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Tema 2
“Só se vê bem com o coração; o essencial é invisível aos olhos.” - O Pequeno Príncipe
Você lembra do seu tempo de criança? O que você mais gostava de fazer?
Tente recordar (e se preferir, tome nota) da pessoa que você era quando criança:
• Quais eram as suas brincadeiras favoritas?
• O que você mais gostava que acontecesse?
• Como você enxergava os adultos da casa?
• Com quem você mais convivia?
• Quem eram os seus melhores amigos? O que vocês faziam juntos?
• Como você descreveria essa criança que você foi?
• Que sonhos você tinha?
• Quais eram os seus medos mais terríveis?
• Como você se imaginava quando adulto?
• O que pensava sobre a vida de adulto?
Faça uma pausa, feche os olhos e se conecte com essa criança que você foi.
(...)
Depois de reviver um pouco desse mundo-criança, compare com quem você é hoje: em que
você mudou, para melhor e para pior?
Você ainda olha para o futuro com o mesmo otimismo? Você se permite gostar das pessoas
como gostava antes? Você ainda se permite estar tão envolvido por algo divertido que não
vê as horas passarem? Ou será que muitas coisas que você faz hoje são apenas porque você
“tem que fazer”?
Isso tudo que éramos quando crianças, tem muito a ver com a nossa Essência.
Introdução à Sabedoria Gnóstica – Câmara Básica | 10
Associação Cultural Gnóstica Samael-Lakhsmi
A essência é atemporal, peregrinando de existência em existência. Porém cada vez que nasce
no mundo, tomando um corpo físico, ela necessita adaptar-se aos costumes daquele povo,
daquela cultura, daquela época. Quem faz essa adaptação é a personalidade.
Por isso, a personalidade é filha do tempo, ou seja, se desenvolve desde que a criança nasce
até os seus primeiros sete anos e é descartada quando a pessoa desencarna.
Por servir como um veículo de adaptação à cultura em que está inserida, é notório que
precisamos descartá-la a cada novo nascimento, para podermos construir uma nova
personalidade na existência seguinte, que abrigará os hábitos e costumes desse novo lugar e
época.
Como a maioria dos costumes são inconscientes, eles ficam depositados apenas na
personalidade, ou seja, são mecânicos e por isso a grande maioria das pessoas não lembra
de absolutamente nada das suas vidas anteriores.
Na personalidade estão os hábitos, a linguagem, os padrões de certo e errado e tudo
que de alguma forma vai determinar quais valores internos vão se expressar em nós.
O surgimento do ego
À medida que a personalidade vai se desenvolvendo, ela vai abrindo espaço para que uma
segunda natureza se expresse dentro de nós. Dentro do gnosticismo, chamamos essa
segunda natureza de ego.
O ego é a personificação de nossos defeitos psicológicos (vícios, maus hábitos,
complexos, manias, compulsões...) e é formado por muitos eus.
A criança vai aprendendo, por exemplo, que se mentir, ninguém vai saber o que ela fez.
Então a personalidade abre espaço para que os “eus” de mentira que a pessoa criou em vidas
passadas comecem a se expressar. E o mesmo
acontece com a raiva, mágoa, vaidade, inveja, preguiça,
medo, gula, luxúria, ansiedade, etc.
Nós formamos milhares de eus nas vidas passadas e
estes não morrem com a morte do corpo físico. Eles
ficam aguardando uma nova existência, porém,
diferente da essência, eles só podem se expressar se
houver espaço na personalidade.
Os eus psicológicos são a causa de nossos sofrimentos
e problemas.
Prática
A auto-observação
Essa é a primeira e talvez a mais importante de todas as práticas para o autoconhecimento.
Através da auto-observação vamos aprender a perceber o que está acontecendo em nosso
mundo interior e com isso vamos aumentar nosso poder de escolha diante das situações,
saindo do piloto-automático.
Auto-observação é aprender a perceber o que está acontecendo dentro de si, nos
pensamentos, sentimentos, hábitos, impulsos, etc.
É fundamental perceber que tudo que surge dentro de nós está relacionado a uma
interpretação que estamos aplicando sobre os eventos. É necessário aprender a identificar
essa relação entre eventos, interpretação e reações internas, para deixar de ser vítima das
circunstâncias e vítima das suas próprias debilidades, e então despertar.
Para aprender a se auto-observar, temos que internamente nos dividirmos em observador e
observado.
Observador
É a nossa essência, que se expressa como capacidade de se dar conta, de estar consciente, de
prestar atenção. É quem “olha” para o que está acontecendo dentro da gente, com a
capacidade de perceber como se estivesse vendo de fora da situação, sem se identificar.
Observado
São todos os eventos mentais, sejam pensamentos, emoções, instintos, impulsos, intenções,
hábitos, fantasias, medos, crenças, etc.
Comumente, nossos eus psicológicos atuam como se fossem “lentes” coloridas para enxergar
os eventos da vida. Por exemplo, se uma pessoa usasse lentes vermelhas, veria tudo
vermelho. Assim ocorre com os eus, pois cada eu que se expressa em um momento busca
enxergar o mundo que conhece, então tudo para ele é exatamente de acordo com a
realidade que ele construiu e que está acostumado a encontrar.
Introdução à Sabedoria Gnóstica – Câmara Básica | 13
Associação Cultural Gnóstica Samael-Lakhsmi
Por isso, um eu zangado, quando se expressa vai buscar razões para ficar zangado; um eu
preguiçoso quando se expressa vai achar tudo difícil; um eu de inveja vai olhar para as
situações ao seu redor e se perguntar porque as coisas só não dão certo para ela, etc.
Ao observar, vamos buscar perceber as predisposições ou lentes (os eus) que estamos
usando para fazer a leitura dos eventos. Essa percepção produz o despertar.
Se não nos identificamos com nossos pensamentos, sentimentos e instintos, ganhamos
poder de escolha diante das circunstâncias, ao invés de sermos arrastados como marionetes.
Essa é uma prática que vai treinar nossa habilidade ou sentido de percepção interna, que é
essencial para desenvolver essa conexão mais profunda com nosso Ser e assim permitir
expressar mais e mais a sua sabedoria.