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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR FULANO DE TAL

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO


DD RELATOR DO AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº. 000000/PP
00ª CÂMARA CÍVEL

FRANCISCO DAS QUANTAS, (“Agravante”), já


devidamente qualificada nos autos deste recurso de Agravo de Instrumento, vem,
com o devido respeito à presença de Vossa Excelência, intermediado por seu
patrono que abaixo firma, para, na quinzena legal (CPC, art. 1.003, caput c/c § 5º),
interpor o presente

AGRAVO INTERNO,
contra a decisão monocrática que dormita às fls. 83/85, a qual negou a atribuição
de efeito suspensivo ao recurso em espécie, cujos fundamentos se encontram nas
Razões ora acostadas.

Respeitosamente, pede deferimento.

Cidade, 00 de abril de 0000.

Beltrano de tal
Advogado – OAB (PP) 112233

1
RAZÕES DO AGRAVO INTERNO
AGRAVANTE: FRANCISCO DAS QUANTAS
AGRAVADOS: KAROLINE DAS QUANTAS e outros

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO ESTADO

PRECLARO RELATOR

I - DA DECISÃO RECORRIDA

Os litigantes foram casados sob o regime de


comunhão parcial de bens, tendo a união principiada em 00 de maio de 0000. Do
enlace, sobrevieram os filhos Cicrano e Beltrano Júnior.

Em março de 0000, ajuizaram Ação de Divórcio


Consensual. Nessa, fixaram-se as previsões alimentares, dentre outras avenças. A
sentença, homologatória, fora publicada em 00 de junho de 0000, com o trânsito
em julgado em 00 de julho de 0000.

Na época da estipulação dos Alimentos, em face do


divórcio, o Agravante detinha o cargo de Diretor Adjunto no Banco Zeta.

Esse, naquela ocasião, também pagava pensão


alimentícia a sua ex- esposa, Maria das Tantas; atualmente, no importe de R$
0.000,00 (.x.x.x ), que, adicionado a outros encargos, resulta no total de R$
0.000,00.

No dia 00 de maio do ano de 0000, o Recorrente se


casou novamente, sob o regime de comunhão universal de bens, com Aline das
Tantas. Tal-qualmente, possuem um único filho, nascido no dia 10 de março de
0000. 13
Em 04 de abril do ano pretérito próximo, o Agravante
teve seu contrato de trabalho rescindido (sem justa causa) , então vigorante com
Banco Zeta S/A. Passou, então, a figurar como mais um no rol de desempregados.

Pagava as suas ex-cônjuges, por desconto em folha de


pagamento, na ocasião de sua demissão, as importâncias de R$ 0.000,00 (.x.x.x )
(Fulana) e R$ 000,00 (.x.x.x ) (Beltrana).

Apesar dessa drástica adversidade, o Agravante, ainda


assim, maiormente demonstrando a honradez, que sempre lhe foi peculiar,
continuou pagando rigorosamente suas obrigações alimentares.

Somente no dia 01 de setembro de 0000 foi que o


Agravante conseguiu, como sócio de empresa de consultoria (Senior Empresas
Ltda), angariar uma nova fonte de renda.

Todavia, a remuneração era bem abaixo do salário que


antes recebia, ou seja, R$ 00.000,00 ( .x.x.x ).

Percebe-se, sem dificuldade, que o Agravante


percebia, em seu último extrato de pagamento de salário, deduzidos vários
encargos, inclusive alimentares, a quantia de R$ 00.000,00 ( x.x.x. ). Acrescente-
se, ainda, que o Recorrente teria que deduzir várias obrigações tributárias e
trabalhistas, desse minúsculo contrato. Melhor dizendo, único contrato e fonte de
renda.

Mas não durou muito. Em 12 de maio do corrente, esse


precioso contrato, infelizmente, fora desfeito.

Atualmente a Agravada recebe do Recorrente, a título


de pensão alimentícia, a soma de R$ 0.00,00 ( .x.x.x .). Adicionado a outros 13
encargos, resulta em R$ 00.000,00 ( .x.x.x. ).
Vejamos, a propósito, de bom alvitre, um breve
demonstrativo desse quantum:

RESUMO DA PENSÃO:
A) Colégios...............R$ .x.x.x
B) Alimentos..............R$ .x.x.x
C) Ass. Médica..........R$.x.x.x.x
D)Prest. Apto............R$.x.x.x
_________
Total: R$ .x.x.x.x.x

Diante dessa inescusável situação de ruína financeira,


o Agravante manejou a Ação Revisional de Alimentos em vertente, agregada com
pleito de tutela provisória de urgência.

Nesse compasso, fizera, com a inaugural, um pleito de


tutela provisória, de sorte a reduzir o montante dos alimentos, até então pagos,
diante, como dito, da acentuada alteração econômica daquele.

Entrementes, o pleito fora indeferido, razão qual


motivou a interposição deste recurso de Agravo de Instrumento.

Esta Relatoria, da análise do pedido de efeito


suspensivo, rechaçou tal pleito, em síntese, albergado nos seguintes fundamentos:

“Para que o encargo alimentar estabelecido seja revisado, deve haver prova
segura da efetiva modificação da fortuna de quem paga ou da necessidade de
quem recebe, e essa prova deve ser produzida ao longo de toda a fase cognitiva
da ação de revisão de alimentos. Inexistindo ao início do feito prova cabal da
substancial alteração da capacidade econômica da alimentante, descabe
13
estabelecer a redução liminar da pensão alimentícia.”
Eis, pois, a decisão interlocutória guerreada, a qual,
sem sombra de dúvidas, concessa venia, deve ser reformada.

PRELIMINARMENTE
Nulidade – Ausência de fundamentação

O Agravante solicitara no recurso em espécie fosse


concedida tutela provisória de urgência, de sorte a acolher-se a redução provisória
dos alimentos para R$ 300,00 (trezentos reais). Além disso, requereu-se
igualmente a concessão de efeito suspensivo.

O Recorrente, na ocasião, fizera longos comentários


acerca da propriedade do referido pleito. Afora isso, foram colacionados inúmeros
documentos comprobatórios das alegações. Todavia, como visto, o pedido fora
negado.

A decisão guerreada negara o efeito suspensivo,


entretanto, data venia, sem a devida e necessária motivação.

O Agravante, por toda a extensão da peça recursal,


fizera considerações fáticas e, ao mesmo tempo, trazia à tona prova documental
de sorte a ratificar o alegado. Assim, fizera o aludido pedido e, para tanto, em
obediência aos ditames do art. 300 da Legislação Adjetiva Civil, trouxera
elementos suficientes para concluir-se da imprescindibilidade da concessão do
efeito suspensivo.

Entrementes, a despeito de tamanha fundamentação, o


pleito fora obstado por meio da decisão antes mencionada.

Ao negar o pedido, a Relatoria não cuidou de tecer


comentários acerca de um único sequer documento atribuído como prova. Não se
13
sabe minimamente as razões que, por exemplo, o documento probatório da
demissão do Agravante não deve ser levado a efeito; não se sabe, igualmente, os
porquês dos documentos que comprovam a insolvência do Recorrente não têm o
condão de ser tidos como argumento a justificar a redução dos alimentos.

Enfim, seguramente essa deliberação merece reparo.

Com esse enfoque dispõe o Código de Processo Civil


que:

Art. 489. São elementos essenciais da sentença:


§ 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial,
judicial, seja ela
interlocutória, sentença ou acórdão,
acórdão, que:
I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo,
sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida;
(...)
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes
de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador;
julgador;

Sem sombra de dúvidas a regra supra-aludida se


encaixa à decisão hostilizada. A mesma passa longe de invocar argumentos
capazes de motivar a rejeição ao pedido buscado.

A ratificar o exposto acima, é de todo oportuno gizar o


magistério de José Miguel Garcia Medina:

“O conceito de omissão judicial que justifica a oposição de embargos de


declaração, à luz do CPC/2015, é amplíssimo.
amplíssimo. Há omissão sobre o ponto
ou questão,
questão, isso é, ainda que não tenha controvertido as partes
(questão), mas apenas uma delas tenha suscitado o fundamento (ponto;
sobre a distinção entre ponto e questão, cf. comentário ao art. 203 do
CPC/2015). Pode, também, tratar-se de tema a respeito do qual deva o
13
órgão jurisdicional pronunciar-se de ofício (p. ex., art. 485, § 3º do
CPC/2015), ou em razão de requerimento da parte. Deve ser decretada a
nulidade da decisão, caso a omissão não seja sanada. (MEDINA, José
Miguel Garcia. Novo Código de Processo Civil comentado: ... – São Paulo:
RT, 2015, p. 1.415)
(itálicos do texto original)

Nesse mesmo passo são as lições de Teresa Arruda


Alvim Wambier:

“ Em boa hora, consagra o dispositivo do NCPC projetado ora comentado,


outra regra salutar no sentido de que a adequação da fundamentação da
decisão judicial não se afere única e exclusivamente pelo exame interno
da decisão.
decisão. Não basta, assim, que se tenha como material para se
verificar se a decisão é adequadamente fundamentada (= é
fundamentada) exclusivamente a própria decisão.
decisão. Esta nova regra prevê
a necessidade de que conste, da fundamentação da decisão, o
enfrentamento dos argumentos capazes, em tese, de afastar a conclusão
adotada pelo julgador. A expressão não é a mais feliz: argumentos.
Todavia, é larga e abrangente para acolher tese jurídica diversa da
adotada, qualificação e valoração jurídica de um texto etc.
Vê-se, portanto, que, segundo este dispositivo, o juiz deve proferir
decisão afastando, repelindo, enfrentando elementos que poderiam
fundamentar a conclusão diversa.
diversa. Portanto, só se pode aferir se a
decisão é fundamentada adequadamente no contexto do processo em
que foi proferida.
proferida. A coerência interna corporis é necessária, mas não
basta.
basta. “ (WAMBIER, Teresa Arruda Alvim ... [et al.]. – São Paulo: RT, 2015,
p. 1.473)
(itálicos e negritos do texto original)

13
Não fosse isso o bastante, urge transcrever igualmente
as lições de Luiz Guilherme Marinoni:

“Assim, o parâmetro a partir do qual se deve aferir a completude da


motivação das decisões judiciais passa longe da simples constância na
decisão do esquema lógico-jurídico mediante o qual o juiz chegou à sua
conclusão. Partindo-se da compreensão do direito ao contraditório como
direito de influência e o dever de fundamentação como dever de debate,
a completude da motivação só pode ser aferida em função dos
fundamentos arguidos pelas partes. Assim, é omissa a decisão que deixa
de se pronunciar sobre argumento formulado pela parte capaz de alterar
o conteúdo da decisão judicial. Incorre em omissão relevante toda e
qualquer decisão que esteja fundamentada de forma insuficiente (art.
1.022, parágrafo único, II), o que obviamente inclui ausência de
enfrentamento de precedentes das Cortes Supremas arguidos pelas
partes e de jurisprudência formada a partir do incidente de resolução de
demandas repetitivas e de assunção de competência perante as Cortes
de Justiça (art. 1.022, parágrafo único, I). “ (MARINONI, Luiz Guilherme;
ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo curso de processo civil:
tutela ... vol. 2. – São Paulo: RT, 2015, p. 540)

Nesse mesmo sentido:

REVISIONAL. CONTRATO DE CRÉDITO BANCÁRIO. JULGAMENTO


ANTECIPADO COM BASE EM CONTRATO AUSENTE. SENTENÇA
DISSOCIADA DA REALIDADE FÁTICA DOS AUTOS.

Ausência de fundamentação. Nulidade configurada. Precedentes deste e.


Tribunal de justiça. Inclusive desta relatoria. Impossibilidade de
julgamento imediato do feito. Necessidade de retorno à origem.
Sentença cassada. Recurso prejudicado (TJCE; APL 0046723- 13
23.2009.8.06.0001; Quarta Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Durval
Aires Filho; Julg. 17/04/2018; DJCE 20/04/2018; Pág. 68)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. EMBARGOS À EXECUÇÃO. PRELIMINAR


SUSCITADA DE OFÍCIO DE NULIDADE DA DECISÃO OBJURGADA POR
AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. ACOLHIDA. MÉRITO. PREJUDICADO.
AGRAVO NÃO CONHECIDO.

É nula a decisão que se limita a atribuir efeito suspensivo aos embargos à


execução sem expor, ainda que de forma concisa, os fundamentos pelos
quais entendeu como preenchidos os requisitos cumulativos previstos no
artigo 919, §1º do CPC. Em virtude do resultado do julgamento, resta
prejudicado o conhecimento das razões recursais do agravo de
instrumento. (TJMS; AI 1401540-64.2018.8.12.0000; Segunda Câmara
Cível; Rel. Des. Marcos José de Brito Rodrigues; DJMS 20/04/2018; Pág.
94)

Diante disso, ou seja, face à carência de


fundamentação, mostra-se necessária a anulação do decisum combatido, e, por tal
motivo, seja proferida nova decisão (CPC, art. 1.013, § 1º
1º).

2 - EQUÍVOCO DA R. DECISÃO ORA GUERREADA


ERROR IN JUDICANDO

2.1. Deveras houve acentuada alteração econômica do alimentante

Sabemos que a sentença de alimentos não traz


consigo trânsito julgado material. Opera, assim, tão somente o efeito preclusivo
formal.

13
Face à mutabilidade que resultam das estipulações de
alimentos, temos que mencionadas decisões revestem-se do caráter da cláusula
rebus sic stantibus.

A propósito, dispõe a Lei 5.478/68(Lei de Alimentos)


que

Art. 15 - a decisão judicial sobre alimentos não transita em julgado e


pode a qualquer tempo ser revista, em face da modificação da situação
financeira dos interessados.”

De outra parte, o Estatuto de Ritos fornece a mesma


diretriz quando afirma que:

“Art. 505 - Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas


relativas à mesma lide, salvo:

I - se, tratando-se de relação jurídica de trato continuado, sobreveio


modificação no estado de fato ou de direito, caso em que poderá a parte
pedir a revisão do que foi estatuído na sentença;
II - nos demais casos prescritos em lei.

Assim, as sentenças de alimentos, terminativas,


passam em julgado em relação aos fatos existentes no momento de sua
pronúncia. Cessa, entretanto, seu efeito preclusivo, logo que haja alterações no
estado de fato ou de direito antes consignado.

A quantidade de documentos colacionados, como


afirmado alhures, não deixam qualquer margem de dúvida da gigante alteração
financeira do Agravante. Por isso, concessa venia, não caminhou bem a Relatoria
ao indeferir o pedido de efeito suspensivo e, por conseguinte, ao pagamento 13

provisório dos alimentos no importe de R$ 300,00 (trezentos reais) mensais.


Com efeito, é altamente ilustrativo transcrever o
magistério de Cristiano Chaves e Nélson Rosenvald, quando, acerca do tema,
lecionam, ad litteram:

“ Considerada a clareza da norma legal inserida no art. 1.699 da Lei


Civil, bem como a natureza rebus sic stantibus de toda e qualquer decisão
ou convenção a respeito de alimentos, infere-se, com tranquilidade, a
possibilidade de revisão do quantum alimentício, a qualquer tempo,
quando modificada a fortuna de quem os presta ou a necessidade de quem
os recebe.
(...)
Naturalmente, a revisão alimentícia está condicionada á
comprovação de que houve uma mudança, para maior ou para menor, nos
elementos objetivos, fáticos ou jurídicos, da obrigação alimentícia
posterior à sua fixação, decorrente de fato imprevisível, não decorrente do
comportamento das próprias partes, afinal se a diminuição de sua
capacidade econômica decorre de ato voluntário do alimentante ou do
alimentando, não se pode justificar a revisão. “ (FARIAS, Cristiano
Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil. 4ª Ed. Bahia:
JusPodvim, 2012, vol. 6. Págs. 857-858)

Na mesma esteira de entendimento, vejamos as lições


de Carlos Roberto Gonçalves:

“ Sendo variáveis, em razão de diversas circunstâncias, os pressupostos


objetivos de obrigação de prestar alimentos – necessidade do reclamante e
possibilidade da pessoa obrigada --, permite a lei que, neste caso, se
proceda á alteração da pensão, mediante ação revisional ou de exoneração,
pois toda decisão ou convenção a respeito de alimentos traz ínsita a
cláusula rebus sic stantibus.
(...)
13
Se, todavia, ocorre o contrário, ou seja, se o alimentante, em razão
de diversas causa, como falência, doença impeditiva do exercício de
atividade laborativa, perda do emprego e outra, sobre acentuada
diminuição em seus ganhos mensais a ponto de não mais ter condições de
arcar com o pagamento das prestações, assiste-lhe o direito de reivindicar
a redução do aludido quantum ou mesmo, conforma s circunstâncias,
completa exoneração do encargo alimentar. “ (GONÇALVES, Carlos
Roberto. Direito Civil Brasileiro. 9ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2012, vol. 6.
Pág. 560)

A corroborar o entendimento doutrinário acima


transcrito, urge revelar os seguintes arestos:

RECURSO DE APELAÇÃO. AÇÃO DE MODIFICAÇÃO DE GUARDA


ALTERAÇÃO DO BINÔMIO NECESSIDADE/POSSIBILIDADE. REDUÇÃO DA
POSSIBILIDADE DA ALIMENTANTE. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO
DECISÃO REFORMADA. PENSIONAMENTO REDUZIDO. § 1º, ARTIGO
1.694 DO CC. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.
1. No que tange a guarda do menor, não havendo recurso, não há como o
Tribunal de Justiça, em grau recursal, analisar se correta ou não a decisão
devendo, por consequência, ater-se aos limites recursais, discordância do
valor arbitrados a título de alimentos. 2. Na inteligência do artigo 1.699
do CC/2002, a possibilidade da alteração jurídica da pensão alimentícia
está lastreada em uma questão de fato, consistente na situação
financeira daquele que está obrigado a prestá-la ou daquele que aufere o
benefício. Demonstrado nos autos que o alimentante não tem condições
de arcar com o pagamento da pensão fixada, de rigor se apresenta o
decote do valor, amoldando-se ao prescrito no. Art. 1.694. (...) § 1º, do
CC. ‘ Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do
reclamante e dos recursos da pessoa obrigada. (TJMT; APL 113519/2017;
Tangará da Serra; Rel. Des. Sebastião de Moraes Filho; Julg. 24/01/2018; 13
DJMT 30/01/2018; Pág. 120)
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE DIVÓRCIO LITIGIOSO C/C
GUARDA, ALIMENTOS E PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA. JUSTIÇA
GRATUITA. DECLARAÇÃO DO AGRA V ANTE QUE INFORMA A SUA
HIPOSSUFICIÊNCIA. ARTS. 98 E 99, CAPUT E §3º, AMBOS DO CPC/2015
C/C ART. 1º DA LEI Nº 7.115/1983. PRESENÇA DOS PRESSUPOSTOS
AUTORIZADORES DA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. DECISÃO QUE
ESTABELECE A GUARDA UNILATERAL DA FILHA MENOR DO CASAL EM
FAVOR DA GENITORA. IRRESIGNAÇÃO DO GENITOR. PEDIDO DE
GUARDA UNILATERAL E, SUCESSIVAMENTE, COMPARTILHADA.
PRESERVAÇÃO DO BEM ESTAR DA CRIANÇA. COMPARTILHAMENTO
INVIÁVEL NO MOMENTO. VERBA ALIMENTAR PROVISÓRIA FIXADA EM
40% DO SALÁRIO MÍNIMO. PLEITO DE MINORAÇÃO. POSSIBILIDADE.
ALIMENTANTE QUE SE ENCONTRA DESEMPREGADO. RECORRENTE QUE
NÃO TEM CONDIÇÕES DE ARCAR COM O MONTANTE FIXADO.
REDUÇÃO DEVIDA. OBSERVÂNCIA DO TRINÔMIO
NECESSIDADE/POSSIBILIDADE/PROPORCIONALIDADE. RECURSO
CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.
I. De acordo com a previsão do artigo 5º, LXXIV, da Constituição Federal,
é dever do Estado prestar assistência jurídica integral e gratuita aos que
comprovarem insuficiência de recursos, donde se extrai que a declaração
firmada pelo Agravante quanto a sua impossibilidade em arcar com as
despesas processuais, por si só, é capaz de conferir a concessão do
benefício, a teor do disposto no art. 1º da Lei n. 7.115/1983 e nos arts.
98, caput, e 99, caput e § 3º, ambos do Diploma Processual Civil de
2015.II. Na definição da guarda de menor, tem-se por escopo principal
atender as suas necessidades, de ordem afetiva, social, cultural e
econômica. Assim, considerando-se a fase inicial em que se encontra o
processo e as informações trazidas aos autos, ao menos nesta fase
embrionária, mantém-se a decisão que concedeu a guarda unilateral à
genitora. III. A fixação dos alimentos, ainda que provisórios, implica
13
observância do critério previsto no artigo 1.694 do Código Civil, que
determina a proporcionalidade entre as necessidades de quem reclama a
verba alimentar e as possibilidades de quem os supre. Ademais, os
alimentos provisórios podem, da mesma forma que os definitivos, a
qualquer tempo, ser revisados, desde que fique devidamente
comprovada mudança no patrimônio do alimentante ou alteração nas
necessidades do alimentando, tudo em observada ao trinômio
necessidade/possibilidade/proporcionalidade. Dessa feita, por não se
verificar nos autos, ao menos nesta fase procedimental preambular, a
possibilidade do Agravante em arcar com o valor arbitrado pelo
magistrado de primeiro grau a título de alimentos, especialmente porque
encontra-se atualmente desempregado, deve a verba alimentar em favor
da filha comum ser reduzida para o montante correspondente a 30% do
salário mínimo. (TJSC; AI 4017497-57.2016.8.24.0000; Jaraguá do Sul;
Quarta Câmara de Direito Civil; Rel. Des. Joel Figueira Júnior; DJSC
30/01/2018; Pag. 121)

APELAÇÃO CÍVEL. REVISIONAL DE ALIMENTOS. COMPROVADA


ALTERAÇÃO DA CAPACIDADE FINANCEIRA DO GENITOR. ALIMENTOS
REDUZIDOS EM PRIMEIRO GRAU. IMPOSSIBILIDADE DE NOVA REDUÇÃO
SOB PENA DE REPRESENTAR QUANTIA ÍNFIMA. NEGADO PROVIMENTO
AO RECURSO.
1. O pleito revisional de alimentos é cabível quando se verifica alteração
do binômio possibilidade-necessidade, ex VI do art. 1.699 do CC. 2. A
ação de revisão de alimentos visa a redefinição do encargo alimentar,
adequando-o às novas condições econômicas do alimentante ou às
necessidades do alimentado. 3. Alimentos reduzidos em primeira
instância para 40% do salário mínimo, de acordo com a nova capacidade
econômica do alimentante. Reduzir mais a verba devida aos filhos,
implicaria em risco à própria subsistência dos dois menores, inexistindo
provas de que o percentual estabelecido não possa ser suportado pelo
autor. (TJMS; APL 0814832-07.2014.8.12.0001; Terceira Câmara Cível;
Rel. Des. Fernando Mauro Moreira Marinho; DJMS 25/01/2018; Pág. 48)
13

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL DE ALIMENTOS.


Pedido de minoração. Improcedência na origem. Inaplicabilidade dos
efeitos da revelia ao caso por se tratar de direito indisponível. Exegese do
artigo 320, II, do código buzaid, aplicável à época dos fatos. Existência de
obrigação alimentar em relação a outro filho. Verba que já existia quando
da celebração do acordo de alimentos com a guardiã do apelado.
Circunstância que, por tal motivo, não se caracteriza como alteração de
suas condições econômicas. Superveniência, entretanto, da notícia de
demissão do alimentante. Nítida diminuição de sua capacidade
financeira. Necessidade de ajuste do valor do pensionamento, bem como
de sua base de cálculo. Adoção do salário mínimo como indexador.
Readequação da verba sucumbencial. Sentença ajustada. Recurso
parcialmente provido. (TJSC; AC 0322909-15.2014.8.24.0038; Joinville;
Primeira Câmara de Direito Civil; Rel. Des. André Carvalho; DJSC
08/03/2018; Pag. 112)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO REVISIONAL DE ALIMENTOS.


REDUÇÃO DO ENCARGO ALIMENTAR. POSSIBILIDADE. REQUISITOS DO
ARTIGO 1.699 C.C. PREENCHIDOS. DEMONSTRADA A ALTERAÇÃO NA
CAPACIDADE FINANCEIRA DO ALIMENTANTE. RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO.
1. Consoante a norma insculpida no artigo 1.699 do Código Civil, para a
revisão dos alimentos deve haver mudança na situação de quem os
presta, ou de quem os recebe, de modo suficiente a fundamentar o
pedido. 2.Comprovada a redução na capacidade financeira do genitor, a
minoração da verba alimentar é medida que se impõe. 3. Recurso
conhecido e provido. (TJPR; Ag Instr 1724013-4; Curitiba; Décima
Primeira Câmara Cível; Rel. Des. Dalla Vecchia; Julg. 07/02/2018; DJPR
22/02/2018; Pág. 81)

D O S P E D I D O S e R E Q U E R I M E N T O S
13
Posto isso, o presente Agravo Regimental merece ser
conhecido e provido, principalmente quando foram comprovados os pressupostos
de sua admissibilidade, onde se pede que:

( i ) Com a oitiva prévia da Agravada (CPC, art. 1.021, § 2º) pede-se


provimento ao presente recurso, ofertando-se juízo de retratação, e,
em face dos fundamentos levantados neste Agravo Interno, decidir
pela:

1) anular o ato decisório que negou a concessão do efeito suspensivo, seja pela
nulidade por ausência de fundamentação ou, tendo em vista a alteração
substancial da situação financeira do Agravante, motivo esse suficiente para o
deferimento da medida acautelatória em mira.

( ii ) não sendo esse o entendimento de Vossa Excelência, ad


argumentandum, requer-se que o presente recurso seja submetido a
julgamento pelo Órgão Colegiado (CPC, art. 1.021, § 2º).

Respeitosamente, pede deferimento.

Cidade, 00 de abril de 0000.

Beltrano de tal
Advogado – OAB (PP) 112233

13

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