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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _____ VARA CÍVEL

DA COMARCA DA CAPITAL DO ESTADO RIO DE JANEIRO - RJ

JOAQUIM ARANTES, brasileiro, solteiro, policial militar, residente e domiciliado na Rua


taquara, n. 89, Barra da Tijuca, CEP.: 21.122-001, Rio de Janeiro – RJ, endereço eletrônico
joaquim.arantes@internet.com.br, RG nº…, inscrito no CPF/MF sob o nº 009.498.067-45,
vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, por meio de seu advogado, conforme
procuração em anexo, nos termos do artigo 103, CPC, com endereço profissional …, nº…,
bairro…, CEP…,cidade…, Estado…, onde recebe intimações, na forma do art. 77, V, do
CPC, propor a presente

AÇÃO ANULAÇÃO DE NEGÓCIO DE TUTELA PROVISÓRIA DE


URGÊNCIA ANTECIPADA

em face de HOSPITAL PLENA SAÚDE, pessoa jurídica de direito privado,,com sede no


logradouro…, nº…, bairro…, CEP…, cidade…, Estado…, inscrita no CNPJ sob o nº… ,
endereço eletrônico…, representada por seu ADMINISTRADOR (art. 75, VIII, do CPC)
Nome …, nacionalidade…, profissão…, estado civil…, residente e domiciliado no
logradouro…, nº…, bairro…, CEP…, cidade…, Estado…, inscrito no RG sob o nº…,
CPF/MF…, conforme (contrato social/estatuto) anexo, pelas motivações de fato e de direito a
seguir delineadas:

I- DOS FATOS

A parte autora é beneficiária do Plano de Saúde, ora réu, há 22 anos, conforme


matrícula n. 555.578 (doc. Anexo). O autor é portador de doença cardíaca grave, conforme
atestam três laudos médicos (em anexo) emitidos por especialistas que acompanham a
evolução da saúde do autor nos últimos anos.
Ocorre que, na madrugada do dia 15 de abril de 2016, o autor sofreu um enfarto, fato
que o levou à internação médica no Hospital Plena Saúde. O plano de saúde foi, de imediato,
acionado pela família, porém, foram negadas a cobertura pela internação médica, bem como
pela internação de urgência, cujo valor foi estimado em R$50.000,00 (cinquenta mil reais).
Conforme documento anexo, tais procedimentos foram extremamente necessários à
manutenção da vida do autor.
Ressalta-se que o autor tem um contrato junto à ré firmado há mais de duas décadas,
não possui doença preexistente à assinatura do contrato. Ademais, o plano de saúde sequer
nega expressamente a cobertura dos procedimentos solicitados. Assim, diante da negativa do
plano de saúde busca tutela jurisdicional.

II- DO DIREITO

No caso em apreço, o autor, por encontrar-se em situação que comprometia sua vida,
foi obrigado a realizar negócio jurídico viciado. Na forma do art. 104 do Código Civil a
validade do negócio jurídico é condicionada à vontade do agente, livre de vícios,
caracterizada pela plena capacidade.
Assim, uma vez que a família do autor encontrava-se sob forte abalo emocional, em
razão da gravidade do quadro de saúde enfrentada pelo autor, a vontade estava viciada. E, o
autor, incapaz de tomar qualquer decisão dada a sua condição clínica.
Na forma do art. 156 do CC, o estado de perigo é caracterizado quando alguém,
premido pela necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido
pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa . No caso em apreço, muito
embora o autor estivesse acobertado pelo Plano de Saúde, seu direito foi negado, e, pela
premente necessidade, a família não vislumbrou outra opção senão arcar.
São quatro, os requisitos caracterizadores do estado de perigo, a saber: a) situação de
necessidade; b) iminência de dano atual e grave; c) nexo de causalidade entre a declaração do
contratante e o perigo de grave dano; d) existência de obrigação excessivamente onerosa.
A situação de necessidade é caracterizada pelo enfarto sofrido pelo autor, que gera o
iminente dano atual e grave, uma vez que o quadro poderia gerar a morte do autor. O nexo de
causalidade está no fato de o autor, ao buscar atendimento médico urgente, o qual, por sua
natureza, não poderia ser adiado, teve notícia de que o plano de saúde negara todo o
atendimento (internação e o procedimento cirúrgico) sem que houvesse uma negativa
expressa do plano de saúde. Assim, o autor foi submetido a uma obrigação excessivamente
onerosa, pelo Hospital Plena Saúde, uma vez que arcou com um valor altíssimo, o qual não
esperava e não deveria arcar por ser beneficiário do plano de saúde.
Na forma do art. 171, II, do CC, o negócio jurídico é anulável por vício resultante de
estado de perigo. Assim, uma vez clarividentes os requisitos caracterizadores da lesão, o
negócio jurídico é inválido e deve ser anulado.

III - DA TUTELA PROVISÓRIA ANTECIPADA

No caso em tela, conforme amplamente demonstrado, resta clarividente o cabimento


da concessão de tutela antecipada como forma de afastar o dano do autor.
O art. 300 do CPC/15, autoriza o Juiz a conceder tutela antecipada quando presentes
os requisitos de probabilidade do direito e perigo de dano ou risco ao resultado útil do
processo.
Conforme restou demonstrado, o negócio jurídico relativo ao pagamento das dívidas
hospitalares, contém vício, uma vez que se deu em um contexto marcado pelo estado de
perigo, sendo caso de invalidade do negócio jurídico, o que, por si, demonstra a probabilidade
de direito do autor.
No que tange ao perigo de dano, o autor foi exposto à dívida demasiadamente alta, a
qual arcou, mesmo sendo beneficiário de plano de saúde, pagando, assim, duas vezes. A não
anulação do negócio jurídico implica em grave dano ao patrimônio do autor que se vê
arcando duplamente por procedimentos de saúde.
Ademais, em se tratando de medida reversível, considerando o teor do art. 300, §3º,
CPC/15, plenamente cabível é a tutela antecipada, mesmo antes de ouvida a parte contrária,
para a suspensão dos efeitos do negócio jurídico firmado, conforme o art. 9, I, CPC/15, para a
declaração de nulidade de negócio jurídico, com a devolução dos valores pagos e a
declaração de inexistência de débito.

IV- DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, o autor requer:

a) a concessão da tutela antecipada para fins de reconhecimento da nulidade do negócio


jurídico, uma vez comprovados os requisitos do art. 300 do CPC/15 e a consequente
devolução dos valores e declaração de inexistência de débito;
b) a procedência da presente ação para fins de reconhecimento da anulação do negócio
jurídico celebrado entre as partes, consequentemente, com a condenação da parte ré à
devolução integral dos valores pagos, com juros e correção monetária, declarando
também a inexistência de qualquer débito;
c) citação da parte Ré para responder a ação no prazo legal sob pena de
revelia, tendo em vista o não interesse na realização da audiência de
conciliação, em cumprimento do a t.319, VII do CPC/15;
d) condenação da parte ré ao pagamento de honorários sucumbenciais e custas
processuais, nos termos dos artigos 82, §2º, CPC/15;
e) informa o autor, na forma do art. 319, VII, do CPC/15, ter interesse na audiência de
conciliação.

Dá-se à causa o valor de R$50.000,00 (cinquenta mil reais), na forma do art. 291 do CPC.

Protesta, o autor, provar o alegado por todos os meios em direito admitidos, na forma do art.
319, VI, do CPC/15.

Termos em que pede e espera deferimento.

Município…, Data…

Advogado...OAB/n. ...

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