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AULA 11 – RECONVENÇÃO E REVELIA

ART. 343 ATÉ ART. 346 CPC

PROFESSOR HUMBERTO DALLA

RECONVENÇÃO: NCPC, arts. 343 e seguintes. Essa outra espécie de resposta do réu que será apresentada
fisicamente dentro da contestação, em um de seus capítulos. Ao fazer uma análise comparativa entre o
NCPC e o CPC/73, se percebe que o novo diploma manteve a mesma delimitação objetiva da reconvenção
do CPC/73, que poderá se basear em pretensão conexa com a ação principal ou em pretensão conexa com o
fundamento da defesa. CPC/73, art. 315 NCPC, art. 343 Art. 315. O réu pode reconvir ao autor no mesmo
processo, toda vez que a reconvenção seja conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa. Art.
343. Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para manifestar pretensão própria, conexa com a
ação principal ou com o fundamento da defesa. É justamente essa amplitude da reconvenção que a
diferencia do pedido contraposto (permitido nos juizados especiais cíveis), já que esse só pode ser baseado
no pedido formulado na inicial e não é possível agregar nenhum conteúdo ao processo. O NCPC também
contribuiu para pacificar algumas dúvidas doutrinárias. Por exemplo, a reconvenção pode gerar ampliação
subjetiva na demanda? Esse é um tema tratado por Candido Rangel Dinamarco.

Positivou-se que é possível a ampliação subjetiva (art. 343, §§ 3º e 4º): tanto o réu poderá reconvir contra
um autor e um terceiro, forçando o seu ingresso (ampliação subjetiva passiva na ação reconvencional), como
a reconvenção pode ser proposta pelo réu em litisconsórcio com um terceiro (ampliação subjetiva ativa na
ação reconvencional).

DA RECONVENÇÃO Art. 343. (...) §3º A reconvenção pode ser proposta contra o autor e terceiro. §4º A
reconvenção pode ser proposta pelo réu em litisconsórcio com terceiro. (...) Além disso, o § 6° do art. 343
consagra a autonomia da reconvenção em relação à contestação. E quem apresentaria reconvenção sem a
contestação? Uma hipótese possível se dá quando a revelia não gera efeitos negativos (ex.: o litígio versar
sobre direitos indisponíveis). 343. (...) § 6º O réu pode propor reconvenção independentemente de oferecer
contestação.

SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL: NCPC, arts. 5° e 18. No Novo Código, a substituição processual poderá
ter como fundamento a lei ou qualquer outra fonte do ordenamento jurídico, de modo que o diploma dá
maior abertura às hipóteses de substituição processual.

Desse modo, alguns questionam se é possível a substituição processual ter como fonte um negócio jurídico
processual, nos termos do art. 190 do NCPC? Para o Professor, seria possível, sim. Art. 190. Versando o
processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes estipular
mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus,
poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo. Parágrafo único. De ofício ou a
requerimento, o juiz controlará a validade das convenções previstas neste artigo, recusando-lhes aplicação
somente nos casos de nulidade ou de inserção abusiva em contrato de adesão ou em que alguma parte se
encontre em manifesta situação de vulnerabilidade.

REVELIA: NCPC, arts. 343 a 346. Não há alteração substancial sobre o tema da revelia (mesma sistemática,
definição, efeitos e fluência do prazo contra revel). O Novo Código apresenta somente uma redação mais
sofisticada. CPC/73, art. 319, 320 e 322 NCPC, art. 344 a 346
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Art. 319. Se o réu não contestar a ação, reputar-se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor.

Art. 320. A revelia não induz, contudo, o ...

DA REVELIA Art. 344. Se o réu não contestar a ação, será considerado revel e presumir-se-ão verdadeiras
as alegações de fato formuladas pelo autor. O efeito mencionado no artigo antecedente: I - se, havendo
pluralidade de réus, algum deles contestar a ação; II - se o litígio versar sobre direitos indisponíveis; III - se
a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público, que a lei considere indispensável à prova
do ato. Art. 322. Contra o revel que não tenha patrono nos autos, correrão os prazos independentemente de
intimação, a partir da publicação de cada ato decisório. Parágrafo único O revel poderá intervir no processo
em qualquer fase, recebendo-o no estado em que se encontrar.

Art. 345. A revelia não produz o efeito mencionado no art. 344 se: I - havendo pluralidade de réus, algum
deles contestar a ação; II - o litígio versar sobre direitos indisponíveis; III - a petição inicial não estiver
acompanhada de instrumento que a lei considere indispensável à prova do ato; IV - as alegações de fato
formuladas pelo autor forem inverossímeis ou estiverem em contradição com prova constante dos autos.

Art. 346. Os prazos contra o revel que não tenha patrono nos autos fluirão da data de publicação do ato
decisório no órgão oficial. Parágrafo único. O revel poderá intervir no processo em qualquer fase,
recebendo-o no estado em que se encontrar. Com o art. 345 do NCPC, fica claro que a presunção de
veracidade gerada pela revelia é relativa, devendo o julgador examinar todo o contexto probatório e, se
necessário, tomar iniciativa na produção da prova. Feita a análise comparativa desses dispositivos, percebe-
se o acréscimo do inciso IV no rol de causas que afastam os efeitos negativos da revelia, sendo que tal
hipótese já era pacificamente aceita pela doutrina.

Entenda a revelia no Novo CPC


A revelia, dentro do contexto do Código de Processo Civil de 2015 (Novo CPC), é o instituto que nomeia a
situação que ocorre no momento em que o réu de um processo não apresenta contestação contra a ação
movimentada contra ele.

Dentro do ordenamento jurídico brasileiro, o réu é citado pelo juiz para se defender no momento que uma
ação é ajuizada. Entretanto, a defesa não é obrigatória, ficando a critério do réu constituir defesa por meio de
advogado e apresentar contestação.

Ao não apresentar uma contestação, a parte é considerada pelo juízo responsável pelo julgamento da lide
como revel, perdendo alguns direitos, sofrendo penalidades e alterando, em alguns aspectos, a marcha
processual.

Embora seja uma situação que nenhum réu quer se encontrar, pois, ao se tornar revel, a parte perde uma
série de oportunidades de defesa, a revelia é algo que ainda ocorre no sistema judiciário brasileiro.

A revelia é regrada no Novo CPC através dos artigos 344, 345 e 346.

O que é julgamento à revelia?


Tendo como base as afirmações feitas acima, o julgamento à revelia nada mais é do que a ação judicial que é
julgada pelo juízo responsável sem a manifestação de contestação das alegações realizadas na petição
inicial.

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Dessa forma, o processo corre judicialmente sem que o réu impugne, combate ou negue as afirmações feitas
pelo autor da lide, tornando-se revel e, portanto, fazendo com que o processo corra à revelia, sem
contestação.

É importante apontar que a revelia pode ocorrer também em situações onde o réu, que instituiu advogado e
tem interesse em apresentar contestação, falha em interpor a mesma, seja por perda do prazo de ação ou por
ajuizar a contestação no local errado.

Assim, a revelia não ocorre apenas quando o réu não constitui defesa e se mantém inerte, não apresentando
contestação. Ela também pode ocorrer quando o réu tentou apresentar contestação, mas a mesma se mostrou
intempestiva.

O que significa ser réu revel?


De forma breve, o réu revel é aquele que não apresenta contestação às alegações apresentadas pelo autor de
uma ação judicial, deixando o processo correr à revelia.

Diferença entre revelia e contumácia


Há uma discussão dentro da doutrina a respeito da revelia e da contumácia, apresentando suas diferenças. É
comum ver profissionais do direito utilizando os dois termos como sinônimos, embora eles não sejam.

Como pôde ser visto até então neste artigo, a revelia é a situação judicial que ocorre quando o réu de um
processo não apresenta contestação à petição inicial. A não apresentação de contestação gera uma série e
efeitos de ordem material e processual na lide.

A contumácia, por sua vez, é compreendida como a falta de ação de qualquer uma das partes de um processo
diante de algum comando ou pedido judicial realizado pelo juízo responsável pela lide.

Um exemplo: dentro de um processo, um juiz pede para que o autor da ação junte certas peças e documentos
com o objetivo de comprovar a veracidade de uma de suas alegações, mas o autor não faz nada, ignorando o
pedido.

Nessa situação, o autor da ação está cometendo contumácia, uma vez que se manteve inerte a um pedido
judicial. Entretanto, pode-se notar que ele não causou revelia, pois a mesma apenas ocorre quando o réu não
apresenta contestação, conforme aponta o Novo CPC.

Assim sendo, é possível afirmar que a contumácia é o gênero da ação (ou, nesse caso, da não ação),
enquanto a revelia seria a espécie, o efeito específico da contumácia dentro do processo.

Assim sendo, o réu, quando não apresenta a contestação no prazo de 15 dias, torna-se réu revel, causando a
revelia, que é uma espécie de contumácia.

Efeitos da revelia
Dentro dos três artigos que o Novo CPC destina aos regramentos da revelia, o legislador apresenta como a
situação é caracterizada da seguinte forma:

“Art. 344. Se o réu não contestar a ação, será considerado revel e presumir-se-ão verdadeiras as alegações
de fato formuladas pelo autor”.

O artigo 344 já traz, para além da caracterização da revelia, o efeito material da mesma dentro do processo:
a presunção das alegações de fato formuladas pelo autor como verdadeiras.
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Veremos abaixo todos os efeitos, tanto os de ordem material quanto os de ordem jurídica, da revelia dentro
do processo.

Efeitos de ordem material


Há apenas um efeito de ordem material dentro do processo que ocorre em revelia: a presunção dos fatos
alegados na petição inicial como verídicos.

Esse efeito, que é o efeito mais conhecido da revelia, é abordado nos artigos 344 e 345.

Presunção da veracidade dos fatos alegados pelo autor


Como já abordamos acima, o principal efeito da revelia, de ordem material, é a presunção da veracidade dos
fatos alegados pelo autor. Afinal, se não há contestação por parte do réu, o julgador não tem opção a não ser
encarar os fatos apresentados na petição inicial como verdadeiros.

Entretanto, o artigo 345 apresenta dispositivos, externados nos parágrafos do mesmo, que protegem o réu
com exceções para essa presunção de veracidade, mesmo quando o mesmo não constitui defesa nos autos e
nem apresenta contestação.

Veremos, abaixo, cada uma das hipóteses que fazem com que a revelia não produza o efeito de presunção de
veracidade dos fatos.

“Art. 345. A revelia não produz o efeito mencionado no art. 344 se:

I - havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação”.

O primeiro parágrafo aponta que a revelia só produz efeito se todo o polo passivo da lide não apresente
contestação. Isso quer dizer que, caso a ação apresente mais de um réu e apenas um deles não apresentar
contestação, não se enquadra revelia no processo.

“II - o litígio versar sobre direitos indisponíveis”.

O direito indisponível é todo aquele que o titular do mesmo não pode se desfazer ou subverter por conta
própria, tendo-o como direito a partir de uma obrigação estatal.

Por exemplo: no âmbito trabalhista, o direito à férias é um direito indisponível, o qual o trabalhador não
pode alienar ou ignorar, por força da lei. Portanto, a presunção de veracidade dos fatos não é aplicada em
ações que versem sobre direitos indisponíveis, que não podem ser ignorados ou retirados do titular.

“III - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considere indispensável à prova
do ato”.

O terceiro parágrafo do artigo 345 do Novo CPC tem como objetivo proteger o réu de alegações de fato que
possam ser danosas a ele, mesmo quando o mesmo não interpõe contestação.

Mesmo se ocorrer revelia no processo, o autor da ação ainda precisa apresentar todos os documentos
necessários para provar as suas alegações na petição inicial, sob o risco de não ter suas alegações
consideradas verídicas pelo julgador. 

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“IV - as alegações de fato formuladas pelo autor forem inverossímeis ou estiverem em contradição com
prova constante dos autos”.

Trata-se de outro mecanismo de proteção ao réu. As provas e documentos apresentados devem estar em
consonância com os fatos alegados, e vice-versa.

Efeitos de ordem processual


A revelia apresenta mais efeitos de ordem processual do que de ordem material, embora o efeito de ordem
material seja mais conhecido.

Veremos abaixo os principais efeitos de ordem processual que ocorrem em uma ação cujo polo passivo se
torne revel.

Réu deixa de ser intimado nos atos processuais


O artigo 346 do Novo CPC aponta que, caso o réu torne-se revel, deixando o processo correr à revelia, os
prazos processuais continuarão ocorrendo a partir da publicação do ato decisório no órgão oficial.

“Art. 346. Os prazos contra o revel que não tenha patrono nos autos fluirão da data de publicação do ato
decisório no órgão oficial”.

Isso quer dizer que o trâmite judicial ocorrerá normalmente, mas que o réu não será mais intimado para se
manifestar no processo, que estará ocorrendo com seus prazos naturalmente.

Perda do direito de defesa


Uma vez perdido o tempo de contestação, é inevitável assumir que o réu, ao deixar o processo correr em
revelia, perde o direito de defesa das alegações feitas na petição inicial.

As matérias que apresentam exceções para as defesas do réu revel dentro de um processo estão aparentes
no artigo 342 do Novo CPC, que versa:

“Art. 342. Depois da contestação, só é lícito ao réu deduzir novas alegações quando:

I - relativas a direito ou a fato superveniente;

II - competir ao juiz conhecer delas de ofício;

III - por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e grau de jurisdição”.

Antecipação do julgamento
A revelia possibilita que o julgador apresente sentença com resolução de mérito mais cedo no processo,
conforme aponta o parágrafo 2º do artigo 355 do Novo CPC:

“Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com resolução de mérito, quando:

II - o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não houver requerimento de prova, na forma do
art. 349”.

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Assim, a não contestação do réu e subsequente não participação do mesmo na lide pode ocasionar a
antecipação do julgamento da mesma.

Me tornei revel em um processo. E agora?


Ao contrário do que é pensado por pessoas que não fazem parte da área jurídica, o revel pode participar do
processo e continuar a sua representação a qualquer momento que tenha interesse.

O parágrafo único do artigo 346 apresenta essa possibilidade, mas com consequências:

“Art. 346. Parágrafo único. O revel poderá intervir no processo em qualquer fase, recebendo-o no estado
em que se encontrar”.

Isso quer dizer que o revel pode participar dos autos do processo a qualquer momento, mas pegará o
processo já andando, no estado atual dele. Isso quer dizer que o revel não poderá se defender de acusações
anteriores, que já tenham perdido o prazo de manifestação.

Ele poderá, portanto, participar e intervir no processo na medida que for cabível a manifestação das partes a
partir do momento em que ele voltar a participar da marcha processual, levando em consideração prazos em
aberto e prazos que virão no futuro.

Isso também possibilita que o mesmo se defenda de outras situações que não estejam presentes na petição
inicial e que não seriam contestadas na contestação, como apontam as situações do artigo 342.

Mesmo não tendo se manifestado no tempo previsto na contestação, o revel pode se defender e produzir
provas que contrariem os fatos apresentados pelo autor na petição inicial, desde que ele tenha constituído
defesa por meio de um advogado e que ele ainda tenha tempo para interpor essas defesas.

Essa situação está disposta no artigo 349 do Novo CPC:

“Art. 349. Ao réu revel será lícita a produção de provas, contrapostas às alegações do autor, desde que se
faça representar nos autos a tempo de praticar os atos processuais indispensáveis a essa produção”.

Perguntas frequentes sobre Revelia

Revelia no Novo CPC


A revelia, dentro do contexto do Código de Processo Civil de 2015 (Novo CPC), é o instituto que nomeia a
situação que ocorre no momento em que o réu de um processo não apresenta contestação contra a ação
movimentada contra ele.

O que é julgamento à revelia?


O julgamento à revelia nada mais é do que a ação judicial que é julgada pelo juízo responsável sem a
manifestação de contestação das alegações realizadas na petição inicial.

O que significa ser réu revel?


O réu revel é aquele que não apresenta contestação às alegações apresentadas pelo autor de uma ação
judicial, deixando o processo correr à revelia.

Conclusão
A revelia é a situação processual que ocorre no momento em que o réu não contesta as alegações
apresentadas pelo autor da ação na petição inicial.
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Ela é, portanto, uma situação indesejável para o réu, uma vez que o prejudica dentro do processo, já que
perde o direito de apresentar a mais importante ferramenta de impugnação e negação dos fatos e direitos
apresentados pelo autor no processo.

Mesmo assim, a revelia ocorre ainda dentro do âmbito jurídico, muitas vezes por culpa do cliente, e não do
advogado. Portanto, cabe ao profissional conhecer como a situação funciona e, principalmente, o que pode
ser feito para minimizar os danos da mesma ao réu, com o objetivo de melhor representá-lo.

Tiago Fachini
Palestrante, professor, podcaster jurídico, colunista do blog ProJuris e, acima de tudo, um apaixonado por
tecnologia e pelo mundo jurídico com mais de uma década de atuação dedicada ao mundo digital.

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