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A pena de confissão é meio de prova que pode ser elidido por prova em

contrário, enquanto que a revelia é a situação processual da ausência de defesa, ou


melhor, decorre da falta de resposta do réu (CPC, artigo 297). No âmbito do processo
trabalhista, entretanto, tendo em vista que a defesa é um ato de audiência, onde
predomina o princípio da concentração e oralidade, onde toda prova deve ser produzida
nesse ato, na hipótese de haver a ausência injustificada da parte, o artigo 844 da CLT
atribui ao reclamado, além da revelia, também a aplicação da confissão ficta em face da
impossibilidade de ser colhido o seu depoimento pessoal. Para elidir a revelia, há que se
provar de forma satisfatória e inconteste a impossibilidade de comparecimento à
audiência, sob pena de prevalecer seus efeitos, decorrendo deles a presunção de
veracidade dos fatos narrados pelo autor na peça inicial.

O revel, entretanto, pode intervir no processo em qualquer fase processual


mas receberá o feito no estado em que se encontra (CPC, artigo 322, segunda parte) e a
partir daí passará a acompanhar todos os atos e termos do processo. Contudo,
estabelecida a confissão presumida, sua conseqüência jurídica é a impossibilidade de se
produzir provas posteriormente, já que tais atos foram fulminados pela preclusão, do
contrário se fosse permitido ao revel a a produção de outras provas o instituto da ficta
confessio se tornaria inútil, já que nenhuma conseqüência prática traria para a parte que
não atendesse o chamado da justiça.

A questão torna-se controvertida, no entanto, na situação em que ausente a


reclamada, mas presente na audiência o seu advogado munido de procuração, defesa e
documentos, se isto gerará a mesma pena da ficta confessio. Neste caso, ainda não há
um caminho uniforme pois há doutrinadores que entendem ser irrelevante a presença
apenas do advogado do empregador para elidir a revelia, uma vez que é imprescindível a
presença do empregador ou do seu preposto na audiência, dada a ênfase que o
legislador consolidado atribuiu ao instituto da conciliação. (Inteligência dos artigos 843 e
844 da CLT), cabendo ao patrono do reclamado apenas suscitar questões técnicas. Por
outro lado, há posições contrárias no sentido de que a confissão presumida não é prova
absoluta e a aplicação da pena de confissão não impede a produção de prova que a elida,
podendo o julgador, na busca da verdade real, formar sua convicção com base nas
provas que já estejam nos autos ou determinadas pelo julgador, conforme lhe autoriza o
artigo 765 da CLT.

Embora a Orientação Jurisprudencial nº 184 do Colendo SDI deixa claro que


somente a prova pré-constituída nos autos é que deve ser levada em conta para
confronto com a confissão ficta (artigo 400, I, CPC), é preciso aqui o juiz agir com cautela
e bom senso, para não praticar injustiça, pois se há documentos idôneos que comprovem
a quitação de alguns direitos pleiteados, deve o julgador, no mínimo, investigar a verdade,
porque a lei lhe concede ao julgador essa faculdade de requisitar provas. Neste caso, a
pena de confissão deverá prevelecer apenas no que não colidir com a prova documental,
cuja decisão seria coerente e atenderia o que dispõe o nosso ordenamento jurídico no
sentido de evitar-se o locupletamento ilegal da parte.

Outro fato que merece ser destacado é quando há pequeno atraso da


reclamada em audiência, ou quando sua presença se dá quando ainda não findou o ato
processual da audiência. O artigo 844 da CLT é claro em afirmar que somente o não
comparecimento da empresa é que acarreta a sua revelia. Neste caso, se houve o
atendimento ao chamamento judicial, sua representação está regular, não é justo a
decretação dos efeitos da confissão ficta ou a revelia de corpo presente, o que se
configura num rigor excessivo.

Somente o não comparecimento da empresa é que acarreta sua revelia, conforme


expressamente pontifica o artigo 844 da CLT.

Outro fato que merece ser destacado é quando há apenas um atraso da Se


a Reclamada se reúne com o Juízo e a parte adversa está presente, ainda não findo o ato
processual da audiência.

não implicando cerceamento de defesa o indeferimento de provas posteriores. Por outro


lado, a confissão ficta, embora definida como pena no parágrafo segundo, do artigo 343
do Código de Processo Civil, não o é, mas sim mera presunção de veracidade dos fatos
articulados pela parte adversa, a qual, por ser relativa, pode ser infirmada por outros
elementos já existentes nos autos.

Orientação Jurisprudencial nº 74 da SDI/TST, que dispõe "a reclamada ausente à


audiência em que deveria apresentar defesa, é revel, ainda que presente seu advogado
munido de procuração"

A presença do advogado, munido da peça contestatória e documentos revelam


na verdade o animo de oferecer defesa, contudo há os que entendem que essa intenção
não deve permanecer no âmbito subjetivo do individuo, cuja intenção deveria ser
exteriorizada pela própria parte, pois a presença do advogado revela, quando muito,
ânimo de defender o seu cliente, o que é diferente. Assim, ausente o reclamado precluiu
a sua oportunidade de oferecer contestação, porem, se aceita a contestação, obviamente
que não há mais que se falar em revelia e muito menos em confissão ficta, já que esta é
conseqüência daquela.

Se a empresa comparece para defender-se antes de finda a audiência, na forma do artigo


844, CLT, não se lhe aplica a revelia e a confissão forçada, mormente quando o atraso é
ínfimo

Com atraso de 5 minutos, a Reclamada adentrou na sala de audiência e dela participou


com ajuntada de documentos (f. 30).

O artigo 815, CLT determina que as partes devem estar presentes à audiência e a
empresa estava.

Se a Reclamada se reúne com o Juízo e a parte adversa está presente, ainda não findo o
ato processual da audiência.

As leis abrem ao juiz a faculdade ouvir as partes no início, no meio ou no fim do processo
(CLT, artigo 820, e CPC, artigos 125, III, e 343), mas a parte que está ausente, por meio
do seu advogado, conserva o direito de ouvir a parte presente à audiência, a fim de obter
dela a confissão sobre os fatos articulados na inicial ou na defesa. Há fatos cujo ônus da
prova é do autor e há fatos, distintos, cujo ônus da prova é do réu. Ambos podem
confessar fatos contrários aos seus interesses, fatos distintos, sem que isso implique em
conflito de confissões ou em ofensa ao princípio da igualdade processual.
. Quarto porque, se juntada a contestação, obviamente não há que se falar em revelia,
pois esta resulta da falta daquela.

Assim, se ausente a reclamada, mesmo presente o seu advogado, munido de procuração


e contestação, inequivocamente esta não pode ser juntada aos autos, sob pena de
violação ao disposto no artigo 844 da CLT. Nem há que se pretender, como também
querem alguns, que o indeferimento da juntada da contestação, no caso, implica em
cerceamento do direito de defesa, pois, como já dito, o direito de defesa apenas exsurge
se o reclamado desvencilhar-se do seu ônus processual, qual seja: regularmente citado,
comparecer à audiência e nela oferecer contestação. Deixando de comparecer e, assim
descumprindo o seu ônus processual, obviamente precluso o seu direito de defesa.

Acrescente-se, ainda,.

Por outro lado, há que se distinguir entre obrigação e ônus. Com efeito, enquanto o
cumprimento de uma obrigação pode ser exigida até coercitivamente pelo credor, sendo
certo que o cumprimento da obrigação beneficia exclusivamente o credor, já o
cumprimento de um ônus geralmente somente beneficia àquele a quem a ele se encontra
submetido, porém sendo uma faculdade de quem a ele se encontra submetido de agir ou
não, segundo suas próprias conveniências, significando que o indivíduo não pode ser
compulsoriamente obrigado ao cumprimento de um ônus. Contudo, o descumprimento de
um ônus acarreta a preclusão, que consiste na perda da faculdade da prática daquele ato
e geralmente redundando nas conseqüências advindas desse descumprimento.

No caso sub judice, a reclamada foi regularmente notificada e, no entanto, na audiência


somente compareceu o seu advogado, munido de procuração e contestação, tendo a MM.
Junta de origem deferido a juntada da contestação e procuração e, ainda, também
deferindo aditamento à contestação, mas, a requerimento do advogado dos reclamantes,
aplicando (sic) a pena de confissão.

Ora, juntada a contestação, inclusive sendo permitido o aditamento da mesma,


obviamente não há que se falar em revelia e, por via de conseqüência, em confissão.

E, por incrível que possa parecer, em nenhum momento do processado o advogado dos
reclamantes protestou contra tal procedimento e, tampouco, interpõe recurso ordinário
insurgindo-se contra ajuntada da defesa e o aditamento efetivado.

Logo, destituída de qualquer suporte jurídico a aplicação da (sic) pena de confissão à


reclamada.

Diante de todo o exposto, somente resta conhecer de contestação e dos documentos


juntados, por não impugnados, devendo a lide ser decidida em função da controvérsia
estabelecida, observadas a distribuição do ônus probatório e as provas constantes dos
autos.

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