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Processo do Trabalho I - 2º BI/2020 - SEMINÁRIO EM SALA DE AULA

(Em grupo de até 04/05 integrantes no máximo)


NOTA:____

Aluno1: Raphael Passaro Baumgardt Matric.:D2549J-2


Aluno2:___________________________________ Matric.:________
Aluno3:___________________________________ Matric.:________
Aluno4:___________________________________ Matric.:________
Aluno5:___________________________________ Matric.:________

PARTE I – QUESTÕES

1. A citação por edital é admitida no Processo do Trabalho em que hipóteses? E o é em


todos os ritos? Dê o fundamento legal.

R- No processo do trabalho, a CLT usa a expressão “notificação” para designar qualquer


ato de comunicação processual. Isso se dá porque, por ocasião da entrada em vigor da
CLT, a Justiça do Trabalho não era parte integrante do Poder Judiciário – o que só veio a
ocorrer em 1946 –, mas sim do Poder Executivo. Logo, não se poderia falar em citação,
mas sim em notificação. No processo do trabalho, a citação é feita, em regra, pelos
Correios. Não há previsão expressa de citação por hora certa, embora parcela da
doutrina admita sua aplicação também ao processo do trabalho. Para outros, frustrada
a citação postal, deve-se passar imediatamente para a citação por edital, caso o
empregador não seja encontrado ou se recuse a receber a comunicação processual.
Determina o art. 841, § 1º, da CLT que a notificação será feita em registro postal com
franquia. Se a reclamada criar embaraços ao seu recebimento ou não for encontrada,
far-se-á a notificação por edital, inserto no jornal oficial ou no que publicar o expediente
forense, ou, na falta, afixado na sede da Junta ou Juízo. Além disso, o Juízo, antes de
proceder com a citação editalícia - uma vez que a citação editalícia é meio
extraordinário - deve proceder com o esgotamento de todos os meios para a localização
do demandado, buscando junto a órgãos administrativos e de fiscalização o paradeiro
da reclamada. Já o Art. 852-B. Inc. II, diz que nas reclamações enquadradas no
procedimento sumaríssimo, não se fará citação por edital, incumbindo ao autor a
correta indicação do nome e endereço do reclamado.

2. O que acontece se o Reclamante não comparece na primeira audiência? E se o mesmo


ocorrer com o Reclamado? E se ambos não comparecerem?

R- O não comparecimento por parte do reclamante à trabalhista será arquivado e o


não comparecimento do reclamado importa revelia, além de confissão quanto à matéria
de fato (artigo 844 da CLT). Com a entrada em vigor da reforma trabalhista, o
reclamante que não comparecer em audiência será condenado ao pagamento das
custas processuais, ainda que beneficiário da justiça gratuita, salvo se comprovar, no
prazo de quinze dias, que a ausência ocorreu por motivo legalmente justificável (Artigo
844, § 2º). Destaque-se que o pagamento de tais custas processuais passa a ser
condição para a propositura de novo processo (Artigo 844, § 3º).

A principal e mais grave consequência do não comparecimento do reclamado na


audiência trabalhista – considerando tratar-se audiência de instrução e julgamento,
que é a praxe no judiciário trabalhista -, é a perda da oportunidade de apresentar a
sua defesa sobre os fatos e pedidos apresentados pelo reclamante.

O § 5o do art. 844 assenta que, ainda que ausente o reclamado, presente o advogado
na audiência, serão aceitos a contestação e os documentos eventualmente
apresentados. Se, contudo, ocorrer o protocolo da contestação até o momento da
audiência, bem como comparecer o advogado do reclamado, a defesa será aceita,
apesar de ser declarada a confissão quanto aos fatos, conforme a alteração do artigo
844 da CLT, com a Reforma Trabalhista (Lei nº 13.467/17), com a inclusão do supra
referido parágrafo 5º. Com isso, temos duas situações:
A Revelia, que nada mais é do que a ausência de apresentação de defesa pelo réu, o
qual, mesmo citado, permanece inerte, com a consequente confissão ficta aplicada ao
reclamado (confissão sobre os fatos alegados na ação);

Ou apenas a Confissão dos fatos, quando ocorre a juntada prévia da defesa por sistema
eletrônico e seu recebimento ser acolhido em audiência apenas diante da presença do
advogado do reclamado, ainda que ausente o próprio reclamado ou seu preposto, não
havendo nesses casos a aplicação dos efeitos da revelia.

A segunda situação permite a análise pelo juízo dos documentos apresentados com a
contestação, assim como toda a argumentação e as teses de defesa, gerando uma
consequência de menor gravidade no resultado do processo, enquanto que na revelia
a consequência é drástica e incontornável, porque simplesmente não haverá
possibilidade da produção de prova contrária pelo revel. Já o autor da ação, por sua
vez, não terá que observar o contido no incisivo I, do artigo 818 da CLT, que impõe ao
reclamante o ônus da prova quanto ao fato constitutivo de seu direito.

Cabe lembrar que, segundo a inteligência do § 1o do art. 844, ocorrendo motivo


relevante, poderá o juiz suspender o julgamento, designando nova audiência. Pois
bem, a ausência de ambas as partes na audiência, tal como já acontecia, importa na
extinção do processo sem a resolução de mérito.

3. Existe algum prazo mínimo para a Reclamada apresentar a sua defesa? Por exemplo:
se a Reclamada é citada no dia imediatamente anterior à audiência inicial, ela pode
pedir o adiamento da audiência e a devolução do seu prazo de contestação? Que prazo
é esse? Indique o dispositivo legal que se aplicaria à hipótese.

R- No processo trabalhista, o prazo mínimo de cinco dias entre a notificação inicial e a


audiência, a teor do disposto no artigo 841 , da CLT , objetiva possibilitar à parte
adversa a elaboração da defesa, Rege o Art. 841 - Recebida e protocolada a
reclamação, o escrivão ou secretário, dentro de 48 (quarenta e oito) horas, remeterá
a segunda via da petição, ou do termo, ao reclamado, notificando-o ao mesmo tempo,
para comparecer à audiência do julgamento, que será a primeira desimpedida, depois
de 5 (cinco) dias. Agora, os magistrados de piso ou poderão adotar o sistema da CLT, que
determina a apresentação da defesa no dia da audiência inaugural – agora telepresencial
-, ou devem conceder o prazo mínimo de 15 (quinze) dias para a apresentação de defesa
escrita a ser protocolada nos autos sem a realização de audiência inaugural, nos termos
do art. 335 do CPC”, aplicando-o, assim, de forma subsidiária à quaestio processual
trabalhista.

4. Quando o juiz acolhe uma preliminar de carência de ação (falta de uma das condições
da ação – p.ex.: ilegitimidade de parte “ad causam”) ele extingue o processo com ou
sem resolução do mérito? Nesse caso, pode o empregado entrar com uma outra ação
igual? O que aconteceria? E quando o juiz acolhe uma alegação de prescrição (que é
uma prejudicial de mérito)? O que aconteceria? Há a ocorrência de coisa julgada em
alguma dessas hipóteses? Explique.

R- Por força do Art. 769, da CLT, nos casos omissos, o direito processual comum será
fonte subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for
incompatível com as suas normas. Comprovada nos autos a ilegitimidade passiva da
empresa ou do empregador reclamado, impõe-se a decisão extintiva do processo sem
julgamento do mérito. Por mais sui generis, que possa aparentar, o reclamante pode
ainda entrar com outra ação trabalhista, com a devida correção do polo passivo da
reclamação trabalhista. Nos casos de preliminares de prescrição, aplica-se, caso a
cognição do Magistrado seja pela sua presença, os mesmos efeitos os quais incidem
sob as normas do processo civil, com a extinção da reclamação trabalhista, com o
julgamento de resolução do mérito. No primeiro caso, há formação de coisa julgada
formal. No exemplo derradeiro, formação de coisa julgada material. Porém, o pedido
de prescrição quinquenal somente pode ser acatado na fase de conhecimento do
processo. A inteligência da Súmula 153 do TST rege: “ Somente deve ser reconhecida
a prescrição se alegada em instância ordinária”. In casu, a preclusão de sua arguição
na instância de piso, faz coisa julgada, inclusive, formal, não podendo mais ser arguida
nos autos até as instancias superioras ou excelsas.

5. Um trabalhador, que prestou serviços a uma empresa como vendedor autônomo de


consórcio, propõe contra ela uma ação trabalhista pleiteando o vínculo de emprego. A
empresa nega que ele tenha prestado qualquer serviço para ela. Nesse caso, de quem
é o ônus da prova? E se a empresa admitisse a prestação dos serviços, mas alegasse
que a contratação tenha se dado na condição de prestador autônomo, mudaria alguma
coisa em relação ao ônus da prova? Justifique sua resposta.

R- Na hipótese de controvérsia sobre a existência ou não de vínculo de emprego, caso


a reclamada negue sua existência e também negue qualquer tipo de prestação de
serviços pelo reclamante, o ônus da prova é do autor, que deverá demonstrar o fato
constitutivo de seu direito. Neste caso, à reclamada não se poderia imputar a prova de
fato negativo (o não trabalho), pois este não há como ser provado. Mas, se na
contestação a reclamada alegar que houve prestação de serviços, mas por uma pessoa
jurídica a outra, ou que exclui a figura do contrato individual de trabalho tal qual esta
é afirmada pelo reclamante, assumirá ela o ônus da prova, pois alega um fato que
modifica a alegação do autor e extingue seu pretenso direito ao reconhecimento do
vínculo de emprego, embora reconheça outro eventual tipo de relação de serviço.

6. Existe a necessidade de se apresentar rol de testemunhas na Justiça do Trabalho com


a petição inicial? Por quê?

R- O artigo 825 da CLT não fixa prazo para a apresentação de rol de testemunhas e o
parágrafo único do artigo assegura à parte o direito de requerer a intimação das
testemunhas que não comparecerem à audiência. Destarte, as testemunhas
comparecerão a audiência independentemente de notificação ou intimação. Ao
examinar o recurso, a relatora, ministra Kátia Magalhães Arruda, afastou a preclusão.
“Na seara trabalhista, as partes deverão comparecer à audiência acompanhadas das
suas testemunhas independentemente de intimação, não havendo previsão para a
necessidade de arrolamento prévio. Em caso de não comparecimento das
testemunhas, o parágrafo único do artigo 825 da CLT dispõe que elas deverão ser
intimadas para isso, sob pena de condução coercitiva. Não é cabível, portanto, a
declaração de preclusão do direito de produzir a prova testemunhal, uma vez que,
conforme já mencionado, há previsão expressa em lei tratando da questão. A
jurisprudência é clara no sentido de que não é aplicável no processo do trabalho, o art.
451 do CPC, que veda a substituição de testemunhas, salvo exceções taxadas nos
incisos da respectiva norma, quando da apresentação do rol de testemunhas na Petição
Inicial.

7. Em audiência, e após o encerramento da instrução processual, uma das partes disse


ao juiz que as suas razões finais eram “remissivas” (ou seja, que se remetia aos
elementos dos autos não tendo nada de novo para ser aduzido). A outra parte, no
entanto, pediu prazo para apresentar suas razões finais e o juiz negou-lhe qualquer
prazo para tanto. Agiu com correção o juiz? Justifique sua resposta, assinalando,
inclusive, as eventuais implicações dessa decisão judicial.

R- Diz o Art. 850, da CLT – “Terminada a instrução, poderão as partes aduzir razões
finais, em prazo não excedente de 10 (dez) minutos para cada uma. Em seguida, o
juiz ou presidente renovará a proposta de conciliação, e não se realizando esta, será
proferida a decisão.” O Juiz não pode indeferir prazo às partes, para as razões finais,
no encerramento da instrução processual, o que, inclusive, pode acarretar em nulidade
do ato, já que viola direito processual garantido às partes, por lei, na CLT. As razões
finais no processo do trabalho estão previstas no artigo 850, portanto, e sua violação
macula o procedimento com a nulidade do ato processual (in casu, a audiência) por
cerceamento de defesa.
PARTE II – ESTUDO DE CASO

Ponto a ser discutido pelo grupo: "A" aforou reclamação trabalhista contra "B",
pleiteando equiparação salarial com o paradigma apontado (“C”), sob a alegação de
perceber salário inferior e de exercerem, ambos, idênticas funções. À audiência designada,
"B" não compareceu e "A" requereu a aplicação dos efeitos da revelia e a imposição da
pena de confissão quanto à matéria de fato, o que foi deferido. Ato contínuo, "A" dispensou
a oitiva de suas testemunhas presentes e encerrou-se a instrução processual com a
marcação de audiência de julgamento. Na sentença, o juiz julgou a reclamação
improcedente, sob a fundamentação de que o fato constitutivo não restara provado por
"A", que dispensara a produção da prova oral. Comente a decisão do juiz, apontando seu
acerto ou desacerto, indicando seu ponto de vista e os fundamentos jurídicos pertinentes.

R- Não há preclusão de apresentação de prova oral testemunhal no processo trabalhista.


Isto é ponto que nãp converge exatamente no cerne da quaestio sub cognitio, neste caso
em tela, mas sim, a amplitude e a abrangência dos efeitos da revelia do réu/reclamado,
na ação trabalhista, e os limites intrínsecos, subjetivos e objetivos, sobre os quais, tais
efeitos, possam produzir eficácia plena, e multidimensional, das alegações, provas, e do
suporte fático perquirido pelo autor da reclamação no bojo de sua petição inicial,
esmaltadas no detalhe descritivo da causa petendi da actio laboral.

O § 4o do art. 844 da CLT diz que a revelia não produz o efeito mencionado no caput
deste artigo se a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei
considere indispensável à prova do ato; ou as alegações de fato formuladas pelo
reclamante forem inverossímeis ou estiverem em contradição com prova constante dos
autos. Cabe, porém, Recurso ordinário requerendo a reforma da sentença de primeiro
grau, eis que, pelo não comparecimento da reclamada à audiência, e aplicada a pena de
confissão quanto à matéria fática, são reputados verdadeiros os fatos afirmados pelo
reclamante, nos termos do artigo 319 do CPC, portanto desnecessária a oitiva de
testemunhas porque a confissão faz prova do fato constitutivo da equiparação salarial.

A confissão possui caráter e natureza jurídica-processual de pena, e se esmalta intangível


como prova de moldura e substancia ficta, sob a qual incide uma presunção ex vi lege,
relativa, da veracidade das alegações da parte autora, de face ao réu/reclamado revel na
ação, não importando, as dimensões da ausência linear ou dimensional de defesa da parte
ausente, ao longo da linha de ataque da parte situada no polo ativo. Salvo, se o libelo
possa ser visivelmente debelável por uma forte e intrínseca ausência de factual veracidade
substancial, aderida na petição inicial, a qual requer-se, ser, indiscutível, e inegável. E não
apenas, presumível, como seria no caso da imprescindibilidade hipotética absoluta, da
oitiva de testemunhas, como no caso em plano, para a comprovação da veracidade das
alegações do autor. Ainda mais sendo, esta, uma questão de matéria fática. Ou seja, as
alegações de fato ( cuja a oitiva das testemunhas, poderiam apenas ceder corporeidade e
descrição presencial humana, aos eventos fáticos ocorridos, ou descrevidos na causa
petendi), por força de uma norma processual, já se tornaram verossímeis, por presunção,
de jure et de iure, e reputados como incontroversos, no sumo e no bojo cognitivo, e
analítico, do processo.

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