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INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR FRANCISCANO – IESF

Recredenciado pela Portaria do MEC Nº 725, de 20 de julho de 2016


publicado no D.O.U de 21 de julho de 2016

CURSO DE DIREITO
DISCIPLINA: Direito Processual do Trabalho II - 8º PERÍODO
PROFESSOR: Monica Teixeira Carvalho
NOME: Erick Muniz dos Santos

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA 99ª VARA DO TRABALHO


DE SALVADOR/BA
Processo nº XXXXXXXXX
AERODUTO, empresa pública de gerenciamento de aeroportos, já qualificada nos
autos do processo acima descrito, por seu advogado que esta subscreve (procuração
anexa), na Reclamação Trabalhista proposta por PAULO XXXXX, inconformada com a
respeitável sentença de folhas XX/XX, vem, tempestiva e respeitosamente à presença
de Vossa Excelência, interpor:
RECURSO ORDINÁRIO
Com base no artigo 895, alínea a da CLT, de acordo com as razões em anexo as quais
requer que sejam recebidas e remetidas ao Egrégio Tribunal.
Informa que junta comprovante do recolhimento das custas e depósito recursal no
valor máximo.
Nestes termos, pede deferimento.
Cidade XXX, XX de XXXX, XXXX
ADVOGADO XXX

OAB Nº XXXXX/XX

RAZÕES DE RECURSO ORDINÁRIO


Origem: 99ª Vara do Trabalho de Salvador/BA
Processo nº XXXXXXXXX

RECORRENTE: AERODUTO
RECORRIDO: PAULO XXXXXX
Egrégio Tribunal de Justiça da Bahia
Colenda Câmara
Eméritos Julgadores
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I – DA TEMPESTIVIDADE
Diante do inconformismo da recorrente respectivo a sentença proferida pelo juízo de
1º grau merece ser reexaminada conforme Art. 895, I da CLT, o prazo para a
interposição de recurso ordinário é de 08 (dias), e tendo o apelante sido intimado da
sentença no dia XX/XX/XXXX, o prazo final para a interposição do mesmo se dará em
XX/XX/XXX, sendo, portanto tempestivo o presente recurso.

II – DOS FATOS
Paulo XXXXX, trabalhou como auxiliar de serviços gerais na microempresa Tudo Limpo
Ltda. no período de 22/02/2019 a 15/03/2020, atuando na limpeza de parte da pista
de um aeroporto de pequeno porte. Durante todo o contrato, prestou serviços na
Aeroduto – Empresa pública de Gerenciamento de Aeroportos
Ao ser dispensado, recebeu as verbas rescisórias, porém, ajuizou reclamação
trabalhista, que foi distribuída na 99ª Vara do Trabalho de Salvador, em face da
empregadora e da tomadora de serviços, pretendendo adicional de insalubridade por
conta do barulho do local de trabalho, bem como a incidência de correção monetária
sobre o valor dos salários, pois, tendo mudado o mês de competência, deveria haver a
correção monetária, dado o momento, na época, de inflação galopante, contudo,
Paulo recebia sempre até o quinto dia útil do mês subsequente ao vencido.
No dia da audiência, a empregadora, foi representada pelo seu contador, assistido por
advogado. A Aeroduto, segunda ré, por preposto empregado e advogado. Fora juntada
toda a documentação relacionada à fiscalização do contrato entre as rés, o qual ainda
se encontra em vigor.
O processo seguiu concluso para sentença, após o Juiz indeferir os requerimentos da
segunda ré. Na sentença foi decretada a revelia e confissão da primeira ré, Tudo Limpo
Ltda., por não estar representada regularmente. Julgou procedentes os pedidos de
pagamento de adicional de insalubridade em grau máximo, bem como de incidência de
correção monetária sobre o valor do salário mensal pago após a “virada do mês”. A
segunda ré fora condenada, subsidiariamente, em todos os pedidos, fundamentando a
procedência na revelia e confissão da 1ª ré.

III – PRELIMINARMENTE
É veraz o esforço do reclamante, ora, recorrido, em fazer crer que possui interesse de
agir para propor presente ação em face da recorrente, bem como, o direito de
requerer adicional de insalubridade e correção monetária, não obstante, sua
pretensão não é digna de prosperar, vejamos:
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Na inicial Paulo requereu adicional de insalubridade por conta do local de trabalho ter
muito barulho. Ao proferir sentença, o MM Juiz, por entender que as provas
testemunhal e pericial comprovariam que o EPI eliminava a insalubridade, indeferiu o
pedido da recorrente. Pois bem, a perícia e as testemunhas são peças fundamentais
para o desenrolar do processo. É de suma importância a prova testemunhal e pericial
para que se prove a boa índole da recorrente, pois, esta restou prejudicada, uma vez
que tem a devida prova dos fatos, bem como exames médicos de rotina realizados nos
empregados, inclusive em Paulo, os quais não demonstravam nenhuma alteração de
saúde ao longo de todo o contrato, além dos recibos do recorrido de fornecimento de
EPI para audição.

Nota-se que é necessária a oitiva de testemunhas para comprovação dos fatos,


afligindo os princípios da Constituição Federal, especialmente da ampla defesa e
contraditório, conforme art. 5º, LV. A cerca disso, vejamos o entendimento da doutrina
ao aludir que às alegações, argumentos e provas trazidas pelo autor é necessário que
corresponda a uma igual possibilidade de geração de tais elementos por parte do réu
“deve-se entender o asseguramento que é feito ao réu de condições que lhe possibilitem trazer
para o processo todos os elementos tendentes a esclarecer a verdade. (...) A ampla defesa só
estará plenamente assegurada quando uma verdade tiver iguais possibilidades de
convencimento do magistrado, quer seja alegado pelo autor, quer pelo réu. Às alegações,
argumentos e provas trazidas pelo autor é necessário que corresponda uma igual possibilidade
de geração de tais elementos por parte do réu”. (BASTOS, Celso Ribeiro, 1938 – Curso de Direito
Constitucional, 22ª Ed. atual. São Paulo: Saraiva, 2001, p. 234)
Nesta toada, a jurisprudência visa a nulidade da sentença e a reabertura da instrução,
notemos.
INDEFERIMENTO DA OITIVA DA PARTE CONTRÁRIA. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA
CONFIGURADO. NULIDADE DA SENTENÇA. Constatada violação à garantia constitucional da
ampla defesa (CF88, art. 5º, inc. LV), impõe-se a anulação da sentença e reabertura da
instrução.
(TRT-1 - RO: 00007092220125010241 RJ , Relator: Dalva Amelia de Oliveira, Data de
Julgamento: 25/03/2014, Oitava Turma, Data de Publicação: 16/04/2014)
É indispensável a anulação da respeitável para que se afaste o cerceamento de defesa
que foi imposto à recorrente, havendo que ser a mesma reconhecida, com fulcro no
disposto pelos arts. 794 e seguintes da CLT.

IV – DAS RAZÕES DA REFORMA


Além de ter sido indeferido o pedido de provas testemunhal e pericial e serem motivo
de extinção do processo sem resolução do mérito, há ainda, outras razões para a
respeitável sentença ser reformada, pois, a anulação da mesma por inteiro acarretaria
em prejuízo ao recorrente.
IV. I – DA REVELIA
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No que tange a este tópico, apesar de favorecer a 1ª ré, faz-se necessário citar o
fundamento do juiz a quo ao proceder a revelia e confissão da primeira reclamada por
não estar representada regularmente. Durante a sentença o magistrado não se ateve à
Súmula 377 do TST, que alude: “Exceto quanto à reclamação de empregado doméstico,
ou contra micro ou pequeno empresário, o preposto deve ser necessariamente
empregado do reclamado.”.
Destarte, ao se tratar de microempresa não há obrigação de o preposto ser
empregado da mesma, a Lei Complementar 123/2006 (Estatuto Nacional da
Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte). Em seu artigo 54, faculta ao
empregador de microempresa ou de empresa de pequeno porte “fazer-se substituir ou
representar perante a Justiça do Trabalho por terceiros que conheçam dos fatos, ainda
que não possuam vínculo trabalhista ou societário”.

Logo, a presença do contador da empresa não é impedida durante a audiência


trabalhista, visto que, o artigo 843, § 1º, aduz a faculdade de o empregador fazer-se
substituir por qualquer outro preposto que tenha conhecimento do fato. À luz da
jurisprudência há notoriamente casos análogos a este.
PREPOSTO CONTADOR NÃO EMPREGADO - REVELIA - CONFISSÃO. Tendo a reclamada enviada à
audiência preposto (contador) que não era seu empregado. APLICABILIDADE DA SÚMULA 377
DO TST.
(TRT-7 - RO: 899004220055070003 CE 0089900-8990055070003, Relator: LAIS MARIA ROSSAS
FREIRE Data de Julgamento: 11/01/2014, PLENO DO TRIBUNAL, Data de Publicação: 06/02/2014
DOJT 7ª Região)
IV. II – DA RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA
O juiz a quo, condenou a recorrente subsidiariamente em todos os pedidos de Paulo,
vez que, a decisão fora proferida afastando o contexto fático da demanda. A Aeroduto,
durante todo o contrato, este ainda vigente, fiscalizou na íntegra o cumprimento
integral de tal, a todos os termos contratuais. Por se tratar de empresa pública, não há
que se falar em responsabilidade subsidiária.

Nesta acepção, o artigo 71, § 1º da Lei 8.666/93, aduz sobre a impossibilidade da


administração pública na inadimplência em contratos trabalhistas. Dispondo disto, a
Súmula 331, V do TST, entende a responsabilidade da entidade pública somente
quando restar-se comprovada a falta de fiscalização no cumprimento das obrigações
da lei nº 8.666/93, e nas responsabilidades oriundas do contrato firmado com empresa
prestadora de serviço.
Art. 71, § 1º. A inadimplência do contratado, com referência aos encargos trabalhistas, fiscais e
comerciais não transfere à Administração Pública a responsabilidade por seu pagamento, nem
poderá onerar o objeto do contrato ou restringir a regularização e o uso das obras e edificações,
inclusive perante o Registro de Imóveis.
Destarte, a reforma da sentença faz-se outra vez necessária ao caso, para que se
obtenha a exclusão da responsabilidade subsidiária da recorrente.
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IV. III – DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE


Dispõe de entendimento da Súmula 80 do TST:
INSALUBRIDADE. A eliminação da insalubridade mediante fornecimento de aparelhos
protetores aprovados pelo órgão competente do Poder Executivo exclui a percepção do
respectivo adicional.
Durante todo o contrato, Paulo obteve os devidos EPI’s, de acordo com os recibos
assinados por ele, se o mesmo não fez uso do material, fora por culpa do mesmo.
Diante da Súmula acima, se o fornecimento de EPI’s for correto, exclui o pagamento do
adicional.
Por conseguinte, o MM. Juiz a quo fixou o grau máximo em periculosidade sem ter
realizado perícia no local de trabalho, não examinando o disposto na CLT, no que tange
a existência de laudo técnico elaborado por perito oficial previamente habilitado.
Assim, expressa o artigo 192, § 2º da CLT.
Art. 195 - A caracterização e a classificação da insalubridade e da periculosidade, segundo as
normas do Ministério do Trabalho, far-se-ão através de perícia a cargo de Médico do Trabalho
ou Engenheiro do Trabalho, registrados no Ministério do Trabalho.
[...]
§ 2º - Arguida em juízo insalubridade ou periculosidade, seja por empregado, seja por sindicato
em favor de grupo de associados, o juiz designará perito habilitado na forma deste artigo, e,
onde não houver, requisitará perícia ao órgão competente do Ministério do Trabalho.
Ante o exposto, requer que seja reformada a sentença para reverter a condenação ao
pagamento do adicional, uma vez que este não é devido.

IV. IV – DA CORREÇÃO MONETÁRIA


A pedido do reclamante, ora, recorrido, na exordial requereu a incidência de correção
monetária sobre o valor dos salários, dado momento, na época, de inflação galopante.
No entanto, ao sair da empresa, recebeu as verbas rescisórias e sempre recebia seu
salário até o quinto dia útil do mês subsequente ao vencido, em conformidade com o
art. 459, § 1º da CLT, até esta data o empregador está autorizado a efetuar
pagamentos de salário sem incorrer em correção monetária.
Logo, a incidência de correção monetária não deverá ser aplicada, diante o
entendimento da Súmula 381 do TST:
CORREÇÃO MONETÁRIA. SALÁRIO. ART. 459 DA CLT. O pagamento dos salários até o 5º dia útil
do mês subsequente ao vencido não está sujeito à correção monetária. Se essa data limite for
ultrapassada, incidirá o índice da correção monetária do mês subsequente ao da prestação dos
serviços, a partir do dia 1º.
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Assim entendem os Tribunais em suas Jurisprudências, ao julgar caso concreto símil a


este, vejamos:
CORREÇÃO MONETÁRIA. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 381 DO TST. A correção monetária deve
incidir a partir do mês subsequente ao da prestação do serviço, consoante Súmula nº 381 do
TST, de acordo com a tabela unificada da Justiça do Trabalho, como fator de atualização. [...]
(TRT-11 00074220150061100, Relator: Francisca Rita Alencar Albuquerque. Data de Publicação:
10/02/2016).
Com respaldo na Súmula 381 do TST e jurisprudência, fica evidente que os pagamentos
estão de acordo com os entendimentos supracitados. Portanto, requer a reforma da
sentença para reversão da condenação.

V – DOS PEDIDOS
Antes o exposto, requer-se
a) Que o presente recurso ordinário seja conhecido e totalmente provido;
b) Que seja anulada a sentença, tendo em vista o cerceamento de defesa, para que
seja realizada perícia no local de trabalho, concluindo acerca da existência da
periculosidade.
c) Seja reformada a sentença de primeiro grau com todos os itens apontados no
mérito
d) Seja o advogado da parte recorrida intimado
e) Seja o recorrido condenado ao pagamento dos honorários

Nestes termos, pede deferimento

Cidade XXX, XX de XXXX de XXXXX


ADV XX/OAB nº XXXX

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