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EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA...

ª VARA DE FAMÍLIA DA COMARCA DE SÃO PAULO

PROCESSO Nº...

...., já qualificada nos autos, vem, através de sua advogada constituída com procuração
anexa, à presença de Vossa
Excelência, com fulcro nos artigos 335 e seguintes do CPC, apresentar

CONTESTAÇÃO A AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO


ESTÁVEL C/C LIMINAR E RECONVENÇÃO

Em face da Ação de Reconhecimentos de União Estável e Dissolução movida por....,


dizendo e requerendo o que segue:

PRELIMINARMENTE

DA LIMINAR DE TUTELA DE URGÊNCIA

Art. 300 do CPC, explana que a tutela de urgência será concedida quando houver
elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado
útil do processo, tal como o § 2º expressa que a tutela de urgência pode ser concedida
liminarmente ou após justificação prévia.
Assim sendo, a Contestante que mantem união estável com o autor desde 12/12/2016,
está sem adentrar ao domicilio por ter sido colocada para fora de sua residência por parte do
autor e familiares, que sabendo, oportunamente aproveitando de sua doença (Câncer de Mama)
e enquanto foi procurar ajuda com familiares, mudou as trancas e fechaduras da residência ao
saber da doença e não ter animo algum em ajuda-la neste momento assim o fez.
Desta forma, a Contestante encontra sem seus documentos pessoais, exames e laudos,
vestimentas, móveis, alimentação, cartões e senha. Ainda assim a Contestante necessita dar
continuidade ao tratamento, mas que sem os documentos e objetos pessoais não consegue,
motivo pelo qual estar fora de sua residência por parte de autor e entes residentes do imóvel.
Por se tratar de moléstia grave o art. 1.048 do CPC, manifesta que terão prioridade de
tramitação, em qualquer juízo ou tribunal, os procedimentos judiciais:
Em que figure como parte ou interessado pessoa com idade igual ou superior a 60
(sessenta) anos ou portadora de doença grave, assim compreendida qualquer das enumeradas
no art. 6º, inciso XIV, da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988;
Não obstante e sem outra alternativa, a Contestante vem por meio desta
comprovando o risco ao resultado útil do processo e o perigo de dano (periculum in mora)
e o(fumus boni iuris), para que respeitosamente Vossa Excelência Defira a Liminar e
acompanhado se for o caso de utilização de força policial, havendo resistência pelo seu
companheiro e familiares, para que a Contestante possa voltar a sua casa em que reside à
seis anos e seis meses e que por motivo de sua doença foi posta para fora de casa pelo
seu cônjuge e familiares. Eis também se encontra debilitada precisando de tratamento, no
qual não o consegue seguir por estar sem seus pertences e seu lar.

DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA DA CONTESTANTE E RECONVINTE

A requerida sustenta que por motivos de enfermidade (Câncer de Mama), está fora de
atividades laborais e que segue em tratamento com medicações e visitas medicas, não possui
qualquer rendimento e que não dispõe de recursos suficientes para pagar custas processuais,
sem prejuízos próprios e de sua família. Embasando-se no art. 5º, LXXIV, da CF/88, que
assegura assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovem insuficiência de recursos,
cabendo ao Estado presta-la, requer a Vossa Excelência o benefício da Gratuidade da Justiça,
conforme previsto nos arts. 98 e 99 do CPC.

DA IMPUGNAÇÃO A GRATUIDADE DA JUSTIÇA DO AUTOR

Pelo que se depreende da documentação apresentada, o contestado apenas declarou ser


pobre nos termos da lei para auferi os benefícios da Gratuidade de Justiça.
Ocorre que a declaração de pobreza gera apenas presunção relativa acerca da
necessidade, cabendo a Vossa Excelência verificar outros elementos para decidir acerca do
cabimento do benefício.
No presente, há inúmeras evidencias de que contestado tem condições de pagar as
custas, tais como:.....

Haja vista que em um simples acesso às redes sociais que fica evidente a vida abastada
conduzida pelo beneficiário, inviabilizado a concessão da Gratuidade de Justiça. Nesse sentido:

Justiça gratuita - Execução - Agravante que ingressou nos autos principais


em 14.10.2014, não tendo postulado a justiça gratuita - Benefício que foi
pleiteado pela agravante somente em 8.11.2022 - Caso em que, embora
seja admissível a outorga da justiça gratuita às pessoas jurídicas, é
imprescindível que ela evidencie a hipossuficiência financeira - Súmula 481
do STJ - Pleito tardio do benefício que, apesar de possível, fica
condicionado à demonstração da superveniente alteração da situação
econômica da parte, o que não ocorreu - Inviabilidade da concessão da
justiça gratuita. Justiça gratuita - Execução - Agravante, coexecutada, que
não tem de recolher qualquer quantia no atual momento - Caso a intenção
da agravante seja a de se isentar do pagamento de eventuais custas ou
despesas pretéritas, tais como os honorários advocatícios arbitrados na
decisão inicial, em 4.3.2009, o deferimento da justiça gratuita seria inócuo -
Eficácia do benefício que produz efeito a partir de seu deferimento, não
podendo atingir os encargos pretéritos - Precedentes do STJ e do TJSP -
Agravo desprovido. (TJSP; Agravo de Instrumento 2025963-
73.2023.8.26.0000; Relator (a): José Marcos Marrone; Órgão Julgador: 23ª
Câmara de Direito Privado; Foro Central Cível - 37ª Vara Cível; Data do
Julgamento: 09/03/2023; Data de Registro: 09/03/2023).

Neste sentido, não pode ser aceita a simples declaração de pobreza, devendo ser exigida
prova da impossibilidade no pagamento das custas processuais, conforme precedentes sobre o
tema:
Assim, não comprovada a situação de miserabilidade, o indeferimento do pedido é a
medida que se impõe.

BREVE SÍNTESE

Trata-se de Contestação com pedido de Liminar e Reconvenção à Ação de Dissolução de


União Estável movida pelo Autor, no qual, não merece prosperar, pois diferentemente do narrado
na inicial não corresponde aos requisitos legalmente previsto para a dissolução de união estável,
bem como, a má-fé e improcedentes pedidos correlatos, como passa a demonstrar.

MÉRITO DA CONTESTAÇÃO

A Contestante impugna todos os fatos articulados na inicial o que se contrapõe com os


termos desta contestação, esperando a IMPROCEDENCIA DA AÇÃO PROPOSTA, pelos
seguintes motivos a seguir:
.
.
.
.
.
Por tanto, totalmente improcedentes os pedidos ventilados na inicial, razão pela qual
conduz à sua imediata extinção.

DA RECONVENÇÃO

Conforme disposição expressa do art. 343 do CPC, pode o Réu em sede de contestação
arguir a Reconvenção, o que faz jus pelos fatos e direito a seguir.

DOS FATOS
.....

DO DIREITO

O direito do Réu ora Reconvinte, vem primordialmente amparado no CPC em especial no


seu art. 343 que assim dispõe:

“Art. 343. Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para


manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o
fundamento da defesa.
...§ 3º A reconvenção pode ser proposta contra o autor e terceiro ”

Ou seja, diante dos fatos, como já destacado anteriormente, a contestante tem direito a
reconvenção conforme legislação vigente.
Portanto, outro não poderia ser o entendimento se não o necessário provimento do
presente contrapedido, concedendo a reconvenção e pedidos a seguir:

DO PEDIDO DE ALIMENTOS

A reconvinte no decorrer do tempo de relacionamento conjugal veio a ser diagnosticado


com moléstia grave, denominado Câncer de Mama, precisando tomar medicamentos fortes e
tratamentos que são exaustivos para sua pessoa, impossibilitando-a de qualquer atividade
laboral, perceptivelmente, seu cônjuge se distanciou e a desamparou de forma desumana,
expulsando-a de sua própria residência. No momento a Reconvinte encontra-se desamparada
pelo seu cônjuge, cujo, não satisfeito com o desamparo e de forma furtiva tenta judicialmente uma
dissolução de união estável para não ser responsabilizado, não restando outra alternativa a não
ser de perante Vossa Excelência suplicar pela jurisdição com fulcro na Lei de Alimentos 5.478/68,
em especial o art. Art. 21 que assim o expressa:

O art. 244 do Código Penal passa a vigorar com a seguinte redação:

"Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do cônjuge, ou


de filho menor de 18 anos ou inapto para o trabalho ou de ascendente
inválido ou valetudinário, não lhes proporcionando os recursos necessários
ou faltando ao pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada,
fixada ou majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou
ascendente gravemente enfermo:

Pena - Detenção de 1 (um) ano a 4 (quatro) anos e multa, de uma a dez


vêzes o maior salário-mínimo vigente no País.

Parágrafo único. Nas mesmas penas incide quem, sendo solvente, frustra
ou ilide, de qualquer modo, inclusive por abandono injustificado de emprego
ou função, o pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada,
fixada ou majorada.

O artigo 1.694 do Código Civil prevê que podem os parentes, os cônjuges ou


companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo
compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.
Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos
recursos da pessoa obrigada.
Com efeito, a obrigação de prestar alimentos, recíproca entre ex-cônjuges, decorre do
Princípio Constitucional da Solidariedade e do dever de mútua assistência, sendo o valor fixado
com fundamento no binômio necessidade/possibilidade.
Contudo, tal obrigação constitui medida excepcional, devendo para tanto a necessidade do
alimentando restar comprovada.
Em que pese não possuírem previsão legal, os alimentos transitórios têm como finalidade
assegurar a subsistência da parte economicamente menos favorecida devido ao fim do
matrimônio, até que tenha condições de se reintegrar no mercado e prover o seu próprio
sustento.
Dessa forma, a mútua assistência entre ex-cônjuges somente encontra respaldo quando
comprovada a situação excepcional que a justifique.
Destarte, em regra, o dever de prestar alimentos transitórios possui caráter temporário, ou
seja, deve ser fixado por um período razoável, a fim de possibilitar ao alimentando manter-se sem
o auxílio do ex-cônjuge. Esse é o entendimento consolidado na Jurisprudência:

APELAÇÃO CÍVEL. FAMÍLIA. EXONERAÇÃO DE ALIMENTOS.


PRESTAÇÃO ALIMENTÍCIA A EX-CÔNJUGE. PRODUÇÃO DE PROVA
TESTEMUNHAL. INDEFERIMENTO. CERCEAMENTO DE DEFESA.
INEXISTÊNCIA. PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE. BINÔMIO
NECESSIDADE/POSSIBILIDADE. (ART. 1.694, §1º, CC). CARÁTER
TRANSITÓRIO DA PENSÃO ALIMENTÍCIA. CAPACIDADE DE
REINSERÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO. POSSIBILIDADE.
OBRIGAÇÃO PERPÉTUA DE SUSTENTO. NÃO CABIMENTO. RECURSO
DESPROVIDO. 1. Cabe ao juízo da instrução, com exclusividade, apreciar
sobre a conveniência e oportunidade da produção de prova requerida, não
havendo que falar em cerceamento de defesa em face do julgamento
antecipado da lide, notadamente quando o magistrado indefere o pedido
formulado pela parte (prova testemunhal) de forma fundamentada. 2. De
acordo com os artigos 1.566, inc. III, e 1694, caput e §1º, ambos do Código
Civil e com base no dever de mútua assistência, podem ser fixados
alimentos em prol do ex-cônjuge necessitado. Entretanto, a prestação de
alimentos após o rompimento do vínculo conjugal é medida excepcional e
transitória, com duração suficiente para que o alimentado atinja sua
independência financeira se adaptando a sua nova realidade. 3. Em regra, a
dissolução do matrimônio não implica necessariamente em extinção da
obrigação de prestar alimentos entre os ex-cônjuges. Saliente-se que a
obrigação de pagar pensão alimentícia ao ex-cônjuge é condicionada à
efetiva comprovação da total incapacidade do alimentando em prover o
próprio sustento, bem como à ausência de parentes em condições de arcar
com o pagamento dos alimentos, de acordo com a interpretação analógica
do art. 1.704, parágrafo único, do CC. 4. A fixação dos alimentos em caráter
de transitoriedade tem o fito de permitir que a ex-cônjuge se afaste da
condição de dependente do requerido, adaptando-se à sua nova realidade
de autonomia financeira. 5. Recurso conhecido e desprovido.
Sendo assim, a Reconvinte requer que o Autor da Inicial providencie os alimentos e providências
neste momento tão infeliz que suporta só.

DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto em sede de CONTESTAÇÃO, requer:

a) Preliminarmente o pedido de liminar;


b) O deferimento do pedido de Gratuidade de Justiça;
c) O acolhimento das preliminares arguidas com a imediata extinção do processo sem
resolução de mérito, nos termos dos arts. 354 e 485 do CPC;
d) Seja reconhecida a conexão, para fins de que o presente processo tramite em conexão
ao processo nº...
e) O reconhecimento da concessão indevida da Assistência Jurídica Gratuita ao Autor,
devendo o mesmo arcar com as custas processuais e honorários de sucumbência;
f) A TOTAL IMPROCEDÊNCIA, da presente demanda;

Em sede de RECONVENÇÃO, requer:


1- O recebimento das razões de reconvenção para o seu devido processamento, nos termos
do art. 343 do CPC;
2- Seja intimado o Autor para apresentar resposta, nos termos do § 1º do art 343, do CPC;
3- A total procedência da RECONVENÇÃO para condenação em danos morais e deferimento
da Obrigação de prestar alimentos.
4- O reconhecimento da União Estável;
5- A produção de todas as provas admitidas em direito;
6- Manifesta o interesse na realização de audiência conciliatória;
7- A condenação do autor ao pagamento de honorários advocatícios conforme prevê o art.
85, § 2º do CPC

Da se o valor da Causa à Reconvenção: R$...

Nestes termos, pede deferimento.


DATA/LOCAL
ADVOGADO
OAB/UF

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