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Sobre o tema lecionam Fredie Didier Jr e Rafael Oliveira em doutrina especializada: O art.
4º, § 1º, da LAJ, erigiu em favor do requerente autêntica presunçã o iuris tantum de
veracidade quanto ao conteú do da sua declaraçã o. Barbosa Moreira conceitua tais
presunçõ es como o substrato fá tico que a lei estabelece como verdade até prova em
contrá rio. O fato de havido como verdadeiro, até que se prove o contrá rio. Seu
posicionamento, in verbis: "Do exposto ressalta com meridiana clareza a funçã o prá tica
exercida pela presunçã o legal relativa: ela atua - e nisso se exaure o papel que desempenha
- na distribuiçã o do ô nus da prova, dispensando deste o litigante a quem interessa a
admissã o do fato presumido como verdadeiro, e correlativamente atribuindo-o à outra
parte, quanto ao fato contrá rio".
O primeiro impulso que se tem, diante disto, é reputar o art. 4º, § 1º, da LAJ, nã o
recepcionado pelo art. 5º, LXXIV, da Constituiçã o Federal, que fala na necessidade de
comprovaçã o da insuficiência de recursos. A impressã o, contudo, nã o é correta.
Primeiramente, nã o se poderia admitir que justamente a Constituiçã o Federal de 1988, de
bases eminentemente voltadas para o social, pudesse incorrer em tamanho retrocesso. A se
entender assim, ter-se-ia que voltar ao regramento anterior, exigindo-se dos requerentes
prova da situaçã o de carente, com inevitá vel restriçã o ao amplo e irrestrito acesso à justiça,
consagrado no inciso XXXV do mesmo art. 5º da Constituiçã o Federal.
Há de se ponderar, como faz Barbosa Moreira, que a lei ordiná ria terminou por ampliar a
garantia deferida pela Constituiçã o, o que somente favorece o jurisdicionado. Também
assim entende Dinamarco, para quem a Carta Magna oferece um mínimo, que a lei
infraconstitucional nã o poderá negar. Inadmissível seria se, por exemplo, ela impusesse
restriçõ es ao preceito normativo maior, como negativa do benefício, mesmo que houvesse
comprovaçã o de carência.
Nã o mais se admite, portanto, qualquer duvida: a declaraçã o de insuficiência é o suficiente
para a concessã o do benefício.
E ainda o Novo Có digo de Processo Civil (Lei 13.105/15), no § 3º e § 4º, do art. 99 dispõ e:
Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na contestação, na petição para
ingresso de terceiro no processo ou em recurso.
§ 1o Se superveniente à primeira manifestação da parte na instância, o pedido poderá ser formulado por petição
simples, nos autos do próprio processo, e não suspenderá seu curso.
§ 2o O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que evidenciem a falta dos
pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à parte a
comprovação do preenchimento dos referidos pressupostos.
§ 3o Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural.
§ 4o A assistência do requerente por advogado particular não impede a concessão de gratuidade da justiça.
§ 5o Na hipótese do § 4o, o recurso que verse exclusivamente sobre valor de honorários de sucumbência fixados
em favor do advogado de beneficiário estará sujeito a preparo, salvo se o próprio advogado demonstrar que tem
direito à gratuidade.
§ 6o O direito à gratuidade da justiça é pessoal, não se estendendo a litisconsorte ou a sucessor do beneficiário,
salvo requerimento e deferimento expressos.
O novo CPC deixa claro que nã o é preciso que a parte comprove sua situaçã o de
hipossuficiência para que seja concedido o benefício, bastando apenas sua declaraçã o nesse
sentido, documento bastante para comprovar a necessidade de que trata o pará grafo ú nico
do artigo 2º da Lei de Assistência Judiciá ria.
Referida declaraçã o goza, portanto, de presunçã o juris tantum de veracidade, podendo ser
elidida somente através de prova em contrá rio ou através de procedimento pró prio de
impugnaçã o ao pedido de justiça gratuita, exigindo-se prova cabal a demonstrar que o
assistido nã o faz jus ao beneficio.
Ausente prova em contrá rio, prevalecem os termos da declaraçã o.
No que tange a contrataçã o de advogado particular pela parte beneficiá ria, esta nã o é razã o
suficiente para o indeferimento da justiça gratuita, pois, para gozar do benefício desta, a
parte nã o está obrigada a recorrer aos serviços da Defensoria Pú blica, o que resta
comprovado a teor da Lei 1060/50 e da Constituiçã o Federal, que garantem o direito à
gratuidade de justiça sem esse requisito de representaçã o processual.
E nesse rumo, é que se tem direcionado a jurisprudência do TJMG, vejamos:
TJ-MG - Agravo de Instrumento Cv AI 10024113427322001 MG (TJ-MG)
Data de publicação: 03/06/2013
Ementa: JUSTIÇA GRATUITA - AUSÊNCIA DE CAPACIDADE FINANCEIRA. CONTRATAÇÃO DE ADVOGADO
PARTICULAR NÃO ELIDE A PRESUNÇÃO PARA DEFERIMENTO DA JUSTIÇA GRATUITA. - A presunção "juris tantum"
que milita em favor do requerente dos benefícios da justiça gratuita, que declara sua miserabilidade legal, deve
subsistir até prova segura em sentido contrário, cuja produção é de responsabilidade da outra parte, a qual
somente pode ser afastada, de ofício, pelo Julgador, se da juntada dos documentos comprobatórios exigidos,
observar-se que o requerente possui condição de prover os custos de uma demanda, ou se a determinação de
comprovação for desatendida pelo requerente. - A contratação de advogado particular não é óbice para o
deferimento da justiça gratuita. A Lei nº 1.060 /50 não diz da impossibilidade de advogado particular patrocinar
causa de pessoa que pede o beneficio da justiça gratuita Recurso provido.
TJ-MG - Agravo de Instrumento-Cv AI 10000150260271001 MG (TJ-MG)
Data de publicação: 25/06/2015
Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO REVISIONAL - INDEFERIMENTO DE JUSTIÇA GRATUITA - NÃO
COMPROVAÇÃO - PESSOA FÍSICA - PRESUNÇÃO DE HIPOSSUFICIÊNCIA EM NÃO HAVENDO DEMONSTRAÇÃO EM
CONTRÁRIO - ADVOGADO PARTICULAR - AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO PARA CONCESSÃO. Em se tratando de
pessoa física, a parte tem direito ao benefício da justiça gratuita se não há qualquer indício de sua suficiência
financeira, incumbindo à parte contrária, caso queira, derruir a alegada hipossuficiência legal. Para o deferimento
da gratuidade judiciária não se exige que esteja representado por membro da Defensoria Pública, sendo que a
representação por advogado particular não afasta o direito ao benefício.
TJ-MG - Apelação Cível AC 10153130027326001 MG (TJ-MG)
Data de publicação: 25/04/2014
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. INCIDENTE DE IMPUGNAÇÃO AO PEDIDO DE JUSTIÇA GRATUITA. CONSTITUIÇÃO
ADVOGADO PARTICULAR. IRRELEVÂNCIA. REVOGAÇÃO DO BENEFÍCIO. ART. 7º, DA LEI 1.060 /50. - Incumbe ao
impugnante a comprovação dos fatos constitutivos do seu direito, pois o art. 7º da Lei 1060 /50, dispõe que
compete ao impugnante demonstrar a inexistência ou o desaparecimento dos requisitos essenciais à concessão da
assistência judiciária gratuita. - O fato de a parte possuir alguns bens em seu nome, não sugere que possua
condições de arcar com as custas processuais sem o comprometimento do próprio sustento e o de sua família. - A
constituição de advogado particular para a defesa dos seus interesses, não retira da parte a concessão da
assistência judiciária, porque não há obrigatoriedade de se valer da Defensoria Pública, podendo escolher
advogado que aceite o encargo de lhe patrocinar gratuitamente.
TJ-MG - Apelação Cível AC 10439110049624001 MG (TJ-MG)
Data de publicação: 15/04/2014
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE COBRANÇA DE SEGURO OBRIGATÓRIO DPVAT - ACORDO - HOMOLOGAÇÃO
PARCIAL - IMPOSSIBILIDADE - PARTE BENEFICIÁRIA DA JUSTIÇA GRATUITA - ADVOGADO PARTICULAR -
PAGAMENTO DE HONORÁRIOS - AUSÊNCIA DE VEDAÇÃO. Os benefícios da assistência judiciária não atingem a
relação particular firmada entre a parte e seu procurador, e não podem impedir que este receba os honorários
acordados pela prestação dos serviços. A transação que estabelece o pagamento, pela parte beneficiária da justiça
gratuita, dos honorários acordados com o seu advogado, merece ser homologada em sua integralidade, sem
ressalvas quanto a esta previsão. Recurso provido.
TJ-MG - Agravo de Instrumento Cv AI 10411130076283001 MG (TJ-MG)
Data de publicação: 25/03/2014
Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO - MEDIDA CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS - INDEFERIMENTO DE
JUSTIÇA GRATUITA - DECLARAÇÃO DE POBREZA - PRESUNÇÃO DE VERACIDADE - ADVOGADO PARTICULAR -
AUSÊNICA DE IMPEDIMENTO PARA A CONCESSÃO - DEFERIMENTO DA BENESSE. Em se tratando de pessoa física, a
parte tem direito ao benefício da justiça gratuita se não há qualquer indício de sua suficiência financeira,
incumbindo à parte contrária, caso queira, derruir a alegada hipossuficiência legal Para o deferimento da
gratuidade judiciária não se exige que esteja representado por membro da Defensoria Pública, sendo que a
existência de aparente condição econômica privilegiada e a representação por advogado particular não afastam o
direito ao benefício, se ausente prova que evidencie a atual possibilidade financeira de arcar com as despesas
processuais, sem prejuízo do sustento próprio ou da família
TJ-MG - Agravo de Instrumento Cv AI 10701140036206001 MG (TJ-MG)
Data de publicação: 09/05/2014
Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO - INDEFERIMENTO DE JUSTIÇA GRATUITA -
DECLARAÇÃO DE POBREZA - PRESUNÇÃO DE VERACIDADE - ADVOGADO PARTICULAR - AUSÊNCIA DE
IMPEDIMENTO PARA A CONCESSÃO - COMPROVANTE DE HIPOSSUFICIÊNCIA - DEFERIMENTO DA BENESSE. O
pedido de justiça gratuita feito por pessoa física, a partir de declaração de pobreza, prescinde de prova da
hipossuficiência financeira para o acolhimento, a menos que fortes indícios indiquem o contrário. No caso, a
autora juntou documento que indica que é aposentada por invalidez recebendo por isso valor módico, assim não
tem capacidade financeira para arcar com as despesas do processo, sem o prejuízo de seu sustento e de sua
família. Para o deferimento da gratuidade judiciária não se exige que esteja representado por membro da
Defensoria Pública, sendo que a representação por advogado particular não afasta o direito ao benefício.
TJ-MG - Apelação Cível AC 10280130052044001 MG (TJ-MG)
Data de publicação: 15/07/2014
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL - IMPUGNAÇÃO À JUSTIÇA GRATUITA - ÔNUS DA PROVA - IMPUGNANTE - AUSÊNCIA DE
COMPROVAÇÃO DA CAPACIDADE FINANCEIRA - ADVOGADO PARTICULAR - AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO PARA A
CONCESSÃO - DEFERIMENTO DA BENESSE. No incidente de impugnação ao pedido de assistência judiciária gratuita
compete ao impugnante o ônus da prova de que o impugnado tem condições financeira de arcar com as despesas
processuais sem o prejuízo de seu sustento ou de sua família, não fazendo o impugnante prova nesse sentido,
impõe-se a improcedência de seu pedido inicial. Para o deferimento da gratuidade judiciária não se exige que
esteja representado por membro da Defensoria Pública, sendo que a existência de aparente condição econômica
privilegiada e a representação por advogado particular não afastam o direito ao benefício, se ausente prova que
evidencie a atual possibilidade financeira de arcar com as despesas processuais, sem prejuízo do sustento próprio
ou da família.
Ante o exposto, resta claro o direito da Agravante ao benefício da Assistência Judiciá ria
Gratuita, devendo ser dado provimento ao presente recurso de agravo de instrumento, a
fim de reformar a r. Decisã o agravada, deferindo a gratuidade da justiça, nos termos do
requerimento formulado pela Agravantes na petiçã o inicial e na declaraçã o de pobreza
firmada e juntada aos autos, bem como demais provas.
V. DA NECESSIDADE DO RECEBIMENTO DO AGRAVO EM SEU EFEITO ATIVO.
A manutençã o da decisã o agravada impõ e a Agravante um evidente prejuízo, qual seja, o
indeferimento da Petiçã o Inicial. Isso porque nã o tem a Agravante qualquer condiçã o
econô mico-financeira para arcar com as despesas do processo.
A decisã o do r. Magistrado, contudo, nã o só obstaculizou o acesso à justiça, como também
resguardou ao Agravado oportunidade para afastar a eficá cia da jurisdiçã o.
Há de se concluir, portanto, que sã o razõ es que justificam o periculum in mora:
O indeferimento da petiçã o inicial ante a impossibilidade da Agravante recolher as custas
do processo
Nã o apreciaçã o liminar, per se, pode causar dano irrepará vel à eficá cia da sentença que
será oportunamente proferida.
O fumus boni juris, por sua vez, é evidente, posto que deva ser aplicado ao caso em
comento nã o só o direito, mas princípios constitucionais e o pró prio artigo 99 e pará grafos
do novo CPC, que resguarda a agravante.
Assim, demonstrado o “periculum in mora” e o “fumus boni juris”, requer a Agravante que
Vossa Excelência conceda, em liminar, efeito ativo ao presente Agravo de Instrumento, a
fim de suspender os efeitos do despacho interlocutó rio de primeiro grau, e conceder o
benefício da gratuidade da justiça, determinando ao Juízo a quo proceda a aná lise do
pedido formulado na inicial e o prosseguimento do feito, nos termos da Lei.
VI. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS FINAIS:
Isto posto, requer à Vossa Excelência:
a) Seja o presente Agravo de Instrumento recebido e distribuído incontinentemente
b) Seja deferido o efeito ativo ao presente agravo de instrumento para suspender os efeitos
da decisã o interlocutó ria, determinando o prosseguimento do feito sem o recolhimento das
custas e despesas processuais
c) Seja dado provimento ao presente recurso a fim de reformar a r. Decisã o agravada,
deferindo a gratuidade da justiça, nos termos dos requerimentos formulados pela
Agravante na declaraçã o de pobreza firmada e juntada aos autos, e pelos motivos expostos
nos corpo deste recurso.
d) Para instruir o presente Agravo, o Agravante apresenta os documentos obrigató rios
(CPC, 1.017, I): a) Petiçã o inicial; b) procuraçã o da parte Agravante, deixa de juntar
procuraçã o do advogado da Agravada considerando que nã o houve a citaçã o e constituiçã o
de advogado; c) Declaraçã o de Hipossuficiência d) decisã o agravada; e) Có pia da Certidã o
da intimaçã o da r. Decisã o; f) Despacho requerendo que o procurador da agravada
informasse se tinha contratado honorá rios com a recorrente; g) Resposta acerca deste
despacho e extrato bancá rio comprobató rio da renda da agravante, anexado aos autos por
esta resposta; h) Informa que nã o há citaçã o da agravada, e a decisã o é inaudita altera pars,
por isso deixa de juntar contestaçã o.
e) Deixa de recolher custas recursais, considerando nã o ter condiçõ es de arcar com as
custas processuais, nos moldes da declaraçã o de pobreza firmada e juntada aos autos,
requerendo, desde já , o benefício da gratuidade da justiça
Com o provimento deste Agravo, com certeza, estará sendo aplicada a mais lídima e
autêntica justiça!
Termos em que, pede deferimento.
Cidade, Dia, Mês e ano
Advogado, oab.