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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SANTA CATARINA

JUSTIÇA GRATUITA 100%

ALEXANDER RICARDO NEJEDLO, brasileiro, em união estável,


desempregado, portador do RG n.° 3204084, inscrito no CPF sob n.° 019.754.309-05, residente e
domiciliado em Balneário Camboriú, Santa Catarina, na Avenida Brasil n.° 3841, ap. 501, centro,
por meio de sua procuradora, com escritório na Avenida Brasil, 341, conj 403, Balneário Camboriú,
Santa Catarina, e-mail sofia.adv@hotmail.com, inconformado com a decisão interlocutória
proferida pela MM. Juíza de Direito da 1ª Vara de Família da Comarca de Blumenau, nos autos
digitais de Cumprimento de Sentença 0023408-75.2008.8.24.0008/01, que lhe é movida por sua
filha atualmente maior de 18 anos Marion Vieira Nejedlo, nos termos do artigo 1.015 e seguintes
do CPC, vem à presença de Vossa Excelência interpor o presente

AGRAVO DE INSTRUMENTO, com pedido de antecipação de tutela recursal (artigos


995, PU, e 1.019, I, todos do CPC),

Nos termos do artigo 1.015, PU, do CPC, caberá agravo de instrumento contra as decisões
interlocutórias proferidas no processo de execução, que é exatamente a hipótese ocorrida na ação de
execução de alimentos que lhe é movida, uma vez que a MM. Juíza a quo REJEITOU A
JUSTIFICATIVA APRESENTADA E DETERMINOU SUA PRISÃO CIVIL POR 60 DIAS.

Informa que nos termos dos artigos 1.003, § 5º, e 218, § 4º, ambos do CPC, o presente
recurso é TEMPESTIVO, uma vez que a sua interposição está sendo realizada sem a intimação da
parte executada. Em cumprimento ao artigo 1.016, IV, do CPC, informa o nome e endereço dos
advogados do agravante e da agravada constantes nos autos do processo digital:
Pelo agravante: Sofia Carolina Jacob de Paula, OAB/PR 45077 com escritório na Avenida Brasil,
341, conj 403, Balneário Camboriú, Santa Catarina, e-mail sofia.adv@hotmail.com

Pela agravada: LUIZA ALESANDRA RIBEIRO FRONZA - OAB/SC 33.084, Rua Rudolfo
Liesenberg, n° 206, sala 01, bairro Fortaleza, CEP 89.056-485, Blumenau/SC. Fone (47) 3323-
7619, e-mail luiza@fronza.adv.br

Ressalta-se a juntada da integra do autos de cumprimento de sentença.

Nestes termos, pede deferimento.

Sofia C. Jacob de Paula


OAB/PR 45077
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SANTA CATARINA

1ª Vara de Família da Comarca de Blumenau,


Autos Digitais de Cumprimento de Sentença 0023408-75.2008.8.24.0008/01

Agravante/executado: ALEXANDER RICARDO NEJEDLO


Agravada/exequente: Marion Vieira Nejedlo (MAIOR DE 18 ANOS)

Colenda Câmara,
Eminentes Desembargadores,

A ilustre magistrada a quo não agiu com o costumeiro acerto, devendo a r. decisão agravada ser
inteiramente reformada, conforme restará demonstrado.

I –SÍNTESE DO PROCESSADO
ORIGEM DA OBRIGAÇÃO ALIMENTAR

Nos autos n.° 0023408-75.2008.8.24.0008, intentado no ano de 2008 pela genitora da ora
agravada, inicialmente medianter a avó da agravada e genitora do ora agravante (Marlene
Pinheiro), determinou-se o pagamento mensal correspondente à 50% (cinquenta por cento) do
salário mínimo nacional, com vencimento sempre no dia 16 de cada mês.
Importante frisar que a obrigação alimentar foi ajustada numa época em que o agravante
possuía uma situação financeira estável, uma vez que era sócio de uma loja de roupas no município
de Camboriú.
MUDANÇA NA SITUAÇÃO FINANCEIRA DO AGRAVANTE

Conforme amplamente exposta na justificativa não aclhido pelo r. juízo, em função da grave
crise econômica que assolou o país a partir de 2014, fato amplamente divulgado em todos os meios
de comunicação, milhares de empresários, em especial, os micro e pequenos empresários,
encerraram suas atividades, e não foi diferente com o agravante.
Sua situação financeira mudou bruscamente. No decorrer do processo, o agravante vendeu
imóvel financiado onde residia com sua antiga companheira na cidade de Itajaí, bairro Santa Clara,
bem como seu veículo, também adquirido em conjunto com sua antiga companheira e encerrou as
atividades de sua loja, voltando a trabalhar com freelancer, pois perdeu suas única fontes de renda.

EXECUÇÃO DA OBRIGAÇÃO ALIMENTAR


Com a apresentação da justificativa, o agravante/executado propos acordo de pagamento de
parcelas que possibilitariam o pagamento, entretando, não foi aceito pela genitora da beneficiária há
epóca, uma ve que a menor atingui a maior idade, e ausencia de urgencia iminente, uma vz que a
demanda foi protocolizada em 2008, há mais de 10 anos atrás, sendo a determinação de prisão por
60 dias medida não razoável e desproporcional, pois apenas impedirá ainda mais o pagamento da
dívida e dos alimentos vencidos.
Ressalta-se, ainda, que existe outra demanda requerendo alimentos vencidos há mais de 5
anos, promovida pela mesma genitora, tornando o cumprimento integral da obrigação impossivel no
momento, salientando que o agravante possui outra filha impúbere para alimentar, conforme
certidão de nascimento anexa aos autos.

DECISÃO AGRAVADA

Em que pese a grave situação financeira do agravante, que foi comprovada


documentalmente e, repita-se, a justificativa apresentada foi rejeitada, as fls. 88, com publicação
exclusivamente em nome da procuraora da exequente, ora agravada, veja-se:

“Certifico que o ato abaixo consta da relação nº 0064/2019, encaminhada para


publicação. Advogado Forma Luiza Alessandra Ribeiro Fronza (OAB 33084/SC) D.J
Teor do ato: "Diante do exposto, REJEITO a justificativa apresentada e, com fulcro
no artigo 528, § 3º, do Código de Processo Civil, decreto a prisão civil do executado
A.R.N., a ser cumprida em regime fechado, devendo o preso ficar separado dos
presos comuns (§ 4º do art. 528 do NCPC), pelo prazo de 60 (sessenta) dias. DEFIRO
ao executado os benefícios da justiça gratuita (fl. 40), suspendendo a exigibilidade
dos honorários advocatícios anteriormente fixados, nos termos do art. 98, § 3º, do
NCPC.Remetam-se os autos à Contadoria Judicial para a atualização do débito
alimentar. Após, expeça-se mandado de prisão civil do devedor, autorizada a
expedição de carta precatória e reforço policial para o cumprimento da diligência, se
for o caso. Nos termos do art. 517 c/c 528, §§ 1º e 3º, do NCPC, expeça-se certidão e
ofício para fins de protesto da decisão judicial transitada em julgado. Friso, desde já,
que havendo comprovação da satisfação integral da obrigação determino o
cancelamento do protesto, devendo o Cartório proceder a expedição de ofício, nos
termos do § 4º do art. 517 do NCPC. Expirado o prazo de validade do mandado de
prisão sem o devido cumprimento, desde já autorizo a expedição de contramandado
para regularização junto ao BNMP.Cumpra-se e intime-se “

II –DAS RAZÕES PARA A REFORMA DA DECISÃO RECORRIDA

Conforme se verifica da decisão recorrida acima, a MM. Juíza determinou a prisão civil
do agravante pelo prazo de 60 dias, sem explanar o motivo que enraizou a r. decisão extrema,
desreipeitando o art. 489 do CPC/15.
Com a devida vênia, a MM. Juíza a quo não agiu com o costumeiro acerto ao decretar a
prisão civil do agravante, uma vez que sequer funamentou a decisão e nem intimou a procurado a
respeito da rejeição da justificativa apresentada.
De outro norte, vale lembrar que a genitora nunca permitiu contato com do genitor sua
filha no decorrer de todos esses 11 anos, envenenando a prole, hoje maior de 18 anos.

DA IMPOSSIBILIDADE DE CUMPRIMENTO INTEGRAL DA OBRIGAÇÃO


ALIMENTAR
Conforme mencionado na justificativa, a grave situação financeira do agravante o
impediu de cumprir integralmente a obrigação alimentar assumida.
Repita-se, teve o agravante que vender seu apartamento financiado e sua loja, perdendo
sua única fonte de renda e atualmente atua como freelacer para prover seu sustento e de sua nova
filha em tenra idade.
Ademais, diante da falta de impugnação especificada sobre os motivos do agravamento
da situação financeira do agravante e dos documentos que instruíram a justificativa, restou
INCONTROVERSA a impossibilidade de cumprimento integral da obrigação alimentar por parte
dele – agravante, o que não foi observado quando na decisão recorrida.
Assim, deverá ser revogada a prisão civil do agravante e recolhido o mandado de prisão
expedido.
DA PRISÃO CIVIL
É de se observar também que a prisão civil decretada não resolverá o problema ora
analisado, ao contrário, agravará ainda mais a situação financeira do recorrente.
Pelas peças processuais que instruem o presente recurso, em especial, as da
agravada,não se verifica que o cumprimento parcial da obrigação alimentar trouxe qualquer
comprometimento à subsistência dela – agravada. Eis dois julgados sobre o tema:

“AGRAVO DE INSTRUMENTO - EXECUÇÃO DE ALIMENTOS -


COMPENSAÇÃO DE VALORES PAGOS IN NATURA - PAGAMENTO DE
MENSALIDADES ESCOLARES - ACORDO NÃO SUBMETIDO AO PODER
JUDICIÁRIO - CIRCUNSTÂNCIA EXCEPCIONAL - FALTA DE
RAZOABILIDADE PARA O DECRETO DA PRISÃO CIVIL -
INADMISSIBILIDADE DA PRISÃO COMO FORMA DE CASTIGO -
RECURSO NÃO PROVIDO. 1. A prisão civil por dívida de alimentos não é forma de
punição; é um meio coercitivo excepcional,utilizado para coagir o devedor de alimentos
ao cumprimento da obrigação. 2. No caso concreto, o fato de o devedor ter compensado
a dívida alimentar com o pagamento das mensalidades escolares, através de acordo com
a genitora dos menores, não submetido ao Poder Judiciário, indica que não é razoável
decretar a pena corporal, uma vez que não restou caracterizada a intenção de frustrar o
pagamento do débito, não podendo a prisão civil servir como forma de castigo. 3.
Recurso não provido.” (TJMG – AI 1.0024.13.217090-3/001 – 2ª C.Cível – Rel. Des.
Raimundo Messias Júnior – DJ 17.10.2014) (g.n.)

“Direito civil – Família - Execução de alimentos - Ordem de prisão - Rito estabelecido


no artigo 733 do Código de Processo Civil - Necessidade de revogação -
Verossimilhança recursal- Fatos controversos - Ausência de urgência alimentar -
Medida que se distancia do processo civil contemporâneo - Agravo a que se dá
provimento (Des.MR). 1. Longe de estimular ou compactuar com a inadimplência,
deve-se ter em mente que um dos fatores, senão o principal, a indicar a prisão civil é a
existência da urgência alimentar. 2. A prisão civil não se coaduna com uma visão
contemporânea do processo como instrumento de solução de litígios.

AGRAVO DE INSTRUMENTO - EXECUÇÃO DE ALIMENTOS - JUSTIFICATIVA


INSUFICIENTE - DECRETO PRISIONAL - CONSECTÁRIO LEGAL - PRAZO DA
PRISÃO - REDUÇÃO - RAZOABILIDADE - MEDIDA TENDENTE A
ASSEGURAR O CUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES FUTURAS - RECURSO
PARCIALMENTE PROVIDO. 1. Há que se decretar a prisão do devedor, quando
citado para pagar ou justificar, o alimentante não comprova o pagamento integral do
débito, e não apresenta justificativa plausível para o inadimplemento. 2. Lado outro,
deve ser reduzido o prazo da prisão civil, quando evidenciado o excesso da medida, e a
possibilidade de inviabilização do cumprimento da obrigação alimentar. 3. Recurso
parcialmente provido (Des.RM)” (g.n.) (TJMG – AI nº 1.0525.13.007825-2/001 – 2ª
C.Cível – Rel. Des. Marcelo Rodrigues – Data da publicação: 24.02.2014) (g.n.)

Importante transcrever o voto do Relator no AI acima (1.0525.13.007825-2/001),


ressaltando que o agravo foi provido, sendo, por consequência, revogada a prisão civil do
agravante:
“Desembargador MARCELO RODRIGUES
RELATOR
VOTO
Cuida-se de agravo de instrumento, com pedido de efeito suspensivo, por meio do qual
a parte agravante pretende revogar a decisão interlocutória proferida pelo juízo da 3ª
vara de cível da comarca de Pouso Alegre, nos autos da ação de execução de
alimentos, que determinou a prisão civil pelo lapso temporal de 90 (noventa dias).
A parte agravante alega: 1) excesso de execução; 2) cumprimento da obrigação de
pagar pensão alimentícia na proporção do seu salário atual; 3) preservação da
subsistência da filha; 4) alteração de sua situação econômica.
Com base nessas argumentações, pugna pela concessão de liminar para determinar a
imediata revogação da ordem de prisão.
Conforme decisão de f. 90/91-TJ, foi deferido o efeito suspensivo.
Informações prestadas pelo juízo da causa à f. 98-TJ.
Contrarrazões ofertadas pela parte agravada à f. 100/111-TJ.
Manifestação da Procuradoria Geral de Justiça à f. 143/146-TJ.
Decido.
Renovando a análise dos autos depreende-se que os documentos colacionados agregam
verossimilhança à tese recursal. Longe de estimular ou compactuar com a
inadimplência, deve-se ter em mente que um dos fatores, senão o principal, a indicar a
prisão é a existência da urgência alimentar.
No caso sob exame, há muitos fatos controversos e o pai vem cumprindo, ainda que
parcialmente, a obrigação. Deve-se ter em mente, ainda, que a parte agravante recebe,
atualmente, a importância de R$603,42 (seiscentos e três reais e quarenta e dois
centavos), referente ao pro labore da sociedade Alliance Soluções Tecnológicas em
Automação Ltda (f. 74-TJ).
Como bem pontuado no parecer da Procuradoria Geral de Justiça (f. 145-TJ):
Evidente que o fato de no emprego anterior o valor dos alimentos era superior não
implica na manutenção daquele patamar, se o título executivo estabelece valor
proporcional à renda líquida percebida pelo executado.
Ademais, é consabido que prisão civil não se coaduna com uma visão contemporânea
do processo como instrumento de solução de litígios, especialmente quando há pedido
expresso, formulado pela parte agravante, de designação de audiência de tentativa de
conciliação (f. 71/73-TJ). Não se fala, portanto, em litigância de má-fé.
Adicionalmente e, por fim, ainda encontramos um fosso fático entre a teoria e prática,
devendo os operadores do direito buscar, em cada caso concreto, a forma de se
assegurar efetividade e celeridade ao direito tutelado, incrementando cada vez mais as
soluções alternativas de conflitos, contribuindo na cultura da pacificação social.A luz
dessas considerações, dou provimento ao recurso e, por conseqüência, revogo a decisão
interlocutória.” (g.n.)

DO PRAZO EXCESSIVO DA PRISÃO CIVIL DE 60 DIAS

O devedor apresentou proposta de acordo para iniciar o pagamento das prestações


atrasadas, descabendo o conceito de negligente e irreverente.
Ocorre que inobservando estes fatos, a MM. Juíza a quo decretou a prisão civil do
agravante pelo prazo máximo de 60 dias, vale dizer, uma prazo extremante excessivo diante da
realidade demonstrada nos autos, diga-se, a JUSTIFICATIVA PLAUSÍVEL PARA O
CUMPRIMENTO PARCIAL DA OBRIGAÇÃO ALIMENTAR e sem o relevante fundamento
jurídico para a tomada de tal medida!
Só para argumentar, na hipótese de manutenção do decreto de prisão, o prazo deverá ser
reduzido para o mínimo legal. Em casos semelhantes, quando o executado não paga as prestações
alimentícias ounão apresenta justificativa plausível,o que não é o caso dos presentes autos. Sobre o
tema, a jurisprudencia:

“AGRAVO DE INSTRUMENTO - EXECUÇÃO DE ALIMENTOS - INADIMPLÊNCIA -


PRISÃO CIVIL - POSSIBILIDADE - INEXISTÊNCIA - PERÍODO PRISIONAL -
REDUÇÃO DE 60 PARA 30 DIAS - RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. -
Deixando o agravante de efetuar o pagamento das prestações alimentícias, ou de
apresentar justificativa plausível para o inadimplemento, impõe-se o decreto de prisão.
- Em situações análogas, tem-se fixado a prisão pelo mínimo legal, qual seja 30 (trinta)
dias, especialmente se verificado que a prisão do agravante por período superior a este
prazo poderia, inclusive, impossibilitar o cumprimento das obrigações alimentícias
futuras. - Recurso parcialmente provido.” (TJMG – AI nº 1.0105.13.008734-6/002 – 1ª
C.Cível – Rel. Des. Eduardo Andrade – Data da publicação: 05.06.2014)

DA POSSIBILIDADE DE CUMPRIMENTO DA PRISÃO CIVIL EM REGIME ABERTO

Na hipótese de ser mantida a decisão agravada, que seja determinado o cumprimento


daprisão civil em regime aberto, de forma a permitir que o agravante possa trabalhar e obter
recursos para sua subsistência e continuar a contribuir para a mantença da agravada.
A possibilidade de cumprimento da prisão civil em regime aberto, já foi objeto de
análise pela Jusrisprudencia, veja-se:

“HABEAS CORPUS. DÍVIDA DE ALIMENTOS. PRISÃO CIVIL. CUMPRIMENTO


EM REGIME ABERTO. 1. A prisão civil decorrente de dívida alimentar deve ser
cumprida em regime aberto, podendo o devedor sair para exercer sua atividade laboral,
independentemente do estabelecimento carcerário onde se encontrar
recolhido. Recomendação da Circular nº 21/93 e nº 59/99 da corregedoria-geral da
justiça. 2. O devedor deve se recolher à prisão, sendo-lhe facultado sair durante o dia
para exercer o seu labor, caso esteja trabalhando, ainda que sem relação formal de
emprego. Ordem concedida.” (TJRS – HC nº 01189737920158217000 – 7ª C.Cível –
Rel. Sérgio Fernando Silva de Vasconcellos Chaves - Data da Publicação: 22.04.2015)
(g.n.)

“HABEAS CORPUS. PRISÃO CIVIL. ALIMENTOS. JUSTIFICATIVA NÃO


ACEITA. CUMPRIMENTO EM REGIME ABERTO. POSSIBILIDADE.
MANUTENÇÃO DA ATIVIDADE LABORAL. ORDEM PARCIALMENTE
CONCEDIDA. Descabe adentrar no mérito da legalidade da cobrança de débitos
alimentares ou seu quantum em sede de habeas corpus, cuja a análise se restringe ao
aspecto quase formal da decisão, ou seja, se obedeceu ao devido processo legal, se está
devidamente fundamentada, foi prolatada por juízo competente e não houve abuso ou
excesso de poder. Nos termos da Súmula 309 do STJ, permite-se a prisão civil do
alimentante que deixa de adimplir as três prestações anteriores ao ajuizamento da
execução e as que se vencerem no curso do processo. A prisão civil por débitos
alimentares deve ser cumprida no regime aberto, possibilitando ao inadimplente auferir
recursos para o pagamento dos débitos alimentares executados em atraso. Ordem
parcialmente concedida.” (TJMS – HC nº 14020187720158120000 – 2ª C.Cível – Rel.
Ruy Celso Barbosa Florence - Data de Publicação: 23.03.2015) (g.n.)

Só para argumentar, é inadmissível que o alimentante faltoso, no presente caso, o


agravante que comprovadamente não tem condições financeiras de cumprir integralmente a
obrigação alimentar, seja submetido a um tratamento muito mais drástico e severo daquele que
seria dado ao praticante do crime de abandono material previsto no artigo 244 do Código Penal.
Pelo citado dispositivo legal, aquele que:
“Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do cônjuge, ou de filho menor de 18
(dezoito) anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60 (sessenta)
anos, não lhes proporcionando os recursos necessários ou faltando ao pagamento de pensão
alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada;”
Conforme estabelece o § 2º, do artigo 33 do Código Penal, o condenado pelo não
pagamento voluntário e injustificável de obrigação alimentar, desde que não reincidente,terá direito
ao regime aberto. PORÉM, RESSALTA-E QUE A ALIMENTANTE COMPLETOU 18 ANOS,
novo motivo para o deferimento do regime aberto, posto que sequer enquadra-se em abandono
material.
Assim, se aquele que comete crime de abandono material, condenado à pena máxima,
tem o direito ao cumprimento de sua pena em regime aberto, ao agravante, pela situação
apresentada nos presentes autos, também deverá ser contemplado com tal direito.
Imperativo ao julgador, por força do art. 489 do CPC/15, promover a integração da
dimensão normativa do dispositivo à dimensão fática, extraída dos autos.
Isto é, a hipótese normativa deve ser subsumida aos fatos constantes do processo,
explanando-se a aplicabilidade ou não das normas ao caso concreto deduzido, o que não ocorreu,
na decisão atacada.

III -DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA RECURSAL

Nos termos dos artigos 995, PU, e 1.019, I, ambos do CPC, o Relator poderá atribuir
efeito suspensivo ao recurso,se da imediata produção dos efeitos da decisão recorrida houver risco
de dano grave, de difícil ou impossível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de
provimento do recurso, ou deferir, em antecipação de tutela, total ou parcialmente, a
pretensão recursal.
Assim, a agravante demonstrou a probabilidade de provimento do recurso, uma vez que,
repita-se, provou através de documentos que não tem condições financeiras de suportar
integralmente a obrigação alimentar assumida(cf. justificativa anexa), o que evidencia
a probabilidade do direito invocado (artigo 733, parte final, atual artigo 528, parte final, NCPC –
“justificar a impossibilidade de efetuá-lo).
No mais, indicou nestas razões recursais precedentes favoráveis deste E. tribunal e de
outros, as suas pretensões, e o perigo de dano grave, de difícil ou impossível reparação na
hipótese de sua prisão civil, pois poderá ficar sem realizar seus serviços como freelancer de vendas,
diga-se, sua única fonte de renda e subsistência.
Também, ressalta-se, os recursos finaceiros para o cumprimento parcial de sua
obrigação alimentar, o que afetará diretamente a agravada e sua nova família, ressaltando ainda, a
falta de justificativa da decisão agravada, o decurso de tempo das prestações vncidas e da maior
idade da exequente, ora agravada.

IV –DOS PEDIDOS
Pelo exposto, requer:

a) a ANTECIPAÇÃO DE TUTELA RECURSAL para REVOGAR a prisão civil


decretada contra o agravante, com imediata comunicação a MM. Juíza da 1ª Vara de Família da
Comarca de Blumenau, SUBSIDIARIAMENTE e ainda como antecipação de tutela recursal,

b) a REDUÇÃO do prazo da prisão civil de 60 dias para o mínimo legal, e a


determinação para o seu cumprimento em regime aberto, de forma a possibilitar que o agravante
continue laborando e, por consequência, consiga auferir recursos para a sua subsistência e para
continuar contribuindo para a manutenção de seus duas filhas, entre elas, a agravada;

c) a RATIFICAÇÃO da ANTECIPAÇÃO DA TUTELA RECURSAL acima deferida


(alínea “a” ou alínea “b”), com a condenação da agravada nos ônus sucumbenciais.

Nestes termos, pede deferimento.

Sofia C. Jacob de Paula


OAB/PR 45077

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