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AgInt no AgInt no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1368717 - PR

(2018/0246928-4)
RELATOR : MINISTRO GURGEL DE FARIA
AGRAVANTE : ESTADO DO PARANÁ
ADVOGADO : ANA LUIZA DE PAULA XAVIER - PR032876
AGRAVADO : JAIR PEREIRA DE SOUZA PINTO
AGRAVADO : ISIS RIBEIRO MARTINS
AGRAVADO : ADENAI MARI MAINARDES DE SOUZA
ADVOGADO : JONAS BORGES - PR030534

EMENTA

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. JUSTIÇA


GRATUITA. RENDA MENSAL. PROVENTOS. CRITÉRIO
ABSTRATO. INADMISSIBILIDADE.
1. É assente na jurisprudência do STJ que a simples declaração
de hipossuficiência da pessoa natural, ainda que dotada de
presunção iuris tantum, é suficiente ao deferimento do pedido de
gratuidade de justiça quando não ilidida por outros elementos dos
autos.
2. Esta Corte Superior rechaça a adoção única de critérios
abstratos, como a renda mensal advinda dos proventos de
aposentadoria, uma vez que eles não representam fundadas
razões para denegação da justiça gratuita.
3. Agravo interno desprovido.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas,


acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça, por
unanimidade, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Napoleão Nunes Maia Filho, Benedito Gonçalves,
Sérgio Kukina e Regina Helena Costa votaram com o Sr. Ministro Relator. Presidiu o
julgamento o Sr. Ministro Gurgel de Faria.

Brasília, 28 de abril de 2020 (Data do Julgamento)

Ministro Gurgel de Faria


Relator
Superior Tribunal de Justiça
AgInt no AgInt no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.368.717 - PR
(2018/0246928-4)

RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO GURGEL DE FARIA (Relator):

Trata-se de agravo interno interposto pelo ESTADO DO PARANÁ


contra decisum de minha lavra em que conheci do agravo para dar provimento ao recurso
especial e para deferir à parte recorrente os benefícios da justiça gratuita (e-STJ fls. 257/261).

Nas suas razões, a parte agravante sustenta que o acórdão atacado não
se apoiou apenas na renda da parte ora agravada para indeferir o pedido de gratuidade de
justiça, mas analisou todo o acervo probatório dos autos, de modo que a revisão de tal
entendimento esbarra no enunciado da Súmula 7 do STJ.

Impugnação às e-STJ fls. 275/278.

É o relatório.

AREsp 1368717 Petição : 21710/2020 C5425605510:10 ;434830@ C584<41458551032524470@


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AgInt no AgInt no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.368.717 - PR
(2018/0246928-4)

RELATOR : MINISTRO GURGEL DE FARIA


AGRAVANTE : ESTADO DO PARANÁ
ADVOGADO : ANA LUIZA DE PAULA XAVIER - PR032876
AGRAVADO : JAIR PEREIRA DE SOUZA PINTO
AGRAVADO : ISIS RIBEIRO MARTINS
AGRAVADO : ADENAI MARI MAINARDES DE SOUZA
ADVOGADO : JONAS BORGES - PR030534
EMENTA

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. JUSTIÇA


GRATUITA. RENDA MENSAL. PROVENTOS. CRITÉRIO
ABSTRATO. INADMISSIBILIDADE.
1. É assente na jurisprudência do STJ que a simples declaração de
hipossuficiência da pessoa natural, ainda que dotada de presunção iuris
tantum, é suficiente ao deferimento do pedido de gratuidade de justiça
quando não ilidida por outros elementos dos autos.
2. Esta Corte Superior rechaça a adoção única de critérios abstratos,
como a renda mensal advinda dos proventos de aposentadoria, uma vez
que eles não representam fundadas razões para denegação da justiça
gratuita.
3. Agravo interno desprovido.

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VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO GURGEL DE FARIA (Relator):

Conforme estabelecido pelo Plenário do STJ, aos recursos interpostos


com fundamento no CPC/2015 (relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de
2016) serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma nele prevista
(Enunciado Administrativo 3).

Dito isso, da análise dos autos, verifica-se que não assiste razão à parte
agravante.

Conforme jurisprudência desta Corte Superior, a simples declaração de


hipossuficiência da pessoa natural, ainda que dotada de presunção iuris tantum, é suficiente
para o deferimento do pedido de gratuidade de justiça quando não ilidida por outros elementos
dos autos. A propósito:
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE TERCEIRO. GRATUIDADE DE
JUSTIÇA. INDEFERIMENTO PELO ACÓRDÃO RECORRIDO. RECURSO
ESPECIAL SOBRE O TEMA. RECOLHIMENTO DAS CUSTAS RECURSAIS.
DESNECESSIDADE. PRECEDENTE DA CORTE ESPECIAL. ALEGAÇÃO DE
NULIDADE PROCESSUAL. AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO PARA
CONTRARRAZÕES DO AGRAVO DE INSTRUMENTO. ALEGAÇÃO EM
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. POSSIBILIDADE. PRIMEIRO MOMENTO
DE ATUAÇÃO DA PARTE NOS AUTOS. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.
1. Em decisão recente, a Corte Especial deste Tribunal passou a entender ser
"desnecessário o preparo do recurso cujo mérito discute o próprio direito ao
benefício da assistência judiciária gratuita..." Na compreensão de não haver "lógica
em se exigir que o recorrente primeiro recolha o que afirma não poder pagar para só
depois a Corte decidir se faz jus ou não ao benefício." (AgRg nos EREsp
1222355/MG, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, CORTE ESPECIAL, julgado em
04/11/2015, DJe 25/11/2015)
2. Para o deferimento do pedido de assistência judiciária, a lei contenta-se com a
comprovação da condição de hipossuficiência, por meio de simples afirmação do
estado de pobreza feita pela parte, nos termos do art. 4º, da Lei nº 1.060/50, com a
redação dada pela Lei nº 7.510/86, que determina que a "A parte gozará dos
Benefícios da Assistência Judiciária, mediante simples afirmação, na própria
petição inicial, de que não está em condições de pagar as custas do processo e os
honorários de advogado, sem prejuízo próprio ou de sua família".
3. Se a parte recorrida alega, em tempo oportuno (primeira oportunidade em que se
manifestou nos autos, que não fora intimada para apresentar contrarrazões ao
agravo de instrumento, incorrendo o feito em nulidade, incumbiria à Corte de
origem examinar a alegação, ainda que em embargos de declaração. Hipótese de
violação frontal ao art. 535 do CPC.
4. Recurso especial provido. (REsp 1.559.787/MG, Rel. Ministro OLINDO
MENEZES, DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TRF 1ª REGIÃO,
PRIMEIRA TURMA, DJe 25/02/2016).

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. BENEFÍCIO DE


ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. INDEFERIMENTO PELO
MAGISTRADO. APRECIAÇÃO. CIRCUNSTÂNCIAS FÁTICAS. AUSÊNCIA DE
OMISSÃO. ART. 535 DO CPC.

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1. A solução integral da controvérsia, com fundamento suficiente, não caracteriza
ofensa ao art. 535 do CPC.
2. O STJ vem entendendo que, para a concessão dos benefícios da assistência
judiciária gratuita, basta que o postulante afirme não possuir condições de arcar
com as custas e despesas processuais sem prejuízo ao sustento próprio e de sua
família, ressalvado ao juiz indeferir a pretensão, se tiver fundadas razões para tanto,
conforme reza o art. 5° da Lei 1.060/1950.
3. O magistrado pode indeferir ou revogar o benefício, havendo fundadas razões
acerca da condição econômico-financeira da parte ou, ainda, determinar que esta
comprove tal condição, haja vista a declaração de hipossuficiência de rendas deter
presunção relativa de veracidade, admitindo prova em sentido contrário.
4. No caso dos autos, o Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, no
voto condutor do aresto, da lavra do Desembargador Jorge Alberto Schreiner
Pestana, assentou que não está presente o estado de miserabilidade necessário para
a concessão do benefício.
5. Agravo Regimental não provido. (AgRg no AREsp 363.687/RS, Rel. Ministro
HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 28/04/2015, DJe
01/07/2015).

In casu, o acórdão hostilizado, para além de não ter indicado nenhum


elemento objetivo que infirmasse a declaração prestada, firmou convicção baseando-se
primordialmente na renda da parte requerente para indeferir o pedido. Nesse ponto, confira-se o
seguinte trecho do aresto atacado (e-STJ fls. 146 e 148/149):
[...] Dos referidos contracheques, restou comprovado nos autos que os apelantes
possuem as seguintes rendas mensais líquidas (mov. 1.2 a 1.4):
- Adenai Mari Mainardes de Souza - R$ 9.465,93 (nove mil, quatrocentos e
sessenta e cinco reais e noventa e três centavos) - mov. 1.2;
- Isis Ribeiro Martins - R$ 4.438,47 (quatro mil, quatrocentos e trinta e oito
reais e quarenta e sete centavos) - mov. 1.3;
- Jair Pereira de Souza Pinto - R$ 5.410,73 (cinco mil, quatrocentos e dez reais e
setenta e três centavos) - mov. 1.4.
[...]
Com efeito, a alegação de que só a declaração de insuficiência de recursos já é
suficiente para a concessão dos benefícios da Lei 1060/1950 não se aplica ao
presente caso, posto que existem elementos nos próprios autos' que contrariam as
declarações dos autores e são aptos a ilidir a presunção de pobreza, pois os valores
recebidos a título de aposentadoria é de valor elevado, considerando o nível
médio de vida em nosso país.
Mesmo tendo sido oportunizado a prova da hipossuficiência, os autores não
trouxeram outros elementos que infirmassem a tese do impugnante, com a
existência de outros gastos que impossibilitem de fato o pagamento das custas e
honorários.
Veja-se que o fato dos autores serem idosos não garante, por si só, a justiça gratuita,
pois a idade avançada não é pressuposto para a concessão do benefício. (o destaque
é nosso)

Ocorre que esta Corte Superior vem rechaçando a adoção única desse
critério, uma vez que não representa fundadas razões para denegação da gratuidade de justiça,
pois "a desconstituição da presunção estabelecida pela lei de gratuidade de justiça exige
perquirir, in concreto, a atual situação financeira do requerente" (REsp 1.196.941/SP, Relator
Ministro BENEDITO GONÇALVES, Primeira Turma, DJe 23/03/2011).

Confira-se a jurisprudência mais recente:


AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
TRIBUTÁRIO. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. PRESUNÇÃO DE

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NECESSIDADE AFASTADA PELA CORTE ESTADUAL TÃO SOMENTE
COM BASE NO CRITÉRIO DA FAIXA DE ISENÇÃO DO IMPOSTO DE
RENDA. IMPOSSIBILIDADE. AGRAVO INTERNO DA UNIVERSIDADE A
QUE SE NEGA PROVIMENTO.
1. O acórdão recorrido divergiu da jurisprudência do STJ, consoante a qual a
faixa de isenção do Imposto de Renda não pode ser tomada como único critério
na aferição da condição de necessidade do postulante (AgInt no REsp.
1.372.128/SC, Rel. Min. GURGEL DE FARIA, DJe 26.2.2018), devendo ser
sopesados outros fatores, como o impacto das despesas do processo e
consequências da lide sobre a receita do postulante (REsp. 132.4434/SP, Rel.
Min. ELIANA CALMON, DJe 29.10.2012), razão pela qual merece ser mantida a
decisão agravada que deu provimento ao Recurso Especial.
2. Agravo Interno da UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
-UFSC a que se nega provimento. (AgInt no AREsp 366.172/RS, Relator
NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, DJe 25/02/2019)

PROCESSUAL CIVIL. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. CRITÉRIOS


DE CONCESSÃO. PARÂMETRO OBJETIVO. RENDA INFERIOR AO LIMITE
DE ISENÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA FÍSICA.
IMPOSSIBILIDADE. RETORNO DOS AUTOS À ORIGEM.
1. Quanto ao pedido de concessão da Assistência Judiciária Gratuita, observa-se
que houve concessão do pedido pela Corte regional ao realizar o juízo de
admissibilidade do Recurso Especial.
2. Todavia, a decisão proferida pelo Tribunal de origem não tem o condão de
vincular o juízo de admissibilidade do Superior Tribunal de Justiça, pois cabe a
esta Corte, órgão destinatário do Recurso Especial, realizar o juízo definitivo de
admissibilidade.
3. O Tribunal a quo, ao julgar o recurso de Apelação, negou o pedido de AJG pelos
seguintes fundamentos (fl. 313, e-STJ): "Com efeito, verifica-se que o valor da
condenação em honorários, qual seja, R$ 33.789,73 (trinta e três mil setecentos e
oitenta e nove reais e setenta e três centavos), encontra-se de acordo com os
critérios
legais aplicáveis, nos termos do art. 85, § 3º, inciso II, do CPC/15 (oito por cento),
considerando-se que o Juízo sentenciante tomou como base de cálculo o valor
apurado pelo contabilista do Juízo, qual seja, R$ 425.106,31 (fls. 147). Posto isso,
o requerimento de gratuidade de justiça não merece prosperar, uma vez que os
documentos apresentados comprovam rendimento mensal superior ao limite de
isenção do IRPF (aproximadamente três salários mínimos), conforme os
documentos de fls. 297/305, destacando-se, por oportuno, o entendimento
jurisprudencial adotado por esta Sexta Turma Especializada, na linha da
Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, no sentido de que trata-se de
critério objetivo, independentemente da avaliação das despesas mensais do
postulante ao benefício da gratuidade".
4. Com efeito, o Sodalício a quo, ao estabelecer que apenas fazem jus aos
benefícios da justiça gratuita aqueles que possuem renda ao limite de isenção do
Imposto de Renda da Pessoa Física, dissentiu da jurisprudência do STJ, que afasta a
utilização de critérios exclusivamente objetivos para a concessão do benefício da
Assistência Judiciária Gratuita, devendo ser efetuada avaliação concreta da
possibilidade econômica de a parte postulante arcar com os ônus processuais. A
propósito: REsp 1.706.497/PE, Rel. Ministro Og Fernandes, Segunda Turma, DJe
16.2.2018; AgInt no AgInt no AREsp 868.772/SP, Rel. Ministro Sérgio Kukina,
Primeira Turma, DJe
26.9.2016; AgRg no AREsp 239.341/PR, Rel. Ministro Benedito Gonçalves,
Primeira Turma, DJe 3.9.2013; AgInt no REsp 1.703.327/RS, Rel. Ministra Nancy
Andrighi, Terceira Turma, DJe 12.3.2018; e EDcl no AgRg no AREsp 753.672/RS,
Rel. Ministro João Otávio de Noronha, Terceira Turma, DJe 29.3.2016.
5. Ante a falta de elementos para decidir sobre o pedido concessão da Assistência
Judiciária Gratuita e em razão da vedação ao reexame de fatos e provas em Recurso
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Especial, tendo em vista o teor da Súmula 7/STJ, compete ao Tribunal de origem
reapreciar o pedido sem se utilizar de critérios objetivos.
6. Recurso Especial parcialmente conhecido e, nessa parte, parcialmente provido,
com determinação de retorno dos autos ao Tribunal de origem para que reanalise o
pedido de Assistência Judiciária Gratuita, à luz dos parâmetros aqui fixados. (REsp
1.846.232/RJ, Relator Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe
19/12/2019)

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.


AÇÃO RESCISÓRIA. JUSTIÇA GRATUITA. REVOGAÇÃO. DECLARAÇÃO
DE HIPOSSUFICIÊNCIA. PRESUNÇÃO IURIS TANTUM. AUSÊNCIA DE
CRITÉRIOS OBJETIVOS PARA ELIDIR A PRESUNÇÃO. RECURSO
PROVIDO.
1. Agravo regimental contra decisão da Presidência que não conheceu do recurso
especial, em razão de deserção. Reconsideração.
2. "É desnecessário o preparo do recurso cujo mérito discute o próprio direito ao
benefício da assistência judiciária gratuita. Não há lógica em se exigir que o
recorrente primeiro recolha o que afirma não poder pagar para só depois a Corte
decidir se faz jus ou não ao benefício" (AgRg nos EREsp 1.222.355/MG, Rel.
Ministro RAUL ARAÚJO, CORTE ESPECIAL, julgado em 04/11/2015, DJe de
25/11/2015).
3. Para a concessão do benefício da justiça gratuita, basta a declaração, feita
pelo interessado, de que sua situação econômica não permite vir a juízo, sem
prejuízo do próprio sustento e de sua família.
4. A declaração prestada de hipossuficiência firma em favor do requerente a
presunção iuris tantum de necessidade, que só poderá ser elidida diante de prova
concreta em contrário, o que na hipótese não ocorreu.
5. Agravo regimental provido para dar provimento ao recurso especial. (AgRg
no REsp 1.508.107/PR, Relator Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA,
DJe 08/05/2019)

Com efeito, observo que no acórdão recorrido não foi apontado


qualquer elemento concreto – além da expressa referência aos valores recebidos a título de
aposentadoria, considerados elevados, em comparação "ao nível médio de vida em nosso país"
(e-STJ fl. 148) – tecendo, tão só, afirmações genéricas acerca da capacidade da parte ora
agravada de arcar com as custas processuais, em evidente dissonância com o entendimento
acima explicitado.

Inaplicável ao caso, dessa forma, o óbice da Súmula 7 do STJ, uma vez


que despiciendo o revolvimento de matéria probatória para apreciação da controvérsia posta,
mormente em se considerando o critério puramente abstrato adotado pela Corte de origem para
denegar, fora dos parâmetros propugnados por este Tribunal Superior, o beneficio pleiteado
pela parte ora agravada.

Deixo de aplicar a multa prevista no § 4º do art. 1.021 do CPC/2015,


tendo em vista que o mero inconformismo com a decisão agravada não enseja a necessária
imposição da sanção, quando não configurada a manifesta inadmissibilidade ou improcedência
do recurso, por decisão unânime do Colegiado, como no caso em análise.

Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO ao agravo interno.

É como voto.

AREsp 1368717 Petição : 21710/2020 C5425605510:10 ;434830@ C584<41458551032524470@


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TERMO DE JULGAMENTO
PRIMEIRA TURMA
AgInt no AgInt no AREsp 1.368.717 / PR
Número Registro: 2018/0246928-4 PROCESSO ELETRÔNICO

Número de Origem:
1641393903 00036782820158160179 16413939 1641393902 1641393901 1641393900

Sessão Virtual de 22/04/2020 a 28/04/2020

Relator do AgInt no AgInt


Exmo. Sr. Ministro GURGEL DE FARIA

Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro GURGEL DE FARIA

AUTUAÇÃO

AGRAVANTE : JAIR PEREIRA DE SOUZA PINTO


AGRAVANTE : ISIS RIBEIRO MARTINS
AGRAVANTE : ADENAI MARI MAINARDES DE SOUZA
ADVOGADO : JONAS BORGES - PR030534
AGRAVADO : ESTADO DO PARANÁ
PROCURADOR : ANA LUIZA DE PAULA XAVIER - PR032876

ASSUNTO : DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO -


SERVIDOR PÚBLICO CIVIL - REAJUSTES DE REMUNERAÇÃO, PROVENTOS OU
PENSÃO

AGRAVO INTERNO

AGRAVANTE : ESTADO DO PARANÁ


ADVOGADO : ANA LUIZA DE PAULA XAVIER - PR032876
AGRAVADO : JAIR PEREIRA DE SOUZA PINTO
AGRAVADO : ISIS RIBEIRO MARTINS
AGRAVADO : ADENAI MARI MAINARDES DE SOUZA
ADVOGADO : JONAS BORGES - PR030534

TERMO

A Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, decidiu negar provimento
ao recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Napoleão Nunes Maia Filho, Benedito Gonçalves, Sérgio Kukina e Regina
Helena Costa votaram com o Sr. Ministro Relator.
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Gurgel de Faria.

Brasília, 28 de abril de 2020

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