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EXCELENTÍSSIMO(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA VARA

DE FAMÍLIA E DE ÓRFÃOS E SUCESSÕES DA CIRCUNSCRIÇÃO


JUDICIÁRIA DO GUARÁ-TJDFT.

PROCESSO Nº: 0706693-13.2021.8.07.0014

JOSÉ CHAGAS NETO, nos autos do processo em epígrafe que move em face da
requerida, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, em atenção aos
documentos apresentados pela ré, com sua contestação, apresentar

RECURSO DE CONTRARRAZÕES

requerendo, após observância das formalidades usuais, a remessa dos autos ao Egrégio
Tribunal de Justiça do Estado de ...., para conhecer e negar provimento ao Recurso
interposto.

Nesses Termos,
Pede Deferimento.

Brasília- DF, 04 de outubro de 2022.

CARLOS ANDRÉ NASCIMENTO LEMOS

OAB- DF 64628
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL

Autos nº 0706693-13.2021.8.07.0014

EXONERAÇÃO DE ALMENTOS

Vara de Família e de Órfãos e Sucessões do Guará

Apelante: VALDA COSTA MADUREIRA


Apelado: JOSÉ CHAGAS NETO

DAS RAZÕES RECURSAIS

Respeitável Câmara Cível,

Célebres Julgadores,

1) DOS FATOS

Inconformada com a r. sentença que acatou o pedido autoral e exonerou o apelado do


encargo alimentar de seu ex-cônjuge, a apelante interpôs o presente recurso, visando a
sua reforma, com o restabelecimento do benefício.

Assim aduz a SENTENÇA em sua PARTE DISPOSITIVA:

“Forte nas razões, entendo que o pedido de exoneração dos alimentos é medida que se
impõe, uma vez que sua manutenção carece de fundamento e implicaria na continuidade
indevida de uma relação que há muito se desfez, o que não pode ser admitido, além de
representar até mesmo enriquecimento ilícito por parte da Requerida.

POSTO ISTO, JULGO PROCEDENTE o pedido para exonerar o


Requerente da prestação de alimentos à Requerida. Condeno a Requerida a arcar com
as custas e os honorários, os quais fixo em 10% sobre o valor da causa,
nos termos do art. 85, §2º, do CPC.

Após o trânsito em julgado, oficie-se ao órgão pagador do requerido para que


deixe de efetuar os descontos dos alimentos em favor da Requerida.”

2) DO DIREITO
Os documentos apresentados pela requerente nos autos em nada provam os fatos
por ela alegados, haja vista que já não guardam qualquer relação com os fatos e
objetivos da ação.

O patrono da apelante alude que, in verbis: “a exoneração de alimentos devidos


entre ex-cônjuges não está condicionada apenas a alteração do binômio necessidade-
possibilidade, devendo ser considerada outras circunstâncias, tais como a capacidade
potencial para o trabalho de quem recebe os alimentos e o tempo decorrido desde o
início do recebimento do benefício;”.

Ora excelência, em sede de contestação a apelante alega que imóvel da Quadra


58, Lote 11C, Águas Claras de Goiás – GO, adquirido em 20/03/2017, teria sido
vendido em 08/02/2019, pelo valor de R$ 118.000,00 (cento e dezoito mil reais),
conforme se extrai do ID de n.º 11.0984808. Enquanto o apelado não auferiu em
nenhum momento desses 9 anos valor que se quer aproximasse dessa quantia, tendo
apenas despesas cada vez mais voluptuosas com seu sustento e de sua atual família, não
deixando de comprovar documentalmente sua condição grave de saúde.

Com tal quantia a apelante teve condições mais que excelente de finalizar seu
estágio não remunerado, arcar com os custos da moradia em que alega ter adquirido por
meio do programa Habitacional Popular, inclusive, podendo mudar-se para tal e alugar
sua atual residência para auferir renda e manter-se sem prejuízo de suas finanças ou
estudos.

Reitero que com base na própria contestação apresentada pela ora apelante, não
restam dúvidas, que ela não necessita dos alimentos prestados pelo apelado, bem como
estar concluindo o curso de Técnico em Enfermagem no presente ano é mais que
suficiente para corroborar tal afirmativa. E como salientado pela própria apelante, ela
possui um patrimônio superior ao do Requerente.
Todo o conjunto probatório carreado aos autos pela apelante, leva a vala comum
da procedência do pedido, assim, merece a manutenção integral a r. decisão atacada,
porque nesse sentido predomina a jurisprudência:

"ALIMENTOS - ALTERAÇÃO DA SITUAÇÃO ECONÔMICA -


PROVA Uma das características do encargo alimentar é exatamente a
mutabilidade. Daí afirmar-se que a sentença que o determina não
transita em julgado se não do ponto de vista formal. A revisão é
sempre possível, nos termos do artigo 401, do Código Civil, com
reiteração até ampliativa no artigo 15 da Lei nº 5.478/68 (cfe. Yussef
Cahali, Dos Alimentos, Ed. Revista dos Tribunais, 1984, p. 593). Mas
é essencial que se comprove a efetiva alteração na disposição de
fortuna de quem concede ou de quem recebe os alimentos." (Ac un da
1ª C Cível do TJ SP - Ac 131.170-1, Rel. Euclides de Oliveira - j
06.11.90 - ementa IOB, por transcrição parcial).

"PENSÃO ALIMENTÍCIA - EXONERAÇÃO - ACORDO


ANTERIOR EM AÇÃO DE ALIMENTOS - MULHER COM
CONDIÇÕES DE SUBSISTÊNCIA - REDUÇÃO Apelação cível.
Ação de exoneração de pensão alimentícia. Acordo anterior havido em
ação de alimentos entre marido e mulher quanto à pensão em favor da
mulher e da filha do casal. Comprovação atual de condições de
subsistência por parte da mulher. Decisão de primeiro grau dando pela
improcedência da ação. Recurso provido para excluir a pensão em
favor da mulher, permanecendo 20% (vinte por cento) em favor da
filha do casal, bem como os demais benefícios constantes do acordo
anterior.
Se, em ação de exoneração proposta pelo marido contra a mulher,
resta demonstrado que, após acordo havido em anterior ação de
alimentos, veio ela a obter condições para sua própria subsistência, dá-
se provimento ao recurso para, exonerando o marido da pensão devida
à esposa, reduzir a pensão anterior no montante de trinta por cento, em
favor da mãe e da filha, em dez por cento, permanecendo em favor da
filha do casal os vinte por cento restantes e os demais benefícios
constantes do acordo anterior." (Ac nº 985/89 - Jardim - Apelante:
M.L.L. - Apelada: B.M.C. - Ac un da 1ª Turma do TJ/MS)

3) DO PEDIDO

Requer-se primeiramente que a apelação não seja conhecida, por não apontar o
vício da decisão recorrida, que poderá ser quanto a sua justiça (error in judicando) OU
quanto ao procedimento (error in procedendo). A teor do que reza o artigo 514 do
Código de Processo Civil Brasileiro, a apelação deve apontar os fundamentos de fato de
direito em que se esteia o pedido de nova decisão, e isto não ocorreu nas razões da
apelante. O intuito é claramente protelatório.

Na exposta conformidade e o que constar mais dos autos, o apelado considera


que o processo está amadurecido para um julgamento antecipado quando a questão de
mérito for unicamente de direito, ou, sendo de direito e de fato, não houver necessidade
produzir prova (art. 330 CPC).
A apelante não demonstra razões determinantes que possam modificar a
sentença proferida, insiste apenas em torcer o direito pleiteando a modificação da r.
decisão proferida pelo julgador monocrático que está perfeitamente coerente com os
fatos apostos, pois, conforme entendimento da jurisprudência dominante.

Nesses Termos,

Pede Deferimento.

Brasília- DF, 04 de outubro de 2022.

CARLOS ANDRÉ NASCIMENTO LEMOS

OAB- DF 64628

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