais e cerimónias Tradicionais – os casamentos tradicionais eram acompanhados por rituais e cerimónias específicas que variavam de acordo com as tradições étnicas; Depois da independência Mudanças nas práticas matrimoniais – a independência de Moçambique trouxe mudanças nas práticas matrimoniais, à medida que as influências culturais e sociais evoluíram; Casamentos legais e religiosos – a influência da religião também desempenhou um papel significativo; Igualdade de Género - A independência de Moçambique também trouxe mudanças nas atitudes em relação à igualdade de género. Houve esforços para promover a igualdade de género e os direitos das mulheres, alterando alguns dos papéis tradicionalmente atribuídos a homens e mulheres; Mudanças nas cerimónias – em muitas áreas, as cerimónias de casamento tradicionais ainda são realizadas, mas podem ter evoluído para incorporar elementos mais contemporâneos ou religiosos. b) O processo de mudança de habitação do casal após o casamento nas regiões Norte e Centro de Portugal dependia, em grande parte, do contexto social e económico, e havia diferenças entre áreas rurais e urbanas. Nas áreas rurais, era comum que o casal se estabelecesse na propriedade da família do noivo, geralmente com os pais ou parentes próximos. Isso era uma prática tradicional que contribuía para a manutenção da unidade da família do noivo e a continuidade das actividades agrícolas. A noiva se mudava para a casa do noivo, e o casal começava a construir sua vida juntos na mesma comunidade. 4. Em Moçambique, a Lei da Família, 10/2004 define família como a célula base da sociedade. É na família onde se e consolida a personalidade do individuo. a) Tipos de Família em Moçambique e Suas Características Família Nuclear – a família nuclear é composta pelos pais e seus filhos, vivendo juntos em uma única unidade doméstica. Esta é uma estrutura familiar relativamente pequena e comum em áreas urbanas e nas sociedades mais modernas em Moçambique; Família Extensa – a família extensa inclui não apenas os pais e filhos, mas também outros membros da família, como avós, tios, primos e, por vezes, membros não directamente relacionados por laços de sangue, mas que são considerados parte da família. Este tipo de família é mais comum em áreas rurais e em sociedades mais tradicionais, onde a solidariedade familiar é valorizada; Família Consanguínea – este tipo de família é composto principalmente por parentes consanguíneos, ou seja, parentes ligados por laços de sangue, como irmãos, pais e filhos. Pode incluir outras pessoas, mas o foco principal é nos parentes biológicos. b) Relação entre Família e Casamentos
A relação entre a família e o casamento em Moçambique é tradicionalmente muito forte
e influente. Antes de um casamento, as famílias frequentemente desempenham um papel fundamental na negociação dos acordos matrimoniais, na escolha do parceiro e na celebração do casamento em si. Além disso, as famílias desempenham um papel crucial no apoio emocional e financeiro ao casal ao longo do casamento. Os casamentos são vistos como eventos que unem não apenas o casal, mas também suas famílias e comunidades.
A Predominância Do Conceito Semântico Nas Definições de Gênero de Alunos Do Ensino Fundamental. - Fabiana Poças BIONDO Edson Carlos ROMUALDO Geiva Carolina CALSA