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PARTE I – QUESTÕES
O § 5o do art. 844 assenta que, ainda que ausente o reclamado, presente o advogado
na audiência, serão aceitos a contestação e os documentos eventualmente
apresentados. Se, contudo, ocorrer o protocolo da contestação até o momento da
audiência, bem como comparecer o advogado do reclamado, a defesa será aceita,
apesar de ser declarada a confissão quanto aos fatos, conforme a alteração do artigo
844 da CLT, com a Reforma Trabalhista (Lei nº 13.467/17), com a inclusão do supra
referido parágrafo 5º. Com isso, temos duas situações:
A Revelia, que nada mais é do que a ausência de apresentação de defesa pelo réu, o
qual, mesmo citado, permanece inerte, com a consequente confissão ficta aplicada ao
reclamado (confissão sobre os fatos alegados na ação);
Ou apenas a Confissão dos fatos, quando ocorre a juntada prévia da defesa por sistema
eletrônico e seu recebimento ser acolhido em audiência apenas diante da presença do
advogado do reclamado, ainda que ausente o próprio reclamado ou seu preposto, não
havendo nesses casos a aplicação dos efeitos da revelia.
A segunda situação permite a análise pelo juízo dos documentos apresentados com a
contestação, assim como toda a argumentação e as teses de defesa, gerando uma
consequência de menor gravidade no resultado do processo, enquanto que na revelia
a consequência é drástica e incontornável, porque simplesmente não haverá
possibilidade da produção de prova contrária pelo revel. Já o autor da ação, por sua
vez, não terá que observar o contido no incisivo I, do artigo 818 da CLT, que impõe ao
reclamante o ônus da prova quanto ao fato constitutivo de seu direito.
3. Existe algum prazo mínimo para a Reclamada apresentar a sua defesa? Por exemplo:
se a Reclamada é citada no dia imediatamente anterior à audiência inicial, ela pode
pedir o adiamento da audiência e a devolução do seu prazo de contestação? Que prazo
é esse? Indique o dispositivo legal que se aplicaria à hipótese.
4. Quando o juiz acolhe uma preliminar de carência de ação (falta de uma das condições
da ação – p.ex.: ilegitimidade de parte “ad causam”) ele extingue o processo com ou
sem resolução do mérito? Nesse caso, pode o empregado entrar com uma outra ação
igual? O que aconteceria? E quando o juiz acolhe uma alegação de prescrição (que é
uma prejudicial de mérito)? O que aconteceria? Há a ocorrência de coisa julgada em
alguma dessas hipóteses? Explique.
R- Por força do Art. 769, da CLT, nos casos omissos, o direito processual comum será
fonte subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for
incompatível com as suas normas. Comprovada nos autos a ilegitimidade passiva da
empresa ou do empregador reclamado, impõe-se a decisão extintiva do processo sem
julgamento do mérito. Por mais sui generis, que possa aparentar, o reclamante pode
ainda entrar com outra ação trabalhista, com a devida correção do polo passivo da
reclamação trabalhista. Nos casos de preliminares de prescrição, aplica-se, caso a
cognição do Magistrado seja pela sua presença, os mesmos efeitos os quais incidem
sob as normas do processo civil, com a extinção da reclamação trabalhista, com o
julgamento de resolução do mérito. No primeiro caso, há formação de coisa julgada
formal. No exemplo derradeiro, formação de coisa julgada material. Porém, o pedido
de prescrição quinquenal somente pode ser acatado na fase de conhecimento do
processo. A inteligência da Súmula 153 do TST rege: “ Somente deve ser reconhecida
a prescrição se alegada em instância ordinária”. In casu, a preclusão de sua arguição
na instância de piso, faz coisa julgada, inclusive, formal, não podendo mais ser arguida
nos autos até as instancias superioras ou excelsas.
R- O artigo 825 da CLT não fixa prazo para a apresentação de rol de testemunhas e o
parágrafo único do artigo assegura à parte o direito de requerer a intimação das
testemunhas que não comparecerem à audiência. Destarte, as testemunhas
comparecerão a audiência independentemente de notificação ou intimação. Ao
examinar o recurso, a relatora, ministra Kátia Magalhães Arruda, afastou a preclusão.
“Na seara trabalhista, as partes deverão comparecer à audiência acompanhadas das
suas testemunhas independentemente de intimação, não havendo previsão para a
necessidade de arrolamento prévio. Em caso de não comparecimento das
testemunhas, o parágrafo único do artigo 825 da CLT dispõe que elas deverão ser
intimadas para isso, sob pena de condução coercitiva. Não é cabível, portanto, a
declaração de preclusão do direito de produzir a prova testemunhal, uma vez que,
conforme já mencionado, há previsão expressa em lei tratando da questão. A
jurisprudência é clara no sentido de que não é aplicável no processo do trabalho, o art.
451 do CPC, que veda a substituição de testemunhas, salvo exceções taxadas nos
incisos da respectiva norma, quando da apresentação do rol de testemunhas na Petição
Inicial.
R- Diz o Art. 850, da CLT – “Terminada a instrução, poderão as partes aduzir razões
finais, em prazo não excedente de 10 (dez) minutos para cada uma. Em seguida, o
juiz ou presidente renovará a proposta de conciliação, e não se realizando esta, será
proferida a decisão.” O Juiz não pode indeferir prazo às partes, para as razões finais,
no encerramento da instrução processual, o que, inclusive, pode acarretar em nulidade
do ato, já que viola direito processual garantido às partes, por lei, na CLT. As razões
finais no processo do trabalho estão previstas no artigo 850, portanto, e sua violação
macula o procedimento com a nulidade do ato processual (in casu, a audiência) por
cerceamento de defesa.
PARTE II – ESTUDO DE CASO
Ponto a ser discutido pelo grupo: "A" aforou reclamação trabalhista contra "B",
pleiteando equiparação salarial com o paradigma apontado (“C”), sob a alegação de
perceber salário inferior e de exercerem, ambos, idênticas funções. À audiência designada,
"B" não compareceu e "A" requereu a aplicação dos efeitos da revelia e a imposição da
pena de confissão quanto à matéria de fato, o que foi deferido. Ato contínuo, "A" dispensou
a oitiva de suas testemunhas presentes e encerrou-se a instrução processual com a
marcação de audiência de julgamento. Na sentença, o juiz julgou a reclamação
improcedente, sob a fundamentação de que o fato constitutivo não restara provado por
"A", que dispensara a produção da prova oral. Comente a decisão do juiz, apontando seu
acerto ou desacerto, indicando seu ponto de vista e os fundamentos jurídicos pertinentes.
O § 4o do art. 844 da CLT diz que a revelia não produz o efeito mencionado no caput
deste artigo se a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei
considere indispensável à prova do ato; ou as alegações de fato formuladas pelo
reclamante forem inverossímeis ou estiverem em contradição com prova constante dos
autos. Cabe, porém, Recurso ordinário requerendo a reforma da sentença de primeiro
grau, eis que, pelo não comparecimento da reclamada à audiência, e aplicada a pena de
confissão quanto à matéria fática, são reputados verdadeiros os fatos afirmados pelo
reclamante, nos termos do artigo 319 do CPC, portanto desnecessária a oitiva de
testemunhas porque a confissão faz prova do fato constitutivo da equiparação salarial.