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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DA __ VARA DO

TRABALHO DE CASTRO – PR

Autos nº. 0000481-26.2021.5.09.0656 (RTSum.)

JULIANA APARECIDA MENDES BETIM, já qualificada nos autos em epígrafe, que move
em face de ROBERTO TAKAMITSU AKAHANE, vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, através de seu procurador, adiante assinado, com fulcro no artigo 895, I, da CLT,
interpor:

RECURSO ORDINÁRIO

A ser encaminhado ao Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região, sendo que se


encontram presentes os pressupostos de admissibilidade do recurso, tais como a legitimidade,
capacidade e interesse da parte, tempestividade, dispensado o preparo, pois que a Recorrente é
beneficiário da justiça gratuita, bem como de regularidade de representação.
Desta forma, portanto, é que se requer o recebimento do presente recurso, com a
consequente notificação da parte Recorrida, para apresentar contrarrazões ao recurso ordinário,
nos moldes do artigo 900 da CLT, e posterior remessa ao Egrégio Tribunal Regional do Trabalho
da 09ª Região.

Nestes termos,
Pede e espera deferimento.

Castro, 18 de Maio de 2023.

Adão Monteiro Filho


OAB/PR nº 64.598

Rulhano Cezar
OAB/PR nº 79.491
EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) DESEMBARGADOR(A)
RELATOR(A) DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 09ª
REGIÃO

RAZÕES DO RECURSO ORDINÁRIO

Recorrente: JULIANA APARECIDA MENDES BETIM


Recorrida: ROBERTO TAKAMITSU AKAHANE
Autos nº: 0000481-26.2021.5.09.0656
Origem: VARA DO TRABALHO DE CASTRO – PR

Eméritos Julgadores,

A respeitável sentença do Juízo “a quo” merece ser reformada, pois que deixou de
considerar elementos importantes ao justo julgamento da lide, afrontando garantias
constitucionais fundamentais, conforme se verificará adiante.

PRELIMINARMENTE

A) DA TEMPESTIVIDADE

Importante salientar que o presente Recurso Ordinário é tempestivo, haja vista que a
Sentença de Embargos de Declaração (ID nº ce86416) ocorreu no dia 04 (quatro) de Maio 2023.
Ante a referida Sentença ter sido disponibilizada no dia 04 (quatro) de Maio 2023, a
mesma foi Publicada no Diário Oficial Justiça no dia 08 (oito) de Maio 2023 (conforme pode-se
observar de aba “Expedientes), iniciando a fruição do prazo para interposição de Recurso no dia
09 (nove) de Maio 2023.
Desta forma, como a fruição do prazo para interposição de Recurso Ordinário foi a partir
do dia 09 (nove) de Maio 2023, e nos termos do artigo 895, inciso I, da CLT, o prazo para
interposição de Recurso Ordinário é de 08 (oito) dias, tem-se que, o prazo final para a interposição
do referido recurso é no dia 18 (dezoito) de Maio 2023, ou seja, a Recorrente procede com a
apresentação de recurso tempestivamente, conforme demonstra “print” abaixo:

Ante o exposto, a Recorrente interpõe Recurso Ordinário tempestivamente,


consequentemente, requer o reconhecimento da tempestividade do presente recurso.

B) DO CERCEAMENTO DE DEFESA

b.1) NOVA PERÍCIA

Conforme pode-se visualizar de Sentença (ID nº c9cefac), o D. Juízo “a quo” não se


manifestou acerca do Cerceamento de Defesa, portanto, o mesmo incorreu em grave erro, e por
este motivo, a Recorrente procedeu com a oposição de Embargos de Declaração (ID nº 9d932fd),
no dia 02 (dois) de Maio de 2023. Em 04 (quatro) de Maio de 2023, o D. Juízo “a quo” procedeu
com a Sentença de Embargos de Declaração (ID nº ce86416), a saber:

MÉRITO
Omissão – Cerceamento de defesa: A reclamante sustenta que há omissão na
sentença quanto a arguição de nulidade em razões finais, por cerceamento de
defesa, em função do indeferimento da realização de nova perícia, como se
infere às fls. 314/315. Sanando a omissão, passa-se à analise da questão
suscitada. Sanando a omissão, passa-se à análise da questão suscitada. No
entendimento da parte autora, “o D. Juízo, ao indeferir o
requerimento para realização de nova perícia, indeferiu meios para a produção
de provas, o qual teria suma importância, assim, este, cerceou o direito do
autor, constitucionalmente assegurado, pois, restou incontroverso que a
Reclamante” (fls. 314/315 – destaques acrescidos). Sem razão, já que foi
oportunizada a produção de prova pericial
e ao responder os quesitos complementares o perito esclareceu que “as
atividades foram exercidas pela Reclamante na lavoura (...) nas atividades
realizadas pela Reclamante no processo em questão não há atividade e ou
tarefas na lavoura com aplicação de agrotóxicos (poda, ralação, capina, aplicar
veneno em formigueiros, colheita manual, polinização de aboboras), conforme
procedimentos relatados pela
” (fl. 300), deixando claro que o trabalho da autora na lavoura foi mesma no
ato pericial reconhecido, mas sem envolvimento no processo de aplicação de
agrotóxicos. Nestas circunstâncias, não há sentido na realização de nova
perícia. Não se pode perder de vista que o juiz não é apenas o
destinatário da prova, mas também destinatário da análise da pertinência e
relevância da prova, ficando autorizado a indeferir as diligências inúteis ou
meramente protelatórias, na forma do artigo 370, parágrafo único do CPC.
No caso, foi oportunizada a produção de prova pericial, sendo
que o inconformismo da parte com o resultado da perícia não autoriza a
realização de nova diligência. Por estas razões, afasta-se a nulidade arguida,
mantendo-se o indeferimento do pedido de realização de nova perícia.
Acolho para, sanando omissão, rejeitar a pretensão de fundo.

Ante as decisões do D. Juízo “a quo”, é que passa a Recorrente a fundamentar suas


razões recursais, a saber:
Primeiramente, tem-se que o D. Juízo “a quo” deixou de analisar elementos cruciais
para o deslinde processual, como a questão indeferimento para o requerimento para realização de
nova perícia, conforme despacho (ID nº 5c0f231), indeferiu meios para produção de provas, o
qual teria suma importância, assim, este, cerceou o direito da Recorrente, constitucionalmente
assegurado, pois, restou incontroverso que a Recorrente realizava suas atividades em lavoura,
vejamos:
Conforme já exposto em Razões Finais (ID nº 1df6f54), a Recorrente não concorda com
os Laudo Pericial (ID nº 5463ddb), Laudo Pericial Complementar (ID nº 9220884), bem como o
Esclarecimentos do Perito (ID nº 99fe9c3), em razão de que os mesmos não retratam a realidade
do contrato de trabalho, bem como o ambiente de trabalho da parte autora. A título
exemplificativo, tem-se o a conclusão do “Expert” no Laudo Pericial (ID nº 5463ddb) quanto a
insalubridade e/ou periculosidade, vejamos abaixo:

Cumpre ressaltar, Vossas Excelências, que a Recorrente não concorda com o Laudo
Pericial, (ID nº 5463ddb), apresentado pelo “Expert”, apresentou Quesitos Complementares, (ID
nº 9220884), afim de sanar possíveis dúvidas, equívocos, porém, da análise do Laudo Pericial
Complementar, documentos de (ID nº 9220884), resta nítido que as dúvidas perduraram, pois
inconclusivo o referido laudo.
A fim de demonstrar que os referidos Laudos Periciais são inconclusivos, tem-se que,
através da pergunta de nº 10, foi questionado o “Expert”, qual era a distância do local onde fica o
tanque de combustível até o local onde a autora realizava suas refeições, e este, assim respondeu:

Excelências o intuito do referido quesito de nº 10, era saber a distância entre o tanque
de combustível e o local onde a Recorrente laborava, no entanto o “Expert” não foi claro em sua
resposta, vez que não informou onde ficava a Recorrente, bem como qual era a distância.
E mais, o mesmo fato ocorre na pergunta de nº 8, quando foi questionado o “Expert”,
qual era a distância do local onde fica o tanque de combustível até o local da prestação de serviços
da autora, e este, assim respondeu:

Desta forma, não há como acolher a conclusão pericial no sentido que não havia
insalubridade e nem periculosidade nas atividades desenvolvidas pela Recorrente. É induvidoso
o labor em condições insalubres decorrentes de contato e ou exposição da obreira com agentes
nocivos à saúde em atividades e operações insalubres, conforme preconizado nos anexos da NR
15, bem como a exposição a área de riscos em atividades e operações perigosas, conforme previsto
nos anexos da NR 16, NR’s, em razão do inequívoco contato com agentes.
Ainda mais, no caso presente, em que no local da prestação de serviços da Recorrente,
havia tanques de combustível. Sendo que os referidos tanques de combustíveis, encontravam-se
em um barracão (aberto) onde a obreira e o demais funcionários adentravam com um trator
(acoplado com uma carretinha, a qual era utilizado para o transporte dos funcionários até o
pomar).
Bem como pelo fato da Recorrente manter contato direto com venenos, pois esta
preparava a calda para pulverização dos pomares, em razão das formigas (com o nome “broca”).
Aplicação de veneno ocorria, sempre que necessário. A Recorrente mantinha contato, também
com o sol diariamente, sem que fosse fornecido EPIs para elidir o mesmo. Ora, Excelências,
embora a obreira desempenhasse tais funções, procede-se com a transcrição do trecho onde o Sr.
Perito informa que não precisa utilizar EPI”s, a saber:

Ademais, o Sr. Perito informa o tempo médio gasto para abastecimento do trator a saber:

E mais Nobre Turma Julgadora, no pomar da Recorrida era passado veneno todos os
dias do ano, para o crescimento, e prevenções contra as pragas. No entanto, ocorria aplicação do
referido veneno, ocasionava uma garoa, quando borrifada sobre os pomares acabando por atingir
todos os funcionários que estavam no pomar. Além disso, a Recorrente inalava o veneno, e
matinha contato direto com o referido veneno, uma vez que acabava atingindo as frutas, as quais
a Recorrente selecionava.
Tal fato foi constatado através de Ata de Audiência, documento de (ID nº d5cb207),
através do depoimento da testemunha convidada pela parte da Ré, a Sra. LUCIANE BARRETO
MACHADO, qual foi precisa em dizer que acontecia de estarem passando pulverização no pomar
e os funcionários estarem trabalhando ao mesmo tempo, esta respondeu da seguinte forma:
“é, as vezes sim, as vezes não”;

Ora Nobres Julgadores, não crível que tal garoa de venenos atingida nos funcionários,
não geraria o devido adicional de insalubridade.
Em que pese a Recorrente permanecer exposta durante toda sua contratualidade a
agentes insalubre/agente periculosos, esta jamais recebeu quaisquer valores acerca de adicional
de insalubridade e tampouco de periculosidade.
Portanto, com base no exposto, não se pode dar validade para o Laudo Pericial (ID nº
5463ddb), e o Laudo Pericial Complementar (ID nº 9220884) do “Expert”, vez que este lança
laudo inconclusivo, omisso, contraditório e obscuro, conforme fundamentado
Desta feita, a reconsideração para realização de nova perícia, sem qualquer motivação
do juízo na decisão, caracteriza cerceamento de defesa, com evidente prejuízo a Recorrente por
violação ao princípio constitucional da ampla defesa.
Corroborando com as alegações da Recorrente, de forma análoga, a 4ª Turma do
Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região, assim vem se posicionando sobre o tema
Cerceamento de Defesa:

INDEFERIMENTO DE PRODUÇÃO DE PROVA PERICIAL.


NULIDADE DO PROCESSO POR CERCEAMENTO DE DEFESA. Não
se olvida a ampla liberdade conferida ao juiz pelo art. 765 da Consolidação
das Leis do Trabalho na direção do processo e a possibilidade de indeferir
requerimento de produção de prova desnecessária (art. 130 do Código de
Processo Civil). Por outro lado, a parte tem o seu direito de defesa cerceado
quando fica impedida de atuar com eficiência na justificação de seus
pontos de vista, em razão do indeferindo de produção de provas, com
manifesto prejuízo, nos termos dos artigos 794 e 795 da Consolidação.
Assim, o indeferimento de pedido voltado à realização de perícia médica
para aferir a extensão dos danos sofridos pelo empregado, decorrentes de
acidente do trabalho e, por conseguinte, para a quantificação dos danos
moral e estético, implica em cerceamento de defesa, em ofensa ao disposto
no inciso LV do art. 5º da Constituição da República, por ser essa prova
relevante e necessária ao desfecho das questões trazidas a cognição do
Juízo (artigos 145 e 420 da lei adjetiva civil). TRT-PR-41499-2013-001-09-
00-5-ACO-33054-2014 -4A. TURMA Relator: CÉLIO HORST
WALDRAFF Publicado no DEJT em 07-10-2014
INDEFERIMENTO DE PROVA PERICIAL. CERCEAMENTO DO
DIREITO DE DEFESA. NULIDADE PROCESSUAL.O reclamante, ao
formular na petição inicial o pedido de pagamento de adicional de
insalubridade, requereu a realização de perícia, além de ter reiterado o
pedido de produção da prova no prazo concedido pelo juízo de origem e
consignado imediatamente seus protestos em ata após o indeferimento.
A decisão do magistrado de primeiro grau prejudicou a parte autora de
atuar com eficiência na justificação dos seus pedidos, causando-lhe, por
isso, manifesto prejuízo, o que caracteriza a nulidade por cerceamento ao
direito de defesa. Nulidade declarada, com a determinação de retorno dos
autos ao juízo de origem para reabertura da instrução processual e
realização da prova.

Assim, tem-se que o Digníssimo Juízo “a quo” não respeitou o Direito Constitucional
assegurando, uma vez que o cerceamento de defesa fere o princípio do contraditório e da ampla
defesa, encontrando sua guarida na Constituição Federal, através de seu art. 5º, inciso LV, o qual
possibilita o direito de resposta e a utilização de todos os meios em Direito Admitidos, o que não
foi assegurado a Recorrente
Ante o exposto, é que se requer-se a reforma da r. Sentença (ID nº c9cefac), para que
seja declarada a nulidade da mesma, por cerceamento de defesa, determinando o retorno dos autos
à Vara de origem, afim de que a Recorrente possa ter oportunizada a realização de nova prova
pericial com outro perito. Bem como, em não sendo este o entendimento desta Nobre Turma
Julgadora, requer-se, sucessivamente, que este Egrégio Tribunal Regional do Trabalho proceda
com o julgamento do tema, em consonância com a Teoria da Causa Madura, com a realização de
nova prova pericial, a fim de comprovar que a Recorrente estava inserida em ambiente insalubre,
conforme fundamentado.

C) DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO – DO ÔNUS PROBATÓRIO

Prefacialmente, antes de adentrarmos no tema relativo ao vínculo empregatício, com


seus consequentes reflexos jurídicos, mister se faz destacar o resultado da produção probatória
nos autos, a qual efetivamente revelou a veracidade dos fatos constantes da exordial, conforme se
passa a fundamentar.
A Recorrente, no intuito de revelar as irregularidades praticadas pela parte Recorrida,
no que tange ao seu vínculo empregatício, irregularidade esta, que embasa as suas pretensões
deduzidas na exordial, carreou aos autos diversos elementos probatórios, fazendo uso inclusive
do depoimento pessoal do sócio-proprietário da parte recorrida, e de suas testemunhas, as quais
corroboraram com as teses da obreira, haja visto que estas foram confessas quanto a existência de
vínculo empregatício, bem como a oitiva da testemunha da Recorrente, o qual confirmou todas
suas alegações em exordial.
Assim, conforme pode se verificar de todo o conjunto probatório constante nos autos, a
Recorrente buscou de todas as formas possíveis comprovar suas alegações, mediante todos os
meios de provas necessários, enquanto que a parte Recorrida apresentou aos autos meras
argumentações, destituídas de qualquer elemento probatório, como poderá se constatar nos
tópicos seguintes.
Note-se, Eméritos Julgadores, que a parte Recorrida apresenta aos autos documentos
que não comprovam os alegados fatos impeditivos, modificativos ou extintivos dos direitos
sustentados pela Recorrente, sendo que sua prova testemunhal “confessa” a existência do alegado
vínculo empregatício, conforme pode se verificar da Ata de Audiência (ID nº d5cb207).
Ademais, a parte Recorrida, conforme se extraí de Contestação, admitiu a prestação de
serviços por parte da Recorrente, desta forma, uma vez que admitida a prestação de serviços por
parte do empregador, cabe a este comprovar de que forma ocorreu a relação de prestação de
serviços, nos termos dos artigos 818, inciso II, da CLT e 373, inciso II, do CPC, em virtude de se
tratar de fato impeditivo ao direito perseguido pela parte Recorrente.
Corroborando com a tese do Recorrente, tem-se os posicionamentos da 4ª e 6ª Turmas
do E. Tribunal Regional do Trabalho, da 9ª Região:

TRT-PR-07-06-2016 VÍNCULO DE EMPREGO. ÔNUS DA PROVA.


RECONHECIMENTO. APRECIAÇÃO DE PEDIDOS DECORRENTES. Admitida
a prestação de serviços por parte da autora, o ônus de comprovar que o trabalho
ocorreu em moldes diversos daqueles caracterizadores da relação de emprego é da ré,
nos termos dos artigos 818 da CLT e 333, II, do CPC. Na hipótese, além da ré não se
ter desincumbido do seu ônus, da apreciação do conjunto probatório depreende-se que
estão presentes os requisitos para o reconhecimento do alegado vínculo de emprego.
Recurso obreiro provido para reconhecer o vínculo de emprego e determinar o retorno
dos autos ao Juízo de origem para apreciação dos pedidos decorrentes, com a
finalidade de evitar a supressão de instância. TRT-PR-16182-2009-003-09-00-7-
ACO-19327-2016 - 3A. TURMA Relator: THEREZA CRISTINA GOSDAL
Publicado no DEJT em 07-06-2016
TRT-PR-15-03-2016 VÍNCULO EMPREGATÍCIO. ÔNUS DA PROVA. Admitida a
prestação de serviços, caberia à parte reclamada comprovar a inexistência de vínculo
de emprego (art. 818 da CLT, c/c art. 333, II do CPC). No caso, não se desincumbiu a
ré de seu ônus através da prova oral produzida, devendo ser mantida a condenação.
TRT-PR-38146-2014-651-09-00-4-ACO-08069-2016 - 6A. TURMA Relator:
SÉRGIO MURILO RODRIGUES LEMOS Publicado no DEJT em 15-03-2016

TRT-PR-26-01-2016 VÍNCULO EMPREGATÍCIO - INCONTROVERSA A


PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS - ÔNUS DA PROVA DA RECLAMADA. Admitida a
prestação de serviços, caberia à reclamada o ônus de comprovar que teria ocorrido de
forma autônoma, porque fato impeditivo ao direito perseguido pela parte reclamante
(artigo 818 da CLT c/c artigo 333, II do CPC), do qual não se desincumbiu ante a
prova oral produzida nos autos. TRT-PR-12214-2013-013-09-00-9-ACO-02161-2016
- 6A. TURMA Relator: SÉRGIO MURILO RODRIGUES LEMOS Publicado no
DEJT em 26-01-2016

Ante todo o exposto, se vislumbra que o ônus probatório quanto ao vínculo de emprego
caberia, de forma cabal, a parte Recorrida, ônus este que não se desvencilhou, conforme restará
demonstrado.

DO MÉRITO

01 – NULIDADE CONTRATO DE SAFRA / VÍNCULO EMPREGATÍCIO

Quanto ao pedido de reconhecimento de vínculo empregatício, assim decidiu o D. Juízo


“a quo” em sua r. Sentença (ID nº c9cefac), a saber:

VÍNCULO EMPREGATÍCIO – PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS POR


TEMPORADA – CONTRATO DE SAFRA – ANOTAÇÃO EM CTPS
A parte autora postula o reconhecimento do vínculo de
emprego, alegando que prestou serviços em benefício do Réu entre 6/4/2015 e
20/6/2021, na função de trabalhadora rural, sob a presença de todos os
requisitos da relação de emprego.
(...)
Em que pese o posicionamento do D. Juízo “a quo”, através da r. Sentença (ID nº
c9cefac), a mesma merece ser reformada, pois, após toda Instrução Probatória, realizada nos
autos, onde restou cristalina a configuração do vínculo empregatício, o D. Magistrado de origem
entendeu que não havia sido configurado o vínculo empregatício entre as partes, por esta razão é
que passa a insurgir-se, da seguinte forma:
Nobres Julgadores, as alegações constantes na exordial foram devidamente
comprovadas em Audiência de Instrução, mediante depoimento das partes, bem como através da
oitiva de testemunhas, onde ficou incontroverso que a Recorrente laborou por todo o seu contrato
de trabalho sem qualquer anotação em sua CTPS, não obstante a presença de todos os elementos
fático-jurídicos necessários à caracterização do vínculo empregatício, tais como a pessoalidade,
subordinação, onerosidade e a não eventualidade.
E mais, Nobre Turma Julgadora, conforme já abordado no item anterior “D) DO
VÍNCULO EMPREGATÍCIO – DO ÔNUS PROBATÓRIO”, foi admitido pelo socio-
proprietário da Ré a prestação de serviços da Recorrente. Ainda, em sendo desconsiderado o
depoimento da testemunha convidada pela parte Recorrente, pois, a parte Recorrida em momento
algum se desincumbiu de seu ônus probatório, ao admitir a prestação de serviços, já a parte autora
pelo simples depoimento da parte Recorrida já fala em 6 (seis) meses, bem como a testemunha
convidada pela Recorrente corrobora com as alegações da mesma.
Não é crível que o D. Juízo de origem tenha entendido que a testemunha convidada pela
parte Recorrente não merece credibilidade, mas quando do momento da testemunha convidada
pela parte Recorrida, levou em consideração mesmo havendo divergências em seu depoimento.
Excelências, notem-se que o próprio Réu em seu depoimento reconheceu que a
Recorrente laborou em vários períodos, contudo, a testemunha convidada pela parte Recorrida
relata um tempo menor do que o relatado pelo preposto, vejamos do trecho retirado da sentença
(ID nº c9cefac), a saber:

Ora, Nobre Turma Julgadora, é crível que a testemunha convidada pela parte Ré tinha
tão somente o intuito de beneficiar a parte Ré.
Para que seja comprovado o vínculo empregatício há necessidade de que os seus
requisitos sejam preenchidos, nos termos do art. 3º da Consolidação das Leis do Trabalho, que
faz saber: “considera-se empregado toda e qualquer pessoa física que prestar serviços de
natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário”.
Pessoalidade: tal requisito é alto explicativo, entretanto, em singelas linhas, o referido
requisito significa que, o trabalhador não poderá fazer-se substituir por outro trabalhador, para o
desenvolvimento do serviço a ser realizado. Salienta-se que tal elemento obviamente está
vinculado ao anterior, ou seja, a Trabalho por Pessoa Física, porém, guarda importante distinção.
No caso em tela, restou comprovado que a Recorrente laborava com pessoalidade em
face da Recorrida, fatos estes que podem ser constatados através da Audiência de Instrução,
mediante documento Ata de Audiência (ID nº d5cb207), onde o próprio Sócio proprietário (Sr.
Roberto Takamitsu) confessou, a saber:

Juíza: Quando que a senhora Juliana trabalhou para o senhor?


Réu: Uns quatro anos atrás para ca ne (Grifos Nosso)

Juíza: Quando que ela saiu?


Réu: eu acho que ano passado, as datas assim eu não consigo lembrar
muito (Grifos Nosso)

Conforme já demonstrado em Audiência de Instrução, a Recorrente desempenhava seu


labor com pessoalidade em face da Recorrida, tanto é verdade que a mesma trabalhava na função
de Trabalhadora Rural.
Tais fatos podem ser constatados através de Ata de Audiência (ID nº d5cb207), através
do depoimento do próprio Sócio-proprietário da Recorrida, onde o mesmo confessa a rotina da
Recorrente, a saber:

Juíza: como que era a rotina dela de trabalho, ela trabalhava todos os meses do
ano?
Réu: não, ela trabalhava assim na época da poda, digamos durante o ano
(Grifos Nosso)

Juíza: a época da poda era qual época do ano?


Réu: julho (Grifos Nosso)

Juíza: ela trabalhava quanto tempo na época da poda?


Réu: um mês maio ou menos (Grifos Nosso)

Juíza: ta e depois?
Réu: acabava a poda e começava a ralhada (Grifos Nosso)

Juíza: e que época começava a ralhada?


Réu: novembro e dezembro a gente começava a ralhar (Grifos Nosso)

Juíza: e ela trabalhava quanto tempo na ralhação?


Réu: digamos 60 dias (Grifos Nosso)

Juíza: e ela ia onde?


Réu: na colheita (Grifos Nosso)

Juíza: a colheita era em qual tempo?


Réu: de dezembro a janeiro, mais ou menos 60 dias (Grifos Nosso)

No que tange a jornada de trabalho, é de suma importância destacarmos Sócio-


proprietário da Recorrida, conforme documento Ata de Audiência (ID nº d5cb207), a saber:

Juíza: qual era o horário que ela trabalhava?


Réu: ela começava as 07, as 09 as 09:15 tinha café, parava meio dia as um,
das três as três e meia era o café, as cinco e meia (Grifos Nosso)

Importante mencionar o depoimento da testemunha convidada pela parte Recorrente, a


Senhora Andressa do Rocio Moraes, o qual assim informou ao D. Juízo “a quo”, conforme
documento Ata de Audiência (ID nº d5cb207), a saber:

Juiz: e qual que era o horário?


Testemunha Andressa do Rocio: de segunda a sexta, das sete as cinco e meia,
sábados das sete as uma e vinte (Grifos Nosso)

Desta forma, restou incontroverso o preenchimento do requisito Pessoalidade.

Não Eventualidade: Para que se caracterize a relação empregatícia é necessário que o


trabalho prestado seja permanente.
Para o Ilustre Doutrinador Mauricio Godinho Delgado, “para que haja relação
empregatícia é necessário que o trabalho prestado tenha caráter de permanência (ainda que por
um curto período determinado), não se qualificando como trabalho esporádico.”1

1DELGADO, op. cit., p. 303.


Conforme Ata de Audiência (ID nº d5cb207), restou comprovado o referido requisito,
tanto é verdade que próprio Sócio-proprietário da Recorrida, confessou que a autora laborou em
face da Ré, assim informa o D. Juízo “a quo”:

Juíza: Quando que a senhora Juliana trabalhou para o senhor?


Réu: Uns quatro anos atrás para ca ne (Grifos Nosso)

Juíza: Quando que ela saiu?


Réu: eu acho que ano passado, as datas assim eu não consigo lembrar
muito (Grifos Nosso)

E mais, a testemunha convidada pela Recorrida, a Senhora Andressa do Rocio Moraes,


também confirmou que a Recorrente laborava para a Recorrida, conforme Ata de Audiência (ID
nº d5cb207):

Juiz: Trabalhava junto com a Juliana?


Testemunha Andressa do Rocio: sim (Grifos Nosso).

Juiz: Quando começou a juliana já trabalhava lá?


Testemunha Andressa do Rocio: eu entrei junto com ela, ela já tinha
trabalhando um tempo antes (Grifos Nosso).

Onerosidade: nada mais é do que o pagamento, pelo empregador, ao empregado, de uma


determinada remuneração em função de seu contrato de trabalho, firmado pelas partes.
Para Mauricio Godinho Delgado, onerosidade significa que, ao valor econômico da
força de trabalho colocada à disposição do empregador deve corresponder uma contrapartida
econômica em benefício obreiro, consubstanciada no conjunto salarial, isto é, o complexo de
verbas contraprestativas pagas pelo empregador ao empregado em virtude da relação
empregatícia pactuada.2
Tal requisito restou comprovado, mediante a confissão do sócio-proprietário da
Recorrida, o qual confessou em Audiência de Instrução, fatos este que podem ser constatados
através de Ata de Audiência (ID nº d5cb207):

2DELGADO, op. cit., p. 307.


Juíza: Quanto que ela recebia?
Réu: se fosse hoje era 60,00 (Grifos Nosso)

Juíza: Na época que ela trabalhava?


Réu: digamos 50,00 alguns anos atras ne (Grifos Nosso)

E mais, a testemunha convidada pela Recorrida, a Senhora Andressa do Rocio Moraes,


também confirmou que a Recorrente auferia o valor de R$ 60,00, conforme Ata de Audiência (ID
nº d5cb207):

Juiz: Quando trabalhava por dia quantos recebia quanto?


Testemunha Andressa do Rocio: R$ 60,00 (Grifos Nosso).

Subordinação: Por fim, e não menos importante, o último requisito para a configuração
do Vínculo Empregatício, a subordinação, que nada mais é que, a direção da prestação laboral
pelo empregador, sendo que, será este que determinará o modo como o trabalho será realizado,
bem como procederá com o controle da jornada de trabalho da obreira.
Nobres Julgadores, não há que se falar em contrato de safra no caso em tela, vez
que as frutas cultivadas pela parte Recorrida possuem um ciclo de produtividade,
dependendo das oscilações sazonais próprias da safra e da entressafra, ou seja, demanda
de tarefas permanentes e contínuas, como por exemplo o preparo do solo (cultivo e
plantio), quanto na colheita.
Em outras palavras, o suposto contrato de safra possui apenas um objetivo, fraudar a
aplicação das Leis Trabalhistas, e nesta linha de raciocínio, deve ser considerado nulo, com base
no artigo 9º da CLT.
Vejam Nobres Julgadores que os períodos laborados pela parte Recorrente abrangeram
tanto a safra, como também a entressafra, e por este motivo o labor ocorreu para atender a
necessidade permanente e não transitória da Recorrida.
Outrossim, Nobres Julgadores, não há que se falar em contrato de safra, tendo em
vista que, de fato, não se vislumbra que a Recorrente tenha executado um serviço específico
da safra, como o plantio ou a colheita relacionada à safra de determinado produto.
Evidente, portanto, a nulidade do aludido pacto, porquanto a contratação teve início
na entressafra e se estendeu até o término da safra.
Nesse sentido, tem-se os entendimentos jurisprudenciais:

CONTRATO DE SAFRA. NULIDADE O contrato de safra é modalidade de


contrato de trabalho por prazo determinado que tem a sua duração vinculada
à sazonalidade da produção agrícola. As sucessivas contratações do recla-
mante por período superior a dois anos, sem solução de continuidade na pres-
tação laboral, descaracterizam o contrato de safra, ensejando o reconheci-
mento da unicidade contratual por todo o período trabalhado, sendo devidas
as reparações decorrentes da ruptura contratual sem justa causa.

(TRT-3 - RO: 00174201108503007 0000174-56.2011.5.03.0085, Relator:


Luiz Ronan Neves Koury, Segunda Turma, Data de Publicação:
28/09/2011,27/09/2011. DEJT. Página 114. Boletim: Não.)

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. CON-


TRATO DE EXPERIÊNCIA SEGUIDO DO CONTRATO DE SAFRA. NU-
LIDADE. SUCESSÃO DE CONTRATOS POR PRAZO DETERMINADO.
Demonstrada divergência jurisprudencial válida sobre tema constante no Re-
curso de Revista, deve ser dado provimento ao Agravo de Instrumento.
Agravo de Instrumento conhecido e provido. RECURSO DE REVISTA.
HORAS IN ITINERE. PREVISÃO EM NORMA COLETIVA. ADICIO-
NAL DE INSALUBRIDADE. QUEIMA DE CANA-DE-AÇÚCAR . FULI-
GEM. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. AUSÊNCIA DA ASSISTÊNCIA
DO SINDICATO. Não se conhece de Recurso de Revista para o exame de
temas em relação aos quais não é possível configurar nenhuma das hipóteses
de cabimento previstas no art. 896 da CLT. CONTRATO DE EXPERIÊN-
CIA SEGUIDO DO CONTRATO DE SAFRA. NULIDADE. SUCESSÃO
DE CONTRATOS POR PRAZO DETERMINADO. Havendo contrato de
experiência e de safra, de forma concomitante/sucessiva, sem a observância
do intervalo de seis meses previsto no art. 452 da CLT, é de se reconhecer a
invalidade do segundo ajuste (no que tange à predeterminação do prazo), de-
vendo-se, por conseguinte, declarar que houve típico contrato de trabalho por
prazo indeterminado. Recurso de Revista parcialmente conhecido e provido.
(TST - RR: 12774220115150028, Relator: Maria de Assis Calsing, Data de
Julgamento: 04/05/2016, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT 13/05/2016)

Desta forma, presente nos autos todos os elementos necessários para a caracterização
do requerido vínculo empregatício, assim, com a devida vênia, a r. sentença merece reforma.
Por fim, mesmo que esta Nobre Turma Julgadora leve em consideração o depoimento
do preposto da parte Ré, onde confessa que a autora laborou por vários períodos, esta não tinha
oportunidade de trabalhar para outras pessoas, uma vez que restou demonstrado que laborou para
o Recorrido, ou seja, esta não tinha oportunidade para laborar em outros locais.
Deste modo, portanto, é que requer-se a reforma da r. Sentença (ID nº c9cefac), pelos
fatos já expostos, com base no princípio da primazia da realidade sobre a forma, requerendo o
reconhecimento do vínculo empregatício, no período compreendido entre 06 de abril de 2015 a
20 de junho de 2021, na função de Trabalhadora Rural, haja visto, que foram preenchidos todos
os requisitos legais e necessários para sua comprovação, com a consequente anotação da CTPS
da Recorrente, além de que, requer, a declaração da nulidade do Contrato de Safra, o qual sequer
foi anexado aos autos, conforme amplamente fundamentado.

02 – DA PRESCRIÇÃO

Conforme pode-se visualizar de Sentença (ID nº c9cefac), o D. Juízo “a quo” indeferiu


o pedido em epígrafe, sob o fundamento de que a existência de distintos e descontínuos contratos
de trabalho enseja a contagem da prescrição bienal após o encerramento de cada vinculo, a saber

Uma vez reconhecido o Vínculo de emprego, conforme exposto no tópico acima item
“01 – NULIDADE CONTRATO DE SAFRA / VÍNCULO EMPREGATÍCIO” não há que se falar
em prescrição bienal.
Deste modo, portanto, é que requer-se a reforma da r. Sentença (ID nº c9cefac) para
afastar a declaração de prescrição bienal, sendo devido todos os direitos pleiteados em exordial.

03 – VERBAS RESCISÓRIAS

Uma vez reconhecido o Vínculo de emprego, conforme exposto no tópico item “01 –
NULIDADE CONTRATO DE SAFRA / VÍNCULO EMPREGATÍCIO” faz jus a Recorrente ao
pagamento de todas as verbas contratuais e rescisórias do contrato de trabalho, sendo elas:

a. o pagamento de férias proporcionais na fração 05/12 avos, referente ao período de 2018,


férias proporcionais na fração 08/12 avos, referente ao período de2019/2020, 1 (uma)
ferias integral, referente ao período de 2020/2021, bem como férias proporcionais na
fração de 03/12 avos, referente ao período de 2021, acrescidas do Terço Constitucional;

b. ao pagamento da dobra das férias, acrescidos do terço constitucional, referentes aos


períodos aquisitivos, 2016/2017 e 2017/2018;

c. o pagamento de 12/12 avos de 13º salário, referente ao ano de2016, 12/12 avos de 13º
salário, referente ao ano de 2017, 08/12 avos de 13º salário, referente ao ano de 2018,
05/12 avos de 13º salário, referente ao ano de 2019, 12/12 avos de 13º salário referente
ao ano de 2020, bem como 06/12 avos de 13º salário, referente ao ano de 2021;

d. o pagamento dos depósitos fundiários do período entre outubro/2016 a junho/2021, bem


como ao das diferenças de FGTS sobre o valor das verbas deferidas e as que iram ser
deferidas.

Deste modo, portanto, é que requer-se a reforma da r. Sentença (ID nº c9cefac) para
condenar a Recorrida ao pagamento todas as verbas contratuais e rescisórias do contrato de
trabalho, conforme pleiteado em exordial.

04 – SALÁRIO MATERNIDADE – INDENIZAÇÃO

Conforme pode-se visualizar de Sentença (ID nº c9cefac), o D. Juízo “a quo” indeferiu


o pedido em epígrafe, sob o fundamento de que o pedido de indenização substitutiva esta
fulminado pela prescrição bienal, a saber:

SALÁRIO MATERNIDADE – INDENIZAÇÃO


Não se oliva que à empregada gestante e garantida a estabilidade provisória
prevista no art. 10, II, b, do ADCT, mesmo na hipótese de contrato por tempo
determinado (Súmula 244, III, do TST). Contudo, a certidão de nascimento de
fl. 70, comprova o nascimento da filha da autora em 8/2/2019; portanto, teria
direito a estabilidade gestante até 8/7/2019, ou seja, o pedido de pagamento de
indenização substitutiva está fulminado pela prescrição bienal.

Em que pese a r. sentença (ID nº c9cefac) do D. Juízo “a quo” não tenha reconhecido o
direito da Recorrente a indenização do salário maternidade, tem-se que o mesmo incorreu em
grave erro, conforma passa a fundamentar:
Primeiramente, em sendo reconhecido o Vínculo Empregatício entres as partes
conforme já exposto no tópico 01 – NULIDADE CONTRATO DE SAFRA / VÍNCULO
EMPREGATÍCIO”, não há que se falar em indeferimento do pleito de indenização substitutiva
pela prescrição bienal.
Conforme exposto na inicial, a Recorrente foi contratada em 06 de abril de 2015, para
exercer a função de Trabalhadora Rural. A obreira ao tomar conhecimento de sua gravidez em
agosto/2018, foi impedida de laborar, visto que a Recorrida não dispunha de local salubre para
possibilitar a prestação de seus serviços. A Recorrente somente voltou ao trabalho em abril/2019,
trabalhou por apenas 02 (duas) semanas. Voltando a ficar afastada até agosto/2019, momento em
que sua filha completou 06 (seis) meses. Entretanto, a Recorrente no terceiro mês de gestação,
especificamente em setembro/2018 até agosto/2019, necessitou ser afastada das atividades
laborais, em razão do seu estado gestacional, a fim de não ter contatos com possíveis agentes
insalubres.
Com o devido respeito à D. Juízo “a quo”, mas a r. sentença é um absurdo, tolhendo à
estabilidade prevista no artigo 10, II, b da ADCT, e infringindo o direito do nascituro, além de
ferir gravemente o princípio da proteção, em sua vertente da in dubio pro misero.
Ou seja, o D. Juízo “a quo” precisava interpretar o artigo 10, II, b da ADCT, e o fez com
base em interpretação analógica desfavorável à empregada, em sentido oposto ao Princípio mais
elementar do Direito do Trabalho.
Assim, violou o próprio artigo 10, II, b da ADCT, bem como divergiu da súmula 244 do
c. TST, leia-se:

Súmula nº 244 do TST GESTANTE. ESTABILIDADE PROVISÓRIA


(redação do item III alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em
14.09.2012) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012 I - O
desconhecimento do estado gravídico pelo empregador não afasta o direito ao
pagamento da indenização decorrente da estabilidade (art. 10, II, "b" do
ADCT). II - A garantia de emprego à gestante só autoriza a reintegração se esta
se der durante o período de estabilidade. Do contrário, a garantia restringe-se
aos salários e demais direitos correspondentes ao período de estabilidade. III -
A empregada gestante tem direito à estabilidade provisória prevista no art. 10,
inciso II, alínea “b”, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias,
mesmo na hipótese de admissão mediante contrato por tempo determinado.

Corroborando com o direito à estabilidade da gestante e do nascituro, apresentam-se


julgados dos TRT da 9ª Região, leia-se:
ESTABILIDADE DA GESTANTE. CIÊNCIA DO ESTADO GRAVÍDICO.
TEORIA OBJETIVA. Para a teoria objetiva, consagrada no artigo 10, II, b, do
ADCT, ao reconhecer a responsabilidade do empregador em relação à
empregada gestante, o dever de manter o vínculo laboral ou indenizar a
trabalhadora exsurge do próprio fato em si, ou seja, da gestação,
independentemente da existência de culpa do empregador. Desse modo,
comprovado que a empregada se encontrava grávida na vigência do contrato
de trabalho, imperioso o reconhecimento da estabilidade provisória. Recurso
da autora conhecido e provido.
Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região (7ª Turma). Acórdão: 0000338-
77.2020.5.09.0072. Relator: ROSEMARIE DIEDRICHS PIMPAO. Data de
julgamento: 15/04/2021. Publicado no DEJT em 03/05/2021. Disponível em:
<https://url.trt9.jus.br/cebv0>

Por todo o exposto, requer-se a reforma da r. sentença (ID nº c9cefac, reconhecendo a


estabilidade provisória da Reclamante, para que sejam indenizados os salário-maternidade
durante todo período de afastamento, correspondentes entre setembro/2018 a agosto/2019, bem
como se requer que tal pagamento incida seus reflexos sobre todas as demais verbas contratuais
e rescisórias do contrato de trabalho, como férias e terço constitucional, decimo terceiro e FGTS,
conforme postulado na exordial.

05 – JORNADA DE TRABALHO – HORAS IN TINERE

Em sendo reconhecido o Vínculo Empregatício entres as partes, conforme já exposto


no tópico 01 – NULIDADE CONTRATO DE SAFRA / VÍNCULO EMPREGATÍCIO”, faz jus a
Recorrente as horas in itinere.
Conforme exposto na inicia, a Reclamante embarcava em ônibus fornecido pela
Recorrida, às 06h40min (em um ponto próximo a residência da obreira), chegando ao local da
prestação de serviços às 06h55, iniciando sua jornada de trabalho às 07h00. Ao término da jornada
de trabalho, que ocorria às18h00min, a reclamante esperava os demais funcionários reunirem-se,
para somente então saírem do local da prestação de serviços, em direção as suas respectivas
residências, sendo que saíam da sede da Recorrida às 18h00, chegando em um ponto próximo a
residência da reclamante, ou seja, em sua residência às 18h15, num total de 30 (trinta) minutos
diários.
Frise-se Nobres Julgadores, que a Recorrente jamais recebeu o pagamento pelas horas
in itinere que habitualmente realizava, bem como considerando o devido adicional de horas extras
quando as mesmas se realizavam após a jornada de trabalho da Recorrente, extrapolando o limite
constitucional estabelecido.
Corroborando com a tese obreira, tem-se o depoimento da testemunha convidada
pela parte Recorrente, a Senhora Andressa do Rocio Moraes, que dispõe exatamente a
jornada despendida entre o ponto inicial até a Recorrida, conforme Ata de Audiência (ID nº
d5cb207):

Juiz: a senhora usava o ônibus para o trajeto?


Testemunha Andressa do Rocio: sim (Grifos Nosso).

Juiz: quanto tempo?


Testemunha Andressa do Rocio: uns 15 minutos (Grifos Nosso).

Juiz: pegava no mesmo ponto que ela?


Testemunha Andressa do Rocio: sim (Grifos Nosso).

Importante mencionar o depoimento do socio proprietário da Recorrida, que


confessou que os funcionários dependiam do transporte ofertado pela empresa, bem como
informou a media de distancia entre o ponto de embarque ate a unidade da Recorrida,
conforme Ata de Audiência (ID nº d5cb207):

Advogado da parte Recorrente: se esse ônibus da condução ele pegava todos


os funcionários eram so em um lugar?
Socio proprietário: era so em uma vila só (Grifos Nosso).

Advogado da parte Recorrente: e qual era a distância dessa vila até a chácara?
Socio proprietário: três quatro km (Grifos Nosso).

Deste modo, portanto, é que requer-se a reforma da r. Sentença (ID nº c9cefac) para
condenar a Recorrida ao pagamento das horas in itinere, com o respectivo adicional de horas
extras, quando estas ocorreram em sobre jornada, na proporção de 50% para o trabalho em dias
normais, tendo como base a remuneração da Recorrente, estas, sobre todas as demais verbas
contratuais e rescisórias do contrato de trabalho, como DSR, férias mais terço constitucional e
FGTS. Saliente-se que as horas in itinere serão devidas do início do contrato de trabalho da
Recorrente, desde 09/05/2016 até 10/11/2017, conforme pleiteado em exordial.

06 – DO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE:

Conforme pode-se visualizar de Sentença (ID nº c9cefac), o D. Juízo “a quo” indeferiu


o pedido em epígrafe, sob o fundamento de que o Recorrente não produziu prova apta a
desconstituir o laudo (ID nº 5463ddb, 9220884 e 99fe9c3), a saber:

ADICIONAL DE INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE


Submetida a questão ao crivo do Perito do Juízo, nos termos do art. 195 da
CLT, este, após minuciosa e detida análise das condições de trabalho da Autora,
no concluiu que pela inexistência de periculosidade ou de insalubridade
ambiente de trabalho (id. 5463ddb, 9220884 e 99fe9c3).
(...)
Neste contexto, é importante o Magistrado estender sua confiança ao
profissional competente, auxiliar do Juízo, de modo que o laudo pericial
constitui elementos de prova a amparar sua livre convicção (art. 371 do
CPC/2015), e somente deve ser desprezado quando existam razoes
extraordinárias que comprometam sua conclusão.
No caso em foco, acolho o laudo (id. 5463ddb, 9220884 e
99fe9c3), porque não apresenta qualquer inconsistência que comprometa sua
conclusão, mormente considerando que a parte autora não produziu prova apta
a desconstituí-lo.
Rejeito.

Em que pese a r. sentença (ID nº c9cefac) do D. Juízo “a quo” não tenha reconhecido o
direito da Recorrente a indenização do Adicional de Periculosidade, tem-se que o mesmo incorreu
em grave erro, conforma passa a fundamentar:
Prefacialmente, merece reforma, data vênia, visto que o laudo pericial encontra-se
equivocado, consoante adiante será demonstrado.
Na peça inicial (ID nº b52e613) narrou a Recorrente que no local da prestação de
serviços, havia dois tanques de combustível, com a capacidade de armazenamento de mais ou
menos 1.000 (mil) litros cada. Os referidos tanques de combustíveis, encontrava-se em um
barracão (aberto) onde a Recorrente e o demais funcionários adentravam com um trator (acoplado
com uma carretinha, a qual era utilizado para o transporte dos funcionários até o pomar).
Importante destacar que não era fornecido para a Recorrente nenhum equipamento de proteção
(EPI).
Determinada a realização da pericia técnica restou confirmada a existência de produtos
inflamáveis, no local de trabalho da Recorrente, inclusive, colaciona fotos no corpo do laudo.
Senão vejamos:
A r. sentença rejeitou a pretensão da obreira, acolhendo a conclusão do laudo pericial
de ser indevido o adicional de periculosidade, no que tange a exposição da Recorrente a agentes
inflamáveis.
Data vênia a conclusão pericial relativa a periculosidade, e consequentemente a
constante na r. sentença, não deve prevalecer, haja vista que a Recorrente desenvolveu suas
atividades em ambiente periculoso, fazendo jus ao respectivo adicional, não se justificando os
apontamentos periciais em contrário, bem com a fundamentação da r. sentença.
Com todo respeito ao Juízo de primeiro grau, este não dimensionou o extremo perigo
ao qual a Recorrente se submetia a cada vez que adentravam no barracão, com um volume
exagerado de combustível, o que além de revelar a perversidade da Recorrida ao colocar a vida
dos trabalhadores em risco, sem pagamento do correspondente adicional de periculosidade.
Não há como acolher a interpretação constante do laudo pericial e consequente a
conclusão da r. sentença aos fatos submetidos as suas apreciações.
Cumpre destacar, que o Anexo II, item 3, alínea “r”, da NR 16, estabelece como
área de risco a faixa de 3 metros da área de armazenamentos de combustíveis em
quantidade superior a 200 litros. Restou demonstrado através do depoimento do próprio socio-
proprietário da Recorrida, o qual confessou em Audiência de Instrução que a distância entre os
funcionários e o local onde ficava armazenado os combustíveis era em torno de 70 a 100 metros,
fatos este que podem ser constatados através de Ata de Audiência (ID nº d5cb207):

Juiza: e o refeitório fica onde?


Réu: a deve ficar uns 70 a 100m (Grifos Nosso)
Além do fato, do socio proprietário confessar que enquanto ocorria os
abastecimentos das máquinas agrícolas, os funcionários aguardavam no
barracão/refeitório com distância média entre 70 a 100 metros, tem-se o fato que restou
comprovado a existência do tanque de combustível, bem como a capacidade do mesmo,
fatos este que podem ser constatados através de Ata de Audiência (ID nº d5cb207):

Juíza: existe tanques de combustíveis na propriedade?


Réu: sim (Grifos Nosso)

Juíza: quantos?
Réu: um (Grifos Nosso)

Juíza: qual a capacidade?


Réu: mil litros (Grifos Nosso)

Resta evidente assim que, a r. sentença, data vênia, decidiu equivocadamente, visto que
a Recorrente adentrava no barracão onde estava os tanques de combustíveis, caracterizando assim
a sua exposição à agente periculoso –inflamável.
Assim, é que se requer a reforma da r. sentença (ID nº c9cefac), a fim de reconhecer,
como devido, o pagamento do adicional de periculosidade devido e não pago, durante todo o
período contratual de 30%, sobre a remuneração da Recorrente, conforme determina Súmula 191
TST. Caso assim Vossas Excelências não entendam o grau de periculosidade, requer que seja
calculado apenas sobre o salário base, bem como se requer que tal pagamento incida seus reflexos
sobre todas as demais verbas contratuais do contrato de trabalho, bem como, férias e terço
constitucional, décimo terceiro, e FGTS, nos exatos termos da exordial.

07 – ADICIONAL DE INSALUBRIDADE

Conforme pode-se visualizar de Sentença (ID nº c9cefac), o D. Juízo “a quo” indeferiu


o pedido em epígrafe, sob o fundamento de que a Recorrente não produziu prova apta a
desconstituir o laudo (ID nº 5463ddb, 9220884 e 99fe9c3), a saber:

ADICIONAL DE INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE


Submetida a questão ao crivo do Perito do Juízo, nos termos do art. 195 da
CLT, este, após minuciosa e detida análise das condições de trabalho da Autora,
no concluiu que pela inexistência de periculosidade ou de insalubridade
ambiente de trabalho (id. 5463ddb, 9220884 e 99fe9c3).
(...)
Neste contexto, é importante o Magistrado estender sua confiança ao
profissional competente, auxiliar do Juízo, de modo que o laudo pericial
constitui elementos de prova a amparar sua livre convicção (art. 371 do
CPC/2015), e somente deve ser desprezado quando existam razoes
extraordinárias que comprometam sua conclusão.
No caso em foco, acolho o laudo (id. 5463ddb, 9220884 e
99fe9c3), porque não apresenta qualquer inconsistência que comprometa sua
conclusão, mormente considerando que a parte autora não produziu prova apta
a desconstituí-lo.
Rejeito.

Em que pese a r. sentença (ID nº c9cefac) do D. Juízo “a quo” não tenha reconhecido o
direito da Recorrente a indenização do Adicional de Insalubridade, tem-se que o mesmo incorreu
em grave erro, conforma passa a fundamentar:
Prefacialmente, a Recorrente informou em no corpo da exordial, que exercia a função
de Trabalhadora Rural e mantinha contato direto com venenos, pois preparava a calda para
pulverização dos pomares. A Recorrente ainda mantinha contato com o sol diariamente, sem que
fosse fornecido EPIs para elidir o mesmo.
E mais, no pomar da Recorrida era passado veneno todos os dias do ano, para o
crescimento, e prevenções contra as pragas. No entanto, ocorria aplicação do referido veneno,
ocasionava uma garoa, quando borrifada sobre os pomares acabando por atingir todos os
funcionários que estavam no pomar. Além disso, a Recorrente inalava o veneno, e matinha contato
direto com o referido veneno, uma vez que acabava atingindo as frutas, as quais a Recorrente
selecionava.
Tal fato é constatado através de Ata de Audiência, documento de (ID nº d5cb207),
através do depoimento da testemunha convidada pela parte da Ré, a Sra. LUCIANE BARRETO
MACHADO, qual foi precisa em dizer que acontecia de estarem passando pulverização no pomar
e os funcionários estarem trabalhando ao mesmo tempo, esta respondeu da seguinte forma:

“é, as vezes sim, as vezes não”;

Frise-se, Nobre Turma Julgadora, que em razão dos venenos utilizados no âmbito do
trabalho, chegava a ocasionar irritação na pele da Recorrente. E mais, a Recorrente permaneceu
exposta de maneira habitual a ruídos, ruídos estes provenientes das máquinas utilizadas na
Recorrida, como por exemplo: trator (veículos utilizados para o transporte dos funcionários ate o
pomar), bem como o mecanismo utilizado para passar o veneno (equipamento acoplado junto ao
trator) os quais faziam muito barulho.
Os ruídos referidos estavam acima do limite de tolerância previsto no ANEXO nº 1, da
NR-15, ou seja, ultrapassavam de 85 dB(A), levando em consideração que a Recorrente laborava
em regime extraordinário, o que foi reconhecido em Sentença (ID nº c9cefac), ultrapassando a
oitava hora diária, portanto o presente anexo caracteriza o respectivo agente grau médio.
Cabe ressaltar, que embora a Recorrente estivesse exposto de maneira continua a
agentes insalubres (já relatados), ficou demonstrado que jamais recebeu valor algum a título de
adicional de insalubridade, em razão de laborar em tais condições, desta forma, tem-se que a
Recorrida feriu o artigo 166, da CLT.
Posto isto, perceba Nobre Turma Julgadora que o D. Juízo “a quo” sequer levou em
consideração os fatos expostos na exordial, simplesmente concluiu pelo indeferimento do pleito
em análise por uma mera convicção do laudo pericial, de que a Recorrente não mantinha contato
com agentes insalubres.
Caso assim Vossas Excelências, não entendam o adicional de periculosidade, é que se
requer sucessivamente a reforma da r. sentença (ID nº c9cefac), a fim de reconhecer, como devido,
o pagamento do adicional de insalubridade, sobre o salário base da Recorrente, no grau médio,
no importe de 20% (vinte por cento), em virtude da exposição do mesmo à agentes insalubres,
caso assim não entenda esta Nobre Turma Julgadora o devido o adicional de insalubridade em
grau médio, é que se requer, sucessivamente, que seja deferido em grau menor, tendo como base
o salário mínimo nacional, vigente a época, bem como se requer que tal pagamento incida seus
reflexos sobre todas as demais verbas contratuais e rescisórias do contrato de trabalho, como
férias e terço constitucional, décimo terceiro e FGTS, nos exatos termos da exordial.

08 – HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA EM FAVOR DO ADVOGADO DA PARTE


RECORRENTE. MAJORAÇÃO

Embora o D. Juízo “a quo” tenha procedido com a fixação de Honorários


Sucumbenciais, conforme pode-se visualizar da r. sentença (ID nº c9cefac), arbitrando o importe
de 10% (dez por cento) sobre o valor de liquidação da sentença, a r. Sentença merece reforma. A
título meramente ilustrativo, segue decisão dos Honorários de Sucumbência, a saber:

HONORÁRIOS SUCUMBÊNCIA
Considerando que houve procedência parcial na presente
demanda, e que o ajuizamento da ação ocorreu após a entrada em vigor da Lei
nº 13.467/2017, cabíveis horários de sucumbência recíproca, nos termos do §
3º do art. 791-A da CLT. Assim, estando ambas as partes assistidas por
advogado particular, são devidos honorários de sucumbência aos patronos de
cada parte, não sujeitos a compensação, nos termos do art. 791-A da CLT, que
ora fixo em 10% (dez por cento).

Em que pese o D. Juízo “a quo” tenha arbitrado o percentual de 10% (dez por cento),
tal percentual merece ser majorado para 15% (quinze por cento), nos termos do artigo 791-A §2º,
inciso I e IV, da CLT, pois como visto dos autos, a Reclamação Trabalhista (ID nº b52e613),
confeccionada nos autos, possui 40 (quarenta) laudas, onde as mesmas são compostas por Fatos,
Fundamentos jurídicos (Leis, Jurisprudências, Norma Regulamentadora e Convenção Coletiva de
Trabalho), e Pedidos extremamente fundamentados.
Ademais, como se não bastasse, a referida exordial, foi acompanhada de Memorial de
Cálculos (ID nº be98ca5) confeccionado por profissional credenciado, restando demonstrando que
o Patrono da Recorrente teve extremo grau de zelo profissional, realizando um trabalho
diferenciado, bem como despendendo tempo exigido para o seu serviço.
Nesta seara, deve o D. Juízo ater-se ao que dispõe o artigo 791-A da CLT para a
aplicação dos Honorários de Sucumbência, o qual assim disciplina:

Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos
honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e
o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação
da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo,
sobre o valor atualizado da causa.
§ 1º Os honorários são devidos também nas ações contra a Fazenda Pública e
nas ações em que a parte estiver assistida ou substituída pelo sindicato de sua
categoria.
§ 2º Ao fixar os honorários, o juízo observará:
I - o grau de zelo do profissional;
II - o lugar de prestação do serviço;
III - a natureza e a importância da causa;
IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu
serviço.
§ 3º Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários de
sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os honorários.
§ 4º Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em
juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as
obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva
de exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos dois anos
subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor
demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que
justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais
obrigações do beneficiário.
§ 5º São devidos honorários de sucumbência na reconvenção.

Com base no artigo 791-A da CLT, é notório que a Recorrente teve grande grau de zelo
na confecção da Reclamação Trabalhista, apresentando Fatos, Fundamentos e Pedidos, inclusive
anexando documentos probatórios de suas alegações, sem falar em Memorial de Cálculos; o que
por consequência, refletiu no trabalho realizado pelo Patrono da Recorrente, sem falar no tempo
exigido para o seu serviço, portanto, é notório que o percentual aplicado de Honorários
Sucumbenciais não reflete o trabalho, esforço, o tempo dedicado e o zelo profissional do Patrono
da Recorrente.
Destaca-se, ainda, Nobre Turma Julgadora que da análise da r. sentença, o Patrono da
Recorrente teve êxito em todos os pedidos formulados, somente Reajuste Salarial e Multa do
Artigo 467 da CLT é que foram indeferidos, em razão do entendimento do D. Juízo “a quo”.
Assim, o Patrono da Recorrente teve que dedicar tempo a redigir o presente Recurso Ordinário a
fim de reformar questões que encontravam-se incontroversas nos autos.
Com relação a Majoração dos Honorários de Sucumbência, tem-se, a título
exemplificativo, os autos de nº 0000351-07.2019.5.09.0656 (RTSum), que foi julgado pela 6ª
Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região, bem como os autos de nº 0000217-
77.2019.5.09.0656 (RTOrd), que foi julgado pela 1ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da
9ª Região, onde foi Majorado os Honorários de Sucumbência do Patrono da Recorrente, em razão
de que os patronos atuaram de forma específica e individualizada, tecendo argumentos fáticos e
jurídicos de acordo com a situação específica em análise e não com base em situações análogas
ou casos gerais.
Com base no exposto, requer-se a reforma da r. sentença (ID nº c9cefac), a fim de que
seja procedido com a majoração do percentual devido pela Recorrida ao Patrono da Recorrente,
no que tange aos Honorários Sucumbenciais, sugerindo o percentual de 15% (quinze por cento)
do valor de Liquidação de Sentença, no entanto, caso esta Nobre Turma Julgadora não entenda
pela referida sugestão, é que se requer, sucessivamente, que seja arbitrado percentual que
entenderem ser razoável ao caso em tela.
09 – DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS – PATRONO RECORRIDA

Em Sentença (ID nº c9cefac), o D. Juízo “a quo” arbitrou o importe de 10% (dez por
cento), com base de cálculo o valor efetivamente sucumbido, de acordo com os valores atribuídos
aos pedidos constantes na exordial que foram julgados improcedentes, a saber:

HONORÁRIOS SUCUMBÊNCIA
Considerando que houve procedência parcial na presente
demanda, e que o ajuizamento da ação ocorreu após a entrada em vigor da Lei
nº 13.467/2017, cabíveis horários de sucumbência recíproca, nos termos do §
3º do art. 791-A da CLT. Assim, estando ambas as partes assistidas por
advogado particular, são devidos honorários de sucumbência aos patronos de
cada parte, não sujeitos a compensação, nos termos do art. 791-A da CLT, que
ora fixo em 10% (dez por cento).

Prefacialmente, há de se destacar, em sendo reformada a r. Sentença (ID nº c9cefac) do


D. Juízo “a quo”, o que se espera, não há o que se falar em sucumbência da Recorrente.
Nobres Julgadores, a presente Reclamatória Trabalhista foi ajuizada após a vigência da
Lei nº 13.467/2017, popularmente conhecida como "Reforma Trabalhista", onde houve a
inovação no que tange Honorários de Sucumbência.
Desta forma, são aplicáveis, no caso em tela, as disposições contidas no artigo 791-A
da CLT. No entanto, os Honorários de Sucumbência, quando aplicáveis ao Advogado da parte Ré,
somente será devido sobre os pedidos julgados totalmente improcedentes.
Inclusive, é de suma importância destacarmos a recente decisão do Tribunal Regional
do Trabalho da 12ª Região (TST – SC), onde os Desembargadores firmaram entendimento de que
os honorários de sucumbência (no que tange ao valor que a parte Autora deverá indenizar o
Advocado para parte contrária) deverão incidir somente sobre os pedidos do trabalhador julgados
totalmente improcedentes. Referida decisão teve o placar de 16 (dezesseis) votos a favor do
mencionado entendimento, contra 02 (dois) votos. (https://portal.trt12.jus.br/noticias/trabalhador-
so-deve-pagar-honorarios-de-sucumbencia-sobre-pedidos-julgados-totalment HYPERLINK
"https://portal.trt12.jus.br/noticias/trabalhador-so-deve-pagar-honorarios-de-sucumbencia-sobre-
pedidos-julgados-totalmente"e).
Corroborando com a tese da Recorrente, no que tange aos Honorários Sucumbenciais,
segue entendimentos dos Tribunais Regionais do Trabalho em geral
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA PARCIAL. O
pagamento de honorários aos advogados do reclamado teria cabimento apenas
se houvesse pedidos julgados improcedentes, mas não na hipótese de
procedência parcial dos pedidos, caso dos autos. (TRT-3 - RO:
00101443220205030096 MG 0010144-32.2020.5.03.0096, Relator: Weber
Leite de Magalhaes Pinto Filho, Data de Julgamento: 05/08/2020, Nona
Turma, Data de Publicação: 06/08/2020.)

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA PARCIAL DOS


RECLAMANTE. Em se tratando de ação ajuizada após a vigência da Lei nº
13.467/2017, são aplicáveis as disposições previstas no art. 791-A da CLT.
Entretanto, os honorários sucumbenciais em favor dos advogados da
reclamada são devidos somente sobre os pedidos totalmente improcedentes, do
que não se cogita na espécie. (TRT-4 - ROT: 00206359420185040305, Data de
Julgamento: 06/12/2019, 7ª Turma)

Conjugando a inteligência do § 3º do art. 791-A da CLT com a regra geral


prevista no "caput" do art. 85 do CPC (A sentença condenará o vencido a pagar
honorários ao advogado do vencedor.), extrai-se que os honorários
advocatícios devidos pelo trabalhador sucumbente devem ser calculados sobre
a soma dos valores dos pedidos que forem julgados totalmente improcedentes.
Afinal, a sucumbência é aferida à luz da pretensão veiculada em cada pedido,
independentemente da expressão monetária atribuída a ele, por isso eventual
deferimento parcial da verba trabalhista pleiteada não gera ao demandante o
encargo de pagar honorários advocatícios sobre a diferença entre o valor
apurado na liquidação e a quantia postulada na peça de ingresso. Recurso do
Reclamante a que se dá provimento, no particular. 0000936-49.2018.5.09.0024
(RO), de relatoria do des. UBIRAJARA CARLOS MENDES, em 30/07/2019.

RECURSO ORDINÁRIO DO MUNICÍPIO. SUCUMBêNCIA


MERAMENTE PARCIAL. AUSÊNCIA DE PEDIDOS JULGADOS
TOTALMENTE IMPROCEDENTES. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
SUCUMBENCIAIS RECÍPROCOS INDEVIDOS. A procedência dos pedidos
formulados na petição inicial, ainda que em quantidade inferior ao postulado,
não caracteriza sucumbência recíproca, o que somente ocorre na hipótese de
pedidos totalmente indeferidos. Dessa forma, é indevida a condenação da
autora ao pagamento dos honorários advocatícios sucumbenciais em favor do
patrono do réu. Recurso ordinário a que se nega provimento. (…) (TRT-13 -
RO: 00007961520195130009 0000796-15.2019.5.13.0009, Data de
Julgamento: 18/08/2020, 2ª Turma, Data de Publicação: 25/08/2020)

Outrossim, ante a quase total procedência da Reclamação Trabalhista, tem-se que o va-
lor arbitrado ao Patrono da parte recorrida, a título de honorários sucumbenciais, deve ser refor-
mado, em razão de que não retrata o caso em tela, sem falar que extrapola o trabalho que a parte
recorrente, mediante seu Procurador, teve nos autos, portanto, deve ser limitada a sucumbência
aos pedidos integralmente improcedentes, em percentual de 5% (cinco por cento) sobre os mes-
mos.
Ante o exposto, é que pugna pela reforma da r. Sentença (ID nº c9cefac), para que, em
sendo reformada a r. Sentença, em sua totalidade, o que se espera, é que se requer a exclusão dos
honorários advocatícios em desfavor do Patrono da parte Recorrida, caso assim não seja o enten-
dimento desta Nobre Turma Julgadora, é que se requer, sucessivamente, que os honorários de
sucumbência da parte Recorrida sejam calculados somente sobre os pedidos “integralmente” im-
procedentes, nos termos da fundamentação, bem como, em virtude da procedência quase que total
da Reclamação Trabalhista, a porcentagem da condenação do recorrente aos honorários sucum-
benciais do Patrono da recorrida, devem ser reduzidos/minorados ao mínimo de 5% (cinco por
cento).

CONCLUSÃO

Diante de todo o exposto, é que se requer o conhecimento do presente recurso, e no


mérito, o seu total provimento para que seja reformada a r. Sentença (ID nº c9cefac) do D. Juízo
“a quo”, nos termos do presente recurso.

Termos em que,
Pede e espera deferimento.

Castro, 18 de Maio de 2023.

Adão Monteiro Filho


OAB/PR nº 64.598
Rulhano Cezar
OAB/PR nº 79.491

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