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​EXMO. SR. DR.

PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE


SÃO PAULO

​Processo:

​LEANDRO , brasileiro, casado, contador, portador da cédula de


identidade RG/SP: e do CPF: sob nº: , residente e domiciliado na Rua
XXXXXXX, nº: XXXX, Centro, Bofete/SP, já qualificado nos autos em
epígrafe que move em face de LG ELECTRONICS DO BRASIL LTDA,
com fulcro nos artigos 522 e seguintes do CPC, apresentar

​AGRAVO DE INSTRUMENTO

​COM PEDIDO LIMINAR DE EFEITO SUSPENSIVO

​ Pelos motivos de fato e de direito que passa a


expor:

​ DOS FATOS

Trata-se de ação indenização por danos


materiais e morais que o requerente ingressou em face da requerida,
pelo ar condicionado do escritório do mesmo ter incendiado, causando
perigo de dano.

Apesar de todos os documentos juntados,


comprovando a situação financeira desfavorável do requerente, o MM.
Juízo ad quo, negou a justiça gratuita com o seguinte despacho:

INDEFIRO o pedido de justiça gratuita, pelos motivos que passo a


expor. Como se sabe, o benefício da justiça gratuita tem como objetivo
garantir a quem realmente necessita acesso à prestação jurisdicional,
assegurando a efetividade ao artigo 5.º, inciso XXXV da Constituição

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Federal. No caso em tela, os elementos externos contidos nos autos
estão a apontar que o requerente se trata de advogado de renome na
Comarca, não ostentando a qualidade de hipossuficiente
economicamente, a merecer a gratuidade postulada, em especial se
comparado com a população local em geral. Nesse sentido:
"ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA Impugnação Para concessão da gratuidade
da justiça a singela declaração de pobreza deve ser confrontada com
outros elementos dos autos, como, por exemplo, a natureza da
demanda e a qualificação profissional do beneficiário Presunção de
veracidade da declaração que cede diante de elementos objetivos
contrários Insuficiência da simples declaração de pobreza Sinais
exteriores de riqueza e natureza da causa incompatíveis com a alegada
situação de miséria Benefício cassado Recurso provido." (TJSP, apel. rel.
APL 90000211120108260602 SP 9000021-11.2010.8.26.0602,
Francisco Loureiro, j. 4.09.13) Sobre a possibilidade do juiz indeferir o
benefício da justiça gratuita, sem a oitiva da parte contrária, com base
em elementos constantes no processo: "Se o julgador tem elementos
de convicção que destoem a declaração apresentada pelo requerente,
deve negar o benefício, independentemente de impugnação da outra
parte" (JTJ 259/334). A concessão dos benefícios à pessoa física não
ocorre em casos cujos sinais exteriores afastam a condição de
miserabilidade a merecer a gratuidade requerida. Ante o exposto,
INDEFIRO o pedido de justiça gratuita, motivo pelo qual determino que
o requerente recolha as custas processuais, no prazo de 10 (dez) dias,
sob pena de extinção do processo.

DO MÉRITO

O fato do requerente ser contador não é motivo


relevante para o indeferimento da justiça gratuita, pois o mesmo é
dependente financeiramente do mercado financeiro e sujeito as suas
oscilações ou seja, o requerente necessita do deferimento da Justiça
Gratuita, ao menos temporariamente.

Além do mais, Excelências, a argumentação do


juízo a quo de que o agravante é contador, portanto, não pode ser
motivo para embasar decisão negatória de Justiça Gratuita, tendo em
vista que a agravante não poderia recorrer para a defensoria pública,
pelo valor da causa ser excessivo.

Nesse sentido, a jurisprudência desse egrégio


Tribunal de Justiça:

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0121976-91.2011.8.26.0000. Agravo
Regimental. Relator(a): Teresa Ramos
Marques. Comarca: São Paulo. Órgão
julgador: 10ª Câmara de Direito Público.
Data do julgamento: 05/09/2011. Data de
registro: 05/09/2011. Outros números:
121976912011826000050000. Ementa:
AGRAVO INTERNO Servidor Estadual -
Professores - URV - Litisconsórcio - Ativo -
Facultativo - Valor da causa - Competência
- Agravo de instrumento - Art. 557, do
Código de Processo Civil - Negado
seguimento - Possibilidade: - (...) Justiça
gratuita - Necessidade do benefício -
Declaração de pobreza - Possibilidade:
- Basta a declaração de pobreza para a
obtenção da justiça gratuita que pode
ser revogada posteriormente,
mediante impugnação comprovada da
parte contrária. (...)” grifo nosso.
“RESP. 472413 / SP ; RECURSO ESPECIAL.
2002/0129591-4. Ministro RUY ROSADO
DE AGUIAR (1102). Órgão Julgador- T4 -
QUARTA TURMA. Data do Julgamento -
20/03/2003. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA.
Necessidade. Prova. Em princípio, tem-se
por suficiente a declaração da pessoa física
de que não tem meios para sustentar o
processo sem comprometer a subsistência
própria ou da família. Precedentes.
Recurso conhecido e provido.”
E no STJ:
“RECURSO ESPECIAL. ASSISTÊNCIA
GRATUITA. INDEFERIMENTO DE PLANO.
POSSIBILIDADE. FUNDADAS RAZÕES. LEI
1.060/50, ARTS. 4º e 5º. PRECEDENTE.
RECURSO DESACOLHIDO. Pelo sistema
legal vigente, faz jus a parte aos benefícios
da gratuidade, mediante simples
afirmação, na própria petição, de que não
está em condições de pagar as custas do
processo e os honorários de advogado,
sem prejuízo próprio ou de sua família (Lei
n° 1060/50, art 4% ressalvado ao juiz, no
entanto, indeferir a pretensão se tiver
fundadas razões para isso (art 5º). (STJ,
4ª Turma, Resp. n° 96.054/RS, Rei Min.
Sálvio de Figueiredo Teixeira, julg.

3/5
15/10/98, DJU14/12/98, pág. 242)”

A declaração de pobreza é suficiente para


comprovar a necessidade da Justiça Gratuita principalmente diante de
ausência de prova em contrário, além de toda a documentação juntada.

A concessão da justiça gratuita não requer o


estado de pobreza absoluto, bastando a afirmação de que não há como
suportar as custas e despesas processuais sem prejuízo para o
equilíbrio econômico-financeiro e sustento próprio e de sua família.
Caberá ao magistrado indeferir o pleito referente à concessão dos
benefícios da justiça gratuita, tão somente quando constar dos autos,
inequivocamente, a suficiência de recursos pela parte que o requerer,
o que não ocorre no caso em tela.

Diante de tal revés, justifica-se o presente


agravo de instrumento.

DA CONCESSÃO DE EFEITO SUSPENSIVO

Diante desses fatos narrados, mister a


concessão de liminar para suspensão imediata, no processo em
questão, sob pena da agravante sofrer com prejuízos, pois se a decisão
do MM. Juizo ad quo vingar, o processo poderá ser extinto por falta do
pagamento das custas processuais.

Assim, buscando amparo no artigo 527, II


“segunda parte” do CPC, o Agravante espera que seja atribuído efeito
suspensivo, tendo em vista que a decisão agravada, merece reforma,
ante a afronta a preceito legal, para que o Agravante possa ver seus
direitos, dentre eles o direito constitucional ao devido processo legal,
assegurados.
DO ENDEREÇO DOS PATRONOS

De acordo com o artigo 524, III do CPC, o


Agravante informa a este Excelso Pretório, o nome e endereço dos
patronos das partes, a saber:

Advogado do Agravante: Nome: Dr. Leandro .


Endereço: Rua , , Centro, Bofete/SP.

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Advogado do Agravado: Parte ainda não citada.

DO PEDIDO

Diante de todo o exposto, o Agravante vem,


perante V. Excelência, com o devido respeito, requerer:

(1) Seja recebido o presente Agravo com


efeito suspensivo, para que seja suspenso através de liminar o
processo de nº: nos termos do art. 527, Inciso II do CPC e que seja
comunicado ao ínclito magistrado ad quo e oficiado ao mesmo para
prestar informações ou reformar a decisão, ora agravada, se assim
entender;

(2) Seja processado e julgado


procedente, o presente pedido, com a consequente reforma da referida
decisão de fls., para que seja deferida para a agravante os benefícios da
assistência judiciária;

(3) O presente agravo vai instruído com


cópia integral do processo: de onde originou o indeferimento a justiça
gratuita.

Termos em que,
E. deferimento.
Porangaba, ___ de ______ de 2017.

OAB/SP:

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