Você está na página 1de 5

ROC em Habeas Corpus:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ...

Processo nº: ...

Recorrente: Cirilo dos Santos

Recorrido: Maria do Bairro dos Santos

Cirilo dos Santos, já qualificado nos autos, vem, perante Vossa Excelência, por
intermédio de sua advogada que este subscreve, inconformado com o acórdão que
denegou a ordem de Habeas Corpus, com fundamento no artigo 105, inciso II, alínea a,
da Constituição Federal e artigo 30 da Lei 8.038/1990, interpor

Recurso Ordinário Constitucional, requerendo

a) A intimação do recorrido para apresentar resposta ao recurso;


b) A remessa dos autos ao Superior Tribunal de Justiça.

Local, 17 de outubro de 2023

Advogada-OAB

Razões:
Egrégio Superior Tribunal de Justiça

Processo nº.: ...

Recorrente: Cirilo dos Santos

Recorrido: Maria do Bairro dos Santos

Aos Ministros

1 – Da Tempestividade:

Primeiramente, é mister destacar que o presente recurso é tempestivo, uma vez


que a intimação ocorreu no dia 09 de outubro de 2023, findando o prazo no dia 17 de
outubro de 2023. Ademais, é importante salientar que o prazo é processual, isto é,
contado em dias úteis, excluindo feriados e finais de semana.

Além disso, ressalta-se que o dia 12 de outubro foi feriado, por esse motivo,
finda-se o prazo no dia 17 de outubro de 2023. Dando continuidade, não há o que se
falar em preparo, uma vez que a presente peça é Recurso Ordinário Constitucional
impetrado em face de Habeas Corpus denegado.

2 – Síntese dos Fatos:

A recorrida, Maria do Bairro dos Santos, requereu cumprimento de sentença em


face do recorrido, Cirilo dos Santos, em que consta o pedido de pagamento da pensão
alimentícia em atraso ou de apresentação de justificativa, sob pena de prisão cível.

Em sequência, o recorrente foi intimado para pagar ou apresentar justificativa.


Dessa forma, o recorrente, Cirilo, informou que está com doença grave, sendo este
câncer em estágio avançado, razão pela qual está impedido de trabalhar, vivendo
atualmente apenas de benefício pago pelo INSS.
Ademais, é mister evidenciar que o benefício é de 01 (um) salário mínimo e o
recorrente trouxe comprovantes dos valores dos remédios, o que compromete 30%
(trinta por cento) de sua renda. Em sequência, foi justificado pelo recorrente que o
mesmo vem sobrevivendo com ajuda de terceiros.

Dando continuidade, foi decretada a prisão do recorrente, sob a justificativa de


ausência de comprovação de impossibilidade absoluta, mesmo o recorrente tendo
apresentado justificativa plausível.

Por fim, o habeas corpus foi denegado e a prisão foi cumprida. Além disso, é
importante destacar que a pensão alimentícia estava atrasada há dois meses.

3 – Do mérito do recurso/do constrangimento ilegal:

É mister evidenciar que a Constituição Federal prevê a prisão civil, entretanto só


pode ocorrer quando preenchido os requisitos. Consoante o artigo 5º, inciso LXVII, da
Constituição Federal de 88 que não haverá prisão por dívida, salvo a do responsável
pelo inadimplemento VOLUNTÁRIO e INESCUSÁVEL de obrigação alimentícia e a
do depositário infiel.

Dessa forma, é nítido que o recorrente entende a necessidade de pagar a


obrigação alimentícia, uma vez que o mesmo pagava voluntariamente. Entretanto, é
importante aduzir que sobreveio fator extraordinário que mudou a questão financeira do
recorrente, tendo em vista que o mesmo se encontra com enfermidade grave que o
afastou do emprego, recebendo apenas benefício do INSS.

Além disso, o recorrente não possui condições atualmente de arcar com a pensão
alimentícia, uma vez que a despesa extraordinária que sobreveio está assolando todo o
benefício recebido pelo mesmo, além de receber ajuda financeira de terceiros.

Dessa forma, é nítido a incapacidade absoluta do recorrente, uma vez que suas
despesas com água, luz, transporte, alimentação e remédios está comprometendo toda
sua renda. Ainda, é evidente, através de documentos que somente os remédios do
recorrente já comprometem 30% (trinta por cento) de sua renda.
Ademais, a prisão foi inconstitucional, tendo em vista que não há o que se falar
em voluntariedade e a dívida é um débito escusável, pois o estado do recorrente é grave.
Outrossim, destaca-se que os medicamentos utilizados pelo recorrente são de valores
altos, conforme demonstrado nas prescrições médicas acostadas nos autos. Além do
mais, o recorrente, Cirilo, tem de arcar com os custos de transporte e alimentação, pois
o tratamento feito pelo mesmo não é realizado na mesma cidade em que reside.

Em sequência, a incapacidade é comprovada através de documentos médicos,


quais sejam, atestados, relatórios, laudos e exames médicos, sendo todos anexados aos
autos, além do comprovante de benefício do INSS recebido pelo recorrente.

4 – Liminar:

Nesse contexto, é imprescindível que seja deferida a liminar, pois é um caso de


extrema urgência, uma vez que o recorrente se encontra com enfermidade grave e
necessita de seus medicamentos. Além disso, é nítida a ilegalidade cometida na prisão
do recorrente, uma vez que o mesmo apresentou justificativa plausível perante ao Juízo.

Ademais, há risco iminente de lesão irreparável à liberdade de locomoção do


indivíduo, tendo em vista que o mesmo tem de realizar tratamentos, além do uso da
medicação diária corretamente.

Dessa forma, é necessário que seja deferida urgentemente a liminar, tendo em


vista o periculum in mora, pois a demora poderá ocasionar danos irreparáveis, além do
constrangimento ilegal.

5 – Dos Pedidos:

Ante o exposto, requer:

a) Seja o recurso admitido;


b) A concessão da liminar para conceder a ordem de Habeas Corpus,
com a consequente expedição de alvará de soltura, e no mérito, o provimento do
recurso com a mesma finalidade do pedido liminar, reformando o acórdão
recorrido.

Local, 17 de outubro de 2023.

Advogada-OAB

Você também pode gostar