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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA 99ª VARA

DO TRABALHO DE SALVADOR/BA

Processo nº XXXXXXXXX

AERODUTO, empresa pública de gerenciamento de aeroportos, já qualificada


nos autos do processo acima descrito, por seu advogado que esta subscreve
(procuração anexa), na Reclamação Trabalhista proposta por PAULO XXXXX,
inconformada com a respeitável sentença de folhas XX/XX, vem, tempestiva e
respeitosamente á presença de Vossa Excelência, interpor:

RECURSO ORDINÁRIO

Com base no artigo 895, alínea a da CLT, de acordo com as razões em anexo
as quais requer que sejam recebidas e remetidas ao Egrégio Tribunal.

Informa que junta comprovante do recolhimento das custas e depósito recursal


no valor máximo.

Nestes termos, pede deferimento.

Local, Data

ADVOGADO XXX
OAB Nº XXXXX/XX
AO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA XXª REGIÃO

RAZÕES DE RECURSO ORDINÁRIO

RECORRENTE: AERODUTO
RECORRIDO: PAULO XXX

Egrégio Tribunal,
Colenda Turma,
Excelentíssimos Julgadores;

I – DA TEMPESTIVIDADE
Diante do inconformismo da recorrente respectivo a sentença proferida pelo
juízo de 1º grau merece ser reexaminada conforme Art. 895, I da CLT, o prazo
para a interposição de recurso ordinário é de 08 (dias), e tendo o apelante sido
intimado da sentença no dia XX/XX/XXXX, o prazo final para a interposição do
mesmo se dará em XX/XX/XXX, sendo, portanto tempestivo o presente
recurso.

II – DOS FATOS
Paulo XXXXX, trabalhou como auxiliar de serviços gerais na microempresa
Tudo Limpo Ltda. no período de 22/02/2015 a 15/03/2016, atuando na limpeza
de parte da pista de um aeroporto de pequeno porte. Durante todo o contrato,
prestou serviços na Aeroduto – Empresa pública de Gerenciamento de
Aeroportos

Ao ser dispensado, recebeu as verbas rescisórias, porém, ajuizou reclamação


trabalhista, que foi distribuída na 99ª Vara do Trabalho de Salvador, em face da
empregadora e da tomadora de serviços, pretendendo adicional de
insalubridade por conta do barulho do local de trabalho, bem como a incidência
de correção monetária sobre o valor dos salários, pois, tendo mudado o mês de
competência, deveria haver a correção monetária, dado o momento, na época,
de inflação galopante, contudo, Paulo recebia sempre até o quinto dia útil do
mês subsequente ao vencido.

No dia da audiência, a empregadora, foi representada pelo seu contador,


assistido por advogado. A Aeroduto, segunda ré, por preposto empregado e
advogado.

Fora juntada toda a documentação relacionada à fiscalização do contrato entre


as rés, o qual ainda se encontra em vigor.

O processo seguiu concluso para sentença, após o Juiz indeferir os


requerimentos da segunda ré para produção de prova testemunhal e pericial.

Na sentença foi decretada a revelia e confissão da primeira ré, Tudo Limpo


Ltda., por não estar representada regularmente.

Julgou procedentes os pedidos de pagamento de adicional de insalubridade em


grau máximo, bem como de incidência de correção monetária sobre o valor do
salário mensal pago após a “virada do mês”.

A segunda ré fora condenada, subsidiariamente, em todos os pedidos,


fundamentando a procedência na revelia e confissão da 1ª ré.

III – PRELIMINARMENTE
É veraz o esforço do reclamante, ora, recorrido, em fazer crer que possui
interesse de agir para propor presente ação em face da recorrente, bem como,
o direito de requerer adicional de insalubridade e correção monetária, não
obstante, sua pretensão não é digna de prosperar, vejamos:

Na inicial Paulo requereu adicional de insalubridade por conta do local de


trabalho ter muito barulho. Ao proferir sentença, o MM Juiz, por entender que
as provas testemunhal e pericial comprovariam que o EPI eliminava a
insalubridade, indeferiu o pedido da recorrente.
Pois bem, a perícia e as testemunhas são peças fundamentais para o
desenrolar do processo. É de suma importância a prova testemunhal e pericial
para que se prove a boa índole da recorrente, pois, esta restou prejudicada,
uma vez que tem a devida prova dos fatos, bem como exames médicos de
rotina realizados nos empregados, inclusive em Paulo, os quais não
demonstravam nenhuma alteração de saúde ao longo de todo o contrato, além
dos recibos do recorrido de fornecimento de EPI para audição.

Nota-se que é necessária a oitiva de testemunhas para comprovação dos fatos,


afligindo os princípios da Constituição Federal, especialmente da ampla defesa
e contraditório, conforme art. 5º, LV.
A cerca disso, vejamos o entendimento da doutrina ao aludir que Às alegações,
argumentos e provas trazidas pelo autor é necessário que corresponda a uma
igual possibilidade de geração de tais elementos por parte do réu “deve-se
entender o asseguramento que é feito ao réu de condições que lhe possibilitem
trazer para o processo todos os elementos tendentes a esclarecer a verdade.
(...) A ampla defesa só estará plenamente assegurada quando uma verdade
tiver iguais possibilidades de convencimento do magistrado, quer seja alegado
pelo autor, quer pelo réu. Às alegações, argumentos e provas trazidas pelo
autor é necessário que corresponda uma igual possibilidade de geração de tais
elementos por parte do réu”. (BASTOS, Celso Ribeiro, 1938 – Curso de Direito
Constitucional, 22ª Ed. atual. São Paulo: Saraiva, 2001, p. 234)

Nesta toada, a jurisprudência visa a nulidade da sentença e a reabertura da


instrução, notemos.

INDEFERIMENTO DA OITIVA DA PARTE CONTRÁRIA.


CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA CONFIGURADO.
NULIDADE DA SENTENÇA. Constatada violação à garantia
constitucional da ampla defesa (CF88, art. 5º, inc. LV), impõe-
se a anulação da sentença e reabertura da instrução.
(TRT-1 - RO: XXXXX20125010241 RJ , Relator: Dalva Amelia
de Oliveira, Data de Julgamento: 25/03/2014, Oitava Turma,
Data de Publicação: 16/04/2014)
É indispensável a anulação da respeitável para que se afaste o
cerceamento de defesa que foi imposto à recorrente, havendo
que ser a mesma reconhecida, com fulcro no disposto pelos
arts. 794 e seguintes da CLT.

IV – DAS RAZÕES DA REFORMA


Além de ter sido indeferido o pedido de provas testemunhal e pericial e serem
motivo de extinção do processo sem resolução do mérito, há ainda, outras
razões para a respeitável sentença ser reformada, pois, a anulação da mesma
por inteiro acarretaria em prejuízo ao recorrente.

IV. I – DA REVELIA
No que tange a este tópico, apesar de favorecer a 1ª ré, faz-se necessário citar
o fundamento do juiz a quo ao proceder a revelia e confissão da primeira
reclamada por não estar representada regularmente. Durante a sentença o
magistrado não se ateve à Súmula 377 do TST, que alude: “Exceto quanto à
reclamação de empregado doméstico, ou contra micro ou pequeno empresário,
o preposto deve ser necessariamente empregado do reclamado.”.

Destarte, ao se tratar de microempresa não há obrigação de o preposto ser


empregado da mesma, a Lei Complementar 123/2006 (Estatuto Nacional da
Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte). Em seu artigo 54, faculta ao
empregador de microempresa ou de empresa de pequeno porte “fazer-se
substituir ou representar perante a Justiça do Trabalho por terceiros que
conheçam dos fatos, ainda que não possuam vínculo trabalhista ou societário”.
Logo, a presença do contador da empresa não é impedida durante a audiência
trabalhista, visto que, o artigo 843, § 1º, aduz a faculdade de o empregador
fazer-se substituir por qualquer outro preposto que tenha conhecimento do fato.
À luz da jurisprudência há notoriamente casos análogos a este.

PREPOSTO CONTADOR NÃO EMPREGADO - REVELIA -


CONFISSÃO. Tendo a reclamada enviada à audiência
preposto (contador) que não era seu empregado.
APLICABILIDADE DA SÚMULA 377 DO TST.
(TRT-7 - RO: XXXXX20055070003 CE XXXXX-
8990055070003, Relator: LAIS MARIA ROSSAS FREIRE Data
de Julgamento: 11/01/2014, PLENO DO TRIBUNAL, Data de
Publicação: 06/02/2014 DOJT 7ª Região)

IV. II – DA RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA


O juiz a quo, condenou a recorrente subsidiariamente em todos os pedidos de
Paulo, vez que, a decisão fora proferida afastando o contexto fático da
demanda. A Aeroduto, durante todo o contrato, este ainda vigente, fiscalizou na
íntegra o cumprimento integral de tal, a todos os termos contratuais. Por se
tratar de empresa pública, não há que se falar em responsabilidade subsidiária.
Nesta acepção, o artigo 71, § 1º da Lei 8.666/93, aduz sobre a impossibilidade
da administração pública na inadimplência em contratos trabalhistas. Dispondo
disto, a Súmula 331, V do TST, entende a responsabilidade da entidade pública
somente quando restar-se comprovada a falta de fiscalização no cumprimento
das obrigações da lei nº 8.666/93, e nas responsabilidades oriundas do
contrato firmado com empresa prestadora de serviço.

Art. 71, § 1º. A inadimplência do contratado, com referência aos encargos


trabalhistas, fiscais e comerciais não transfere à Administração Pública a
responsabilidade por seu pagamento, nem poderá onerar o objeto do contrato
ou restringir a regularização e o uso das obras e edificações, inclusive perante
o Registro de Imóveis.

Destarte, a reforma da sentença faz-se outra vez necessária ao caso, para que
se obtenha a exclusão da responsabilidade subsidiária da recorrente.

IV. III – DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE


Dispõe de entendimento da Súmula 80 do TST:

INSALUBRIDADE. A eliminação da insalubridade mediante


fornecimento de aparelhos protetores aprovados pelo órgão
competente do Poder Executivo exclui a percepção do
respectivo adicional.
Durante todo o contrato, Paulo obteve os devidos EPI’s, de acordo com os
recibos assinados por ele, se o mesmo não fez uso do material, fora por culpa
do mesmo.

Diante da Súmula acima, se o fornecimento de EPI’s for correto, exclui o


pagamento do adicional.

Por conseguinte, o MM. Juiz a quo fixou o grau máximo em periculosidade sem
ter realizado perícia no local de trabalho, não examinando o disposto na CLT,
no que tange a existência de laudo técnico elaborado por perito oficial
previamente habilitado. Assim, expressa o artigo 192, § 2º da CLT.

Art. 195 - A caracterização e a classificação da insalubridade e


da periculosidade, segundo as normas do Ministério do
Trabalho, far-se-ão através de perícia a cargo de Médico do
Trabalho ou Engenheiro do Trabalho, registrados no Ministério
do Trabalho.
[...]
§ 2º - Arguida em juízo insalubridade ou periculosidade, seja
por empregado, seja por sindicato em favor de grupo de
associados, o juiz designará perito habilitado na forma deste
artigo, e, onde não houver, requisitará perícia ao órgão
competente do Ministério do Trabalho.

Ante o exposto, requer que seja reformada a sentença para reverter a


condenação ao pagamento do adicional, uma vez que este não é devido.

IV. IV – DA CORREÇÃO MONETÁRIA


A pedido do reclamante, ora, recorrido, na exordial requereu a incidência de
correção monetária sobre o valor dos salários, dado momento, na época, de
inflação galopante. No entanto, ao sair da empresa, recebeu as verbas
rescisórias e sempre recebia seu salário até o quinto dia útil do mês
subsequente ao vencido, em conformidade com o art. 459, § 1º da CLT, até
esta data o empregador está autorizado a efetuar pagamentos de salário sem
incorrer em correção monetária.
Logo, a incidência de correção monetária não deverá ser aplicada, diante o
entendimento da Súmula 381 do TST:

CORREÇÃO MONETÁRIA. SALÁRIO. ART. 459 DA CLT. O


pagamento dos salários até o 5º dia útil do mês subsequente
ao vencido não está sujeito à correção monetária. Se essa data
limite for ultrapassada, incidirá o índice da correção monetária
do mês subsequente ao da prestação dos serviços, a partir do
dia 1º.

Assim entendem os Tribunais em suas Jurisprudências, ao julgar caso concreto


símil a este, vejamos:

CORREÇÃO MONETÁRIA. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 381


DO TST. A correção monetária deve incidir a partir do mês
subsequente ao da prestação do serviço, consoante Súmula nº
381 do TST, de acordo com a tabela unificada da Justiça do
Trabalho, como fator de atualização. [...]
(TRT-11 XXXXX20150061100, Relator: Francisca Rita Alencar
Albuquerque. Data de Publicação: 10/02/2016).

Com respaldo na Súmula 381 do TST e jurisprudência, fica evidente que os


pagamentos estão de acordo com os entendimentos supracitados. Portanto,
requer a reforma da sentença para reversão da condenação.

V – DOS PEDIDOS
Antes o exposto, requer-se
a) Que o presente recurso ordinário seja conhecido e totalmente provido;
b) Que seja anulada a sentença, tendo em vista o cerceamento de defesa, para
que seja realizada perícia no local de trabalho, concluindo acerca da existência
da periculosidade.
c) Seja reformada a sentença de primeiro grau com todos os itens apontados
no mérito
d) Seja o advogado da parte recorrida intimado
e) Seja o recorrido condenado ao pagamento dos honorários

Nestes termos, pede deferimento

Local e data
Advogado ...
OAB nº ...

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