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ESTADO DO CEARÁ

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
GABINETE DESEMBARGADOR ANDRÉ LUIZ DE SOUZA COSTA

Processo: 0237410-34.2021.8.06.0001 - Apelação Cível


Apelante: José Vicenar Braga Duarte.
Apelada: Maria Celda Alves Braga.

EMENTA

PROCESSO CIVIL. GRATUIDADE JUDICIAL CONCEDIDA. RÉU CITADO QUE NÃO


APRESENTOU DEFESA. REVELIA. DESNECESSIDADE DE INTIMAÇÃO PESSOAL. AUSÊNCIA
DE CERCEAMENTO DE DEFESA. ALEGAÇÕES ACERCA DO MÉRITO DO PROCESSO.
PRECLUSÃO CONSUMATIVA. RECURSO NÃO PROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

1. O art. 335, I, do CPC, determina que: “o réu poderá oferecer contestação, por petição, no
prazo de 15 (quinze) dias, cujo termo inicial será a data: I - da audiência de conciliação ou de
mediação, ou da última sessão de conciliação, quando qualquer parte não compareceu ou,
comparecendo, não houver autocomposição”.

2. A intimação pessoal é cabível apenas em caso de o juiz não resolver o mérito quando o
processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes ou em caso de
abandono da causa pelo autor por mais de 30 (trinta) dias (art. 485, §1º, do CPC).

3. A revelia é o instituto processual caracterizado, no procedimento comum ordinário, pela


ausência de contestação do réu que fora validamente citado. Tal ilação é expressamente
prevista no Código de Processo Civil quando estabelece que “se o réu não contestar a ação,
reputar-se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor” (art. 344, do CPC).

4. O instrumento processual oportuno para rebater os fatos articulados na exordial é a


contestação, não cabendo fazê-lo em grau de apelo. Faz-se necessária a observância do
princípio da eventualidade ou da concentração da defesa, previsto no artigo 336 do CPC,
segundo o qual incumbe ao réu, ao apresentar a contestação, alegar toda a matéria de defesa,
sob pena de preclusão.

5. Recurso não provido.


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GABINETE DESEMBARGADOR ANDRÉ LUIZ DE SOUZA COSTA

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos em que são partes as acima indicadas, acordam
os(as) Desembargadores(as) da 3ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do
Estado do Ceará, por unanimidade, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do
Sr. Desembargador Relator.

Fortaleza, data e hora informadas pelo sistema.

DESEMBARGADOR ANDRÉ LUIZ DE SOUZA COSTA


Relator
ESTADO DO CEARÁ
PODER JUDICIÁRIO
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GABINETE DESEMBARGADOR ANDRÉ LUIZ DE SOUZA COSTA

RELATÓRIO
Trata-se de Apelação Cível interposta por JOSÉ VICENAR BRAGA DUARTE em face da
sentença proferida pelo Juízo da 5ª Vara Cível da Comarca de Fortaleza que, nos autos da Ação de
Obrigação de Fazer cumulada com Indenização por Danos Morais ajuizada por MARIA CELDA
ALVES BRAGA contra o apelante, julgou procedentes os pedidos autorais e deferiu a tutela
antecipada de urgência para o fim de “determinar ao requerido a obrigação de autorizar as obras
de reparo no muro limítrofe ao imóvel da autora (às expensas desta) que sofre de infiltrações e tudo
o que for necessário para sanar os vícios apontados na inicial, sob a sanção de multa diária de R$
500,00 (quinhentos reais) pelo descumprimento” (fls. 84/90).

MARIA CELDA ALVES BRAGA apresentou manifestação informando que o requerido lhe
impediu de realizar as obras de reparo no muro determinadas pela sentença. Por este motivo,
requer que (i) as sanções constantes da ordem judicial sejam efetivadas, (ii) seja solicitada força
policial e (iii) seja majorada a multa por descumprimento da medida liminar (fls. 93/96).

O apelante, em suas razões recursais, defende que não foi intimado pessoalmente, pois fora
apenas informado na audiência que deveria apresentar contestação. Entende que a extinção do
processo só poderia ocorrer após sua intimação pessoal para contestar, de modo que o direito de
defesa do apelante foi cerceado, devendo a sentença ser anulada.

Também advoga que as duas fileiras de tijolos a serem construídas no muro não vão
interferir nos problemas de infiltração de ambas as residências e que a recorrida está obrigada a
suportar as águas pluviais naturais originárias do imóvel vizinho, devendo, portanto, ser a
sentença integralmente anulada.

O recorrente, alega que a sentença não foi fundamentada e que não há probabilidade do
direito nem perigo de demora para o deferimento da tutela de urgência. Por fim, requer a
gratuidade judicial (fls. 108/125).

A apelada, em suas contrarrazões, requer o improvimento recursal (fls. 155/160).

É o relatório.
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VOTO

2.1. Gratuidade judicial.

Inicialmente, analiso a preliminar de gratuidade judicial.

O art. 5º, LXXIV, da CRFB, estabelece que “o Estado prestará assistência jurídica integral e
gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos”, considerando a gratuidade judicial
um direito fundamental, o qual é diretamente vinculado ao acesso à Justiça (art. 5º, XXXV, da
CRFB).

E o art. 98, cabeça, do CPC, dispõe que “a pessoa natural ou jurídica, brasileira ou
estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os
honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei”. Já no art. 99, §3º,
do CPC, consta que “presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente
por pessoa natural”.

Portanto, a simples declaração de hipossuficiência da pessoa natural, ainda que dotada


de presunção relativa, é suficiente ao deferimento da gratuidade de justiça. Nesse sentido é a
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.


RECONSIDERAÇÃO DA DECISÃO DA PRESIDÊNCIA. PESSOA FÍSICA. DECLARAÇÃO DE
HIPOSSUFICIÊNCIA. PRESUNÇÃO JURIS TANTUM. PESSOA JURÍDICA. HIPOSSUFICIÊNCIA
NÃO DEMONSTRADA. AGRAVO INTERNO PROVIDO. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE
PROVIDO.

1. A concessão do benefício da gratuidade de justiça à pessoa jurídica está condicionada à


prova da hipossuficiência, conforme o preceito da Súmula 481 do Superior Tribunal de Justiça.

2. No caso, as instâncias ordinárias concluíram que não ficou demonstrada a impossibilidade


de a agravante pessoa jurídica arcar com os encargos processuais.

3. Para a concessão do benefício da justiça gratuita à pessoa física basta a declaração,


feita pelo interessado, de não reunir situação econômica que permita vir a juízo, sem
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prejuízo do próprio sustento e de sua família.

4. A declaração de hipossuficiência firma em favor da pessoa física a presunção juris


tantum de necessidade, a qual só poderá ser elidida diante de prova em contrário, o que
na hipótese não ocorreu.

5. Agravo interno provido para conhecer do agravo e dar parcial provimento ao recurso
especial.

(AgInt no AREsp nº 1.675.896/SP. Rel. Min. Raul Araújo. Quarta Turma. DJe:
26/8/2022.)

PROCESSUAL CIVIL. JUSTIÇA GRATUITA. FAIXA DE RENDA MENSAL. CRITÉRIO


ABSTRATO. INADMISSIBILIDADE.

1. É assente na jurisprudência do STJ que a simples declaração de hipossuficiência da pessoa


natural, ainda que dotada de presunção iuris tantum, é suficiente ao deferimento do pedido de
gratuidade de justiça quando não ilidida por outros elementos dos autos.

2. Esta Corte Superior rechaça a adoção única de critérios abstratos, como faixa de renda
mensal isoladamente considerada, uma vez que eles não representam fundadas razões para
denegação da justiça gratuita.

3. Agravo interno desprovido.

(STJ, AgInt no REsp n. 1.836.136/PR, Rel. Min. Gurgel de Faria, DJe: 12/04/2022).

Desse modo, não sendo constatados nos autos elementos concretos que evidenciem a
falta dos pressupostos para a concessão dos benefícios da gratuidade judicial, a presunção da
declaração de hipossuficiência deduzida pelo recorrente não restou ilidida até o momento,
razão pela qual concedo os benefícios previstos no art. 98, §1º, do CPC.
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2.2. Admissibilidade recursal

Atendidos os pressupostos recursais intrínsecos (cabimento, interesse, legitimidade e


inexistência de fato extintivo do direito de recorrer) e os pressupostos recursais extrínsecos
(regularidade formal, tempestividade, preparo, inexistência de fato impeditivo do direito de
recorrer e capacidade processual do recorrente), o recurso deve ser admitido, o que impõe o
seu conhecimento e a sua apreciação.

2.3. Mérito.

2.3.1. Alegação de cerceamento de defesa. Réu devidamente citado que não


apresentou defesa. Desnecessidade de intimação pessoal. Ausência de cerceamento de
defesa.

O cerne do recurso consiste em desconstituir a sentença que determinou ao


apelante/requerido a obrigação de autorizar as obras de reparo no muro limítrofe ao imóvel
da autora (às expensas desta) que sofre de infiltrações, sob pena de multa diária de R$ 500,00
(quinhentos reais) pelo descumprimento.

Compulsando os autos, observei que o réu, ora recorrente, foi citado para apresentar
defesa e intimado acerca da audiência de conciliação designada para 02/09/2021, às 15h,
com a advertência que o prazo de quinze dias para apresentar contestação seria contado
conforme o art. 335, do CPC, ou seja, a partir da mencionada audiência ou do protocolo do
pedido de seu cancelamento (fls. 47 e 54).

A carta de citação foi recebida pelo apelante/réu, conforme comprovante de AR


devidamente assinado por ele (fl. 58).

Na ata da audiência de conciliação realizada em 02/09/2021, consta a informação de


que as partes compareceram, porém não transigiram. Também se menciona na referida ata
que o requerido foi esclarecido da necessidade de representação por advogado, no caso de
não haver acordo, para apresentar contrarrazões.
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Após, o requerido foi advertido também acerca do prazo da contestação, tendo sido,
portanto, intimado em audiência (fls. 60/61).

O art. 335, I, do CPC, determina que: “o réu poderá oferecer contestação, por petição, no
prazo de 15 (quinze) dias, cujo termo inicial será a data: I - da audiência de conciliação ou de
mediação, ou da última sessão de conciliação, quando qualquer parte não compareceu ou,
comparecendo, não houver autocomposição”.

Assim, caberia ao apelante apresentar defesa, contrapondo-se ao pleito, dentro do prazo


ofertado, capaz de elidir os argumentos trazidos na inicial, o que de fato não ocorreu. Nesse
sentido:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE RESCISÃO DE CONTRATO. RÉU CITADO NA VIGÊNCIA DO


NOVO CPC. PRAZO PARA CONTESTAÇÃO A CONTAR DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO. AR
QUE TEM INÍCIO DA DATA DA AUDIÊNCIA. INTELIGÊNCIA DO ART. 335, I, DO CPC.
REVELIA. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Compulsando os autos, observa-se que o réu, ora recorrente, foi citado para apresentar
defesa e intimado acerca da audiência de conciliação designada para o dia 26 de outubro de
2016, com a advertência que o prazo de quinze dias para apresentar contrarrazões seria
contado a partir da referida audiência ou do protocolo do pedido de seu cancelamento (fl. 28).

2. O art. 335, I, do CPC determina que: O réu poderá oferecer contestação, por petição, no
prazo de 15 (quinze) dias, cujo termo inicial será a data: I - da audiência de conciliação ou de
mediação, ou da última sessão de conciliação, quando qualquer parte não compareceu ou,
comparecendo, não houver autocomposição;

3. Assim, caberia ao apelante apresentar defesa, contrapondo-se ao pleito, dentro do prazo


ofertado, capaz de elidir os argumentos trazidos na inicial, o que de fato não ocorreu.

4. Ademais, o atestado médico juntado pelo recorrente à fl. 34, somente se presta a afastar a
aplicação da multa prevista no § 8º do art. 334 do CPC.

5. Dessa maneira, resta caracterizada a preclusão consumativa, que consiste na perda da


faculdade de praticar ato processual posterior pela falta de um outro anterior que o autorize.
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6. A par disso, o Juízo a quo analisou, de forma acurada os argumentos expostos na exordial,
bem como as provas dos autos demonstram a inadimplência do recorrente junto ao bando que
financiou a compra do veículo, bem como a negativação do nome da apelada em razão do
referido atraso.

7. Recurso conhecido e improvido.

(TJCE. APL nº 0000706-94.2016.8.06.0190. Rel. Des. Carlos Alberto Mendes Forte. 2ª


Câmara Direito Privado. DJe: 06/12/2017)

Não merece prosperar, portanto, o argumento do recorrente de que deveria ter sido
intimado pessoalmente, pois o juízo de primeira instância seguiu adequadamente o rito
determinado pelo Código de Processo Civil em seu art. 335.

Ademais, a intimação pessoal que o apelante defende ser necessária é cabível apenas em
caso de o juiz não resolver o mérito quando o processo ficar parado durante mais de 1 (um)
ano por negligência das partes ou em caso de abandono da causa pelo autor por mais de 30
(trinta) dias (art. 485, §1º, do CPC), mas a presente lide não se refere a nenhuma dessas
hipóteses.

Isto posto, diante da desnecessidade de intimação pessoal, não houve nenhum


cerceamento ao direito de defesa do apelante, de forma que seus argumentos não merecem
provimento.

2.3.2. Alegações que se referem ao mérito do processo. Preclusão consumativa.

O recorrente também alega que as 02 (duas) fileiras de tijolos a serem construídas no


muro não vão interferir nos problemas de infiltração de ambas as residências e que a
recorrida está obrigada a suportar as águas pluviais naturais originárias do imóvel vizinho,
devendo, portanto, ser a sentença integralmente anulada.

Conforme já dissertado, o réu, ora apelante, apesar de devidamente intimado, não


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apresentou defesa, de modo que foi considerado revel.

A revelia é o instituto processual caracterizado, no procedimento comum ordinário, pela


ausência de contestação do réu que fora validamente citado. Tal ilação é expressamente
prevista no Código de Processo Civil quando estabelece que “se o réu não contestar a ação,
reputar-se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor” (art. 344, do CPC).

Outrossim, uma vez decretada, a revelia tem como efeitos os seguintes: presunção de
veracidade dos fatos alegados pelo autor, ausência de intimação do réu dos atos processuais e
julgamento antecipado da lide.

No caso, o réu não se manifestou durante toda a marcha processual vindo a constituir
patrono nos autos apenas após o julgamento do feito quando teve uma sentença contrária aos
seus interesses.

O ônus decorrente de sua inércia, com os efeitos oriundos da revelia, deve ser suportado
pelo apelante. Nesse sentido, todas as razões de mérito invocadas para ter a sentença
reformada não são possíveis de serem acolhidas por este Tribunal.

O recorrente pretende, em sede recursal, defender-se dos fatos articulados na inicial,


alegando que as 02 (duas) fileiras de tijolos que a recorrida pretende construir no muro não
vão interferir nos problemas de infiltração de ambas as residências.

Ora, tal alegação não deve prosperar. O apelante, revel, assumiu o ônus de ter contra si a
presunção de veracidade de todos os fatos articulados pela apelada. Ademais, aceitar os
argumentos do recorrente implica necessariamente em desconstituir a natureza jurídica da
apelação e transformá-la em peça de defesa, violando toda a estrutura processual civil.

O instrumento processual oportuno para rebater os fatos articulados na exordial é a


contestação, não cabendo fazê-lo em grau de apelo, de modo que se configurou a preclusão
consumativa.

Faz-se necessária, portanto, a observância do princípio da eventualidade ou da


concentração da defesa, previsto no artigo 336 do CPC, segundo o qual incumbe ao réu, ao
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apresentar a contestação, alegar toda a matéria de defesa, sob pena de preclusão.

Ao réu revel só se admite discutir em grau recursal matéria unicamente de direito sob
pena, ainda, de caracterizar supressão de instância, haja vista que a matéria trazida em grau
de recurso não foi submetida à instância de primeiro grau, permitindo que a recorrida dela
tomasse conhecimento e pudesse exercer o seu direito constitucional ao contraditório por
meio de réplica à contestação.

Nesse sentido se encontra a jurisprudência deste Tribunal:

APELAÇÃO CÍVEL. INTERDITO PROIBITÓRIO.REVELIA DECRETADA. RÉU QUE ARGUI EM


SEDE DE APELAÇÃO DE QUESTÕES DE FATO QUE DEVERIAM TER SIDO LEVANTADAS EM
SEDE DE CONTESTAÇÃO.NÃO CABIMENTO.ALEGAÇÕES AUTORAIS QUE PRESUMEM-SE
VERDADEIRAS. ESBULHO PRATICADO COM INSTALAÇÃO DE CERCA DIVISÓRIA FORA DOS
LIMITES DOS TERRENOS CONFINANTES E DENTRO DO IMÓVEL DO REQUERENTE.
RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

A revelia induz à presunção de veracidade dos fatos, não alcançando as matérias de direito,
que devem ser enfrentadas e fundamentadas pelas provas produzidas pelas partes, para que se
apure se o autor deve ter, de fato, a sua pretensão deferida.

Não é lícito ao réu suscitar depois de configurada a sua revelia, as questões que
deveriam ter sido arguidas na contestação, pois, a seu respeito, operou-se a preclusão.

O réu revel somente poderá deduzir matérias de direito e as matérias de defesa


previstas no artigo 342, do Código de Processo Civil, quais sejam, relativas a direito ou a
fato superveniente, as que podem ser conhecidas de ofício pelo juiz, e aquelas que, por
expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e grau de
jurisdição.

Recurso conhecido e não provido. Sentença mantida.

(TJCE. APL nº 0003101-47.2015.8.06.0076. Rel. Des. Jucid Peixoto do Amaral. 3ª Câmara


Direito Privado. DJe: 16/10/2019)
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APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO INTERTEMPORAL. APLICAÇÃO DO CPC DE 1973. PROCESSUAL


CIVIL. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. CONTRATO DE ARRENDAMENTO MERCANTIL.
RÉU REVEL. SENTENÇA QUE DECRETOU A REVELIA E JULGOU PROCEDENTE A AÇÃO.
IRRESIGNAÇÃO DO PROMOVIDO. RAZÕES RECURSAIS QUE NÃO PROSPERAM. PRINCÍPIO
DA EVENTUALIDADE. INTELIGÊNCIA DO ART. 300 DO CPC/1973. INCUMBE AO RÉU
ALEGAR NA CONTESTAÇÃO A MATÉRIA DE DEFESA SOB PENA DE PRECLUSÃO. RECURSO
CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

(TJCE. AC nº 0908920-73.2012.8.06.0001. Rel. Desa. Maria do Livramento Alves Magalhães.


4ª Câmara Direito Privado. DJe: 15/09/2020)

Dessa forma, reconheço que a sentença se encontra bem fundamentada, tendo aplicado
devidamente as regras determinadas pelo Código de Processo Civil, razão pela qual nego
provimento aos argumentos apresentados pelo recorrente.

Em face do exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso a fim de manter o inteiro teor da


sentença recorrida em todos os termos.

Sem honorários recursais.

É como voto.

Fortaleza, data e hora informadas pelo sistema.

DESEMBARGADOR ANDRÉ LUIZ DE SOUZA COSTA


Relator

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