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 HABEAS CORPUS

Matilde, domiciliada na cidade do Rio de Janeiro, está sendo executada por seus filhos Jane e

Gilson Pires, menores, com treze e seis anos, respectivamente, representados por seu pai, Gildo,

pelo rito do artigo 911 do CPC. Na execução de alimentos, que tramita perante o juízo da 10ª Vara

de Família da Capital, Matilde foi citada para pagar a quantia de R$ 5.000,00 (cinco mil reais),

referente aos últimos cinco meses DEVIDOS dos alimentos fixados por sentença pelo juízo da

mesma Vara de Família.

Ocorre que Matilde está desempregada há 1 ano, fruto da grave situação econômica em que passa

o país, com isso não está conseguindo se inserir novamente no mercado de trabalho e nem possui

condições financeiras para quitar a dívida alimentar. Diante da real impossibilidade da executada

em adimplir a sua dívida, o magistrado decretou a prisão da mesma, pelo prazo de sessenta

dias.A filha de Matilde, Jane, de treze anos de idade, telefonou para Josefina, sua avó materna,

avisando -a da decisão judicial de decretação da prisão de sua mãe.

Desesperada, Madilde procura você, advogado, e afirma que não deixou de pagar por negligência,

mas sim por absoluta impossibilidade financeira, bem como por está tratando de uma depressão

profunda. Promova a medida judicial necessária aos interesses de Madilte para resguardar o seu

direito de locomoção.
MM. DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO

DE JANEIRO

NOME DO ADVOGADO, nacionalidade "...", Estado Civil "...", advogado, inscrito na Ordem dos

Advogados do Brasil sob o nº "...", endereço eletrônico "...", endereço profissional na Rua "...",

Cidade/UF "...", CEP "...", vem à presença de vossa excelência, com fulcro no art. 5º, LXVIII da

Constituição Federal e nos artigos 647 e 648 do CPP, para impetrar o presente

HABEAS CORPUS PREVENTIVO COM MEDIDA LIMINAR

pelo procedimento especial, em favor de MATILDE, nacionalidade, estado civil profissão,

portadora da cédula de identidade nº "...", inscrita no CPF sob o nº "...", com endereço eletrônico

"...", residente e domiciliado na Rua "...", Cidade/UF, CEP "...", apontando como autoridade coatora

o EXCELENTÍSSIMO JUIZ DA 10ª VARA DE FAMÍLIA DA COMARCA DA CAPITAL, pelos fatos

e fundamentos a seguir expostos.


1. DOS FATOS

A paciente é genitora dos menores Jane e Gilson Pires, para os quais tem a obrigação de

pagar pensão alimentícia no valor de R$ 1.000,00 (um mil reais), divido igualmente.

No entanto, a paciente vem enfrentando dificuldades para realocar-se no mercado de

trabalho há aproximadamente 1 ano, o que a prejudica na prestação dos alimentos.

A falta da atividade laborativa resultou na impossibilidade de pagamento do valor de

pensão estipulado e em razão do inadimplemento, foi ajuizada ação competente para execução de

alimentos.

Contudo, mesmo a paciente justificando a falta de pagamento em razão do desemprego, a

autoridade coatora determinou a prisão.

2. DA LIMINAR

Como já é sabido, a concessão de medida liminar fundamenta-se na presença de dois

elementos justificantes, quais sejam, o fumus boni iuris e o periculum in mora.

O fumus boni iuris resta claramente demonstrado quando da limitação imposta por lei

processual, notadamente quanto ao débito alimentar de três meses e principalmente pelo fato da

paciente ter justificado, de modo verídico, a impossibilidade de adimplir sua obrigação alimentar

em face de doença e de estar afastada do mercado de trabalho há mais de 1 ano.

De outro giro, o periculum in mora consiste na possibilidade do decreto prisional ser

executado, o que causará grave violação de direito, visto que o mesmo não guarda fundamento

que o sustente. Ainda poderá agravar os problemas de saúde suportados pela paciente.
3. DO MÉRITO

1. DO HABES CORPUS

Ante aos fatos expostos acima, não resta dúvida a necessidade medida que ora se requisita.

Conforme disposto no ar. 5º, LXVII da Constituição da República, o habeas corpus se presta a

coibir violação da liberdade de locomoção de quem já tenha sofrido ou esteja na iminência de

sofrer, o que é o caso em comento.

A decisão da autoridade coatora indica não guarda fundamento de validade, senão vejamos. A

paciente foi apresentada como parte Ré num processo de execução de alimentos que busca o

pagamento dos últimos 5 meses.

Contudo, o art. 911 do CPC leciona que a execução fundada em título executivo extrajudicial em

que haja obrigação de pagar, o juiz mandará citar o executado para que faça o pagamento em três

dias.

A paciente, conforme já relatado acima, não apresenta condições de adimplir o débito por motivos

alheios à sua vontade, não tendo fundamento a edição do decreto prisional, notadamente em seus

artigos 528, §§ 2º ao 7º.

Assim, o direito da paciente foi violado vez que o § 7º do art. 528, combinado com o art. 911 e

corroborado pela súmula 309 do STJ são claros em lecionar que a prisão civil é justificada pelo

débito dos 3 últimos meses anteriores ao ajuizamento da ação, o que invalida o pedido feito na

inicial que ora se ataca.

SÚMULA 309 : O débito alimentar que autoriza a prisão civil do

alimentante é o que compreende as três prestações anteriores à

citação e as que vencerem no curso do processo.

Assim, por estes fundamentos, o decreto prisional não deve ser executado, vez que incorrerá em

grave violação do direito da paciente e requer-se, dede logo, que seja concedido o presente pedido

de habeas corpus para a manutenção da justiça.


4. DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer-se:

1) a concessão da medida liminar para sustar o decreto prisional, determinando-se o

recolhimento do mesmo;

2) a notificação da autoridade coatora para que preste informações;

3) a intimação do Ministério Público;

4) a concessão de Habeas Corpus preventivo com posterior expedição de alvará de salvo conduto

em favor da paciente;

5) a juntada dos documentos que anexa-se à esta peça processual.

Dá-se à presente causa o valor estimado de R$ 1.000,00 (um mil reais)

Nestes termos,

Pede deferimento.

Belo Horizonte, 30 de setembro de 2021.

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FERNANDA MATIAS DO NASCIMENTO

OAB/MG XXXXX

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