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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 00ª VARA DE FAMÍLIA DA

CIDADE _____________

Açã o de Alimentos
Proc. nº. 000000-00.2021.0.00.0000
Autora: Claudia de Tal e outra
Réu: José das Quantas
[Formula-se pedido de efeito suspensivo à apelaçã o]

JOSÉ DAS QUANTAS (“Apelante”), solteiro, empresá rio, residente e domiciliado na Rua X,
nº. 0000. Apto. 1201 –Uberlândia (MG) – CEP nº 000000-000, possuidor do CPF (MG) nº.
555.444.333-22, comparece, com o devido respeito e má xima consideraçã o à presença de
Vossa Excelência, nã o se conformando, vênia permissa máxima, com a sentença nã o
meritó ria exarada à s fls. 89/96, para interpor, tempestivamente ( CPC, art. 1.003, § 5º), com
suporte no art. 1.009 e segs. do Có digo de Processo Civil, o presente recurso de
APELAÇÃO c/c pedido de efeito suspensivo
(CPC, art. 1.012, § 4º)
tendo como parte recorrida o CLAUDIA DE TAL e outra (“Apelada”), divorciada,
comerciá ria, residente e domiciliada na Rua das Quantas, nº. 000, nesta Cidade, inscrita no
CPF (MG) nº. 000.000.000-00, com endereço eletrô nico desconhecido, em virtude dos
argumentos fá ticos e de direito expostos nas RAZÕES acostadas.
Solicita-se que seja declarado os efeitos com que recebe o recurso em espécie,
determinando, de logo, que a Apelada se manifeste acerca do presente (CPC, art. 1.010, §
1º) e, depois de cumpridas as formalidades legais, seja ordenada a remessa desses autos,
com as Razões de Apelação, ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais.
Nestes termos,
pede deferimento.
Cidade, 00 de setembro do ano de 2021.

Advogada
OAB MG 000000
RAZÕES DE APELAÇÃO

Processo nº. 0000000-00.2021.0.00.0000


Originário da 00ª Vara de Família da Cidade
Recorrente: José das Quantas
Recorrida: Cláudia de Tal e outra
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE MINAS GERAIS:
Em que pese à reconhecida cultura do eminente Juízo de origem e à proficiência com que o
mesmo se desincumbe do mister judicante, há de ser reformada a decisã o ora recorrida,
porquanto proferida em completa dissonâ ncia para com as normas aplicá veis à espécie,
inviabilizando, portanto, a realizaçã o da Justiça.

(1) – DA TEMPESTIVIDADE
(CPC, art. 1.003, § 5º)
O presente recurso há de ser considerado tempestivo, vez que a sentença em questã o fora
publicada no Diá rio da Justiça nº. 0000, em sua ediçã o do dia 00/11/2222, o qual circulou
no dia 11/00/2222.
Nesse ínterim, à luz da regência da Legislação Adjetiva Civil (art. 1.003, § 5º), este
recurso é interposto dentro do lapso de tempo fixado em lei.
(2) – PREPARO
(CPC, art. 1.007, caput)
O Recorrente acosta o comprovante de recolhimento do preparo (CPC, art. 1.007, caput),
cuja guia, correspondente ao valor de R$ 00,00 (.x.x.x.), atende à tabela de custas deste
Tribunal.

(3) – SÍNTESE DO PROCESSADO


(CPC, art. 1.010, inc. II)
Os litigantes foram casados sob o regime de comunhã o parcial de bens, tendo a uniã o
principiada em 00 de maio de 0000. Do enlace sobrevieram a filha Karoline de Tal.
Os mesmos, na data de março de 0000, ajuizaram Açã o de Divó rcio Consensual, onde,
nessa, fixou-se as previsõ es alimentares, dentre outras avenças. A sentença homologató ria
fora publicada em 00 de junho de 0000, com o trânsito em julgado no dia 00 de julho de
0000.
Na época da estipulaçã o dos Alimentos, em face do divó rcio em liça, o Apelante detinha o
cargo de Diretor Adjunto no _______.
Oportuno destacar que o Apelante, na época da separaçã o, também pagava pensã o
alimentícia a sua ex- esposa Maria das Tantas, atualmente no importe de R$ 0.000,00
(.x.x.x), que, adicionado a outros encargos, resulta no total de R$ 0.000,00.
No dia 00 de maio do ano de 0000, o Recorrente casou-se novamente, sob o regime de
comunhã o universal de bens, com Aline das Tantas, em que essa adotou, apó s o enlace, o
nome de Aline das tantas de tal. Os mesmos igualmente possuem um ú nico filho, esse
nascido no dia 10 de março de 0000.
Em 04 de abril do ano pretérito pró ximo, o Apelante teve seu contrato de trabalho
rescindido (sem justa causa), entã o vigorante com Banco Zeta S/A. Passou, entã o, a figurar
como mais um no rol de desempregados. Pagava as suas ex-cô njuges, por desconto em
folha de pagamento, na ocasiã o de sua demissã o, as importâ ncias de R$ 0.000,00 (.x.x.x ) e
R$ 000,00 (.x.x.x ) (Ilda).
Apesar dessa drá stica adversidade do destino, o Apelante, ainda assim, maiormente
demonstrando a honradez que sempre lhe foi peculiar, continuou pagando
rigorosamente suas obrigações alimentares, aliá s como o sempre fez.
Somente no dia 01 de setembro de 0000 foi que o Apelante conseguiu, naquela
oportunidade como só cio de empresa de consultoria (Senior .x.x.x Ltda), angariar uma nova
fonte de renda. Todavia, bem aquém do salário que antes recebia, ou seja, R$ 00.000,00
(.x.x.x). Veja que o Apelante percebia, em seu ú ltimo extrato de pagamento de salá rio,
deduzidos vários encargos, inclusive alimentares, a quantia de R$ 00.000,00 ( x.x.x. ).
Acrescente-se, ainda, que o Recorrente teria que deduzir vá rias obrigaçõ es tributá rias e
trabalhistas desse minú sculo contrato. Melhor dizendo, ú nico contrato e fonte de renda.
Mas nã o durou muito. Em 12 de maio do corrente, esse precioso contrato, infelizmente, fora
desfeito.
Atualmente a Apelada recebe do Autor, a título de pensã o alimentícia, a quantia de R$
0.00,00 (.x.x.x .). Adicionado a outros encargos, resulta em R$ 00.000,00 ( .x.x.x. ). Vejamos, a
propó sito, de bom alvitre, um breve demonstrativo desse quantum:
RESUMO DA PENSÃO:
i. Colégios...............R$ .x.x.x
ii. Alimentos..............R$ .x.x.x
iii. Ass. Médica..........R$.x.x.x.x
iv. Prest. Apto............R$.x.x.x
Total: R$ .x.x.x.x.x
Diante dessa inescusá vel situaçã o de ruína financeira, o Apelante manejou a Açã o
Revisional de Alimentos em vertente, agregada com pleito de tutela provisó ria de urgência.
Entrementes, os pedidos foram julgados improcedentes, razã o qual motivou a interposiçã o
deste recurso de Apelaçã o.
O juízo de piso, em seus fundamentos, argumentou, em síntese, rechaçou tal pleito
albergado nos seguintes fundamentos:
“Para que o encargo alimentar estabelecido seja revisado, deve haver prova segura da efetiva
modificação da fortuna de quem paga ou da necessidade de quem recebe, e essa prova deve
ser produzida ao longo de toda a fase cognitiva da ação de revisão de alimentos. Inexistindo
ao início do feito prova cabal da substancial alteração da capacidade econômica da
alimentante, descabe estabelecer a redução da pensão alimentícia.”
Eis, pois, a decisã o meritó ria guerreada, a qual, sem sombra de dú vidas, concessa venia,
deve ser reformada.
PRELIMINARMENTE
Nulidade – Ausência de fundamentação (CPC, art. 1.013, inc. IV)
O Apelante solicitara, no â mago da querela, fossem acolhidos os pedidos de sorte a
reduzirem-se os alimentos para R$ 300,00 (trezentos reais).
O Recorrente, na ocasiã o, fizera longos comentá rios acerca da propriedade do referido
pleito. Afora isso, foram colacionados inú meros documentos comprobató rios das alegaçõ es.
Todavia, como visto, o pedido fora negado.
A decisã o guerreada incorrera em erro, data venia, uma vez que julgara sem a devida e
necessária motivação.
O Apelante, por toda a extensã o da querela, fizera consideraçõ es fá ticas e, ao mesmo tempo,
trazia à tona prova documental de sorte a ratificar o alegado. Assim, trouxera elementos
suficientes para concluir-se pela procedência dos pedidos, máxime ante à alteração dos
recursos financeiros daquele.
Entrementes, a despeito de tamanha fundamentaçã o, o pleito fora obstado por meio da
decisã o antes mencionada.
Ao julgar improcedentes os pedidos, o Magistrado a quo nã o cuidou de tecer comentá rios
acerca de um ú nico sequer documento atribuído como prova. Nã o se sabe minimamente as
razõ es que, por exemplo, o documento probató rio da demissã o do Apelante nã o deveria ser
levado a efeito; nã o se sabe, igualmente, os porquês dos documentos que comprovam a
insolvência do Recorrente nã o têm o condã o de ser tidos como argumento a justificar a
reduçã o dos alimentos.
Enfim, seguramente essa deliberaçã o merece reparo.
Com esse enfoque dispõ e o Có digo de Processo Civil que:
Art. 489. Sã o elementos essenciais da sentença:
§ 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela
interlocutória, sentença ou acórdão, que:
I - se limitar à indicaçã o, à reproduçã o ou à pará frase de ato normativo, sem explicar sua
relaçã o com a causa ou a questã o decidida;
(...)
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a
conclusão adotada pelo julgador;
Sem sombra de dú vidas a regra supra aludida se encaixa à decisã o hostilizada. A mesma
passa longe de invocar argumentos capazes de motivar a rejeiçã o ao pedido buscado.
A ratificar o exposto acima, é de todo oportuno gizar o magistério de José Miguel Garcia
Medina:

“O conceito de omissão judicial que justifica a oposição de embargos de declaração, à luz do


CPC/2015, é amplíssimo. Há omissã o sobre o ponto ou questão, isso é, ainda que nã o tenha
controvertido as partes (questã o), mas apenas uma delas tenha suscitado o fundamento
(ponto; sobre a distinçã o entre ponto e questã o, cf. comentá rio ao art. 203 do CPC/2015).
Pode, também, tratar-se de tema a respeito do qual deva o ó rgã o jurisdicional pronunciar-
se de ofício (p. ex., art. 485, § 3º do CPC/2015), ou em razã o de requerimento da parte.
Deve ser decretada a nulidade da decisã o, caso a omissã o nã o seja sanada. “( MEDINA, José
Miguel Garcia. Novo Código de Processo Civil comentado: ... – Sã o Paulo: RT, 2015, p. 1.415)
(itá licos do texto original)
Nesse mesmo passo sã o as liçõ es de Teresa Arruda Alvim Wambier:

“ Em boa hora, consagra o dispositivo do NCPC projetado ora comentado, outra regra
salutar no sentido de que a adequação da fundamentação da decisão judicial não se
afere única e exclusivamente pelo exame interno da decisão. Nã o basta, assim, que se
tenha como material para se verificar se a decisã o é adequadamente fundamentada (= é
fundamentada) exclusivamente a própria decisão. Esta nova regra prevê a necessidade de
que conste, da fundamentaçã o da decisã o, o enfrentamento dos argumentos capazes, em
tese, de afastar a conclusã o adotada pelo julgador. A expressã o nã o é a mais feliz:
argumentos. Todavia, é larga e abrangente para acolher tese jurídica diversa da adotada,
qualificaçã o e valoraçã o jurídica de um texto etc.
Ve-se, portanto, que, segundo este dispositivo, o juiz deve proferir decisão afastando,
repelindo, enfrentando elementos que poderiam fundamentar a conclusão diversa.
Portanto, só se pode aferir se a decisão é fundamentada adequadamente no contexto
do processo em que foi proferida. A coerência interna corporis é necessária, mas não
basta. “ (WAMBIER, Teresa Arruda Alvim ... [et al.]. – Sã o Paulo: RT, 2015, p. 1.473)
(itá licos e negritos do texto original)
Nã o fosse isso o bastante, urge transcrever igualmente as liçõ es de Luiz Guilherme
Marinoni:

“Assim, o parâ metro a partir do qual se deve aferir a completude da motivaçã o das decisõ es
judiciais passa longe da simples constâ ncia na decisã o do esquema ló gico-jurídico mediante
o qual o juiz chegou à sua conclusã o. Partindo-se da compreensã o do direito ao
contraditó rio como direito de influência e o dever de fundamentaçã o como dever de
debate, a completude da motivaçã o só pode ser aferida em funçã o dos fundamentos
arguidos pelas partes. Assim, é omissa a decisã o que deixa de se pronunciar sobre
argumento formulado pela parte capaz de alterar o conteú do da decisã o judicial. Incorre
em omissã o relevante toda e qualquer decisã o que esteja fundamentada de forma
insuficiente (art. 1.022, pará grafo ú nico, II), o que obviamente inclui ausência de
enfrentamento de precedentes das Cortes Supremas arguidos pelas partes e de
jurisprudência formada a partir do incidente de resoluçã o de demandas repetitivas e de
assunçã o de competência perante as Cortes de Justiça (art. 1.022, pará grafo ú nico, I). “
(MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo curso de
processo civil: tutela ... vol. 2. – Sã o Paulo: RT, 2015, p. 540)
Nesse mesmo sentido:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA.
INDENIZATÓRIA. CEEE. CÁLCULO. CORREÇÃO. DEVER DE FUNDAMENTAR (ART. 93
DA CF/88). DECISÃO DESCONSTITUÍDA.
Decisã o judicial que se limitou a reconhecer a correçã o do cá lculo apresentado pela
contadoria e nã o apreciou, de forma detida, os argumentos deduzidos pelos litigantes, nã o
deve ser mantida pela ausência de fundamentaçã o. Nula toda e qualquer decisã o que nã o
contenha fundamentaçã o, conforme o artigo 165, do có digo de processo civil e artigo 93, ix,
da constituiçã o federal. Deram provimento ao agravo de instrumento. (TJRS; AI 0410398-
09.2015.8.21.7000; Porto Alegre; Décima Nona Câ mara Cível; Rel. Des. Eduardo Joã o Lima
Costa; Julg. 17/12/2015; DJERS 28/01/2016)
PROCESSO CIVIL. APELAÇÃO. EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. MORTE DO
EXEQUENTE. SENTENÇA DE EXTINÇÃO COM BASE NOS ARTS. 267, IV, E 295, III,
AMBOS DO CPC. AUSÊNCIA DE REQUISITO ESSENCIAL. RELATÓRIO. ART. 458 DO CPC.
NULIDADE. FALECIMENTO DO AUTOR DA DEMANDA. NECESSÁRIA SUSPENSÃO DO
PROCESSO. PREVISÃO LEGAL EXPRESSA. ARTS. 43, 265, I, 791, II, E 1.055, TODOS DO
CPC. SENTENÇA ANULADA EX OFICIO.
1. Sã o requisitos essenciais da sentença o relató rio, a fundamentaçã o e o dispositivo.
Inexistente qualquer dos requisitos expressos no art. 458, impõ e-se a anulaçã o da sentença
ex oficio. 2. Ademais, havendo notícia de falecimento do exequente da açã o, nã o há que se
falar em extinçã o do feito com base nos arts. 267, IV, e 295, III, ambos do CPC. Devendo a
açã o ser suspensa, conforme previsã o expressa constante nos arts. 265, I, 791, II e 1.055,
todos do mesmo diploma legal, até que seja regularizado o polo ativo da demanda, pela
habilitaçã o-incidente do espó lio ou herdeiros do de cujus. 3. Ante o exposto, impende
declarar a nulidade da sentença de fl. 49, determinando-se a remessa dos autos à primeira
instâ ncia para suspensã o da açã o de execuçã o, nos termos do art. 791, II, do CPC. 4. Apelo
parcialmente provido. (TJPE; Rec. 0093282-86.1996.8.17.0001; Primeira Câ mara Cível; Rel.
Des. Roberto da Silva Maia; DJEPE 22/01/2016)
Diante disso, ou seja, face à carência de fundamentação, mostra-se necessária a
anulação do decisum combatido. (CPC, art. 1.013, § 3º, inc. IV)

(5) – NO ÂMAGO
(CPC, art. 1.010, inc. II)
5.1. Deveras houve acentuada alteração econômica do alimentante
Sabemos que a sentença de alimentos nã o traz consigo trâ nsito julgado material. Opera,
assim, tão somente o efeito preclusivo formal.
Face à mutabilidade que resultam das estipulaçõ es de alimentos, temos que mencionadas
decisõ es revestem-se do cará ter da clá usula rebus sic stantibus.
A propó sito, dispõ e a Lei 5.478/68 ( Lei de Alimentos) que
Art. 15 - a decisã o judicial sobre alimentos não transita em julgado e pode a qualquer
tempo ser revista, em face da modificaçã o da situaçã o financeira dos interessados.”
De outra parte, o Estatuto de Ritos fornece a mesma diretriz quando afirma que:
“Art. 505 - Nenhum juiz decidirá novamente as questõ es já decididas relativas à mesma
lide, salvo:
I - se, tratando-se de relaçã o jurídica de trato continuado, sobreveio modificaçã o no estado
de fato ou de direito, caso em que poderá a parte pedir a revisã o do que foi estatuído na
sentença;
II - nos demais casos prescritos em lei.
Assim, as sentenças de alimentos, terminativas, passam em julgado em relaçã o aos fatos
existentes no momento de sua pronú ncia. Cessa, entretanto, seu efeito preclusivo, logo que
haja alterações no estado de fato ou de direito antes consignado.
A quantidade de documentos colacionados, como afirmado alhures, nã o deixam qualquer
margem de dú vida da gigante alteraçã o financeira do Apelante. Por isso, concessa venia, nã o
caminhou bem o magistrado processante ao julgar improcedentes a reduçã o dos alimentos
para o importe de R$ 300,00 (trezentos reais) mensais.
Com efeito, é altamente ilustrativo transcrever o magistério de Cristiano Chaves e Nélson
Rosenvald, quando, acerca do tema, lecionam, ad litteram:

“ Considerada a clareza da norma legal inserida no art. 1.699 da Lei Civil, bem como a
natureza rebus sic stantibus de toda e qualquer decisã o ou convençã o a respeito de
alimentos, infere-se, com tranquilidade, a possibilidade de revisã o do quantum alimentício,
a qualquer tempo, quando modificada a fortuna de quem os presta ou a necessidade de
quem os recebe.
(...)
Naturalmente, a revisã o alimentícia está condicionada á comprovaçã o de que houve uma
mudança, para maior ou para menor, nos elementos objetivos, fá ticos ou jurídicos, da
obrigaçã o alimentícia posterior à sua fixaçã o, decorrente de fato imprevisível, nã o
decorrente do comportamento das pró prias partes, afinal se a diminuiçã o de sua
capacidade econô mica decorre de ato voluntá rio do alimentante ou do alimentando, nã o se
pode justificar a revisã o. “ (FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de
Direito Civil. 4ª Ed. Bahia: JusPodvim, 2012, vol. 6. Pá gs. 857-858)
Na mesma esteira de entendimento, vejamos as liçõ es de Carlos Roberto Gonçalves:

“ Sendo variá veis, em razã o de diversas circunstâ ncias, os pressupostos objetivos de


obrigaçã o de prestar alimentos – necessidade do reclamante e possibilidade da pessoa
obrigada --, permite a lei que, neste caso, se proceda á alteraçã o da pensã o, mediante açã o
revisional ou de exoneraçã o, pois toda decisã o ou convençã o a respeito de alimentos traz
ínsita a clá usula rebus sic stantibus.
(...)
Se, todavia, ocorre o contrá rio, ou seja, se o alimentante, em razã o de diversas causa, como
falência, doença impeditiva do exercício de atividade laborativa, perda do emprego e outra,
sobre acentuada diminuiçã o em seus ganhos mensais a ponto de nã o mais ter condiçõ es de
arcar com o pagamento das prestaçõ es, assiste-lhe o direito de reivindicar a reduçã o do
aludido quantum ou mesmo, conforma s circunstâ ncias, completa exoneraçã o do encargo
alimentar. “ (GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. 9ª Ed. Sã o Paulo: Saraiva,
2012, vol. 6. Pá g. 560)
A corroborar o entendimento doutriná rio acima transcrito, urge revelar os seguintes
arestos:
REVISÃO DE ALIMENTOS. PEDIDO DE REDUÇÃO. ALTERAÇÃO DA CAPACIDADE
ECONÔMICA DO ALIMENTANTE. REDEFINIÇÃO DO ENCARGO ALIMENTAR, QUE
DEVEM INCIDIR SOBRE A REMUNERAÇÃO LÍQUIDA DO ALIMENTANTE.
1. A açã o de revisã o de alimentos visa a definiçã o do encargo alimentar, quando ocorre
alteraçã o do binô mio possibilidade e necessidade. Pressupostos do artigo 1.699 do CCB. 2.
Reputa-se alterada a capacidade econô mica do alimentante, quando ele muda de emprego e
passa a ter uma remuneraçã o fixa, justificando-se a revisã o do quantum alimentar. 3. Para a
redefiniçã o do encargo alimentar, devem ser contempladas tanto as necessidades dos
filhos, como, também, a capacidade econô mica do pai, tendo em mira tanto os seus ganhos,
e também os seus demais encargos pessoais e de família. Recurso provido, em parte. (TJRS;
AC 0011293-98.2016.8.21.7000; Guaíba; Sétima Câ mara Cível; Rel. Des. Sérgio Fernando de
Vasconcellos Chaves; Julg. 16/03/2016; DJERS 28/03/2016)
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE REVISÃO DE ALIMENTOS. MENOR DE IDADE.
REDEFINIÇÃO DO QUANTUM. REDUÇÃO. VALOR FIXADO DE FORMA RAZOÁVEL EM
PRIMEIRO GRAU. MANUTENÇÃO. INTELIGÊNCIA DO ART. 1.699 DO CÓDIGO CIVIL.
OBSERVÂNCIA DOS REQUISITOS DE CAPACIDADE, NECESSIDADE E
PROPORCIONALIDADE PELO JUÍZO A QUO. CONFORMIDADE COM PARECER
MINISTERIAL. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
A açã o de revisã o de alimentos é juridicamente possível sempre que se verificar a efetiva
alteraçã o do binô mio possibilidade/necessidade, pois ela se destina à redefiniçã o do
encargo alimentar. Mostra-se adequada a reduçã o promovida pelo magistrado de primeiro
grau, pois fixada de acordo com a necessidade do alimentando, os ganhos do alimentante, e,
também, em observâ ncia aos encargos de família, pois este tem outro filho menor. (TJMT;
APL 158192/2015; Capital; Rel. Des. Dirceu dos Santos; Julg. 09/03/2016; DJMT
15/03/2016; Pá g. 83)
ALIMENTOS. REVISÃO. ALTERAÇÃO DO BINÔMIO POSSIBILIDADE/NECESSIDADE.
1. A prestaçã o alimentícia deve ser fixada com base no binô mio necessidade/possibilidade.
2 - A constituiçã o de outra família, com o nascimento de dois filhos, um deles portador de
hidrocefalia, evidencia a modificaçã o da possibilidade do alimentante, justificando a
reduçã o dos alimentos devidos. (TJDF; Rec 2014.01.1.116535-8; Ac. 922.258; Quarta
Turma Cível; Rel. Des. Fernando Habibe; DJDFTE 04/03/2016; Pá g. 209)
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL DE ALIMENTOS. SENTENÇA DE
IMPROCEDÊNCIA.
1. Recurso do alimentante. Modificaçã o do encargo alimentar condicionado à comprovaçã o
da alteraçã o no binô mio necessidade e possibilidade, cristalizado pelo princípio norteador
para a quantificaçã o do dever de fornecer alimentos: O princípio da proporcionalidade.
Inteligência dos artigos 1.699 do Có digo Civil e 333, I, do có digo de processo civil. 2.
Obrigaçã o alimentar fixada em acordo judicial no valor de 30% (trinta por cento) dos
rendimentos do genitor, mais o pagamento das mensalidades escolares da menor.
Pretendida minoraçã o fundamentada na exorbitâ ncia da quantia, que, no total,
compromete aproximadamente 46% (quarenta e seis por cento) dos ganhos do
alimentante. 3. Readequaçã o impositiva da verba. Minoraçã o ao importe equivalente a 20%
(vinte por cento) dos rendimentos brutos do apelante, abstraídos os descontos legais (inss
e ir), e com incidência sobre horas extras, gratificaçõ es e décimo terceiro salá rio, mantida a
obrigaçã o de adimplemento da mensalidade da instituiçã o de ensino frequentada pela
infante. 4. Quantia suficiente para atender à s necessidades da menor sem onerar
demasiadamente o genitor. Reduçã o imperiosa. 5. Recurso conhecido e parcialmente
provido. (TJSC; AC 2014.051694-6; Sã o Francisco do Sul; Primeira Câ mara de Direito Civil;
Rel. Desig. Des. Raulino Jacó Brü ning; Julg. 23/02/2016; DJSC 02/03/2016; Pá g. 211)

( 5 ) PEDIDO INICIAL A ESTA RELATORIA


DA NECESSIDADE DE ATRIBUIÇÃO DE EFEITO SUSPENSIVO À APELAÇÃO
CPC, art. 995, parágrafo único c/c art. 1.012, § 4º
As questõ es destacadas na Açã o Revisional de Alimentos sã o de gravidade extremada e
reclama, sem sombra de dú vidas, a atribuiçã o de efeito suspensivo. Inquestioná vel que a
hipó tese ora trazida à baila preenche os requisitos exigidos pelo art. 1.012, § 4º, do
Estatuto de Ritos.
É inquestioná vel que restou demonstrado, pois, o preenchimento do requisito do “risco de
lesão grave e de difícil reparação” e da “fundamentação relevante”. Por isso, há de ser
concedida a tutela recursal de sorte a emprestar efeito suspensivo ao recurso de
apelação em em liça.
Nesse compasso, a parte Recorrente demonstrou satisfatoriamente o requisito da
“fundamentação relevante”. É irrefutá vel que ficou comprovada a ausência de
fundamentação da decisão recorrida e, mais, a situação de desequilíbrio da
possibilidade-necessidade quanto ao pagamento da verba alimentar.
Ademais, além da “fundamentação relevante”, devidamente fixada anteriormente, a peça
recursal preenche o requisito do “risco de lesão grave e difícil reparação”. Há possibilidade
da prisã o civil do Recorrente, em que pese, ao nosso sentir, tenha razã o escusá vel. Desse
modo, para o Apelante, como para qualquer outro, é medida drá stica que afetará
significativamente na sua ordem social e psicoló gica.
Como consequência, pede-se seja conferido efeito suspensivo ao apelo (CPC, art. 1.012, §
4º), determinando-se, via reflexa, seja o Apelante autorizado a pagar mensalmente, a título
de verba alimentar, a quantia de R$ 300,00 (trezentos reais).
(6) – RAZÕES DO PEDIDO DA REFORMA
(CPC, art. 1.010, inc. III)
Em conta disso, é inarredá vel que a sentença merece ser anulada ou reformada,
porquanto:
a) há elementos probatórios suficientes a comprovar a alteração da capacidade de
pagamento do alimentante;
b) a decisão hostilizada não se encontra fundamentada.

(7) – PEDIDO DE NOVA DECISÃO


(CPC, art. 1.010, inc. IV)
Nessas condições, requer o Apelante que está Egrégia Corte reedite mais uma de suas
brilhantes atuações, para, em considerando tudo o mais que dos autos constam,
conheça das presentes razões recursais, dando provimento ao apelo para cassar a
sentença em face da patente nulidade absoluta, declarando-a como cassada ( CPC,
art. 1.013, § 3º, inc. IV). Por conseguinte, seja determinado o retorno dos autos ao
juízo monocrático para que esse dê regular prosseguimento do processo.
Não sendo esse o entendimento, subsidiariamente pede-se a reforma da decisão
guerreada, minorando-se os alimentos para a quantia mensal de R$ 300,00
(trezentos reais).

Nestes termos,
pede deferimento.
Cidade, 00 de maio do ano de 2021.
Advogada
OAB MG 000000

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