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INTRODUÇÃO

Família é o vínculo mais intimo que temos, é a base e o alicerce. Hoje em dia sendo
pouco discutido e valorizado pela sociedade e em alguns casos não sendo
compreendido. Poucas pessoas conhecem a origem do termo “família”, seus aspectos
primordiais passando a intitular que a família é qualquer união que de fato que exista.
Contudo, a família em si é o espaço indispensável para a garantia da sobrevivência e do
bem-estar do ser humano na sociedade. Como disse Amy Swerdlow quando afirma: “O
conceito de família é uma parte tão importante da nossa herança psicológica e cultural
que a simples menção do termo invoca intensas emoções
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A família (do termo latino família) é um agrupamento humano formado por duas ou


mais pessoas com ligações biológicas, ancestrais, legais ou afectivas que, geralmente,
vivem ou viveram na mesma casa. Pode ser formada por pessoas solteiras,
casais heterossexuais, casais homossexuais, entre outras constituições presentes em
diferentes contextos sociais. Constitui uma das unidades básicas da sociedade.

A família representa um grupo social primário que influencia e é influenciado por outras


pessoas e instituições. É formado por pessoas, ou um número de grupos domésticos
ligados por descendência (demonstrada ou estipulada) a partir de
um ancestral comum, matrimónio ou adopção. Nesse sentido o termo confunde-se
com clã. Dentro de uma família, existe, sempre, algum grau de parentesco. Membros de
uma família, geralmente pai, mãe e filhos e seus descendentes, costumam compartilhar
do mesmo sobrenome, herdado dos ascendentes directos. A família é unida por
múltiplos laços capazes de manter os membros moralmente, materialmente e
reciprocamente durante uma vida e durante as gerações.
Família substituta é aquela nascida dos institutos jurídicos da guarda, tutela e adopção.
É uma situação excepcional, podendo ser a adopção, que é definitiva ou guarda e tutela
que são transitórias.
No interior da família, os indivíduos podem constituir subsistemas, formados
pela geração, género, interesse e função, havendo diferentes níveis de poder, e onde os
comportamentos de um membro afectam e influenciam os outros membros. A família
como unidade social, enfrenta uma série de tarefas de desenvolvimento, diferindo a
nível dos parâmetros culturais, mas possuindo as mesmas raízes universais.

CONCEITO HISTÓRICO

O termo "família" é derivado do latim famulus, que significa "escravo doméstico". Este


termo foi criado na Roma Antiga para designar um novo grupo social que surgiu entre
as tribos latinas, ao serem introduzidas à agricultura e à escravidão legalizada.

No direito romano clássico, a "família natural" cresce de importância - esta família é


baseada no casamento e no vínculo de sangue. A família natural é o agrupamento
constituído apenas dos cônjuges e de seus filhos. A família natural tem, por base, o
casamento e as relações jurídicas dele resultantes, entre os cônjuges, e pais e filhos.

Se, nesta época, predominava uma estrutura familiar patriarcal em que um vasto leque
de pessoas se encontrava sob a autoridade do mesmo chefe, nos tempos medievais
(Idade Média), as pessoas começaram a estar ligadas por vínculos matrimoniais,
formando novas famílias. Dessas novas famílias, fazia, também, parte, a descendência
gerada, que, assim, tinha duas famílias: a paterna e a materna. Daí surgiram o conceito
de famílias reais, a relação estendida dos membros de um soberano, geralmente de
um Estado monárquico.

Com a Revolução Francesa, surgiram os casamentos laicos no Ocidente e, com


a Revolução Industrial, tornaram-se frequentes os movimentos migratórios para cidades
maiores, construídas em redor dos complexos industriais.
É comum atribuir-se o início dos estudos sobre a história da família a Charles Darwin.
Na teoria da evolução, Darwin aborda a teoria da evolução dos sistemas familiares. O
antropólogo americano Lewis H. Morgan publicou, em 1877, seu livro Ancient
Society em 1877, que tinha como pano de fundo a teoria dos três estágios do progresso
humano, que começava com a selvageria, passando pela barbárie e chegando até
a civilização.

O livro de Morgan foi a "inspiração para o livro de Friedrich Engels A origem da


família, da propriedade privada e do Estado publicado em 1884. Engels expandiu a
hipótese de Morgan de que factores económicos causaram a transformação da
comunidade humana primitiva em uma sociedade dividida em classes.

A família nuclear na sociedade industrial

A sociedade contemporânea geralmente vê a família como um refúgio do mundo,


fornecendo satisfação absoluta. Maxine Zinn e Stanley Eitzen discutem a imagem da
"família como refúgio", "um lugar de intimidade, amor e confiança onde os indivíduos
podem escapar da competição de forças desumanizantes na sociedade moderna".

Durante a industrialização, a família foi vista como espaço de amor e ternura,


personificada pela mãe, em oposição "ao mundo competitivo e agressivo do comércio"',
personificado pelo pai. A tarefa da família era vista como de protecção contra o mundo
exterior. No entanto, Maxine Zinn e Stanley Eitzen observam que "a imagem protectora
da família diminuiu" no final do século XX "à medida que os ideais de realização
familiar foram tomando forma" tornando ela mais "compensadora do que protectora.
Ela fornece a vitalidade necessária, mas que falta em outros arranjos sociais".

A família-pós-moderna
Muitos países, em particular os ocidentais, alteraram suas leis relacionadas ao direito de
família para acomodar diversos modelos de família. Por exemplo, na Escócia, o Family
Law (Scotland) Act 2006 concede aos coabitantes alguns direitos mesmo que
limitados. Em 2010, a Irlanda promulgou a Civil Partnership and Certain Rights and
Obligations of Cohabitants Act 2010. Também houve movimentos a nível internacional
mais amplos, mais notavelmente, a Convenção Europeia do Conselho da Europa sobre
o Estatuto Jurídico das Crianças Nascidas do Casamento que entrou em vigor em
1978. Os países que a ratificam devem garantir que as crianças nascidas fora do
casamento tenham os direitos legais estipulados no texto desta convenção. A convenção
foi ratificada pelo Reino Unido em 1981 e pela Irlanda em 1988.

FUNÇÃO SOCIAL

Uma das principais funções da família é fornecer estrutura para a produção e


reprodução de pessoas de um ponto de vista biológico e social. Isso pode ocorrer por
meio do compartilhamento de elementos materiais; do ato de dar e receber cuidados e
nutrição adequados; dos direitos e obrigações jurídicas; e dos laços morais e
sentimentais. Assim, a experiência de uma família muda com o tempo. Do ponto de
vista dos filhos, a família é uma "família de orientação", ou seja, ela serve para localizar
socialmente os filhos e desempenha um papel importante na
sua enculturação e socialização. Do ponto de vista dos pais, a família é uma "família de
procriação", cujo objectivo é produzir, enculturar e socializar os filhos No entanto,
produzir filhos não é a única função da família. Em sociedades com divisão sexual do
trabalho, o casamento e o relacionamento resultante entre duas pessoas é necessário
para a formação de uma família economicamente produtiva.

Christopher Harris observa que a concepção ocidental de família é ambígua e


facilmente confundida com o lar, conforme revela os diferentes contextos em que a
palavra é usada. Olivia Harris afirma que essa confusão não é acidental, mas indicativa
da ideologia familiar dos países capitalistas ocidentais que aprovam uma legislação
social que insiste que os membros de uma família nuclear devem viver juntos e que
aqueles que não são parentes não devem viver juntos. Apesar das pressões ideológicas e
legais, uma grande percentagem de famílias não se encaixa nesse tipo de família. 

Como os papéis, as funções estão igualmente implícitas nas famílias, como já foi
referido. As famílias como agregações sociais, ao longo dos tempos, assumem ou
renunciam funções de protecção e socialização dos seus membros, como resposta às
necessidades da sociedade pertencente. Nesta perspectiva, as funções da família regem-
se por dois objectivos, sendo um de nível interno, como a protecção psicossocial dos
membros, e o outro de nível externo, como a acomodação a uma cultura e sua
transmissão. A família deve então, responder às mudanças externas e internas de modo
a atender às novas circunstâncias sem, no entanto, perder a continuidade,
proporcionando sempre um esquema de referência para os seus membros. Existe,
consequentemente, uma dupla responsabilidade, isto é, a de dar resposta às necessidades
quer dos seus membros, quer da sociedade.

ESTRUTURAS FAMILIARES

Embora antropólogos e sociólogos culturais ocidentais, embasados em ideias comuns de


próprias culturas, tenham considerado a família e o parentesco universalmente
associados às relações por "sangue", pesquisas posteriores mostraram que muitas
sociedades, em vez disso, entendem a família por meio da ideia de viver junto,
compartilhar alimentos, cuidados e nutrição. De acordo com o trabalho dos
estudiosos Max Weber, Alan Macfarlane, Steven Ozment, Jack Goody e Peter Laslett, a
enorme transformação que levou ao casamento moderno nas democracias ocidentais foi
"alimentada pelo sistema de valores religiosos-culturais fornecido por elementos
do judaísmo, do cristianismo primitivo, do Direito Canónico Católico Romano e
da Reforma Protestante".

Família multigeracional

Historicamente, o tipo de família mais comum é aquele em que avós, pais e filhos
vivem juntos como uma única unidade. Por exemplo, a família pode incluir os
proprietários de uma fazenda, um ou mais de seus filhos adultos, o cônjuge do filho
adulto e os próprios filhos do filho adulto, que são os netos dos proprietários. Às vezes,
famílias de gerações alternadas, como avós morando com seus netos, são incluídas
nesse tipo.

Família conjugal (nuclear)

O termo "família nuclear" é comumente usado, especialmente nos Estados Unidos da


América, para se referir a famílias conjugais. Uma família "conjugal " inclui apenas os
cônjuges e filhos solteiros que não sejam maiores de idade. Alguns sociólogos, como
John Scott e Gary Lee, separam as famílias conjugais, consideradas relativamente
independentes da parentela dos pais e de outras famílias em geral, das famílias
nucleares, aquelas que mantêm laços relativamente próximos com sua parentela.

Na sociologia, particularmente nas obras do psicólogo social Michael Lamb, a família


tradicional se refere a "uma família de classe média com um pai que ganha o sustento e
uma mãe que fica em casa, casados um com o outro e criando seus filhos biológicos", e
a não tradicional para todas as exceções a esta regra.

Família monoparental

Uma família monoparental consiste em um dos pais junto com seus filhos, sendo que o
progenitor é viúvo, divorciado (e não se casou novamente) ou nunca se casou. Os pais
podem ter a guarda unilateral exclusiva dos filhos, ou os pais separados podem ter
a guarda compartilhada ou alternada, onde os filhos dividem seu tempo entre duas
famílias monoparentais diferentes ou entre uma família monoparental e uma família
mista . Em comparação com a guarda exclusiva, o bem-estar físico, mental e social das
crianças pode ser melhorado por arranjos de parentalidade compartilhada, pois as
crianças têm maior acesso a ambos os pais. 

Família matrifocal

Uma família "matrifocal" consiste em uma mãe e seus filhos. Geralmente, essas
crianças são seus descendentes biológicos, embora a adoção de crianças seja uma
prática em quase todas as sociedades. Esse tipo de família ocorre comumente onde as
mulheres têm os recursos para criar seus filhos sozinhas ou onde os homens têm mais
mobilidade do que as mulheres. Por definição, “uma família ou grupo doméstico é
matrifocal quando está centrado em uma mulher e seus filhos. Nesse caso, os pais
dessas crianças estão intermitentemente presentes na vida do grupo e ocupam um lugar
secundário", sendo quer a mãe não é necessariamente a sua esposa.

Família de escolha

O termo família de escolha, também às vezes referido como "família escolhida" ou


"família encontrada", é comum na comunidade LGBT, veteranos, indivíduos que
sofreram abuso e aqueles que não têm contacto com "pais" biológicos. Refere-se ao
grupo de pessoas na vida de um indivíduo que satisfaz o papel típico da família como
rede de apoio. O termo busca diferenciar a "família de origem, a biológica ou na qual as
pessoas são criadas, daquela que assume activamente esse papel.

Família pluriparental

O termo família pluriparental ou família mosaico descreve famílias com pais mistos,


onde um ou ambos os pais se casaram novamente, trazendo os filhos da antiga família
para a nova família.
Família monogâmica

Uma família monogâmica é baseada em uma monogamia legal ou social. Nesse caso,


um indivíduo tem apenas um parceiro oficial, não podendo ter vários cônjuges ao
mesmo tempo.

Família polígama

A poligamia é um casamento que inclui mais de dois parceiros. Quando um homem é


casado com mais de uma esposa ao mesmo tempo, o relacionamento é
denominado poliginia; enquanto que quando uma mulher é casada com mais de um
marido ao mesmo tempo, isso é chamado de poliandria. Se um casamento inclui vários
maridos e esposas, pode ser chamado de poliamor.

RELAÇÕES INTRAFAMILIARES

Quanto ao tipo de relações pessoais que se apresentam numa família, LÉVI-


STRAUSS (citado por PINHEIRO, 1999), refere três tipos de relação. São elas, a de
aliança (casal), a de filiação (pais e filhos) e a de consanguinidade (irmãos). É nesta
relação de parentesco, de pessoas que se vinculam pelo casamento ou por uniões
sexuais, que se geram os filhos. Segundo ATKINSON e MURRAY, a família é um
sistema social uno, composto por um grupo de indivíduos, cada um com um papel
atribuído, e embora diferenciados, consubstanciam o funcionamento do sistema como
um todo. O conceito de família, ao ser abordado, evoca obrigatoriamente, os conceitos
de papéis e funções, como se têm vindo a verificar. Em todas as famílias,
independentemente da sociedade, cada membro ocupa determinada posição ou tem
determinado estatuto, como por exemplo, marido, mulher, filho ou irmão, sendo
orientados por papéis. Papéis estes, que não são mais do que, "as expectativas de
comportamento, de obrigações e de direitos que estão associados a uma dada posição na
família ou no grupo social".

A identificação da descendência em patrilinear, matrilinear, patrilinear ou dupla é uma


questão das mais polémicas na antropologia.

Patrilinear

A patrilinearidade, também conhecida como linha masculina ou parentesco agnático, é


um sistema de parentesco no qual a afiliação familiar de um indivíduo deriva e é
rastreada através da linhagem de seu pai.

Matrilinear

Muitas das sociedades africanas serviram de referência clássica para a elaboração da


noção de descendência matrilinear, assim como os iroqueses norte-americanos.

Dupla

A descendência bilateral é um sistema de parentesco em que a afiliação familiar de um


indivíduo deriva e é rastreada pelos lados paterno e materno.
CONCLUSÃO

Em face à evolução social que passamos, não há como ter uma visão estagnada do que
vem a ser família. Hoje, muito se critica as novas formas familiares, como a família
entre pessoas do mesmo sexo, porém, conforme já vimos, o elemento que cria a família
é a vontade entre as partes, portanto, não há como negar o status de família à uniões
estáveis, à famílias monoparentais e a família advinda da união entre pessoas do mesmo
sexo.
REFERÊNCIAS

FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro.


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Tapia, Eloisa (13 de agosto de 2012). «O Conceito Jurídico de Família nas


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Zinn, Maxine Baca; Eitzen, D. Stanley (1 de janeiro de 1987). Diversity in American


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