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Quatro Passos para o

Perdão
Uma forma poderosa de liberdade,
felicidade e sucesso.

William Fergus Martin


Copyright © 2014 by William Fergus Martin
Todos os direitos reservados. Este livro ou qualquer parte
dele, não poderá ser reproduzido ou utilizado sem
autorização prévia por escrito da editora, exceto para o uso
em breves citações em resenhas do livro.
Este livro é baseado no original “Forgiveness is Power”,
também de autoria de William Fergus Martin e publicado por
Findhorn Press findhornpress.com
Imagem da capa, copyright Copyright © 2014 Findhorn Press,
uso por permissão Para mais informações:
Forgiveness-is-power.com
Sobre o Autor
William Fergus Martin é um autor, palestrante e líder seminarista independente
que ajuda as pessoas a se fortalecerem. Ele é Escocês e é casado com uma
senhora Japonesa.
Ele já viajou extensivamente e sua escrita é influenciada pela apreciação
dos desafios comuns que as pessoas enfrentam em todos os lugares do
mundo.
William fica feliz em escrever artigos sob encomenda, dar palestras e
realizar seminários, especialmente sobre o tema do Perdão. Ele adora usar
sua experiência de escritor e de treinamentos, adquiridas na área de
computação, para ajudar pessoas a aprenderem a perdoar. Contate-o
através de sua editora: Findhorn Press, findhornpress.com

Outros trabalhos:
Forgiveness is Power,
Findhorn Press. ISBN:
978-1-84409-628-2
Elogios sobre o Forgiveness is Power
“William Martin criou um esclarecedor Guia do Usuário para o perdão.
Exaustivamente pesquisado. Imensamente perspicaz. Muito prático. Eu
sinceramente recomendo.”
Robert Holden, autor de Shift Happens! E Loveability
“Uma profunda mina de ouro, cheia de informações ricas e relevantes.”
William Bloom, Autor de The Endorphin Effect
“William Martin escreveu um poderoso livro-guia sobre como perdoar, não
apenas nossos irmãos e irmãs, mas também a nós mesmos.
Jon Mundy, Ph.D. autor de Living A Course in Miracles.
Status da Tradução
Desculpe, mas meu livro Forgiveness is Power ainda não está disponível em
seu idioma. Por favor, visite meu site http://forgiveness-is-power.com para
atualizações sobre quando ele poderá ficar disponível.
Por que Perdoar?
O Perdão liberta você
Você se beneficia imensamente, assim como quem está ao seu redor, quando
escolhe perdoar.
Quer você precise perdoar outros ou perdoar a você mesmo, ao fazê-lo você
liberta-se do passado e permite-se realizar o seu verdadeiro potencial. O Perdão
permite que você se liberte de crenças e atitudes limitadoras. Ele liberta sua
energia mental e emocional para que assim, você possa aplicá-las para criar uma
vida melhor.
O perdão ajuda você a alcançar seus objetivos, mesmo os mais práticos e
imediatos: Talvez você queira um trabalho melhor para ganhar mais dinheiro,
queira ter relacionamentos melhores ou viver em um lugar mais agradável. O
perdão ajuda você a alcançar tudo isto. Se você não perdoou, uma parte de sua
energia interna de vida fica presa ao ressentimento, raiva, dor ou a algum tipo de
sofrimento. Essa energia de vida que está presa irá limitar você. É como tentar
andar de bicicleta freando o tempo todo. Isso atrasa e frustra você, e faz com que
seja difícil continuar a viver.
As escolhas que você faz e as coisas que você acredita serem possíveis, serão
todas influenciadas pelos casos que você não perdoou. Assim que você aprende a
perdoar, a energia que estava sendo usada para pensamentos e sentimentos infelizes,
será liberada e poderá fluir para criar a vida que você desejar, ao invés de limitá-lo
ou criar mais sofrimento.
Se você não quer aprender a perdoar para beneficiar a si próprio, então aprenda a
perdoar para que você possa beneficiar os outros. Quando você aprende a perdoar,
você beneficia todo mundo que está em contato com você. Seus pensamentos serão
mais claros e mais positivos do que antes. Você terá muito mais a oferecer e
facilmente desfrutará do ato de compartilhar o que você possui. Você se tornará,
naturalmente e facilmente mais bondoso, mais generoso e mais carinhoso com os
outros – sem precisar se esforçar para que isto aconteça. Você terá atitudes mais
alegres e positivas com as pessoas que estão em sua vida e em troca elas irão
responder mais positivamente para você.
É mais fácil estar por perto de uma pessoa que perdoa do que uma que não
perdoa? Sim, com
Se você deseja passar para o próximo nível de sucesso e abundância
financeira, o Perdão irá ajudá-lo a conquistar isto. Por exemplo, se você deseja
mais dinheiro em sua vida, você precisa ter certeza que não tem magoas com
pessoas que possuem mais dinheiro que você. As pessoas que tem mais dinheiro
que você, são as que mais serão capazes de ajudá-lo a ter mais dinheiro
também. Se, assim como certas pessoas fazem, você tiver ressentimentos de
“pessoas com dinheiro”, então elas não serão capazes de ajudá-lo, porque você
não estará aberto enquanto estiver magoado. Da mesma forma, se você tem uma
atitude positiva com pessoas que tem mais dinheiro que você (sorrindo para elas
ao invés de olhar com raiva), elas irão vê-lo como uma pessoa acessível e serão
mais propensas a trabalhar ou a socializar com você.
Se você deseja um trabalho melhor e deseja ganhar mais dinheiro, então ter
uma atitude positiva em seu trabalho, com seu chefe, com seus colegas e com
seus clientes, ajudará imensamente.
Pessoas que tem uma atitude positiva e prestativa se destacam em qualquer
situação. Você nunca
poderá ter sucesso em uma organização para qual você não deseja sucesso,
porque você não dará o seu melhor. Se você não der o seu melhor, fazendo o
melhor que você pode em seu trabalho, então você não receberá o melhor que
pode vir à você. O Perdão irá ajudar você a ter o tipo de atitude que fará com
que você tenha sucesso em seu trabalho.
Aprender a perdoar também a si mesmo é de importância vital. Ferir-se,
recusando-se a perdoar a si mesmo, irá machucar os outros também. Se você
não perdoar a si mesmo, então você ira punir-se negando a si mesmo as coisas
boas da vida. Quanto mais você negar a si mesmo, menos você terá a doar.
Quanto menos você doar, menos você poderá beneficiar quem está a sua volta.
Quando você para de limitar o que você recebe, você para de limitar o que
pode doar. Todo mundo se beneficia quando você perdoa a si mesmo, pois
assim você permitirá mais coisas boas em sua vida e possuirá muito mais para
doar. Aprender a perdoar também a si mesmo é de importância vital. Ferir-se,
recusando a perdoar a si mesmo, irá machucar os outros também. Se você não
perdoar a si mesmo, então você ira punir-se negando a si mesmo as coisas
boas da vida. Quanto mais você negar a si mesmo, menos você terá a doar.
Quanto menos você doar, menos você poderá beneficiar quem está a sua volta.
Quando você para de limitar o que você recebe, você para de limitar o que
pode doar. Todo mundo se beneficia quando você perdoa a si mesmo, pois
assim você permitirá mais coisas boas em sua vida e possuirá um monte a mais
para doar.
Quando você perdoa, você se torna um melhor marido ou esposa, você se
torna um melhor aluno ou professor, você se torna um melhor empregado ou
empregador e você se torna um melhor pai ou filho. Quando você é capaz de
perdoar, você se abre ao sucesso, seja o que ele significar para você. Conforme
você aprende a perdoar, o que parecia impossível não apenas se torna possível,
mas até mesmo mais fácil de alcançar.
Se você é uma pessoa religiosa ou espiritual, aprender maneiras práticas de
perdoar melhorará e aprofundará sua experiência religiosa ou pratica espiritual.
Isto livrará você da culpa de não ser tão “bom” quanto você acha que deveria
ser, e ajudará você a se tornar a pessoa que você gostaria de ser. Praticar o
perdão fortalece a bondade dentro de você e assim, você se torna mais ativo
em sua vida. Você se sentirá menos inclinado a fazer coisas que você sabe que
não deve, mas que não foi capaz de parar de fazer por conta própria. Você
começará a fazer mais as coisas que você sabe que deve, mas que ainda não foi
capaz de começar a fazer.
Aprender a perdoar só ajuda você; nunca fará com que você se machuque.
O perdão é imensamente prático e útil. Não existe nada de vago ou inviável
nele. O perdão liberta você. À medida que você aprende a perdoar, muito
problemas (possivelmente até problemas de saúde) irão desaparecer
gradualmente. Será como se você pudesse ver sua vida de cima e enxergar o
caminho mais fácil para chegar aonde deseja. A vida irá surgir diante de você.
Novas oportunidades irão emergir do nada. Coincidências felizes irão ocorrer
ao encontrar a pessoa certa no momento certo. Idéias ou respostas irão vir até
você quando você precisar delas. Um comentário de algum amigo, o folhear
de um livro ou revista, ou uma conversa que você escute sem querer, irá lhe
dar o que você esta procurando. Por que isso acontece? É porque ao praticar o
perdão você se torna mais aberto à bondade da vida, assim a bondade será
mais capaz de encontrar o caminho até você.
Na medida em que você aprende a perdoar, habilidades que estavam
adormecidas dentro de você irão emergir e você irá descobrir que você é muito
mais forte e capaz do que você imaginava ser. Partes de você que não poderiam
florescer no solo frígido da falta de perdão, irão começar a crescer. Você
começará a livrar-se de apertos e dificuldades. Você encontrará um fluxo fácil e
a vida será muito mais prazerosa e muito mais agradável. Se tudo isso parece
exagero, então deixe estar, assim, por agora. Simplesmente pratique os Quatro
Passos para o Perdão que você
encontrará nestas páginas e você será muito grato por ter o feito.
Quatro Passos para o Perdão
Uma poderosa maneira de mudar sua vida para melhor.
Os Quatro Passos para o Perdão fornecem a você uma maneira rápida e fácil
de começar a perdoar. Ele poderá levá-lo a mudanças profundas e grandiosas
em sua vida. Seu poder está em sua simplicidade, portanto, comece a utilizá-
lo e você verá por si próprio.
Estes Quatro Passos podem ser usados para qualquer tipo de questão, grande
ou pequena.
Contudo, é melhor iniciar com assuntos relativamente pequenos até que você
pegue a idéia. De fato, é melhor não tentar perdoar alguém que poderá
potencialmente lhe causar feridas futuras até que você obtenha experiência e
entendimento sobre todo o processo de perdão (veja Perdão Difícil e
Reconciliação). Pense em uma questão pequena, que você deseja perdoar e
tente fazer os passos abaixo.
Os Quatro Passos para o Perdão

É melhor anotar os Quatro Passos até que você


obtenha experiência. Passo 1: Declare o nome da
pessoa que você precisa perdoar e a razão.
Passo 2: Reconheça como você atualmente se sente em relação a situação. É
melhor que sejam os sentimentos mais honestos, não as coisas educadas ou
legais que você pensa que deveria sentir.
Você precisa trabalhar com o que você realmente sente. Então, você expressa
sua disposição de ao menos estar aberto à possibilidade de deixar esses
sentimentos irem embora.
Passo 3: Declare os benefícios que você terá pelo perdão. Isto, sobretudo será o
oposto do que você está sentindo atualmente. A tristeza se tornará felicidade,
raiva se tornará paz, o peso se tornará uma sensação de leveza e assim por
diante. Se você não tem certeza sobre os benefícios, basta escolher alguns bons
sentimentos que você gostaria de ter a partir de agora (felicidade, mais vontade,
mais confiança, etc). Ajudará se você puder imaginar o quão melhor você se
sente quando você perdoar.
Passo 4: Comprometa-se a perdoar. Simplesmente, declare a si mesmo quem é
que você deseja perdoar e então reconheça os benefícios que o perdão trará para
você.
Geralmente, você terminará os Quatro Passos com algo
parecido com isto: Exemplo 1:
Imagine que seu amigo João começou a lhe evitar e você não sabe a razão.
1. Estou disposto a perdoar o João por ter me evitado.
2. Eu agora escolho libertar meus sentimentos de tristeza, raiva e medo.
(Caso necessário, você pode optar por libertar mais emoções
posteriormente).
3. Eu reconheço que perdoar João me beneficia e assim me sentirei mais
feliz, saudável e em paz.
4. Eu me comprometo a perdoar o João e aceito a paz e a liberdade
que o perdão traz. Exemplo 2:
Neste exemplo, a namorada de alguém, Janete, terminou o relacionamento.
1. Eu quero perdoar Janete por ter me deixado.
2. Eu agora escolho libertar meus sentimentos de arrependimento, abandono
e medo.
3. Eu reconheço que perdoar Janete me beneficia e assim me sentirei
esclarecido, mais feliz e mais capaz de criar relacionamentos melhores no
futuro.
4. Eu me comprometo a perdoar Janete e aceito a paz e a liberdade
que o perdão traz. Exemplo 3:
Neste exemplo, alguém foi demitido de seu emprego.
1. Eu quero perdoar meu chefe por ter me demitido.
2. Eu agora escolho libertar meus sentimentos de raiva, tristeza, injustiça e
desapontamento.
3. Eu reconheço que perdoar meu chefe me beneficia e assim me sentirei
positivo, feliz e mais capaz de encontrar um emprego melhor no
futuro.
4. Eu me comprometo a perdoar meu chefe e aceito a paz e a liberdade
que o perdão traz. Para guiá-lo através dos passos existe uma Ficha de
Trabalho para os Quatro Passos Para o
Perdão
Ficha de trabalho dos Quatro Passos para o Perdão
Esta ficha pode ajudá-lo a encontrar seu caminho através dos quarto passos.
1. Quem e O que
Pense a respeito da pessoa que você precisa perdoar e porque você deseja
perdoá-la, então escreva os detalhes abaixo:
E quero perdoar por .
Isto cria a frase sobre quem você precisa perdoar e a razão pela qual você
precisa perdoar. Exemplos:
E quero perdoar Tatiana por roubar meu namorado.
Eu quero perdoar João por me bater
quando eu era pequeno. Eu quero perdoar
meu pai por não me dar amor suficiente.
2. Reconheça e Comece a Libertar os Possíveis Bloqueios
Escreva uma frase a respeito de qualquer sentimento que possa estar no
caminho de você perdoar esta situação, tais como raiva, dor, medo, inveja,
desejo de vingança e assim por diante.
Eu agora escolho libertar meus sentimentos de
Exemplos:
Eu agora escolho libertar meus sentimentos de raiva e medo.
Eu agora escolho libertar meus sentimentos de ódio, amargura
e ressentimento. Eu agora escolho libertar meus sentimentos
de tristeza, dor e angústia.
3. Benefícios
Liste as razões pela qual você quer perdoar e então crie uma sentença com elas.
Quais benefícios você receberá por perdoar? Como você se sentiria e como sua
atitude iria melhorar? Como seu comportamento seria diferente? Isto ajuda a
fortalecer seu desejo e motivação para perdoar.
Faça uma frase com a lista de benefícios que você irá obter do perdão. Faça isto
completando a frase abaixo com a lista de sentimentos que você espera ter
quando você perdoar.
Preferencialmente, declare sentimentos positivos em vez de negativos (“mais
tranqüilo” ao invés de “menos receoso”).
Eu reconheço que perdoar esta situação me beneficiará e assim me sentirei
Exemplos:
Eu reconheço que perdoar meu irmão me beneficia e assim me sentirei mais
feliz, saudável e mais tranqüilo.
Eu vejo que perdoar João me beneficia e assim me sentirei livre, amado capaz
de seguir em frente com a vida.
4. Comprometimento
Crie uma frase para afirmar e confirmar sua intenção de perdoar. Neste passo
você deve declarar sua intenção de perdoar a pessoa e afirmar sua escolhe em
viver a vida com uma perspectiva mais sábia e grandiosa.
Eu me comprometo a perdoar [pessoa] e aceito a paz e a
liberdade que o perdão traz.
Exemplo:
Eu me comprometo a perdoar Janete e aceito a paz e a liberdade que o perdão
traz.

Construindo sua Declaração de Perdão


Agora você construiu sua Declaração de Perdão ao combinar as sentenças
que você criou acima.
Exemplo 1:
Eu quero perdoar Janete
Eu agora escolho libertar meus sentimentos de amargura e ressentimento
Eu reconheço que perdoar esta situação me beneficiará e assim me sentirei mais
feliz, saudável e tranqüilo.
Eu me comprometo a perdoar Janete e aceito a paz e a liberdade
que o perdão traz. Exemplo 2:
Eu quero perdoar meu pai por não me dar amor suficiente.
Eu agora escolho libertar meus sentimentos de raiva, decepção e ressentimento.
Eu reconheço que perdoar esta situação me beneficiará e assim me sentirei livre,
amado e mais vivo.
Eu me comprometo a perdoar meu pai e aceito as formas pelas quais me
permitirão ser mais feliz e mais amado em relação ao outros.

Pratique
Escolha por quanto tempo você vai trabalhar com os Quatro Passos (7 dias,
21 dias, etc) e em quais horários do dia você vai usá-los. Faça isso pelo
menos três vezes em cada sessão, escreva os passos se possível ou diga eles
em voz alta ou em silêncio mentalmente em cada sessão.
Ao repetir os passos você perceberá que seus sentimentos vão mudar (ex: no
Passo 2, a raiva mudará para frustração e assim por diante). Se isso acontecer,
basta alterar o seu texto para algo que melhor reflita os sentimentos que você
tem no momento. Você poderá perceber que depois de passar por todos os
passos algumas vezes, seus sentimentos sobre o desejo de perdoar, serão muito
mais fortes. Este é um bom sinal, especialmente se é porque você está
começando a enxergar todos os benefícios que virão para você (e as pessoas
próximas de você) conforme você aprender a perdoar.
Depois de um tempo você pode sentir que não é mais necessário fazer todos
os quatro passos.
Você poderá então, apenas usar a Declaração de Perdão do Passo Quatro, até
você se sentir satisfeito.
Como parte de livrar-se de velhos sentimentos, você pode precisar fazer
outros tipos de libertação emocional tais como, falar sobre as coisas com um
amigo ou até mesmo ver um terapeuta. Ao fazer isto, você pode encontrar
sentimentos inesperados e lembranças há muito tempo esquecidas poderão
surgir. Basta deixá-los passar ou encontre apoio se necessário.
Se você acredita em um poder espiritual mais elevado, é natural que você
queira que ele faça parte de seu processo de Perdão. Simplesmente adicione
uma frase no final, como: "Peço a ajuda de Deus para perdoar e me tornar
livre" ou "eu convido e aceito a graça de Deus para ajudar-me a
perdoar."
Usando o Passo Um
A chave para o primeiro passo é simplesmente reconhecer que pretende
perdoar alguém e reconhecer o motivo de você querer perdoar. Isso ajuda você
a sair de qualquer tipo de negação sobre o que aconteceu e ir para um estado de
espírito de aceitação e a partir daí, começar a fazer algo a respeito.
É importante não tentar ser agradável ou educado nesta etapa. Você precisa
aceitar seus sentimentos reais sobre o acontecimento, a fim de fazer mudanças
reais. Se você se sentir como “alguém roubou minha namorada", então essa é a
frase para usar - pelo menos no início. No entanto, evite interpretações
excessivamente dramáticas sobre o evento, tal como "eles arruinaram minha
vida para sempre".
Um pouco de drama é aceitável no início, porém tente ficar perto dos fatos,
sem muito drama. Mais tarde, depois de passar pelos passos algumas vezes,
você provavelmente vai descobrir que seus sentimentos vão mudar e as
palavras que deseja usar vão mudar também. Esta é uma parte natural do
processo.
Quando você quer perdoar alguém, você pode pensar que este alguém é quem
deve pedir desculpas para você primeiro. Ou você pode sentir medo de perdoar
alguém, pois você se preocupa que a pessoa possa lhe machucar de novo, caso
você ainda tenha algo a resolver com ela. Se sim, então dê uma olhada em
Perdão Difícil onde está incluído separadamente e distintamente um processo
de reconciliação. Se você está disposto a proceder com a idéia do Perdão
Difícil, então prossiga com o perdão usando os Quatro Passos durante este
processo. Caso contrário, escolha uma questão mais fácil por agora.
Se desejar trabalhar em perdoar a si mesmo, por favor, consulte Como
Perdoar a Si Mesmo.
Usando o Passo Dois
O Passo Dois é sobre reconhecer as formas em que as dores, que você
começou a sentir desde o acontecimento, aparecem em seus pensamentos,
sentimentos e ações. Assim como no Passo Um, é muito importante escrever
seus sentimentos reais, quanto mais você aceitar seus verdadeiros sentimentos,
mais facilmente você terá uma verdadeira mudança.
Se você não tem certeza do que você sente, ajudará se você fizer uma
estimativa aproximada e alterá-la conforme você vai trabalhando por algumas
vezes através dos passos.
Você também pode incluir sensações físicas para descrever seu sentimento, tal
como; "Eu libertarei esse sentimento espinhoso e de dormência fria". Isto é
especialmente útil caso você não esteja ciente das emoções específicas em torno
da questão, mas está ciente das sensações físicas. Basta você usar as sensações
físicas no lugar das emoções. Posteriormente, se você tornar-se consciente das
emoções, então você deve começar a incluí-las também.
Se os seus sentimentos são vagos, descreva-os da melhor maneira possível
neste momento: "Eu liberto esse tipo de sentimento de desespero"; "Eu liberto
esse tipo de sentimento obscuro, uma espécie de infelicidade fria e pegajosa".
Mesmo sentimentos vagos podem levar a descobertas maravilhosas, por isso
não deixe que a imprecisão dos seus sentimentos interrompa você, caso seja
isto que você está sentindo atualmente sobre uma questão.
Se você se sente realmente preso nesta etapa, então apenas tente trabalhar
em outra questão mais fácil por agora e volte a esta mais tarde. Caso contrário,
você pode precisar de apoio de um amigo de confiança ou um conselheiro,
para que possa trabalhar com a questão. Outra opção, se você ainda quiser ir
em frente, mesmo que você se sinta preso, pule este passo, se concentre mais
nos outros passos e veja se isso o ajuda a descobrir os seus sentimentos
necessários.
Usando o Passo Três
No Terceiro Passo você foca nos benefícios que você receberá ao se libertar
de sentimentos infelizes relacionados ao acontecimento. Imagine como você
vai se sentir e se comportar quando estiver livre destes velhos sentimentos
dolorosos. Pense o quão melhor e mais claro você se sentirá e na diferença
que isso fará em sua vida. Pense nas maneiras que você espalhará este
sentimento bom para aqueles que o cercam.
Neste passo você talvez comece a perceber o quão benéfico é o Perdão, isso
significa que você estará deixando a dor de lado e em seu lugar estará
escolhendo atitudes e ações mais felizes. Se isso acontecer, você está
realmente começando a entender porque perdoar é uma coisa maravilhosa de
se fazer. Se esta percepção surgir em você, então é um sinal muito bom, pois
vai ajudar a motivá-lo a perdoar.
Normalmente, os benefícios para perdoar são o oposto dos sentimentos
dolorosos. É melhor expressar esses benefícios em suas formas positivas:
"feliz" em vez de "não tão triste", "tranqüilo" em vez de "sem raiva". Se você
não tem certeza dos benefícios específicos que você receberá do perdão, você
pode usar as coisas boas em geral que você gostaria de ter em sua vida no
momento
- mesmo que você não tem certeza de que elas sejam relevantes - tais como:
"paz, felicidade, sucesso, ou abundância".
Se você usou sensações físicas para descrever o que você quer libertar, então
você pode simplesmente usar o seu oposto físico para descrever os benefícios
nesta etapa. As sensações de "frio e dormência" podem se tornar "calor e
vitalidade", "apertado e sufocado" se torna "livre e leve", etc.
Os benefícios também podem incluir coisas que são muito práticas,
declaradas da melhor forma que lhe agradar: "ser mais confiante", "conseguir
um emprego melhor" ou "criar um novo relacionamento feliz". Quanto mais
você gostar de obter um benefício, mais você irá se ajudar a motivar-se para
perdoar.
Usando o Passo
Quatro
No Passo Quatro você formalmente e especificamente declara sua intenção de
perdoar.
Você pode não ter certeza de que você realmente quer perdoar. Você pode
até ter um monte de dúvidas, mas apenas experimente e veja o resultado. O
perdão é uma dessas coisas onde até mesmo um pouco de vontade de
experimentar, de estar aberto a explorar as possibilidades - mesmo que muito
timidamente - pode trazer grandes resultados.
No início é melhor ser bastante genérico em relação aos efeitos do perdão:
"e eu aceito a paz e a liberdade que o perdão traz" ou "eu aceito a cura e bem-
estar que o perdão traz".
Mais tarde, você pode incluir alguns dos benefícios que você citou no Passo
Três e também inclui-los no Passo Quatro. Por exemplo, digamos que você
está perdoando uma questão relacionada ao trabalho e que esclarecer esta
questão ajudará você a conseguir um emprego melhor. Você pode usar frases
como: "Eu aceito a paz que o perdão traz e os benefícios de uma relação de
trabalho mais feliz e um emprego melhor" ou "Eu aceito os benefícios de ser
mais feliz no meu trabalho atual e de ser capaz de encontrar até mesmo um
emprego melhor."
No entanto, se este tipo de benefício parece muito materialista para você
ou de alguma forma ofende seu senso de valor, então deixe fora os
benefícios práticos.
Às vezes, pode ser útil levar um pouco mais de tempo em um determinado
passo, especialmente se você sente uma sensação de liberdade ou vitalidade
durante o tempo que você trabalha neste passo. Demorar no Passo Quatro e
repeti-lo mais do que os outros, pode funcionar bem a qualquer momento.
Também funciona bem transformar o Passo Quatro em uma afirmação
verbal, que você fala em voz alta ou em silêncio em sua mente por várias
vezes. Imaginar como você pensará, sentirá e agirá depois de concluir este
processo de perdão, torna isto ainda mais poderoso.
O Ciclone do Perdão

Conforme você trabalha através dos quatro passos, você perceberá o


sentimento se construindo. Ao voltar para o Passo Um, depois de fazer os
outros passos, você provavelmente perceberá que o sentimento de "quero
perdoar" será mais forte. No Passo Dois, estará mais claro para você o que
sente atualmente ou, no Passo Três, você verá mais claramente os benefícios
deste passo.
Cada vez que você passar pelos quatro passos, será como construir um vórtice
de perdão.
Você até pode pensar nisso como sendo um daqueles modernos aspiradores
de pó que usa um ciclone para limpar os tapetes; neste caso, ao passar várias
Usando o Passo
Quatro
vezes através dos Quatro Passos Para o Perdão, você criará um ciclone para
limpar os velhos padrões de dor e de infelicidade. Quanto mais vezes você
seguir os passos, mais poderoso o efeito será.
Além disso, quando você já tiver usado os Quatro Passos por algumas vezes,
o efeito será mais forte, mesmo se você estiver trabalhando em um tópico
completamente novo. À medida que você experimenta os benefícios de perdoar
uma coisa, você vai querer perdoar mais coisas. O seu nível de "querer
perdoar" será mais forte, até mesmo para as coisas não relacionadas aos seus
processos de perdão anteriores. Desta forma o Perdão se tornará mais fácil e
natural para você.
Culpa e
vergonha
A culpa nos faz sentir que fizemos algo ruim; a vergonha nos faz sentir que
somos ruins.
De maneira que possamos nos perdoar, precisamos entender a diferença entre
culpa e vergonha.
Culpa e vergonha são muitas vezes mencionadas juntas, como se elas fossem a
mesma coisa ou muito semelhantes. No entanto, elas são coisas realmente muito
diferentes.
A culpa surge quando fazemos algo que vai contra o nosso senso de certo. A
vergonha surge quando sentimos que há algo errado com a gente. A culpa é um
sentimento sobre o que fazemos ou o que fizemos, a vergonha é um sentimento
sobre quem somos. Quando nos sentimos culpados, pensamos: "Eu fiz algo
ruim"; quando sentimos vergonha pensamos: "Eu sou ruim".
É importante entender essa diferença, pois para perdoar a nós mesmos
completamente, precisamos aprender a lidar tanto com nosso senso de
culpa como com nosso sentimento de vergonha. Alguns eventos podem
desencadear em nós estes dois sentimentos, porem o que é preciso para
resolver a culpa, é diferente do que é preciso para resolver a vergonha.
Livramos-nos da culpa, simplesmente deixando de lado o desejo de nos
punir, deixando de lado a autocondenação e qualquer forma de querer
prejudicar ou machucar a nós mesmos. Nós podemos ajudar a nós mesmos
fazendo reparos no que fizemos, desculpando-se, usando os Quatro Passos
Para o Perdão e assim por diante. Isso pode nos ajudar a curar um pouco da
nossa vergonha, bem como a nossa culpa, mas resolver a vergonha muitas
vezes requer a utilização de outra abordagem.
Para livrar-se da vergonha, precisamos nos reconciliar com nós mesmos (ver
Reconciliação). A vergonha é curada através de um melhor relacionamento
permanente com nós mesmos, particularmente com todas as nossas partes que
julgamos serem fracas ou defeituosas de alguma forma. Precisamos criar um
relacionamento feliz e saudável com nós mesmos para banir as formas de
vergonha não saudáveis. Isto significa estar disposto a se tornar consciente e a
libertar as "vozes" dentro de nós que nos denigrem ou nos colocam para baixo de
alguma forma. Significa também, mudar a forma de como nos relacionamos com
as pessoas que não nos fazem bem e estão ao nosso redor, e nos colocar, se
possível, a uma boa distância delas. Isso significa gastar mais tempo com
aqueles que nos querem bem e nos fazem bem. Significa aprender a parar de
suspeitar das pessoas que realmente gostam de nós. Deixar de lado a vergonha,
tem muito a ver com tornar- se um bom, amável e carinhoso amigo para nós
mesmos.
Muitos de nós seguimos exemplos de um pai, professor ou parente, que era
excessivamente crítico ou duro conosco em nossos anos de formação. Se assim
for, temos a voz daquela crítica correndo em nossas cabeças. Ela poderia ser
Culpa e
vergonha
empurrada tão profundamente dentro de nós que não a notaríamos mais, porém
os sentimentos e emoções que ela criou ainda continuarão a aparecer.
Nós não precisamos lutar contra esta voz excessivamente crítica e que nos
envergonha. Nós não precisamos nos esconder dela ou ser incomodado pelo o
que ela diz. Nós não precisamos lhe dar poder reagindo a ela. Toda vez que o
nosso crítico interior oferece-nos algo que não é útil ou construtivo, podemos
apenas dizer a nós mesmos: "Este é apenas um pensamento, é tudo o que ele é".
Com o tempo, se não reagirmos e acreditarmos no que ela diz, a voz ficará sem
força.
Um sentimento de vergonha pode ser o que realmente nos leva a fazer coisas
que mais tarde nos sentiremos mal a respeito. Um sentimento de vergonha pode
alimentar vícios, maus hábitos, isolamento ou comportamento excessivamente
agressivo. Uma sensação de vergonha, se deixada sem contestação, é
autoperpetuação. Quando nos sentimos mal sobre nós mesmos, nos sentimos
enfraquecidos e mais facilmente tentados a continuar a fazer coisas que nos
manterão assim Por isso, um sentimento de vergonha pode alimentar culpa e
mais vergonha.
Um sentimento de vergonha tende a fazer com que nós culpemos os outros
com rapidez e não perdoemos seus erros. Por isso, um sentimento de vergonha
consegue ser transmitido para outras pessoas à medida que cada pessoa
envergonhada tenta desviar a vergonha de si mesmo fazendo com que outras
pessoas se sintam envergonhadas. Quando o líder de um grupo de pessoas
(uma família, uma organização, uma religião, ou qualquer outro) tem um forte
sentimento de vergonha isso pode facilmente se espalhar para todas as
pessoas desse grupo e criar uma atmosfera tóxica subjacente de culpa e
condenação.
Não vamos permitir a nós mesmos sentirmos que temos o que não
merecemos ter, não importando o quão ridículo ou injustificado seja o
sentimento de desmerecimento. No entanto, desejos não realizados não vão
embora. Eles só vão para o submundo e saem como vícios e compulsões.
Nosso comportamento viciante e compulsivo nos faz sentir indignos. Este é o
Círculo da Vergonha: sentimos uma compulsão de fazer algo que sentimos que
não devemos fazer, sentimos vergonha de nós mesmos sobre isso, surgem
tentativas compulsivas de esconder do nosso senso de vergonha (e as vozes
críticas internas que nos condenam) algo que sentimos que não deveríamos
fazer, e assim por diante.
Orgulho e Vergonha
A culpa só é útil quando nos leva a mudar o nosso comportamento e fazer as
pazes.
Sentimentos de vergonha não são apenas pessoais. Nós também podemos ter
sentimentos de vergonha de nossa nação, de nossa família ou até mesmo por
estar apenas perto a algum acontecimento.
Antes de olhar para a Vergonha Nacional, vamos primeiro olhar para o
Orgulho Nacional. Eu nasci, e vivi em um país de grande beleza natural
(Escócia). Um dia um visitante americano me disse: "Você vive em um país
muito adorável. Ele é simplesmente lindo!" Eu senti um pouco de orgulho
mexendo dentro de mim por alguns segundos, mas então eu pensei sobre isso.
"Espera um pouco! Eu não tenho absolutamente nada a ver com a beleza deste
país. Eu não criei as montanhas que ele estava admirando ou os rios e paisagens
que ele tanto gostava. Eu acredito que eu nem mesmo conseguiria criar uma
pequena colina, nem que eu me dedicasse toda a minha vida a ela.
Enfim, não existe algo disponível como cursos de formação sobre como criar
montanhas, vales e rios. Porque eu estou sentindo orgulho?"
Por outro lado, o meu sentimento de Vergonha Nacional pode ser acionado
quando a nossa seleção de futebol não se dá bem na Copa do Mundo - o que,
infelizmente, é o que acontece toda vez que participa. Depois de assistir a
alguns jogos eu normalmente me sinto tão afetado por eles não jogarem bem
que eu desisto.
Eu li em algum lugar que o Manchester United, clube de futebol Inglês
extremamente bem sucedido, possui mais fãs em países fora do Reino Unido do
que no próprio Reino Unido. Muitos desses "fãs" são pessoas que nunca
estiveram no Reino Unido e provavelmente nunca irão para o Reino Unido. Eles
não têm nenhuma conexão natural com o time de futebol do Manchester United.
No entanto, eles comemoram quando o Manchester United vence e ficam
infelizes quando perde.
Este é um exemplo leviano (a menos que você seja um fã sério de futebol),
mas aponta para um problema muito mais profundo. Nosso orgulho e vergonha
podem ser desencadeados por situações sobre as quais não temos nenhum
controle. Ou podemos escolher deliberadamente coisas - que não temos de
forma alguma qualquer ligação - para usar como uma fonte de orgulho. Está é
a razão provável dessas pessoas de outros países escolheram sabiamente
torcerem pelo time de futebol do Manchester United (que é um sucesso notável)
ao invés de uma equipe escocesa de futebol (que não são tão notáveis pelo seu
sucesso). Orgulho e vergonha podem ser peculiares e arbitrários, no entanto, são
forças motoras fundamentais que moldam nosso comportamento de uma forma
profunda e intensa. Elas moldam eventos a nível pessoal, bem como
coletivamente por todas as nações que atuam no cenário mundial.
A culpa e a vergonha não são de modo algum algo sempre ruim. Quando elas
trabalham em uma forma saudável, colocam limites razoáveis em nosso
comportamento e nos ajudam a nos encaixar nas regras sociais de nosso tempo.
A culpa é útil somente quando nos leva a fazer as pazes por alguma coisa ruim
que fizemos e nos encoraja a mudar o nosso comportamento. A culpa não é útil
se ela só nos amarra a auto-obsessão e autoculpa em longo prazo e que não
resulta em nenhuma mudança positiva. A vergonha é útil apenas quando nos
leva a questionar nossas atitudes e crenças e a nos faz procurar maneiras de nos
tornarmos uma pessoa melhor, como por exemplo, através do desenvolvimento
de qualidades pessoais que nos faltam. A vergonha poderá nos guiar a
desenvolver maior sensibilidade para com os sentimentos dos outros, caso isto
nos falte, ou fazer com que sejamos mais ousados para que possamos
materializar nossas idéias.
É uma questão de aprender a gerenciar estes sentimentos básicos de culpa e
de vergonha de maneira que seja construtiva. Não é uma questão de cegamente
ceder a eles, os evitar (mantendo-
se ocupado) ou tentando lutar contra eles. Nós não queremos ficar vinculados a
sentimentos do passado que não estão nos levando a atitudes construtivas ou
ação útil. Podemos gerenciar a culpa e a vergonha, praticando perdoar a nós
mesmos para que possamos moldar o modo como reagimos a esses sentimentos
básicos em vez de apenas ficar à mercê deles.
Remorso
O melhor remorso é uma vida bem vivida.
Vai contra a bondade natural da vida se prender ao passado. A melhor
maneira de reparar qualquer mal que fizemos é viver bem agora. Parafraseando
um velho ditado sobre vingança, "O melhor remorso é uma vida bem vivida". Se
existem maneiras de fazer as pazes por algo que fizemos, então, isso seria
naturalmente parte de viver bem.
Um pedido de desculpas sincero, vindo do coração, muitas vezes pode fazer
maravilhas e ajudar a reparar danos que fizemos. Todo mundo comete erros e
todo mundo possui coisas que foram ditas ou feitas de que se arrepende. Pode
precisar de muita coragem para enfrentar aqueles que nós machucamos,
admitir que estávamos errados e confessar o quanto lamentamos. Também,
isso pode nos ajudar a garantir que não cometeremos o mesmo erro
novamente. O vínculo de empatia que formamos com a outra pessoa quando
pedimos desculpas, torna menos provável que iremos machucá-la novamente.
Podemos expressar remorso fazendo uma reparação; corrigir coisas
desagradáveis que falamos a respeito de alguém, falando bem deles a partir de
agora, devolvendo o dinheiro roubado, comportando-se mais honestamente e
abertamente com todos para equilibrar os danos que fizemos e assim por
diante.
Se não podemos ressarcir a pessoa que prejudicamos, podemos procurar fazer
algo para beneficiar alguém no grupo dela. Por exemplo, se machucamos alguém
por causa de sua raça, podemos fazer as pazes, fazendo algo para ajudar outra
pessoa daquela raça. Podemos fazer as pazes, fazendo uma doação anônima para
uma instituição de caridade adequada. Com um pouco de pensamento e
imaginação vamos encontrar uma maneira de fazer as pazes, mesmo se a pessoa
que foi prejudicada não estiver disponível para fazer as pazes diretamente.
Se tivermos feito algo muito ruim, como deliberadamente matar ou
gravemente ferir outra pessoa, é obviamente mais difícil de fazer as pazes. No
entanto, ninguém pode ficar sem esperança. Perdão, juntamente com a paz e a
cura que ele traz, é alcançável por todos. Em casos extremos, é melhor
começar a fazer as pazes primeiro com os pequenos erros que cometemos,
assim, vamos saber melhor o que fazer com os maiores.
Nunca decida que você precisa ser punido e, conseqüentemente, comece a
se punir. Punir a si mesmo não ajuda aqueles que você prejudicou. Só
acrescenta uma tolice em cima da outro. Você não pode corrigir um erro,
punindo a si mesmo. Você só pode corrigir um erro, fazendo o bem.
Também não se pode ajudar aos outros, prejudicando a si mesmo. Você só
pode ajudar os outros, fazendo o bem para eles.
Viver bem não inclui deixar que outras pessoas usem os nossos erros contra
nós, caso tenhamos feito tudo o que pode ser razoavelmente esperado na
maneira de fazer as pazes. Se as pessoas continuam a culpar-nos além dos
limites razoáveis, então, o problema é a respeito delas e não sobre nós. Eles
estão atuando em seus próprios problemas e precisamos questionar seus
motivos, mesmo que eles façam o papel de vítima. A Vítima Agressiva gosta de
brincar com a culpa e a vergonha dos outros como uma tentativa de justificar
seu próprio comportamento beligerante e como uma cortina de fumaça para
esconder seus motivos duvidosos.
A culpa ou a vergonha podem ser usadas por outros para nos manipular ou
controlar nosso comportamento. Tais manipulações geralmente vêm de pessoas
que afirmam superioridade moral. No entanto, tais alegações são, na melhor das
hipóteses, um meio doentio de influência. Líderes morais genuínos nos
orientarão para que possamos tomar medidas positivas para compensar os
erros; e não usar tais erros como uma desculpa para impor a sua própria ordem.
Até mesmo as pessoas muito confiantes e competentes podem interiormente
entrar em colapso ao enfrentar um Ataque de Vergonha. Ele pode vir de um
membro da família "Lembro-me de você molhar a cama quando era uma
criança" ou de uma companheira "Lembre de quando você esqueceu nosso
aniversário!”. Pode vir de um ataque contra as ações passadas do nosso país
"Lembre do que seu povo fez na guerra!". A resposta a todos estes ataques é
simplesmente uma atitude de "Eu abandonei isso, o que os outros fazem é da
conta deles". Como uma forma de defesa adicional, sempre teremos o direito de
duvidar da moralidade de qualquer posição que alguém esteja mantendo com
tais táticas baixas.
Se repreendermos e condenarmos a nós mesmos por algo errado que fizemos
ou que o nosso país tenha feito, de que isso adianta? Quem se beneficia com
isso? Como o mundo se torna um lugar melhor por condenarmos a nós
mesmos? Pode ser útil, como uma medida provisória, para pararmos de causar
mais danos, mas além disto, não será útil. Repreendermos a nós mesmos por
muito tempo não é nada mais do que o mesmo tipo de foco excessivamente
egocêntrico que nos trouxe problemas no início. A maioria de nossos erros
acontece por estarmos muito presos em nós mesmos e não ser suficientemente
consciente das necessidades e desejos das outras pessoas. A autopunição é
apenas mais do mesmo egocentrismo. É muito melhor usar o nosso tempo e
energia em maneiras que irão ajudar e servir as necessidades dos outros, em
vez de gastá-los inutilmente em alguma forma de autoaversão, autoculpa ou
auto-ofensa.
Deus vai me perdoar?
Autoperdão é uma das coisas mais generosas que você pode fazer.
Se você é uma pessoa religiosa, você pode estar se perguntando onde entra
Deus em tudo isso. Você pode estar pensando: "Deus é quem decide se me
perdoa". A questão a considerar é, quem é que te condenou? Certamente foi
você ou então, você não precisa se perdoar. Você precisa lidar com as maneiras
que você se culpa e tirar as coisas a partir daí. Você realmente acha que é uma
boa idéia decidir como Deus vai julgar suas ações e tentar antecipar isso,
punindo-se com antecedência? Se sim, então considere se é sensato supor que
você conhece a mente de Deus. É melhor aprender a perdoar, praticando em si
mesmo ou em outros, para que você possa então ter uma idéia mais clara de
como Deus provavelmente vê as coisas. Se você sentir a necessidade de rezar
por perdão, então com certeza, o faça.
Era uma vez um homem que era criado de um grande Senhor de uma grande
fazenda. Um dia ele estava ajudando a preparar uma festa para comemorar o
retorno de seu Senhor de uma viagem distante. O criado estava com pressa,
quando esbarrou em uma porta e deixou cair uma tigela delicada e muito
valiosa que quebrou em vários pedaços no chão de pedra. O criado ficou tão
horrorizado que fugiu e escondeu-se da irá de seu Senhor. Em seu desespero,
ele pensou muito sobre o que fazer para amenizar o castigo que ele tinha
certeza de que iria receber. Ele pensou que teria que ser algo que o fizesse
sentir muita dor e então, ele decidiu cortar um de seus dedos. E assim o fez e os
seus gritos de agonia atraíram outros criados que o encontraram, ataram a
ferida e levaram-no para seu Senhor, que tinha acabado de voltar.
Quando o Senhor descobriu o que tinha acontecido, ele disse a este criado.
"Criado tolo, você me deu três golpes quando apenas um foi por acaso. Você
quebrou uma tigela muito valiosa é verdade, mas isso é o de menos. Você,
então, tomou para si o direito de administrar a justiça, quando isto não foi lhe
concedido. Então você decidiu ferir a si mesmo, e não pensou em como isso
iria reduzir a sua capacidade de me servir. Estes dois últimos são, de longe, os
maiores erros. Agora você terá que conviver sabendo que você se puniu muito
mais gravemente do que eu teria feito e que, devido à sua ferida, você ficou
incapacitado de me servir e, portanto, incapacitou sua habilidade de mudar de
posição na vida".
Um homem que se afoga não pode salvar outro do afogamento. Qualquer
pessoa que não tenha perdoado a si mesmo, terá apenas uma pequena idéia ou
capacidade de perdoar outro alguém. Por isso que tantos acham o perdão
difícil. Eles recusam-se a perdoar-se pois sentem que não merecem isso. Ao
sentirem-se indignos, eles se tornam incapazes de também perdoar os outros,
pois eles sentem que tem tão pouco que são incapazes de doar. O sentimento de
ser indigno torna- os pessoas fáceis de ofender e assim, eles tendem a acumular
um sentimento de injustiça ou ressentimento. O perdão é a maneira de sair
disto.
O perdão tem um lindo preço. O preço de perdoar a si mesmo, é que será
mais difícil para você parar de perdoar os outros. O preço de perdoar os
outros, é que será mais difícil para você parar de perdoar a si mesmo. Perdoar
é dar o presente que pensamos não sermos capazes de possuir, assim que o
fazemos, temos este presente em abundância.
É fácil de ver que ser egoísta é pensar exageradamente em si mesmo. No
entanto, não é tão fácil de ver que ser egoísta pode ser pensar singelamente em
si mesmo. O ego adora separar-se por ser "especial", mesmo que isso signifique
ser especialmente ruim. Não seja arrogante, você não é pior do que qualquer
outra pessoa. Qualquer coisa que bloqueia a participação normal na vida, que
impede você de viver a vida ao máximo por ser excessivamente
autopreocupante e egocêntrica, é egoísmo. Focar em "meus erros", "minhas
desculpas", "o que eu fiz de errado", é tão fora de
equilíbrio quanto estar absorvido pela presunção de auto-promoção ou auto-
satisfação. Se você perceber vem fazendo isso, não há necessidade de ser duro
consigo mesmo. A verdade nunca será uma vara para bater em sim mesmo.
O autoperdão não ajuda somente você. Contribui para amizades saudáveis,
famílias saudáveis, ambientes de trabalho mais saudáveis, comunidades mais
saudáveis, governos mais saudáveis e finalmente, para um mundo mais saudável.
É um passo em direção a um mundo em que cada vez mais e mais pessoas fazem
e falam as coisas certas e onde elas podem agir com um senso de bondade e
certeza, em vez da manipulação e compulsividade que vem da culpa e vergonha
não reconhecida.
O autoperdão permite que você coloque sua energia para fazer o bem; tanto
para fazer as pazes com aqueles que você feriu, como para sua vida em geral. A
energia que era usada para atacar a si mesmo pode então, ser usada numa ação
construtiva e em vez de num comportamento autodestrutivo.
O autoperdão é uma das coisas mais generosas que você pode fazer. Ele
liberta você de tendências egocêntricas e da auto-obsessão, e torna mais fácil
de você ter um papel positivo em sua vida. O autoperdão ajuda a evitar que
você seja o tipo de pessoa de peso emocional ou psicológico para aqueles que
lhe cercam. Ele permite a você reconhecer e atender às suas necessidades de
maneira saudável. Ele permite a você participar de relacionamentos em moldes
que contribuam de forma positiva e construtiva para a vida dos outros. Ele
ajuda você a obter o seu melhor, tanto para a sua vida social, como para sua
vida profissional. O autoperdão permite a você ser alguém que sabe o que é
bom e correto (talvez você tenha aprendido da maneira mais difícil o que não é
bom e não e correto) e a ser alguém capaz de tomar partido na criação de algo
bom e correto em sua vida e no mundo.
Como Perdoar a Si Mesmo
Considere o bem que você pode fazer; ao invés do mal que você não pode
desfazer.
A fim de perdoar a si mesmo, você poderá precisar pensar em uma forma
adequada para fazer as pazes com a outra pessoa. Fazer as pazes pode ser uma
coisa muito boa para se fazer, mas atente-se para a autopunição disfarçada de
remorso. Fazer as pazes ou até mesmo pensar em fazer as pazes, normalmente
lhe trará um sentimento de alívio. Se isso não acontecer, então pode ser que
alguma forma de auto-ofensa ou autopunição disfarçada. Fazer as pazes poderá
ser custoso para você, porém não deverá prejudicá-lo.
Se você não tem acesso à pessoa (ela está fora de sua vida por qualquer
motivo), mas você quer fazer as pazes, então faça por meio de um representante
e seja especialmente generoso ou útil a alguém da mesma raça, grupo ou tipo de
pessoa - ou até mesmo alguém aleatório.
Você crê que Deus deve perdoá-lo antes que você possa perdoar a si
mesmo? Se sim, pergunte- se como você sabe que isso ainda não aconteceu.
Em seguida, tente e complete os Quatro Passos por algumas vezes e veja se
você fica mais esclarecido. (Veja Deus Vai me Perdoar?)
Para perdoar a si mesmo, os Quatro Passos Para o Perdão serão basicamente
os mesmos. No entanto, nós mudaremos o Terceiro Passo adicionando uma
seção sobre como os outros vão se beneficiar pelo nosso autoperdão.
Passo 1: Eu quero me perdoar por:

Escolha algo específico.


Exemplo: Eu quero perdoar a mim mesmo por fazer e dizer coisas ruins para o
meu irmão.
Passo 2: Eu quero libertar os sentimentos de:

Liste os sentimentos que você tem a respeito do acontecimento. Você precisa


reconhecer esses sentimentos para libertá-los e então seguir em frente.
Exemplos: medo de ser punido, a auto-censura, auto-ódio, culpa, vergonha, etc
Passo 3A. Eu reconheço que perdoar esta situação vai me beneficiar como
eu desejo:

Listar os benefícios você terá quando for capaz de perdoar a si mesmo. Os


benefícios podem incluir livrar-se dos sentimentos listados no passo 2 e sentir o
oposto deles. Os benefícios também podem incluir a possibilidade de criar um
melhor relacionamento, conseguir um emprego melhor, ter mais dinheiro, etc,
dependendo o que for relevante para o que você estiver perdoando.
Exemplos: se sentir mais feliz, ser livre, estar mais relaxado e assim por diante.
Como este é um processo de autoperdão, nós adicionará um passo extra, o
Passo 3B, para as quatro etapas habituais. Neste passo vamos nos concentrar
nas maneiras que outros irão se beneficiar quando você perdoar a si mesmo.
Alguns benefícios podem ser algo que surge dos benefícios que você receberá
ao perdoar a si mesmo, alguns podem ser benefícios que acontecerão com
outras pessoas à medida que você se torna mais vivo e criativo.
Passo 3B. Eu reconheço que perdoar a mim mesmo por isto, irá beneficiar
os outros, por que:

Perdoar a si mesmo irá beneficiar outros à medida que você se torna um pai
melhor, um amigo mais atencioso, um ouvinte melhor e uma pessoa mais
tolerante e assim por diante. Você poderá
ser menos egocêntrico e mais interessado em outras pessoas. Você poderá se
tornar menos carente e ter mais para doar. Escolha um exemplo de um
benefício para os outros, que provavelmente irá importar de verdade para
aquelas pessoas que o cercam.
Exemplos: Eu serei mais agradável para quem está ao meu redor (menos mal
humorado, ácido e deprimido), vou me tornar mais amável e mais amoroso. Vou
ter mais para oferecer.
Passo 4. Eu me comprometo a perdoar a mim mesmo por e
aceito a paz e a liberdade que o perdão traz.

Bem como, ou em vez de paz e liberdade, você pode listar benefícios


específicos. Você também pode incluir benefícios que os outros vão receber
das mudanças que acontecem dentro de você conforme você aprende a
perdoar a si mesmo. Muitas vezes, os benefícios que você recebe diretamente
beneficiam os outros também. Se você se tornar uma pessoa mais feliz, ou um
funcionário melhor, muitas pessoas ao seu redor irão se beneficiar disso. Estar
ciente dos benefícios que os outros terão, conforme fazemos os Passos do
Perdão, poderá ajudar a tornar mais fácil perdoar a nós mesmos.
Exemplos:
1. Eu me comprometo a perdoar a mim mesmo por ficar com raiva de
minha esposa/marido, de modo que estou livre para viver de acordo com
todo o meu potencial e me tornar um parceiro mais amoroso.
2. Eu me comprometo a perdoar a mim mesmo por perder o meu emprego,
para que assim eu possa seguir em frente e encontrar um trabalho ainda melhor,
com salário melhor para benefíciar a mim e a minha família.
É melhor fazer os passos por escrito em primeiro lugar. Comece com
pequenas coisas, embora você descubra que para o perdão não existem
pequenas coisas. Mesmo perdoar a si mesmo em relação a uma pequena coisa
insignificante que aconteceu há muito tempo, poderá causar grandes
mudanças. Faça todos os passos pelo menos algumas vezes e você vai ver
como a habilidade e a capacidade de perdoar surgirá dentro de você. Adicione
coisas e mude as palavras que você usa (se você quiser), conforme você repete
os passos. Leve o tempo necessário em cada passo que você sentir um
movimento acontecendo dentro de você.
É claro que nada disso exclui fazer as pazes ou pedir desculpas quando for
viável e ser útil; contanto que isso não cause aos outros envolvidos mais dor.
Se você parar para pensar e sentir o que é certo, em breve você vai ter
algumas idéias sobre o que fazer. Se não for possível fazer as pazes, então,
viva a sua vida da melhor maneira possível. Considere o bem que você pode
fazer; ao invés do mal que você não pode desfazer.
Perdão Falso

O verdadeiro perdão dá uma sensação de liberdade e leveza.


Quando você tenta fomentar ou intimidar a si mesmo para perdoar cedo
demais ou sem usar algum tipo de processo de perdão deliberado (como os
Quatro Passos Para o Perdão), você vai em direção ao Falso Perdão. O Falso
Perdão é onde alguma forma de reconciliação acontece, porém o verdadeiro
trabalho de perdão não é feito. Nós nos reconectamos com a outra pessoa
quando a perdoamos, porém neste caso, nós não a perdoamos de verdade.
O Perdão Falso acontece quando não aceitamos por completo quão dolorosa a
experiência foi (evitando sentimentos dolorosos), apressando o processo de
perdão ou até mesmo não tendo qualquer tipo de processo de perdão e supondo
que podemos simplesmente decidir perdoar e depois fingir que nada de ruim
aconteceu.
O Falso Perdão também tende a acontecer quando as pessoas ignoram seus
verdadeiros sentimentos e decidem perdoar da maneira que entendem ser uma
coisa “legal” a ser feita. Mesmo sabendo que a outra pessoa muito
provavelmente fará a mesma coisa novamente, elas sentem que "devem"
perdoar. Elas não estão realmente perdoando, estão apenas criando
ressentimentos e muita ansiedade à espera da próxima vez que isso vai
acontecer. Elas usam o "perdão" como desculpa para tolerar o mau
comportamento, e assim nunca encontram a sensação de bem-estar que o
verdadeiro perdão traz.
O verdadeiro perdão dá uma sensação de liberdade e leveza, onde podemos
ver a nosso caminho de forma clara e podemos tomar decisões melhores para
o nosso bem-estar. O falso perdão só nos mantém amarrados as mesmas
situações com as mesmas pessoas. O Falso Perdão acontece quando falamos ou
agimos sem acreditar que merecemos algo melhor ou que não criaremos algo
melhor, então nos fixamos em coisas que não são boas para nós em longo
prazo. O verdadeiro perdão muda a nossa perspectiva e nos liberta para que
possamos criar uma vida mais feliz. O verdadeiro perdão nos conecta com
nosso próprio valor e importância como pessoa. O Falso Perdão nos mantém
desconectados do nosso sentimento de sermos valiosos.
Em uma situação de codependência, onde os padrões dos vícios de duas
pessoas amarram-se entre si, há muito pouco perdão presente. Pode parecer uma
parceira "perdoar" um ao outro regularmente, porém na verdade é um Perdão
Falso, pois eles estão se reconciliando sem que ocorra qualquer tipo de perdão
verdadeiro. Se o perdão verdadeiro estivesse ocorrendo, uma das pessoas se
tornaria livre desta amarração. Então, essa pessoa iria negociar o tipo de relação
que eles gostariam de ter e se isso não acontecesse, simplesmente, eles
abençoariam um a outro e seguiriam em frente, à medida que fosse possível.
A maneira de evitar o Falso Perdão é garantir de que você se envolva em
um processo de perdão que permita a você incluir os seus sentimentos mais
Perdão Falso

profundos.
Reconciliação

O perdão é incondicional, mas a reconciliação é, por vezes, condicional.


No livro Forgiveness is Power, o perdão é descrito como "Desistir do
desejo de punir". Se você olhar atentamente para este texto, verá que ele não
diz nada sobre reconciliação.
Reconciliação tem a ver com o tipo de relacionamento que queremos com a
pessoa que estamos trabalhando em perdoar. A reconciliação é um processo
de re-estabelecer a nossa relação com alguém. A reconciliação é muitas
vezes parte do perdão, mas nem sempre precisa ser. A reconciliação é
realmente um processo separado e distinto.
Desempacotar a reconciliação do perdão pode realmente ajudar-nos a
aprender a perdoar, pois isso traz clareza e conhecimento muito útil para o
processo. Compreender a diferença entre reconciliação e perdão, e como eles se
encaixam, é uma ótima maneira de identificar qualquer possível bloqueio que
possa nos impedir de perdoar e permite que tudo aconteça de forma mais suave.
O perdão é incondicional e sempre possível; a reconciliação, às vezes,
precisa ser condicionada e nem sempre é possível.
O perdão é incondicional, pois é sempre possível abrir mão de nosso desejo
de punir alguém não importando se este alguém está vivo ou morto ou se ainda
está em nossa vida ou muito longe dela. Deixar de lado o sentimento de querer
punir alguém é uma decisão apenas nossa, e pode ser feito independente da
outra pessoa.
Reconciliação, às vezes, precisa ser condicionada, pois poderemos estar
trabalhando na tentativa de perdoar alguém que é persistentemente abusado,
viciado, criminoso ou que nega completamente seu comportamento. É
provável que colocaremos certas condições claras e específicas sobre o tipo de
relação que queremos ter com tal pessoa (ver Perdão Difícil). Nós podemos
perdoá-los mas ainda podemos criar limites claros em torno das formas que
nos relacionamos com eles. Escolher perdoar alguém é uma escolha diferente
e separada de se reconciliar com este alguém.
Além disso, a reconciliação nem sempre é possível. A pessoa pode estar
morta há muito tempo, fora da nossa vida ou tão desesperadamente viciada
que não podemos nos aproximar dela.
Reconciliar-se com alguém, não depende somente de nós, depende muito do
comportamento que outra pessoa tem agora.
Este entendimento de que você pode perdoar alguém e ainda assim, decidir
não ter mais nada a ver com este alguém (cuidado com vingança oculta se você
decidir isto), tornará realmente mais fácil o perdão. Nós, naturalmente,
seríamos cautelosos em perdoar alguém que, quando está por perto, é um
pesadelo para nós, caso suponhamos equivocadamente que perdoar significa
voltar a ter um relacionamento com a pessoa. Perceber que podemos negociar
uma reconciliação em termos aceitáveis para nós ou até mesmo decidir não
Reconciliação

fazer a reconciliação, irá nos libertar para perdoar tão abertamente quanto
gostaríamos.
Para perdoar pessoas problemáticas em todos os sentidos, use os Quatro
Passos Para o Perdão e, em algum momento, decida o que você deseja fazer a
respeito da reconciliação. A decisão a respeito do que você quer fazer no
caminho de uma reconciliação, também pode esperar até que você obtenha
uma nova perspectiva. Isso acontecerá à medida que usar os Quatro Passos.
Você pode achar a idéia do Perdão Difícil uma maneira útil para pensar a
respeito de como perdoar em situações desafiadoras.
Perdão Difícil

Perdão Difícil significa estabelecer condições para qualquer relacionamento


futuro.
O conceito de Perdão Difícil tornará mais fácil perdoar quando existem
circunstâncias difíceis e desafiadoras. Com o Perdão Difícil nós perdoaremos
(e faremos todo o trabalho de perdão usando Os Quatro Passos para o
Perdão), porém nos daremos permissão de não precisar ter qualquer relação
com a outra pessoa, a menos que certas condições sejam satisfeitas. Podemos
decidir pela não reconciliação com ela, a menos que tenhamos evidências
suficientes dela estar verdadeiramente arrependida ou disposta a mudar.
Você provavelmente já se deparou com a idéia de Amor Difícil. O Perdão
Difícil é uma idéia semelhante. Como mencionado na página sobre
Reconciliação, o perdão é algo incondicional, mas a reconciliação é, por vezes,
condicional. O Perdão Difícil significa que iremos definir as condições para
qualquer relacionamento futuro.
Com o Perdão Difícil qualquer reconciliação é condicional, pois depende
parcialmente de como a outra pessoa está se comportando no momento. Isto é
importante porque muitas vezes as pessoas confundem o perdão com a
reconciliação e assumem que ambos sempre andam juntos. No entanto, eles
realmente são duas coisas diferentes que só às vezes andam juntos. Com o
Perdão Difícil, nós iremos perdoar incondicionalmente (ou seja, nós deixamos
de lado o desejo de querer punir), porém colocaremos limites claros e
específicos em torno do processo de reconciliação.
Isso ajuda a minimizar as chances de que vamos simplesmente se machucar
novamente (e novamente), da mesma forma pela mesma pessoa.
Decidir proteger a nós mesmos de qualquer dano é muito diferente de que
decidir evitar alguma pessoa como forma de puni-la. Pode parecer a mesma
coisa para a outra pessoa, mas é menos provável que seja, caso estivermos
abertos sobre o que estamos fazendo e por quê. Com o Perdão Difícil podemos
perdoar a pessoa e ainda assim evitá-la, a fim de nos proteger.
Há uma qualidade enobrecedora do perdão que eleva a nossa mente para um
nível mais alto e nos permite caminharmos livremente.
Como eu gosto de dizer no livro Forgiveness is Power:
O perdão nos dá a liberdade para ficar e a liberdade para ir adiante.
Com o Perdão Difícil você pode optar por perdoar e:
+ Criar acordos claros sobre problemas específicos de modo que você fique
disposto a ir em frente (para que você possa se sentir seguro e respeitado).
+ Especificar os tipos de comportamento que você não acha aceitável e que
farão com que você termine ou interrompa o processo de reconciliação.
+ Limitar os tipos de contato que você terá com a outra pessoa, até que sejam
satisfeitas determinadas condições.
+ Querer um acordo para fazer algo que aumente a compreensão mútua, assim
Perdão Difícil

como irem a um conselheiro juntos.


O núcleo Perdão Difícil é o respeito mútuo. O Perdão Difícil significa
garantir que a outra pessoa saiba e respeite seus sentimentos e também, que
você saiba e respeite como ela se sente. Se este tipo de respeito mútuo não está
presente, e a outra pessoa não quer ajudar a estabelecê-lo, então não existe
uma relação verdadeira e não há motivos verdadeiros para a reconciliação.
A reconciliação não é apenas uma decisão, é um processo. Como parte do
Perdão Difícl, nós podemos querer ter certeza de que os outros realmente
entendam como nos sentimos a respeito do que eles fizeram. No entanto, o
Perdão Difícil não significa colocar a culpa em outra pessoa por
todas as nossas infelicidades. Há uma grande diferença entre dizer "é assim
que eu me sinto...e tudo isso é sua culpa" e simplesmente dizer "é assim que eu
me sinto...". A primeira frase está carregada de culpa e julgamento. A segunda
frase é mais uma expressão de respeito mútuo de sentimentos honestos.
Também podem apenas decidir que a reconciliação não será possível. Se
alguém não tem a intenção de mudar, podemos ter certeza de que não irá mudar!
A mudança requer esforço e não acontece sem compromisso. Não importa o
quanto desejamos que as pessoas mudem, sem um compromisso com a
mudança, elas não irão mudar.
O respeito mútuo compreende você mostrar respeito por si mesmo, assim
como você mostrar respeito à outra pessoa. Para respeitar a si mesmo é preciso
ser honesto com você mesmo sobre o que você realmente sente. Você nunca
esconderá de si mesmo como você realmente sente, porque caso isso se torne
um hábito, pode muito facilmente conduzir ao Falso Perdão.
Se você não está pronto para perdoar alguém, ou não está pronto para se
reconciliar com alguém, então você precisa perdoar a si mesmo e aceitar que é
assim como você se sente no momento. Desta forma, você pode pelo menos
reconciliar-se com você mesmo. Você poderá precisar de tempo para se
recuperar, renovar-se e para restaurar a sua fé na vida e em outros seres
humanos, antes que você esteja pronto para perdoar algumas das questões mais
importantes em sua vida. Dê a você mesmo o tempo que precisar. Uma vez que
você possuir mais prática tanto com o perdão, quanto com a reconciliação, você
se tornará mais capaz de perdoar, e até mesmo reconciliar, as questões mais
desafiadoras.
Próximos Passos
Para se tornar um professor do Perdão, basta.
Se você quiser explorar profundamente este assunto, por favor, debata o
Perdão com os outros, seja pessoalmente ou on-line através das redes sociais.
Você vai descobrir que ele é um excelente tópico para se conversar, na qual
ajuda intensamente e enriquece suas conexões.
Apenas por mencionar para as pessoas que você está lendo um livro sobre
Perdão, poderá desencadear uma conversa maravilhosa. Talvez alguém irá falar
sobre algo que gostaria de perdoar, mas não sabe como. Basta ensinar a este
alguém os Quatro Passos Para o Perdão! Ao explicar estes quatro simples
passos simples para alguém, você pode mudar completamente a vida dela.
Todo mundo que está aprendendo a perdoar é também um professor do
Perdão. Quanto mais você ensinar o Perdão, mais você conseguirá perdoar; e
quanto mais você praticar o perdão, mais você vai ensiná-lo. Você pode tornar
isso sua tarefa (sua tarefa secreta, se você preferir): informar pessoas a respeito
do Perdão, ou até mesmo se tornar um professor do Perdão.
A única coisa que você precisa fazer para se tornar um professor de Perdão é
decidir que é isto que você quer fazer. Você não precisa ser um "expert", obter
um certificado ou qualquer coisa assim. Somos todos professores do Perdão, ou
o seu oposto, pois todos nós ensinamos uns aos outros por exemplo. É apenas
uma questão de tornar-se consciente disto e deliberadamente decidir ensinar o
Perdão em vez de ensinar a ausência dele. Você só precisa começar a fazer e
você ficará cada vez melhor nisso com o passar do tempo.
Você é muito bem-vindo a citar este livro e usá-lo como material didático.
Mas, por favor, envie-me um email solicitando permissão caso você deseje
copiar mais de 10% deste livro. Todos nós gostaríamos de fazer do mundo um
lugar um pouco melhor do que existe. Qual maneira melhor de fazer isso do
que espalhando a palavra sobre o Perdão?
COMPREENDENDO O PERDÃO –

“Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem
alguma cousa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro
reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta”. (Mateus
5.23,24)

A reconciliação não é algo a ser praticado somente entre nós e Deus, mas
também para com nossos irmãos. Reconhecemos, que, à semelhança da cruz,
também temos duas linhas do fluir da reconciliação: a vertical (o homem com
Deus) e a horizontal (entre os homens). O mesmo perdão que recebemos de
Deus deve ser praticado para com nossos semelhantes.

QUEM NÃO PERDOA NÃO É PERDOADO

O perdão (ou a falta dele) faz muita diferença na vida de alguém. A


reconciliação horizontal determina se a vertical que recebemos de Deus vai
permanecer em nossa vida ou não. A palavra de Deus é clara quanto ao fato de
que se não perdoarmos a quem nos ofende, então Deus também não nos
perdoará. Foi Jesus Cristo quem afirmou isto no ensino da oração do Pai-nosso:

“Porque se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste
vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, tampouco
vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas”. (Mateus 6.14,15)

Deus tem nos dado seu perdão gratuitamente, sem que o merecêssemos, e espera
que usemos do mesmo espírito misericordioso para com quem nos ofende. Se
fluímos com o Pai Celestial no mesmo espírito perdoador, permanecemos na
reconciliação alcançada pelo Senhor Jesus. Contudo, se nos negamos a perdoar,
interrompemos o fluxo da graça de Deus em nossa vida, e nossa reconciliação
vertical é comprometida pela ausência da horizontal. Cristo também nos
advertiu com clareza sobre isto em uma de suas parábolas (faladas num
contexto que envolvia o perdão):

“Por isso o reino dos céus é semelhante a um rei, que resolveu ajustar contas
com os seus servos. E passando a fazê-lo, trouxeram-lhe um que devia dez mil
talentos. Não tendo ele, porém, com que pagar, ordenou o seu senhor que fosse
vendido ele, a mulher, os filhos e tudo quanto possuía, e que a dívida fosse
paga. Então o servo, prostrando-se reverente, rogou: Sê paciente comigo e tudo
te pagarei. E o senhor daquele servo, compadecendo-se, mandou-o embora, e
perdoou-lhe a dívida. Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus
conservos que lhe devia cem denários; e, agarrando-o, o sufocava, dizendo:
paga-me o que me deves. Então o seu conservo, caindo-lhe aos pés, lhe
implorava: Sê paciente comigo e te pagarei. Ele, entretanto, não quis; antes,
indo-se, o lançou na prisão, até que saldasse a dívida. Vendo os seus
companheiros o que havia se passado, entristeceram-se muito, e foram relatar ao
seu senhor tudo o que acontecera. Então seu senhor, chamando-o, lhe disse:
Servo malvado, perdoei-te aquela dívida toda porque me suplicaste; não devias
tu, igualmente, compadecer-te do teu conservo, como também eu me compadeci
de ti? E, indignando-se, o seu senhor o entregou aos
verdugos, até que pagasse toda a dívida. Assim também o meu Pai celeste vos
fará, se do íntimo não perdoardes cada um a seu irmão”. (Mateus 18.23-35)

O significado desta ilustração dada por Jesus Cristo é muito forte. Temos um rei
e dois tipos de devedores. Se a parábola ilustra o reino de Deus, então o rei
figura o próprio Deus. O primeiro devedor tinha uma dívida impagável,
enquanto que a do segundo estava ao seu alcance. Não há como comparar a
dívida de cada um. Dez mil talentos da dívida do primeiro servo era o
equivalente a cerca de 200.000 dias de trabalho, enquanto que os cem denários
que o outro servo devia era o equivalente a apenas cem dias de trabalho. Esta
diferença revela a dimensão da dívida que cada um de nós tinha para com Deus,
e que, por ser impagável, estávamos destinados à prisão e escravidão eterna.
Contudo, sem que fizéssemos por merecer, Deus em sua bondade, nos perdoou.
Portanto, Ele espera que façamos o mesmo. O cristão que foi perdoado de seus
pecados e recusa-se a perdoar um irmão – seu conservo no evangelho – terá seu
perdão revogado.

Isto é muito sério. As ofensas das pessoas contra a gente não são nada perto das
nossas ofensas que o Pai Celestial deixou de levar em conta. E a premissa
bíblica é de que se pudemos ser perdoados por Ele, então também devemos
perdoar a qualquer um que nos ofenda.

A FALTA DE PERDÃO É UMA PRISÃO

Quem não perdoa, está preso. Lemos em Mateus 18.34: “E, indignando-se, o
seu senhor o entregou aos verdugos, até que pagasse toda a dívida”. A palavra
verdugo significa
“torturador”. Além de preso, aquele homem seria torturado como forma de
punição. A prática do ministério nos revela que o que Jesus falou em figura
nesta parábola é uma realidade espiritual na vida de quem não perdoa. Os
demônios amarram a vida daqueles que retém o perdão. Suas torturas aplicadas
são as mais diversas: angústia e depressão, enfermidades, debilidade física, etc.

Muita gente tem sofrido com a falta de perdão. Outro dia ouvi alguém dizendo
que o ressentimento é o mesmo que você tomar diariamente um pouco de
veneno, esperando que quem te magoou venha a morrer. A falta de perdão
produz dano maior em quem está ferido do que naquele que feriu. Por isso
sempre digo a quem precisa perdoar: – “Já não basta o primeiro sofrimento,
porque acrescentar um outro maior (a mágoa)”?

Alguns acham que o perdão é um benefício para o ofensor. Porém, eu digo que
o benefício maior não é o que foi dado ao ofensor, mas sim o que o perdão
produz na vítima, naquele que está ferido. Sem perdão não há cura. A doença
interior só se complica, e a saúde espiritual, emocional e física da pessoa
ressentida é seriamente afetada. Em outra porção das Escrituras (onde o
contexto dos versículos anteriores é o perdão), vemos o Senhor Jesus nos
advertindo do mesmo perigo:

“Entra em acordo sem demora com teu adversário, enquanto estás com ele a
caminho, para que o adversário não te entregue ao juiz, o juiz ao oficial de
justiça, e sejas recolhido à prisão. Em verdade te digo que não sairás dali,
enquanto não pagares o último centavo”. (Mateus 5.25,26)
Não sei exatamente como é está prisão, mas sei que Cristo não estava brincando
quando falou dela. A falta de perdão me prende e pode prender a vida de mais
alguém. Isto é um fato comprovado. Tenho presenciado gente que esteve presa
por tantos anos, e ao decidir perdoar foi imediatamente livre. Isto também pode
acontecer com você, basta decidir perdoar.

SEGUINDO O EXEMPLO DIVINO

Como deve ser o perdão? A pessoa tem que pedir o perdão ou merecê-lo para
poder ser perdoada? Não. Devemos perdoar como Deus nos perdoou:

“Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos


uns aos outros, como também Deus em Cristo vos perdoou”. (Efésios 4.32)

O texto bíblico diz que nosso perdão e reconciliação horizontal deve seguir o
exemplo da que Deus em Jesus praticou para conosco. Então, basta perguntar: –
“Fizemos por merecer o perdão de Deus? Não. Então nosso ofensor também
não precisa fazer por merecer”.

O perdão é um ato de misericórdia, de compaixão. Nada tem a ver com


merecimento. O apóstolo Paulo falou aos efésios que o perdão é fruto de um
coração compassivo e benigno. O perdão flui da benignidade do nosso coração,
e não por haver ou não benignidade no ofensor.

Jesus disse que se eu souber que alguém tem algo contra mim, devo procurá-lo
para tentar a reconciliação. Mesmo se tal pessoa não me procurar ou nem
mesmo quiser falar comigo, tenho que ter a iniciativa, tenho que tentar. Deus
ofereceu perdão gratuito a todos, independentemente de qualquer
comportamento, e Ele é nosso exemplo!

NÃO HÁ LIMITE DE VEZES PARA PERDOAR

Certa ocasião, o apóstolo Pedro quis saber o limite de vezes que existe para
perdoar alguém. E foi surpreendido pela resposta que Cristo lhe deu:

“Então Pedro, aproximando-se, lhe perguntou: Senhor, até quantas vezes


meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes?
Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes
sete”. (Mateus 18.21,22)

O Senhor declarou que mesmo se alguém repetir sua ofensa contra mim por
quatrocentos e noventa vezes, ainda deve ser perdoado. Na verdade, os
comentaristas bíblicos em geral entendem que Jesus não estava se prendendo a
números, mas tentando remover o limite imposto na mente dos discípulos para
perdoar.

Fico pensando o que seria de nós sem a misericórdia de Deus. Quantas vezes
Deus já nos perdoou? Quantas mais Ele vai nos perdoar? Se devemos perdoar
como também Deus em Cristo nos perdoou, então fica claro que não há limite
de vezes para perdoar!

O DIABO É QUEM LEVA VANTAGEM


Já falamos que há uma prisão espiritual ocasionada por reter o perdão. E que
demônios se aproveitam desta situação. Agora queremos examinar um outro
texto bíblico que nos mostra nitidamente que a falta de perdão dá vantagem ao
diabo:

“A quem perdoais alguma cousa, também eu perdôo; porque de fato o que


tenho perdoado, se alguma cousa tenho perdoado, por causa de vós o fiz na
presença de Cristo, para que Satanás não alcance vantagem sobre nós, pois não
lhe ignoramos os desígnios”. (2 Coríntios 2.10,11)

O apóstolo Paulo revela que se deixamos de perdoar, quem vai se aproveitar da


situação é Satanás, o adversário de nossas almas. Disse ainda, que não ignorava
as maquinações do maligno. Em outras palavras, ele estava dizendo que
justamente por saber como o diabo age na falta de perdão, é que não podia
deixar de perdoar.

Precisamos entender que Deus não será engrandecido na falta de perdão. Que o
ofendido não lucra nada por não perdoar. Que até mesmo o ofensor pode estar
espiritualmente preso. O único que lucra com isso é o diabo, pois passa a ter
autoridade na vida de quem decide alimentar a ferida do ressentimento.

A Bíblia nos ensina que não devemos dar lugar ao diabo (Ef 4.27). Que ele
anda em nosso derredor rugindo como leão, buscando a quem possa tragar (1
Pe 5.8), e que devemos resisti-lo (Tg 4.7). Mas quando nos recusamos a
perdoar, estamos deliberadamente quebrando todos estes mandamentos.

CONSELHOS PRÁTICOS

Para aqueles que reconhecem que não há saída a não ser perdoar, mas que, por
outro lado, não é algo tão fácil de se fazer, quero oferecer alguns conselhos
práticos que serão de grande valia.

Primeiro, o perdão não é um sentimento, é uma decisão e também uma atitude


de fé. Já dissemos que o perdão não é por merecimento, logo, não tenho
motivação alguma em minhas emoções a perdoar. Não me alegro por ter sido
lesado, mas libero aquele que me lesou por uma decisão racional. Portanto, o
perdão não flui espontaneamente, deve ser gerado no coração por levar em
consideração aquilo que Deus fez por mim e sua ordem de perdoar. As
conseqüências da falta de perdão também devem ser lembradas, para dar mais
munição à razão do que à emoção.

É preciso fé para perdoar. Certa ocasião quando Jesus ensinava seus


discípulos a perdoarem, foi interrompido por um pedido peculiar:

“Acautelai-vos. Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; se ele se arrepender,


perdoa- lhe. Se por sete vezes no dia pecar contra ti, e sete vezes vier ter contigo,
dizendo: Estou arrependido, perdoa-lhe. Então disseram os apóstolos ao Senhor:
Aumenta-nos a fé”. (Lucas 17.3-5)

Naquele instante os discípulos reconheceram que para praticar este nível de


perdão iriam precisar de mais fé. E Jesus parece ter concordado, pois nos
versículos seguintes lhes ensinou que a fé é como semente, quanto mais se
exercita (planta) mais ela cresce (se colhe).
É necessário crer que Deus é justo e que Ele não nos pede mais do que aquilo
que podemos dar. Se Deus nos pediu que perdoássemos, Ele vai nos socorrer
dispensando sua graça no momento em que tivermos uma atitude de perdão.

Muitas vezes o perdão precisa ser renovado. Depois de declarar alguém


perdoado, o diabo, que não quer perder seu domínio, vai tentar renovar a ferida.
Em Provérbios 17.9 as Escrituras Sagradas nos falam sobre encobrir a questão
ou renová-la. É preciso tomar uma decisão de esquecer o que houve, e renovar
somente o perdão. Cada vez que a dor tentar voltar, declare novamente seu
perdão. Ore abençoando seu ofensor. Lute contra a mágoa!

É importante ver os ofensores como vítimas. Isto é algo especial que vejo em
Jesus na cruz:

“Contudo Jesus dizia: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. (Lucas 23.34)

Em vez de olhar para eles como quem merece punição e castigo, Jesus enxerga
que eles também eram vítimas. Aqueles homens estavam em cegueira e
ignorância espiritual, debaixo de influência maligna, sem nenhum discernimento
de quem estavam de fato matando. Eram vítimas de todo um sistema que os
afastou de Deus e da revelação das Escrituras. E ao reconhecer que ele é que
eram vítimas, em vez de alimentar dó de si mesmo (como nós faríamos), Jesus
teve compaixão deles. Acredito que este é um princípio para o perdão fluir
livremente. Assim como Jesus o fez, deixando exemplo, Estevão, o primeiro
mártir do Cristianismo, também o fez:

“Então, ajoelhando-se, clamou em alta voz: Senhor, não lhes imputes este
pecado”. (Atos 7.60)

Quando você começa a enxergar as misérias da vida espiritual de seu ofensor


(ao menos a que manifestou no momento de te ferir), e canaliza o amor de Deus
por ele, como você também necessita do amor divino ao se achegar arrependido
em busca de perdão, a coisa fica mais fácil.

O que a Bíblia diz sobre a


falta de perdão?

A Bíblia tem bastante a dizer sobre o perdão e a falta de perdão. Talvez o


ensinamento mais conhecido sobre a falta de perdão seja a parábola de Jesus do
servo inclemente, registrado em Mateus 18:21-35. Na parábola, um rei perdoa
uma dívida bem grande (basicamente uma que nunca poderia ser paga) de um
de seus servos. Mais tarde, no entanto, esse mesmo servo se recusa a perdoar a
pequena dívida de outro homem. O rei fica sabendo disso e rescinde o seu
perdão prévio. Jesus conclui dizendo: "Assim
também meu Pai celeste vos fará, se do íntimo não perdoardes cada um a seu
irmão" (Mateus 18:35). Outras passagens nos dizem que seremos perdoados
como perdoamos (ver Mateus 6:14; 7:2 e Lucas 6:37, por exemplo).

Não se confunda aqui. O perdão de Deus não se baseia em nossas obras. O


perdão e a salvação são fundados completamente na pessoa de Deus e pelo
trabalho redentor de Jesus na cruz. No entanto, nossas ações demonstram
nossa fé e o quanto entendemos a graça de Deus (ver Tiago 2:14-26 e Lucas
7:47). Somos completamente indignos, mas Jesus escolheu pagar o preço
pelos nossos pecados e nos dar perdão (Romanos 5:8).
Quando realmente compreendemos a grandeza do presente de Deus para nós,
passaremos o presente adiante. Recebemos graça e devemos dar graça aos
outros em troca. Na parábola, ficamos consternados com o servo que se recusou
a perdoar uma dívida menor depois de ter sido perdoado uma dívida impagável.
No entanto, quando nos recusamos a perdoar, agimos exatamente como o servo
na parábola.

A falta de perdão também nos rouba da vida plena que Deus quer para nós. Ao
invés de promover a justiça, a nossa falta de perdão torna-se amargura. Hebreus
12:14-15 adverte: "Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém
verá o Senhor, atentando, diligentemente, por que ninguém seja faltoso,
separando-se da graça de Deus; nem haja alguma raiz de amargura que,
brotando, vos perturbe, e, por meio dela, muitos sejam contaminados". Da
mesma forma, 2 Coríntios 2:5-11 adverte que a falta de perdão pode ser uma
abertura para que Satanás nos desvie.

Também sabemos que aqueles que pecaram contra nós — a quem não
queremos perdoar – prestarão contas a Deus (ver Romanos 12:19 e Hebreus
10:30). É importante reconhecer que perdoar não é minimizar um erro ou
necessariamente se reconciliar.
Quando escolhemos perdoar, liberamos uma pessoa do seu endividamento a
nós. Renunciamos ao direito de buscar vingança pessoal. Escolhemos dizer que
não faremos com que pague pelo seu erro. No entanto, não necessariamente
significa que confiaremos novamente ou até mesmo que iremos libertar essa
pessoa das consequências de seu pecado. Somos informados de que "o salário
do pecado é a morte" (Romanos 6:23). Embora o perdão de Deus nos alivie da
morte eterna, nem sempre nos liberta das consequências do pecado que se
parecem com a morte (como um relacionamento quebrado ou a sanção fornecida
pelo sistema de justiça). O perdão não significa que agimos como se nenhum
erro tivesse sido feito; significa que reconhecemos que a graça abundante nos
foi dada e que não temos o direito de propositadamente penalizar a outra pessoa
pelo seu erro.

As Escrituras repetidamente nos chamam a perdoar um ao outro. Efésios 4:32,


por exemplo, diz: "Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos,
perdoando- vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou."
Temos recebido muito na área de perdão, e muito é esperado de nós em
resposta (ver Lucas 12:48).
Embora o perdão seja frequentemente difícil, recusar-se a perdoar é desobedecer
a Deus e depreciar a grandeza de Seu presente.
12 doenças causadas ou acentuadas
pelo rancor
O rancor envenena o corpo, a mente e o espírito. Veja uma lista com 12
doenças que podem ser desencadeadas por esse sentimento destrutivo.

O dicionário define o rancor como “ressentimento intenso provocado por um


ultraje ou uma ofensa que ocorreu na sequência de eventos vivenciados no
passado; grande mágoa ou melindre”.

Para entender como o rancor pode afetar uma pessoa fisicamente, é preciso
compreender o conceito de doença psicossomática. Entenda a seguinte
definição: “A psicossomática é uma doença caracterizada por sinais e
manifestações apresentadas pelo corpo, onde os exames médicos não
conseguem descobrir uma origem orgânica ou biológica para o sintoma.” Em
outras palavras, sentimentos doentios como rancor, ódio, inveja, ciúme podem
gerar enfermidades no corpo, muitas delas bem graves.

O rancor é um dos sentimentos mais lembrados quando se fala em


doenças psicossomáticas. Veja uma lista de doenças que ele pode
ocasionar:

1. Doenças cardiovasculares: hipertensão, angina, taquicardia


2. Doenças gastrointestinais: gastrite, úlcera, síndrome do intestino irritável
3. Doenças respiratórias: asma, bronquite e outras
4. Doenças dermatológicas: herpes, urticária, enfisema
5. Doenças do sistema nervoso: enxaqueca, vertigens e outras
6. Doenças endocrinológicas e metabólicas: obesidade, diabetes
7. Doenças das articulações: tendinite, artrite e outras
8. Dores e tensões musculares
9. Doenças infecciosas
10. Doenças autoimunes
11. Câncer
12. Também pode ocasionar transtornos mentais e comportamentais

Como podemos observar, cultivar o rancor traz inúmeros prejuízos para a


saúde do corpo e da mente. Além disso, prejudica nossas relações
interpessoais e nos priva de gozar plenamente da vida.

Gostaria de acrescentar que guardar mágoa afeta também nossa espiritualidade.


No Novo Testamento, vemos Jesus Cristo dando ênfase em deixarmos a mágoa
e o orgulho de lado e buscarmos a reconciliação com aqueles que nos
ofenderam: “(…) vai reconciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem e
apresenta a tua oferta.” (Mateus 5:24) Isso significa que é impossível
chegarmos a Deus sem antes nos livrarmos do rancor e de outros sentimentos
que afetam negativamente nosso relacionamento com o próximo.
Uma famosa frase atribuída a Shakespeare resume os efeitos do rancor:
“Guardar ressentimento é como tomar veneno e esperar que a outra pessoa
morra.”

Uma pessoa rancorosa apresenta uma espécie de paralisia, fica praticamente


impossibilitada de progredir. Assim sendo, é imperativo que ela reconheça que
tem esse problema, busque meios para se livrar dele e, se necessário, concentre
todos os esforços com esse fim..

Você sabia que a falta de perdão


pode ser prejudicial à saúde?




“(…) perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aqueles que nos
tem ofendido (…)”. Fazemos essa oração todos os dias, mas será que a estamos
praticando? Jesus nos deixou a receita para as doenças da alma, mas nós nem
nos damos conta disso! O perdão é uma palavra tão conhecida, mas difícil de
ser vivida na prática! Será que você sabe perdoar? Será que você consegue
perdoar?

Acredito ser desnecessário falar sobre o que é o perdão; porém, falar sobre o
que a falta dele é capaz de fazer seria melhor, apesar de ser comum também.
No entanto, vale a pena! Perdão é uma ação, uma decisão, uma escolha, um
verdadeiro remédio para a alma. Um sentimento provocado pelo
relacionamento interpessoal, com o nome de mágoa, desgosto, amargura e
ressentimento.

O perdão é essencial para uma vida mais leve

Relacionar-se é exigente! Exige um sair de si mesmo, constantemente, pois,


quando entramos em conflito com o outro e até com nós mesmos, podemos sair
da “discussão” feridos, traumatizados. Tais traumas podem produzir
sentimentos desagradáveis, que ficam escondidos; e quando surgem, controlam
o ser humano, tornando-o irritado, com raiva e amargo com a vida e com as
pessoas que estão a sua volta.

Esses sentimentos têm poder de destruição; são capazes de desenvolver


doenças psicossomáticas que nem imaginamos. Problemas cardíacos, úlcera,
depressão, nódulos e até mesmo tumor. São doenças físicas, que podem ter
como origem a dificuldade de perdoar. É como se a pessoa “implodisse”, ou
seja, explodisse para dentro dela mesma, por não conseguir liberar o perdão.
Pedir e conceder o perdão

É tão interessante que podemos falar da necessidade de pedir perdão e,


também, da necessidade de dar perdão. Muitas vezes, temos dificuldade de
receber o perdão. A pessoa se humilha, arrepende-se do que fez, pede perdão,
mas o outro, tão preso em suas emoções, amarguras, feridas e mágoas, não
consegue perdoar. Isso também é destrutivo, porque a questão está no conseguir
superar o sentimento produzido. Se eu ferir o outro e conseguir fazer o
movimento de pedir perdão, posso estar superando meus sentimentos nocivos.
O mesmo acontece com aquele que consegue dar o perdão para aquele que lhe
pede.

Quem nos destrói são os sentimentos de mágoa e ressentimento, não o ato de


perdoar. E perdoar é o nosso remédio, é a via de libertação, pois, a mágoa e o
ressentimento são sentimentos tão nocivos que possuem capacidade de
destruição, paralisação e retrocesso. Façamos o seguinte caminho:

– Reconhecimento: olhar para os seus sentimentos e reconhecer que sente-


se ferido, e isso tem paralisado, adoecido você;
– Decisão: diante da minha paralisação e adoecimento, decido sair desse lugar;
– Ação: ter a iniciativa de pedir ou receber o perdão.

Não há como viver essas três etapas ao mesmo tempo. No entanto, é preciso
esforçar-se para vencer uma de cada vez, olhando para a situação atual e
focando no lugar que deseja chegar, a libertação dos sentimentos que
acorrentam e adoecem.

Por que é tão importante perdoar?

O perdão tem poder de libertação. Faz-nos sair de nós mesmos, do nosso


orgulho, vaidade e autossuficiência; conduz-nos a um caminho que nos faz
reconhecer que somos imperfeitos e humanos, mas que podemos sempre
recomeçar. Você está disposto a pedir e dar perdão ou vai ficar cultivando
sentimentos capazes de gerar a morte? A escolha sempre será nossa, pois
perdoar é ter a capacidade de libertar-se do seu pior sentimento!

Perdoar o outro é uma tarefa


muito difícil, mas necessária





Que pena você daria a quem estuprou e matou a sua filha? Quantos anos de
prisão ele merece? Até “apodrecer” na cadeia? O problema é que, no fim da
pena, você também terá “apodrecido”, terá envelhecido mil anos. Temos de
concordar que é muito difícil perdoar, mas é necessário para nosso próprio
bem.

Liberte e perdoe

Nem sempre quem você precisa perdoar é um assassino ou um estuprador, mas,


mesmo assim, aprisionamos a pessoa que nos feriu em celas que estão dentro de
nós. Coloque- se no lugar de uma esposa que foi abandonada por seu marido,
por exemplo. Como você se sentiria vendo esse marido feliz com outra mulher?
É difícil ver feliz quem nos feriu, não é mesmo? Talvez, você desejasse que esse
marido estivesse “preso” e sofrendo; no fundo, desejaria que ele estivesse
sofrendo tanto quanto você. Perdoar a pessoa que mais o machucou, sem ter
nenhum sentimento de vingança, é um grande desafio.

Quem eu serei, se eu perdoar? Talvez, até aqui, eu só tenha sido esposa. E agora,
quem sou? Como justificar minha prostração, minha falta de iniciativa, minha vida
derrotada? É mais fácil continuar vítima desse vilão. É só permanecer igual, sofrendo.
Conheço pessoas que passaram uma vida inteira assim. Com mágoa, rancor e
lágrimas, alimentam, diariamente, o vilão que continua morando dentro de si e
dizendo: “Sem ele não sei viver, mesmo que preso dentro de mim”.

É preciso ter coragem de olhar o outro por trás da máscara de vilão. Mais coragem
ainda para se ver por trás da máscara de vítima. É preciso ter coragem para dizer a
quem me machucou (mesmo que em pensamento): “Eu o liberto de dentro de mim.
Você está livre para ser feliz. Você não me deve mais nada”.

O perdão cura o passado e fortalece


você para o futuro




O perdão é uma decisão pessoal que beneficia, em primeiro lugar, quem toma a
iniciativa. O perdão é muito mais para mim do que para a pessoa que me
ofendeu. Por isso, a decisão de perdoar depende mais de mim do que dos
outros.

Perdoar é recuperar o poder sobre si mesmo. A mágoa me coloca na mão do


outro; o perdão me devolve a autonomia sobre minha própria história.

Perdoar é assumir o presente, é viver e mergulhar nele. Perdoar é não sofrer por
aquilo que não posso mudar ou resolver. Não podemos mudar o passado.
Nunca!
O perdão leva a uma vida nova

Perdoar é concentrar suas atenções sobre as coisas boas da vida. “Se algo ou
alguém estragou o meu passado, não permitirei que estrague também o meu
futuro.” Perdoar é começar a valorizar as bênçãos de Deus, as coisas boas. É sair
do vício de ver sempre as mesmas coisas do mesmo jeito.

Perdoar é tomar a decisão de começar uma vida nova. O que fazer para sofrer
menos? Isso exige buscar, em primeiro lugar, o Reino de Deus. É decidir-se
pela primazia do Reino, e não do encardido. É optar pelo bem, divulgá-lo. É
aprender a sintonizar-se no bem.

Cegos pela mágoa

“Abençoai os que vos maldizem e orai pelos que vos injuriam” (Lc 6,28). “Amai vossos
inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos maltratam e perseguem.
Deste modo, sereis os filhos de vosso Pai do Céu, pois Ele faz nascer o sol tanto
sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os
injustos” (Mt 5,44- 45). Você não pode mudar um acontecimento do passado,
mas pode mudar a maneira de falar sobre ele. Com Jesus é possível achar um
ponto de vista mais positivo e esperançoso.

Recorde seus grandes objetivos de vida. A mágoa distorce os objetivos.


Esquecemos as grandes e permanentes verdades e nos guiamos por momentos.
Qual é mesmo a minha grande meta? Vocação!

Não sofra pelo passado

A vida sempre segue adiante, ela não para. Devemos aprender a concentrar
nossas atenções sobre as coisas boas da vida. Se já estragou o passado, não
permita que estraguem o presente nem o futuro. Não devemos sofrer por aquilo
que não podemos mudar. Não podemos mudar o passado.

Ao machucar uma pessoa, você se torna inferior a ela; ao se vingar, você se


iguala. Só é superior quem aprende a perdoar. A mágoa é algo que o diabo usa
para nos manter cativos todos os dias até o fim dos tempos.

A importância do perdão no
processo de cura interior





O Senhor nos pede o perdão como base para cura, mas se não
conseguirmos nos perdoar, não poderemos receber aquilo que o Senhor
quer nos dar, porque a falta de perdão bloqueia a graça

Muitas vezes, a cura de uma raiva, de um medo, de uma ansiedade, de um


sentimento de solidão, tristeza ou culpa, além de tudo o que constitui o nosso
desequilíbrio emocional e psíquico, depende de perdão.

a) Perdoar a mim mesmo. É a coisa mais difícil! É mais fácil perdoar os


outros. Perdoar a nós mesmos pelas nossas faltas, pelos nossos limites, pelos
pecados que cometemos e por tantas outras coisas. Temos de aceitar nossos
limites e fraquezas, nos aceitarmos como somos, mesmo que não nos
aprovemos.

Quando digo aceitar, não quer dizer não fazer nada para melhorar, pois isso é
uma estagnação que não podemos permitir. Mas temos que aceitar a realidade
das coisas e tentar melhorar, como fez São Paulo: “Sou aquele que sou, vejo o
bem, aprovo-o e me acho a fazer o mal” (cf. Romanos 7,15-23).

Este sou eu. Certamente, esforço-me para ir em frente, mas a realidade é essa.
Muitas vezes, o Senhor nos pede o perdão como base para cura, mas se não
conseguirmos nos perdoar, não poderemos receber aquilo que o Senhor quer
nos dar, porque a falta de perdão bloqueia a graça.

Atenção! Estou me referindo a uma coisa muito importante e digo isso, antes
de tudo, para nós, sacerdotes; em seguida, para aqueles que nós devemos curar,
porque estão na nossa pastoral:

– Deus nos ama não porque somos santos, e o nosso pecado não diminui
o amor que Deus tem por nós;

– Deus não ama mais o santo que o pecador;

– Deus ama o homem tanto quanto um Deus pode amar a sua criatura;

– É o homem que recebe ou recusa esse amor!

Peguemos um exemplo: se estamos em um quarto, e fora existe sol, estando no


interior do quarto, nós não o vemos. Temos luz elétrica, mas toda a estrutura do
quarto está bloqueando a entrada do sol para nos oferecer luz e calor. Não é que
o sol se retirou, ele continua lá no seu lugar. Se destruirmos essa estrutura,
automaticamente o sol entrará, iluminará e aquecerá o ambiente.

Quando o filho pródigo sai da casa do pai, o amor deste permanece igual para
esse filho; de fato, o pai está sempre lá para esperar a sua volta.

O perdão por parte do pai já está concedido, mas não pode chegar até o filho,
porque este ainda não disse: “Levantar-me-ei e irei a meu pai (Lucas 15,18).
Portanto, o bloqueio é do lado do homem e não do lado de Deus. Quando
falamos “Senhor, perdoe- me!”, estamos demolindo o bloqueio. Deus já nos
perdoou. Pecadores ou santos, somos
filhos d’Ele. Portanto, receber o amor depende de nos abrirmos àquele amor
que já está presente em nós, como aquele sol que já está presente fora do
ambiente fechado.

b) Perdoar a Deus. Esta expressão deve ser bem entendida: Ele não tem
necessidade de ser perdoado, não foi Deus que fez alguma coisa que
necessitasse de perdão. Mas olhando para nós, de pequeno que somos, vendo
Deus permitindo que sejamos maltratados ou não nos escutando, deixando-nos
sozinhos nesse sofrimento, é gerada em nós uma raiva de Deus. Nesse caso, é
bom ir diante do Senhor e dizer a Ele: “Está bem, Senhor, eu não O entendo!
Somente sei que estou ferido, mas quero perdoá-Lo!”. Da nossa parte existe
essa necessidade de perdoar a Deus, como aos outros e a nós mesmos.

O perdão e a cura das feridas da alma

Perdoar é muito difícil, até mesmo para os cristãos que têm como exemplo
Jesus Cristo, que morreu para nos perdoar. É preciso aprender perdoar, mas
como aprendemos essa difícil lição? Neste artigo trataremos do perdão como
uma dádiva divina para todas as pessoas, do poder curador do perdão, também
sobre a diferença entre culpa e vergonha, e dos níveis de perdão. Esperamos que
a leitura reflexiva deste texto, sob ação do Espírito Santo, faça bem à sua alma.

Como Aprender a Perdoar?

Primeiro é preciso que você considere como você foi perdoado: “Sejam
bondosos e compassivos uns com os outros, perdoando-se mutuamente,
assim como Deus os perdoou em Cristo” (Efésios 4.32).

Quando amamos alguém de verdade é preciso aceitar a nossa própria


vulnerabilidade, tirar a máscara superficial e deixar que o outro nos veja como
realmente somos. Por que ferimos a quem amamos? Quando somos feridos,
somos capazes de dizer e fazer coisas prejudiciais de forma violenta com as
pessoas mais próximas – é nesse momento que magoamos aqueles a quem mais
amamos.

Quando somos feridos, magoados, queremos “acertar as contas”, “pagar na


mesma moeda”. Pensamos que fazendo isso nossa dor pode diminuir, que nos
sentiremos um pouco melhor – isso não é uma verdade: “Que ninguém retribua
o mal com o mal; procurai sempre o bem uns dos outros e de todos”
(1Tessalonicenses 5.15).

Em certa ocasião, um soldado americano levado para guerra, e que mantinha


viva a esperança de reencontrar sua noiva (que prometera lhe esperar), recebe
uma carta da então noiva, pedindo sua foto preferida que ofereceu ao noivo por
ocasião de sua despedida. Junto ao pedido da devolução da foto, estava também
a informação de que tal foto seria usada para o convite de casamento (com
outro rapaz), que aconteceria em breve. Ferido e magoado, o soldado então
conta com os amigos do alojamento para se vingar. Recolheram todas as fotos
de mulheres (irmãs, namoradas, noivas) de todos os
soldados, colocaram em uma caixa e o soldado a enviou para a ex-noiva com a
seguinte frase: “Procure a sua, não me lembro qual é”.

Essa pequena ilustração reforça como, a princípio, o sabor da vingança


parece agradável, mas no fundo a dor continua lá. Geralmente quando
erram, as pessoas costumam ter dois tipos de sentimento: a culpa e a
vergonha; muitas vezes tratadas como sendo a mesma coisa. Há, porém,
uma diferença sutil entre elas.

A culpa é o sentimento que surge quando nos comportamos mal, e está


relacionada com o que fazemos. Ela pode desempenhar um papel importante.
Deus faz com que alguns de nossos comportamentos nos causem desconforto
para que possamos rever e reparar danos. É um indicador de que precisamos
pedir desculpas e reatar o relacionamento.
Ficar remoendo as culpas não é construtivo. Culpa foi o que Davi
sentiu. Suas transgressões só foram perdoadas, e seus pecados só foram
apagados, depois do incômodo da culpa. É o que ele expressa no Salmo
32.

Vergonha é a sensação que surge quando não correspondemos ao que pensamos


que deveríamos ser. Está ligada ao que somos. Ela causa tristeza. Vergonha foi
o que Pedro sentiu ao cair em si depois de negar Jesus por três vezes (Mateus
26.75).

Muitas pessoas continuam sofrendo, desnecessariamente, quando, depois de


perdoados por Deus, continuam hospedando em si a culpa e a vergonha. A
culpa pode nos ajudar a sermos pessoas melhores, a vergonha nos faz duvidar
de nós mesmos: “Com efeito, a tristeza, segundo Deus, produz arrependimento
que leva à salvação e não volta atrás, ao passo que a tristeza segundo o mundo
produz a morte” (2Coríntios 7.10).

Perdão é o remédio para a culpa. Enquanto não damos atenção à culpa, ela nos
atormenta a consciência, mas se decidimos que realmente devemos tratá-la, o
perdão é um excelente remédio. A culpa proveniente do amor é saudável,
benéfica e nos motiva a reatar ligações rompidas com Deus, com nós mesmos e
com o outro.

Há dois níveis de perdão: 1) Não pagar o mal com o mal. Isso significa perdoar
quem nos magoa. 2) A reconciliação, mais profunda e mais difícil, envolve a
participação de quem magoou e de quem foi magoado. O que magoou deve
perceber o mal que causou e assumir a responsabilidade por ele; o magoado
deve acreditar que o mal causado foi reconhecido e que há interesse em repará-
lo. Quando essa mútua compreensão acontece, há a reconciliação e há a cura:
“Perdoai, e vos será perdoado” (Lucas 6.37).

Não perdoar traz males à saúde do corpo e da alma. A raiva prolongada vira
ressentimento e o ressentimento vira ódio. O que são ressentimentos? São
lembranças rancorosas de dores passadas que não foram resolvidas. É um
sentimento destrutivo capaz de causar males físicos, emocionais e espirituais.
Um grande mestre escreveu: “Os ressentimentos são as irritações de ontem
arranhando a membrana de nossa memória”. Há pessoas que estão convencidas
de que têm todas as razões para sentir ressentimento, mas é bom lembrar: “O
ressentimento leva o tolo à morte” (Jó 5.2).
Pode-se construir uma prisão para si mesmo, cada mágoa será um tijolo nessa
construção. Rancores guardados acabam com a alegria da vida, tornam as
pessoas amargas. Pessoas cheias de ressentimento podem ter pelo menos três
tipos de comportamento: algumas vivem com eles, mas estão doentes (são
pessoas que vivem de aparência); outras se fecham e se afastam (vivem isoladas
– têm dificuldade de se abrir
a novas amizades) ou ainda, aquelas que explodem (são agressivas e vivem de
mau humor). É preciso deixar que o Senhor aplique graça às nossas mágoas,
pois ela nos faz ver o perdão de Deus.

Por que será que até mesmo os cristãos têm tanta dificuldade em liberar o
perdão? A Bíblia diz que quem demonstra pouco amor, também libera pouco
perdão, como nos afirma o próprio Senhor Jesus: “aquele a quem pouco foi
perdoado, mostra pouco amor” (Lc 7.47). Embora requeira muito esforço, o
benefício do perdão recompensa, pois o verdadeiro amor cura mágoas.

Atualmente algumas pessoas têm tentado resolver seus problemas nos


relacionamentos através de exercícios mentais, pensamento positivo,
meditação, disciplinas, mas, se tentarmos resolver nossos problemas só
racionalmente, nós conseguiremos chegar somente até certo ponto para viver
melhor, mas é só através do amor perfeito de Deus por nós que podemos nos
aperfeiçoar como seres humanos “A ciência incha, mas o amor edifica”
(1Coríntios 8.1).

Para que haja perdão é preciso confissão sincera. Confissão não é


interrogatório, tortura ou sessão de reclamação. Também não dizer a Deus o que
ele não sabe, mesmo porque isso seria impossível, uma vez que o Senhor é
conhecedor de todas as coisas, inclusive das nossas palavras, antes de as
pronunciarmos.

A confissão é uma confiança radical na graça de Deus. Quando confessamos é


como se estivéssemos dizendo: “o que eu fiz foi ruim, mas sua graça é maior do
que eu, do que o meu erro, do que o meu pecado, por isso eu confesso”.

Se nosso entendimento sobre a graça for pequeno, limitado, nossa confissão


também será pequena, limitada, cheia de desculpas e medo. A grande graça cria
uma confissão sincera. Foi o que aconteceu com o filho pródigo (Lucas 15.18-
19), com o cobrador de impostos (Lucas 18.13) e com o grande herói do Antigo
Testamento, o rei Davi (Salmo
32.38 e Salmo 51).

Se enterrarmos nosso mau comportamento é só esperar pela dor que ficará


alojada na nossa alma. Você está interessado em se ver livre desse mal? Solicite
uma ressonância magnética espiritual: “Sonda-me, ó Deus…” (Salmo 139).

O poder da confissão não está com quem a realiza, mas com o Deus que a ouve:
“Se confessarmos nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos
pecados e nos purificar de toda injustiça” (1João 1.8-9). Às vezes, a confissão
precisa ser também uns com os outros, assim como a Igreja Primitiva fazia
(Atos 19.18-20) e assim como ensinou o apóstolo João: “Se perdoarem os
pecados de alguém, estarão perdoados; se não os perdoarem, não estarão
perdoados” (João 20.23).

Perdoar e Esquecer, Eis a Grande Questão

Esse é um assunto cheio de equívocos. Constantemente ouvimos a frase:


“Perdoei, mas não esqueci”. Perdoar é ir contra os sentimentos que estão
aflorados dentro de nós (raiva, mágoa, dor, tristeza). Esquecer é do cérebro.
Mesmo que nos lembremos, perdoar significa que essa lembrança não afeta
mais as nossas emoções e nosso
relacionamento com quem nos ofendeu. Ela não envenena mais o coração
(Hebreus 12.15).

O perdão não está em nós, está em Deus – temos de buscar. Só consegue


perdoar quem experimentou e entendeu o perdão de Deus (Colossenses 2.13-
14). Para que o perdão aconteça de fato, é necessário que o amor seja dado
livremente, pois há poder curativo no amor: “O amor cobre multidão de
pecados” (1Pedro 4.8).

Parte da cura consiste em para de se culpar pelo que aconteceu, depois de curar
as feridas causadas por nossos atos, e sobretudo é preciso acordar todos os dias
e optar por praticar o bem: “Façam todo o possível para viver em paz com
todos” (Romanos 12.18).
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LIBERANDO PERDÃO E ARRANCANDO A RAIZ DE


AMARGURA
“Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e de
que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela
muitos se contaminem.” Hebreus 12.15.
O texto que nos lemos acima está em uma epístola que fala de
uma maneira muito clara sobre a grandeza da Salvação com uma
visão teológica vasta do Filho de Deus, Jesus Cristo. Em toda a
epístola encontramos exortações e princípios úteis que fortalecem a
alegria da Salvação. O versículo focado aqui trás uma expressão
muito clara sobre a “nossa vida de fé”, não se sabe quem foi escritor
deste Livro Excelente, muitos cristãos atribuem a autoria da epístola
ao apóstolo Paulo, podemos perceber que o modo como ela foi
elaborada, difere das epístolas paulinas.
Outros candidatos são Timóteo, Apolo, Lucas, Barnabé,
Clemente de Roma, Silas, Filipe e Priscila.
Há quem acredite que não tenha sido escrita por Timóteo,
visto que, segundo o versículo 23 do capítulo 13 desta carta, lemos
o seguinte:
“Sabem que o nosso irmão Timóteo já está em
liberdade. Se ele vier a tempo, hei-de levá-lo comigo,
quando vos for visitar.”
Logo, a menos que o autor se refira a si mesmo na 3ª pessoa
do singular, constatamos que foi outro que não Timóteo a escrever
esta carta.Podemos também perceber que esta Carta terá sido
escrita por alguém muito ligada à cultura e tradição judaica, o que
não era o caso de Timóteo.
No terceiro século, Orígenes escreveu:
“Os homens dos tempos antigos afirmaram que Paulo foi o
autor, mas quem escreveu essa Epístola apenas Deus sabe.”
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“... Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o Poder de Deus”. (Mt 22.29b)
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O que se sabe é que ela foi escrita na segunda geração de


cristãos (Hb2.1-4) e após um intervalo considerável de tempo
depois da conversão do destinatário (Hb 5.12). Assim, o livro de
Hebreus parece ter sido escrito no final do ano 60 d.C.
Uma verdade clara sobre o Perdão
Para começarmos a falar sobre o tema citado, primeiramente
temos que definir ou entender o que é perdão?
O que é Perdão?É na verdade um dos sentimentos mais nobres
que um ser humano pode possuir, e também é um dos sentimentos
mais difíceis para liberarmos, para acontecer em nossas vidas.
Agora um grande erro nosso e achar que perdoar significa
“esquecer”, quando na verdade isso não existe, se fosse o caso seria
fácil de mais. Muitos acham que o Senhor se esqueceu de nossos
pecados, mas isso seria impossível, a Bíblia é catedrática em dizer
que Ele sabe de todas as coisas e tudo está patente diante de seus
olhos: “E não há criatura alguma encoberta diante dele; antes todas
as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem

temos de tratar.” Hebreus 4:13.

“Perdoar na verdade é lembra-se

daqużlo que fżzeram contra nós sem

carregar mágoa, rancor ou ressentżmento,

é poder olhar dentro dos olhos da outra

pessoa que nos ofendeu com o coração

repleto de alegrża e paz, e com um grande

sorrżso no rosto dżzer com todas


PEQUENA COLETANÊA TEOLÓGICA ADPN – VOL 02
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“... Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o Poder de Deus”. (Mt 22.29b)
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as palavras: A Paz do Senhor


meu

IRMÃO!”Se hoje você está dentro desta realidade, meus


sinceros parabéns amado, te digo que com certeza que você liberou

perdão.
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu
Filho
unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha

a vida eterna.”João 3.16. Você já parou para analisar este texto, que

em nossos seminários teológicos conhecemos como texto áureo da


Bíblia Sagrada. Talvez na leitura cotidiana não percebamos a
grandeza desta declaração do Apóstolo João quando ele utiliza a
expressão: “... de tal maneira...”(ACF), em outra versão “...,de tal
modo...” (BJ), e ainda (NVI)“...tanto amou...”, você sabe porque ele

usa essas palavras? Imagine o Senhor Deus criador, no ato da


criação do homem, será que ele não sabia que o homem iria pecar?
Claro que sabia Ele é Onisciente, ou seja, Ele sabe de todas as
coisas. Então porque que o Senhor criou um ser que Ele sabia que
iria trazer dor de cabeça, que Ele sabia iria lhe dar sérios problemas.
Essa reposta o Apóstolo João nos dá dizendo: “Porque Deus amou o
mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, ...” Quando

escreve e usa essa expressão ele está nos dizendo que o amor de
Deus é infindo, que é verdadeiramente desmedido, Ele criou o
homem no Éden, por que ante de estabelecer o plano criação, Ele já
tinha estabelecido o plano da redenção, ou seja, Cristo Jesus já tinha
se oferecido para morrer por nós na cruz do calvário.
Verdadeiramente o Filho de Deus nos amou primeiro, Ele nós amou:
“Nós o amamos a ele porque ele nos amou primeiro.” 1 João 4:19

Quando perdoamos estamos verdadeiramente refletindo o


PEQUENA COLETANÊA TEOLÓGICA ADPN – VOL 02
Pr. Jorge Luiz Silva Vieira Página|6
caráter de Cristo, perdoar é um sentimento que antes de nascer no
coração

“... Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o Poder de Deus”. (Mt 22.29b)
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humano, na eternidade ele já existiano coração de nosso Grande


Deus, antes de tudo ter sido formado. Além disso, quem perdoa
está admitindo que uma das necessidades da pessoa humana, é ser
perdoado sempre.
Uma pessoa que segue a sua jornada sem perdão está
condenada a permanecer no seu erro. Ao exemplo disso é quando
um filho erra e seu pai prontamente o perdoa, dizendo: “Meu filho
você errou, mas você pode mudar, você pode acertar. Filho conte
comigo, você não está sozinho estarei sempre contigo.

Comecenovamente, tente de novo”. Agora quando não perdoamos,

algo semelhante a isto acontece: “Meu filho você errou de novo,


já não aguento mais os seus erros, você não tem jeito mesmo.

Não conte mais comigo”. Estaremos condenando o nosso irmão a

um caminho mais triste, de viver uma vida sem perdão, e fadado a


repetir o mesmo erro.
O que é Perdoar?É o ato de liberar perdão, de livrar-se
verdadeiramente de toda a mágoa, tristeza ou ressentimento que
estiver assolando o seu coração, e ainda perturbando a sua mente.
Mateus 6.14-15 (NVI) "Pois se perdoarem as ofensas uns dos
outros, o Pai celestial também lhes perdoará. Mas se não
perdoarem uns aos outros, o Pai celestial não lhes perdoará as
ofensas".
No nosso dia a dia na nossa vida cristão muitas das vezes
usamos de ditados dentro de nossas igrejas e para nossos irmãos,
ou ainda pior, ensinamos que perdoar é “esquecer”, e para dar
maior ênfase com toda a propriedade declaramos com o peito cheio
de confiança: “Jesus disse, ou na Bíblia está escrito, teus pecados
lancei no mar do esquecimento”; aí vem a pergunta que não quer

calar: Qual é o livro e o versículo da Bíblia que isso está escrito?


Sabe qual? Nenhum! Essa é uma pequena “casca de banana” que
tem derrubado muita gente. As pessoas simplesmente ouvem
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pregações e não ruminam as palavras que saem da boca dos

“... Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o Poder de Deus”. (Mt 22.29b)
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pregadores, não analisam como a igreja de Beréia. Deus jamais


lançaria o pecado de alguém no mar do esquecimento, sabe por
quê? Porque diante Dele há um memorial, e o mar do
esquecimento não existe, isto é um mito. “E não há criatura alguma
encoberta diante dele; antes todas as coisas estão nuas e patentes

aos olhos daquele com quem temos de tratar.” Hebreus 4.13.

Desta forma, perdoar é um ato muito maior do que esquecer-


se,bem se fosse o caso seria muito fácil. Era somente o Espírito
Santo trabalhar na mente e coração e apagar aquela ação
decepcionante, humilhante ou até mesmo frustrante com aquela
pessoa, e estaria daquele momento em diante tudo certo. Mais o
Espírito de Deus pela sua Santa Palavra nos ensina que perdoar
verdadeiramente é lembrar-se daquele episódio que vivenciamos,
mas que jamais gostaríamosde nos lembrar, só que agora todas as
vezes que este episódio vem em nossa mente e em nosso coração,
nos lembramos de que a única coisa que sentimos é a superação de
algo que ficou no passado. Você sabe o que isto quer dizer? Não dói
mais. Acabou, ficou para trás; seria como uma cicatriz de um
machucado. Que ocorreu tempos atrás, mas que agora somente
permanece a marca e essa marca a cada dia que se passa
diminui. Olhamos para a marca e temos a certeza que fomos
curados por Ele, o Mestre e Senhor Espírito Santo, o nosso
Paracleto.
Mas é agora como explicar versículos como este que estão

latentes a todo instante nas Escrituras Sagradas: “Eu, eu


mesmo, sou o que apago as tuas
transgressões por amor de mżm, e dos
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teus pecados não me

“... Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o Poder de Deus”. (Mt 22.29b)
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lembro.”Isaías 43.25. Neste caso que vai nos trazer um melhor


entendimento será o uso de uma palavra de origem grega, chamada
ANTROPOPATISMO que significa literalmente“sentimento de
homem”.
Preceito teológico que enfatiza que Deus se expressou (expressa)
usando
sentimentos humanos como amor (João 3.16), ira (Números 22.22),
arrependimento (Jonas 3.10), etc. Portanto antropopatismo
(Antropo = homem + Patismo = sentimentos) é a atribuição dos
sentimentos humanos a Deus. Neste ínterim vamos encontrar
diversas expressões na Bíblia Sagrada como: o amor de Deus, a ira
de Deus, ou uma expressão

muito comentada que fala quando Deus “Então

arrependeu- se o Senhor de haver feżto o


homem sobre a terra e pesou-lhe em seu
coração”. Gênesis 6.6; mas na verdade isso foi permitido
pelo próprio Espírito Santo nas Sagradas
Escrituras para que nos pudéssemos entender melhor o nosso Deus.
Quais são as consequências de não nos sujeitarmos ao
Perdão?
1º) Quando não pedimos perdão:
Muitas são as consequências de quando não temos a
coragem de nos achegar a um irmão e não descemos do nosso
pedestal de soberba e de exaltação para aparentemente nos
humilhar e pedimos perdão. Àsvezes temos uma falsa ideia de que
pedir perdão é se humilhar, e ser literalmente rebaixado, mas não é
isso, quando temos a coragem de reconhecer que cometemos uma
PEQUENA COLETANÊA TEOLÓGICA ADPN – VOL 02
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falta e nos achegamos a Deus, ou a uma pessoa que por um motivo
claro, ou até mesmo sem nenhuma intenção ofendemos e pedimos
perdão, neste instante estamos demonstrando que

“... Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o Poder de Deus”. (Mt 22.29b)
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podemos a cada dia nos tornar pessoas melhores.

“Suportando- vos uns aos outros, e

perdoando-vos uns aos outros, se alguém

tżver queżxa contra outro; assżm como

Crżsto vos perdoou, assżm fazeż vós

também”.Colossenses 3.13
Outra coisa muito importante é que quando não nos
sujeitamos ao
perdão segundo a declaração do Mestre Jesus, nossa oferta não

pode ser aceita por Deus, observemos o texto bíblico a seguir:

“Deżxa alż dżante do altar a tua oferta, e


vaż reconcżlżar- te prżmeżro com teu
żrmão e, depożs, vem e

apresenta a tua oferta.” Mateus 5.24. Além disso,


quando nos sujeitamos ao perdão, buscando nos braços do Espírito
Santo de Deus o seu alento, neste instante alcançamos o
extraordinário de Deus,

encontramos a sua infinita misericórdia. “O que encobre

as suas transgressões nunca prosperará,

mas o que as confessa e deżxa, alcançará


PEQUENA COLETANÊA TEOLÓGICA ADPN – VOL 02
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mżserżcórdża”. Provérbios 28.13. Temos que seguir em


frente

“... Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o Poder de Deus”. (Mt 22.29b)
PEQUENA COLETANÊA TEOLÓGICA ADPN – VOL 02
Pr. Jorge Luiz Silva Vieira P á g i n a | 15

buscando o perdão e acima de tudo confessando, colocando tudo


diante de Deus em pratos limpos, tudo deveser posto as claras para
que o diabo, nosso adversário, não possa encontrar nenhuma
brecha em nossa vida para entrar e destruir a boa obra que o
Espírito Santo esta fazendo.
O que acontece quando encobrimos o nosso pecado?
Um exemplo muito claro disso é ACÃ. Essa história todos nós
conhecemos, e que história triste, e que fim trágico foi o fim de Acã.
Tudo por que desobedeceu ao mandamento do Senhor e encobriu o

seu pecado: “Quando vż entre os despojos


uma boa

capa babżlônżca, e duzentos sżclos de

prata, e uma cunha de ouro, do peso de

cżnquenta sżclos, cobżceż-os e tomeż-os; e

eżs que estão escondżdos na terra, no meżo

da mżnha tenda, e a prata por bażxo

dela.Então Josué envżou mensageżros,

que foram correndo à tenda; e eżs que

tudo estava escondżdo na sua tenda, e a

prata por bażxo.” Josué 7.21-22. Quando não


confessamos o nosso pecado, quando não nos sujeitamos ao
PEQUENA COLETANÊA TEOLÓGICA ADPN – VOL 02
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perdão encontramos uma
barreira imensa, e neste momento que o diabo aparece em
cena. Um
pequeno camundongo hoje, um pequeno pecado hoje, quando
encoberto,

“... Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o Poder de Deus”. (Mt 22.29b)
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amanhã não será mais um camundongo, amanhã ele será uma


ratazana, e pode ser pior do que isso uma ratazana produz uma
dúzia de filhotinhos que amanhã será uma ratazana velha com mais
uma dúzia de ratazanas que posteriormente gerará mais filhotinhos
e o ciclo de desgraça infelizmente não pára.
Porque confessar os nossos pecados?

“O que encobre as suas


transgressões nunca prosperará, mas
o que as confessa e deżxa, alcançará
mżserżcórdża.” Provérbżos 28.13, confessar
é algo primordial para alcançarmos o perdão, se por algum motivo

tentarmos encobrir o nosso


pecado em algum instante da nossa história ele vai bater em nossa
porta,
e isto querido é um fato inevitável.“Mas nada há encoberto que
não haja de ser descoberto; nem oculto, que não haja de
ser sabido.” Lucas 12.2; não deixe de procurar o seu Pastor, o
seu Líder Espiritual, para confessar o seu pecado. Isso não significa
que esta pessoa vai perdoar o seu pecado quando você confessar,
mais o Deus de Perdão verá na sua atitude, uma atitude de
arrependimento, e neste instante quando nós confessamos o nosso
erro é o instante que a Luz penetra nas Trevas e dissipa todo o Mal,
fazendo com que o milagre de Deus aconteça em sua vida. Somente
assim você conseguira forças para abandonar o pecado como diz o
verso: “... mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia”. É
neste instante que a misericórdia de Deus te alcançará em nome de
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Jesus.

“... Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o Poder de Deus”. (Mt 22.29b)
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2º) Quando não liberamos o perdão:


Algo muito ruim começa há acontecer, neste instante uma
pequena semente é lançada em nosso coração. Quando o Escritor
do Livro de Hebreus fala com muita propriedade e de maneira
muito clara sobre a “raiz de amargura”, entendemos que a raiz faz
parte de uma planta. Agora vamos analisar essa situação de uma
maneira muito criteriosa. A raiz dentro de um conceito biológico
(Botânica) é uma das principais partes de uma planta, é ela que da a
sustentação, ela que está responsável pela alimentação da planta.
Dentro deste prisma podemos afirmar que a “raiz de amargura” é a
responsável pela fixação e alimentação de uma vida cheia de
sentimentos que são totalmente contrários a ação sobrenatural do
Espírito Santo de Deus.
Quando não liberamos perdão essa pequena semente de
ressentimento, mágoa, ou até mesmo ódio cai em nosso coração, e
se não tivermos a consciência de que algo de errado pode começar
a acontecer, e neste instante que o nosso adversário aproveita para
começar o seu trabalho sujo. Temos que ter muito cuidado, mas
muito cuidado mesmo. A Bíblia nos relata uma história linda que é a
Parábola do Semeador (Mc 4.1- 20) se para pensar um pouco vamos
notar que o nosso coração pode ser terra fértil, mas há um
problema essa terra fértil pode ser para semeadura tanto das coisas
do Espírito como das coisas da Carne. Se essa semente cair,
semente de mágoa ou ressentimento, algo terrível pode começar a
acontecer. Ela pode se desenvolver, pode achar espaço, neste
instante ela começa germinar e antes de haver pequena raiz
lembre-se que uma raiz nunca está sozinha na terra ela sempre vem
acompanha com um grande conjunto composto de raiz, caule,
folhas, flores, frutos e sementes, isto é
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um conjunto, que é simbolicamente uma árvore que produzirá


frutos que serão as obras da carne (Gl 5.16-21).
Um pequeno detalhe, quando a comparação é de uma raiz, isto
significa que existe a raiz está cravada na terra. Uma pequena
pergunta. Você já tentou retirar uma raiz da terra? Se você já tentou
então sabe do que estou falando. É uma missão extremamente
difícil, é algo desgastante demais, porque ela se fica na terra de uma
maneira que irremovível e detalhe para retirá-la precisamos abrir
uma cratera, tem que haver uma ação meu amigo evasiva para
podermos arrancá-la. Imagine uma “raiz de amargura” em um
coração, somente por obra e graça do Espírito Santo, tal raiz pode
ser expulsa de um coração magoado, ou ressentido.
O cuidado que devemos ter para não magoar o próximo:
Esse é um dos assuntos que devemos ter muita cautela para
discutir, ao contrário do que muita gente pensa, pois ter o cuidado
de não magoar uma pessoa deve ser uma coisa levada muito a
sério. A um ditado no muito que está sendo usado com muita
frequência: “Pronto falei!” Quando a Bíblia nos relata acerca do
perdão Jesus nos deixa claro que devemos perdoar 70x7 (Mt 18.22),
o Mestre fala claramente de algo muito importante, e essa
grandeza de liberar perdão desta forma é algo exclusivo de uma
pessoa completamente transformada pelo Poder regenerador do
Espírito Santo. Mas o que acontece quando magoamos uma pessoa
que ainda não alcançou esse grau de espiritualidade, ou em outras
palavras, que não conseguiu ainda refletir essa qualidade do
caráter de Cristo. Acontece que conseguimos entrar em um
problema sério. Nossas igrejas estão cheias de crentes literalmente
doentes que não conseguem liberar perdão, pessoas com os
corações cheios de ressentimentos com o seu próximo.
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Quando você se mete num problema deste tipo, do “pronto


falei!” Você vai ter que pedir ao Espírito Santo muita sabedoria do
céu para consegui chegar ao coração dessa pessoa com muito, mas
com muito jeito, só que não é do seu jeito, é do jeito de Deus.
Sempre que isso acontece com uma pessoa que não tem estrutura
espiritual para lidar com esse tipo de situação, onde prontamente
devemos estar com o coração aberto para liberar perdão a quem
nos ofendeu. A primeira coisa a fazer e ter o entendimento que
devemos descer de nosso pedestal, ou seja, de nossa posição
aparentemente superior, e ter a certeza absoluta que devemos
pedir perdão aquela pessoa magoada ou ofendida. Logo após,
devemos nos preparar sobre qual será a reação daquela pessoa
quando nos achegamos a ela para pedir o perdão. Não sabemos
qual será a sua reação. No caso de uma pessoa estruturada tudo
correrá bem, o perdão será liberado, satanás será envergonhado e a
Obra de Deus vai continuar normalmente; mas o desfecho pode ser
outro. No caso de uma pessoa sem base na Palavra de Deus, ou um
coração ainda não forjado pelo Santo Espírito para liberar perdão
pode ocorrer outra reação aquele ato de desculpas. Nesta hora é
que temos que demonstrar total equilíbrio.
Algumas pessoas não aceitam o pedido de desculpas, outras
não querem nem falar ou tão pouco olhar para a cara daquele
irmão. E agora como fazer? Antes desta resposta vamos relembrar
de algumas linhas atrás, que isso tudo poderia ser EVITADO. Você se
lembra do “pronto falei!” Ao contrário do que muita gente pensa a
verdade de ser dita sim, mas não de qualquer maneira. Aí você
pensa assim: “Ah pastor, eu sou Profeta de Deus.” Amém, por isso.
Mas o Profeta de Deus ele deve ser dotado de extrema Sabedoria
de Deus, e essa meu amigo não vem da terra, essa vem direto do
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Trono de Deus. Até a verdade quando for

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empregada deve ser usada com Sabedoria para ela produza frutos
dignos de arrependimento, para que ela produza mudança no
caráter das pessoas e uma transformação pelo Espírito Santo. Se
você jogar a verdade na cara das pessoas ao invés de produzir
mudanças, você vai produzir revolta e amargura no coração das
pessoas. "O irmão ofendido é mais difícil de conquistar do
que uma cidade forte.” (Pv 18:19).
O cuidado em não magoar alguém deve ser muito grande
porque por mais que nós venhamos buscar o perdão daquela
pessoa, podemos encontrar entraves tremendos, a pessoa magoada
pode se fechar como uma ostra, vindo a negar a liberação do
perdão. Aí neste caso meu amigo a única coisa a fazer é orar, mas
se você cumpriu o caminho para chegar ao coração do seu irmão
tenho certeza que o Espírito Santo mais cedo ou mais tarde vai fazer
a obra.
Somente aquele que perdoa pode ser perdoado:
“Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas,
também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não
perdoardes aos homens as suas ofensas, tampouco
vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas.” Mt 6.14-15.
Uma do texto muito forte que fala desse assunto foi
citado pelo Mestre Jesus, leiamos para recebermos do Espírito
Santo um melhor entendimento, o texto é Mateus 18.23-35. Essa
parábola nos mostra uma das coisas mais terríveis que a
natureza humana pecaminosa pode

manifestar que é a “amnésża da graça”. Isso


infelizmente acontece quando passamos a acusar nosso irmão pelos
seus pecados, quando começamos a julgar o nosso próximo
por um erro que ele
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cometeu contra nós e não temos a capacidade de perdoar. Passamos
a ter

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uma amnésia extrema, nos esquecemos do que foi feito por nós na
Cruz e de como fomos perdoados pelo Senhor Jesus. Você já parou
para pensar de onde Deus te tirou? Você já parou para pensar da
grande obra regeneradora que o Espírito Santo tem realizado em
sua vida? E ainda, o que Ele fez de maior, ter-se entregado para
morrer na Cruz do Calvário pagando a nossa dívida, pagando a
nossa conta para com o Inferno. Jesus rasgou a cédula.

“Havendo rżscado a cédula que era

contra nós nas suas ordenanças, a qual de

alguma maneżra nos era contrárża, e a tżrou

do meżo de nós, cravando-a na cruz” Cl 2.14.


Por isso, sempre, sempre, e sempre procure liberar perdão,
procure
deixar o seu coração limpo, puro, sem mágoa, sem ressentimento.
Que os nossos corações sejam sempre terra fértil, não para os
sentimentos ou obras da carne, mas que seja terra fértil sempre
para o Senhor Espírito Santo.
A raiz de amargura bloqueia as bênçãos de Deus em nossas
vidas:
“Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te
lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti,
Deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-
te primeiro com teu irmão e, depois, vem e apresenta a
tua oferta”. Mateus 5.23-24.
Esse assunto é extremamente importante. Estamos vivendo
em um tempo em que o Evangelho tem sido difundido como se o
Senhor Jesus fosse um grande banqueiro capitalista, como se o
Mestre Jesus estivesse a todo instante buscando do seu povo ou
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até mesmo aguardando nas

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nossas orações uma proposta de barganha. Os Púlpitos que tem


sido usado como se fossem guichês de agências bancárias onde
muitos ministros anunciam um milagre por determinado preço. Mas
nós temos estudo que Deus não faz barganha, e acima de tudo
somente podemos alcançar algo da parte de Deus, e principalmente
na nossa vida financeira se estiver com a nossa vida espiritual
organizada diante do Senhor, a semente de amargura pode
bloquear as bênçãos do Céu sobre as nossas vidas fazendo com que
tudo de mais precioso que Deus tem preparado para nós chegue as
nossas mãos.
Para encerrarmos este estudo nos prenderemos somente
nisso, Deus não aceita uma oferta de uma pessoa que está dentro
do seu santuário de qualquer maneira, magoando, pisando e
humilhando o seu próximo. Existem pessoas que estão vivendo
dentro de nossas igrejas por muitos e muitos anos e não conseguem
chegar, e isso digo com muita tristeza, não conseguem chegar a
lugar nenhum. Porque estão vivendo uma vida sem regras, uma vida
sem a Palavra de Deus. Não adianta por um cheque muito gordo na
salva ou no gasofilácio, não adiante dar casas, carros, joias, ou até
mesmo grandes heranças, se você meu amigo não tiver paz com o
seu irmão, jamais Deus aceitará a sua oferta, jamais.
Desta forma, para encerrar deixo aqui essa Palavra que não é

minha, mas é do Senhor: “Se alguém dżz: Eu amo a


Deus, e odeża a seu żrmão, é mentżroso. Pożs
quem não ama a seu żrmão, ao qual vżu,
como pode amar a

Deus, a quem não vżu? E dele temos


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este

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mandamento: que quem ama a Deus, ame

também a seu żrmão.”I João 4:20-21.

“... Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o Poder de Deus”. (Mt 22.29b)

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