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TRABALHO DE CASTRO – PR
JULIANA APARECIDA MENDES BETIM, já qualificada nos autos em epígrafe, que move
em face de ROBERTO TAKAMITSU AKAHANE, vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, através de seu procurador, adiante assinado, com fulcro no artigo 895, I, da CLT,
interpor:
RECURSO ORDINÁRIO
Nestes termos,
Pede e espera deferimento.
Rulhano Cezar
OAB/PR nº 79.491
EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) DESEMBARGADOR(A)
RELATOR(A) DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 09ª
REGIÃO
Eméritos Julgadores,
A respeitável sentença do Juízo “a quo” merece ser reformada, pois que deixou de
considerar elementos importantes ao justo julgamento da lide, afrontando garantias
constitucionais fundamentais, conforme se verificará adiante.
PRELIMINARMENTE
A) DA TEMPESTIVIDADE
Importante salientar que o presente Recurso Ordinário é tempestivo, haja vista que a
Sentença de Embargos de Declaração (ID nº ce86416) ocorreu no dia 04 (quatro) de Maio 2023.
Ante a referida Sentença ter sido disponibilizada no dia 04 (quatro) de Maio 2023, a
mesma foi Publicada no Diário Oficial Justiça no dia 08 (oito) de Maio 2023 (conforme pode-se
observar de aba “Expedientes), iniciando a fruição do prazo para interposição de Recurso no dia
09 (nove) de Maio 2023.
Desta forma, como a fruição do prazo para interposição de Recurso Ordinário foi a partir
do dia 09 (nove) de Maio 2023, e nos termos do artigo 895, inciso I, da CLT, o prazo para
interposição de Recurso Ordinário é de 08 (oito) dias, tem-se que, o prazo final para a interposição
do referido recurso é no dia 18 (dezoito) de Maio 2023, ou seja, a Recorrente procede com a
apresentação de recurso tempestivamente, conforme demonstra “print” abaixo:
B) DO CERCEAMENTO DE DEFESA
MÉRITO
Omissão – Cerceamento de defesa: A reclamante sustenta que há omissão na
sentença quanto a arguição de nulidade em razões finais, por cerceamento de
defesa, em função do indeferimento da realização de nova perícia, como se
infere às fls. 314/315. Sanando a omissão, passa-se à analise da questão
suscitada. Sanando a omissão, passa-se à análise da questão suscitada. No
entendimento da parte autora, “o D. Juízo, ao indeferir o
requerimento para realização de nova perícia, indeferiu meios para a produção
de provas, o qual teria suma importância, assim, este, cerceou o direito do
autor, constitucionalmente assegurado, pois, restou incontroverso que a
Reclamante” (fls. 314/315 – destaques acrescidos). Sem razão, já que foi
oportunizada a produção de prova pericial
e ao responder os quesitos complementares o perito esclareceu que “as
atividades foram exercidas pela Reclamante na lavoura (...) nas atividades
realizadas pela Reclamante no processo em questão não há atividade e ou
tarefas na lavoura com aplicação de agrotóxicos (poda, ralação, capina, aplicar
veneno em formigueiros, colheita manual, polinização de aboboras), conforme
procedimentos relatados pela
” (fl. 300), deixando claro que o trabalho da autora na lavoura foi mesma no
ato pericial reconhecido, mas sem envolvimento no processo de aplicação de
agrotóxicos. Nestas circunstâncias, não há sentido na realização de nova
perícia. Não se pode perder de vista que o juiz não é apenas o
destinatário da prova, mas também destinatário da análise da pertinência e
relevância da prova, ficando autorizado a indeferir as diligências inúteis ou
meramente protelatórias, na forma do artigo 370, parágrafo único do CPC.
No caso, foi oportunizada a produção de prova pericial, sendo
que o inconformismo da parte com o resultado da perícia não autoriza a
realização de nova diligência. Por estas razões, afasta-se a nulidade arguida,
mantendo-se o indeferimento do pedido de realização de nova perícia.
Acolho para, sanando omissão, rejeitar a pretensão de fundo.
Cumpre ressaltar, Vossas Excelências, que a Recorrente não concorda com o Laudo
Pericial, (ID nº 5463ddb), apresentado pelo “Expert”, apresentou Quesitos Complementares, (ID
nº 9220884), afim de sanar possíveis dúvidas, equívocos, porém, da análise do Laudo Pericial
Complementar, documentos de (ID nº 9220884), resta nítido que as dúvidas perduraram, pois
inconclusivo o referido laudo.
A fim de demonstrar que os referidos Laudos Periciais são inconclusivos, tem-se que,
através da pergunta de nº 10, foi questionado o “Expert”, qual era a distância do local onde fica o
tanque de combustível até o local onde a autora realizava suas refeições, e este, assim respondeu:
Excelências o intuito do referido quesito de nº 10, era saber a distância entre o tanque
de combustível e o local onde a Recorrente laborava, no entanto o “Expert” não foi claro em sua
resposta, vez que não informou onde ficava a Recorrente, bem como qual era a distância.
E mais, o mesmo fato ocorre na pergunta de nº 8, quando foi questionado o “Expert”,
qual era a distância do local onde fica o tanque de combustível até o local da prestação de serviços
da autora, e este, assim respondeu:
Desta forma, não há como acolher a conclusão pericial no sentido que não havia
insalubridade e nem periculosidade nas atividades desenvolvidas pela Recorrente. É induvidoso
o labor em condições insalubres decorrentes de contato e ou exposição da obreira com agentes
nocivos à saúde em atividades e operações insalubres, conforme preconizado nos anexos da NR
15, bem como a exposição a área de riscos em atividades e operações perigosas, conforme previsto
nos anexos da NR 16, NR’s, em razão do inequívoco contato com agentes.
Ainda mais, no caso presente, em que no local da prestação de serviços da Recorrente,
havia tanques de combustível. Sendo que os referidos tanques de combustíveis, encontravam-se
em um barracão (aberto) onde a obreira e o demais funcionários adentravam com um trator
(acoplado com uma carretinha, a qual era utilizado para o transporte dos funcionários até o
pomar).
Bem como pelo fato da Recorrente manter contato direto com venenos, pois esta
preparava a calda para pulverização dos pomares, em razão das formigas (com o nome “broca”).
Aplicação de veneno ocorria, sempre que necessário. A Recorrente mantinha contato, também
com o sol diariamente, sem que fosse fornecido EPIs para elidir o mesmo. Ora, Excelências,
embora a obreira desempenhasse tais funções, procede-se com a transcrição do trecho onde o Sr.
Perito informa que não precisa utilizar EPI”s, a saber:
Ademais, o Sr. Perito informa o tempo médio gasto para abastecimento do trator a saber:
E mais Nobre Turma Julgadora, no pomar da Recorrida era passado veneno todos os
dias do ano, para o crescimento, e prevenções contra as pragas. No entanto, ocorria aplicação do
referido veneno, ocasionava uma garoa, quando borrifada sobre os pomares acabando por atingir
todos os funcionários que estavam no pomar. Além disso, a Recorrente inalava o veneno, e
matinha contato direto com o referido veneno, uma vez que acabava atingindo as frutas, as quais
a Recorrente selecionava.
Tal fato foi constatado através de Ata de Audiência, documento de (ID nº d5cb207),
através do depoimento da testemunha convidada pela parte da Ré, a Sra. LUCIANE BARRETO
MACHADO, qual foi precisa em dizer que acontecia de estarem passando pulverização no pomar
e os funcionários estarem trabalhando ao mesmo tempo, esta respondeu da seguinte forma:
“é, as vezes sim, as vezes não”;
Ora Nobres Julgadores, não crível que tal garoa de venenos atingida nos funcionários,
não geraria o devido adicional de insalubridade.
Em que pese a Recorrente permanecer exposta durante toda sua contratualidade a
agentes insalubre/agente periculosos, esta jamais recebeu quaisquer valores acerca de adicional
de insalubridade e tampouco de periculosidade.
Portanto, com base no exposto, não se pode dar validade para o Laudo Pericial (ID nº
5463ddb), e o Laudo Pericial Complementar (ID nº 9220884) do “Expert”, vez que este lança
laudo inconclusivo, omisso, contraditório e obscuro, conforme fundamentado
Desta feita, a reconsideração para realização de nova perícia, sem qualquer motivação
do juízo na decisão, caracteriza cerceamento de defesa, com evidente prejuízo a Recorrente por
violação ao princípio constitucional da ampla defesa.
Corroborando com as alegações da Recorrente, de forma análoga, a 4ª Turma do
Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região, assim vem se posicionando sobre o tema
Cerceamento de Defesa:
Assim, tem-se que o Digníssimo Juízo “a quo” não respeitou o Direito Constitucional
assegurando, uma vez que o cerceamento de defesa fere o princípio do contraditório e da ampla
defesa, encontrando sua guarida na Constituição Federal, através de seu art. 5º, inciso LV, o qual
possibilita o direito de resposta e a utilização de todos os meios em Direito Admitidos, o que não
foi assegurado a Recorrente
Ante o exposto, é que se requer-se a reforma da r. Sentença (ID nº c9cefac), para que
seja declarada a nulidade da mesma, por cerceamento de defesa, determinando o retorno dos autos
à Vara de origem, afim de que a Recorrente possa ter oportunizada a realização de nova prova
pericial com outro perito. Bem como, em não sendo este o entendimento desta Nobre Turma
Julgadora, requer-se, sucessivamente, que este Egrégio Tribunal Regional do Trabalho proceda
com o julgamento do tema, em consonância com a Teoria da Causa Madura, com a realização de
nova prova pericial, a fim de comprovar que a Recorrente estava inserida em ambiente insalubre,
conforme fundamentado.
Ante todo o exposto, se vislumbra que o ônus probatório quanto ao vínculo de emprego
caberia, de forma cabal, a parte Recorrida, ônus este que não se desvencilhou, conforme restará
demonstrado.
DO MÉRITO
Ora, Nobre Turma Julgadora, é crível que a testemunha convidada pela parte Ré tinha
tão somente o intuito de beneficiar a parte Ré.
Para que seja comprovado o vínculo empregatício há necessidade de que os seus
requisitos sejam preenchidos, nos termos do art. 3º da Consolidação das Leis do Trabalho, que
faz saber: “considera-se empregado toda e qualquer pessoa física que prestar serviços de
natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário”.
Pessoalidade: tal requisito é alto explicativo, entretanto, em singelas linhas, o referido
requisito significa que, o trabalhador não poderá fazer-se substituir por outro trabalhador, para o
desenvolvimento do serviço a ser realizado. Salienta-se que tal elemento obviamente está
vinculado ao anterior, ou seja, a Trabalho por Pessoa Física, porém, guarda importante distinção.
No caso em tela, restou comprovado que a Recorrente laborava com pessoalidade em
face da Recorrida, fatos estes que podem ser constatados através da Audiência de Instrução,
mediante documento Ata de Audiência (ID nº d5cb207), onde o próprio Sócio proprietário (Sr.
Roberto Takamitsu) confessou, a saber:
Juíza: como que era a rotina dela de trabalho, ela trabalhava todos os meses do
ano?
Réu: não, ela trabalhava assim na época da poda, digamos durante o ano
(Grifos Nosso)
Juíza: ta e depois?
Réu: acabava a poda e começava a ralhada (Grifos Nosso)
Subordinação: Por fim, e não menos importante, o último requisito para a configuração
do Vínculo Empregatício, a subordinação, que nada mais é que, a direção da prestação laboral
pelo empregador, sendo que, será este que determinará o modo como o trabalho será realizado,
bem como procederá com o controle da jornada de trabalho da obreira.
Nobres Julgadores, não há que se falar em contrato de safra no caso em tela, vez
que as frutas cultivadas pela parte Recorrida possuem um ciclo de produtividade,
dependendo das oscilações sazonais próprias da safra e da entressafra, ou seja, demanda
de tarefas permanentes e contínuas, como por exemplo o preparo do solo (cultivo e
plantio), quanto na colheita.
Em outras palavras, o suposto contrato de safra possui apenas um objetivo, fraudar a
aplicação das Leis Trabalhistas, e nesta linha de raciocínio, deve ser considerado nulo, com base
no artigo 9º da CLT.
Vejam Nobres Julgadores que os períodos laborados pela parte Recorrente abrangeram
tanto a safra, como também a entressafra, e por este motivo o labor ocorreu para atender a
necessidade permanente e não transitória da Recorrida.
Outrossim, Nobres Julgadores, não há que se falar em contrato de safra, tendo em
vista que, de fato, não se vislumbra que a Recorrente tenha executado um serviço específico
da safra, como o plantio ou a colheita relacionada à safra de determinado produto.
Evidente, portanto, a nulidade do aludido pacto, porquanto a contratação teve início
na entressafra e se estendeu até o término da safra.
Nesse sentido, tem-se os entendimentos jurisprudenciais:
Desta forma, presente nos autos todos os elementos necessários para a caracterização
do requerido vínculo empregatício, assim, com a devida vênia, a r. sentença merece reforma.
Por fim, mesmo que esta Nobre Turma Julgadora leve em consideração o depoimento
do preposto da parte Ré, onde confessa que a autora laborou por vários períodos, esta não tinha
oportunidade de trabalhar para outras pessoas, uma vez que restou demonstrado que laborou para
o Recorrido, ou seja, esta não tinha oportunidade para laborar em outros locais.
Deste modo, portanto, é que requer-se a reforma da r. Sentença (ID nº c9cefac), pelos
fatos já expostos, com base no princípio da primazia da realidade sobre a forma, requerendo o
reconhecimento do vínculo empregatício, no período compreendido entre 06 de abril de 2015 a
20 de junho de 2021, na função de Trabalhadora Rural, haja visto, que foram preenchidos todos
os requisitos legais e necessários para sua comprovação, com a consequente anotação da CTPS
da Recorrente, além de que, requer, a declaração da nulidade do Contrato de Safra, o qual sequer
foi anexado aos autos, conforme amplamente fundamentado.
02 – DA PRESCRIÇÃO
Uma vez reconhecido o Vínculo de emprego, conforme exposto no tópico acima item
“01 – NULIDADE CONTRATO DE SAFRA / VÍNCULO EMPREGATÍCIO” não há que se falar
em prescrição bienal.
Deste modo, portanto, é que requer-se a reforma da r. Sentença (ID nº c9cefac) para
afastar a declaração de prescrição bienal, sendo devido todos os direitos pleiteados em exordial.
03 – VERBAS RESCISÓRIAS
Uma vez reconhecido o Vínculo de emprego, conforme exposto no tópico item “01 –
NULIDADE CONTRATO DE SAFRA / VÍNCULO EMPREGATÍCIO” faz jus a Recorrente ao
pagamento de todas as verbas contratuais e rescisórias do contrato de trabalho, sendo elas:
c. o pagamento de 12/12 avos de 13º salário, referente ao ano de2016, 12/12 avos de 13º
salário, referente ao ano de 2017, 08/12 avos de 13º salário, referente ao ano de 2018,
05/12 avos de 13º salário, referente ao ano de 2019, 12/12 avos de 13º salário referente
ao ano de 2020, bem como 06/12 avos de 13º salário, referente ao ano de 2021;
Deste modo, portanto, é que requer-se a reforma da r. Sentença (ID nº c9cefac) para
condenar a Recorrida ao pagamento todas as verbas contratuais e rescisórias do contrato de
trabalho, conforme pleiteado em exordial.
Em que pese a r. sentença (ID nº c9cefac) do D. Juízo “a quo” não tenha reconhecido o
direito da Recorrente a indenização do salário maternidade, tem-se que o mesmo incorreu em
grave erro, conforma passa a fundamentar:
Primeiramente, em sendo reconhecido o Vínculo Empregatício entres as partes
conforme já exposto no tópico 01 – NULIDADE CONTRATO DE SAFRA / VÍNCULO
EMPREGATÍCIO”, não há que se falar em indeferimento do pleito de indenização substitutiva
pela prescrição bienal.
Conforme exposto na inicial, a Recorrente foi contratada em 06 de abril de 2015, para
exercer a função de Trabalhadora Rural. A obreira ao tomar conhecimento de sua gravidez em
agosto/2018, foi impedida de laborar, visto que a Recorrida não dispunha de local salubre para
possibilitar a prestação de seus serviços. A Recorrente somente voltou ao trabalho em abril/2019,
trabalhou por apenas 02 (duas) semanas. Voltando a ficar afastada até agosto/2019, momento em
que sua filha completou 06 (seis) meses. Entretanto, a Recorrente no terceiro mês de gestação,
especificamente em setembro/2018 até agosto/2019, necessitou ser afastada das atividades
laborais, em razão do seu estado gestacional, a fim de não ter contatos com possíveis agentes
insalubres.
Com o devido respeito à D. Juízo “a quo”, mas a r. sentença é um absurdo, tolhendo à
estabilidade prevista no artigo 10, II, b da ADCT, e infringindo o direito do nascituro, além de
ferir gravemente o princípio da proteção, em sua vertente da in dubio pro misero.
Ou seja, o D. Juízo “a quo” precisava interpretar o artigo 10, II, b da ADCT, e o fez com
base em interpretação analógica desfavorável à empregada, em sentido oposto ao Princípio mais
elementar do Direito do Trabalho.
Assim, violou o próprio artigo 10, II, b da ADCT, bem como divergiu da súmula 244 do
c. TST, leia-se:
Advogado da parte Recorrente: e qual era a distância dessa vila até a chácara?
Socio proprietário: três quatro km (Grifos Nosso).
Deste modo, portanto, é que requer-se a reforma da r. Sentença (ID nº c9cefac) para
condenar a Recorrida ao pagamento das horas in itinere, com o respectivo adicional de horas
extras, quando estas ocorreram em sobre jornada, na proporção de 50% para o trabalho em dias
normais, tendo como base a remuneração da Recorrente, estas, sobre todas as demais verbas
contratuais e rescisórias do contrato de trabalho, como DSR, férias mais terço constitucional e
FGTS. Saliente-se que as horas in itinere serão devidas do início do contrato de trabalho da
Recorrente, desde 09/05/2016 até 10/11/2017, conforme pleiteado em exordial.
06 – DO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE:
Em que pese a r. sentença (ID nº c9cefac) do D. Juízo “a quo” não tenha reconhecido o
direito da Recorrente a indenização do Adicional de Periculosidade, tem-se que o mesmo incorreu
em grave erro, conforma passa a fundamentar:
Prefacialmente, merece reforma, data vênia, visto que o laudo pericial encontra-se
equivocado, consoante adiante será demonstrado.
Na peça inicial (ID nº b52e613) narrou a Recorrente que no local da prestação de
serviços, havia dois tanques de combustível, com a capacidade de armazenamento de mais ou
menos 1.000 (mil) litros cada. Os referidos tanques de combustíveis, encontrava-se em um
barracão (aberto) onde a Recorrente e o demais funcionários adentravam com um trator (acoplado
com uma carretinha, a qual era utilizado para o transporte dos funcionários até o pomar).
Importante destacar que não era fornecido para a Recorrente nenhum equipamento de proteção
(EPI).
Determinada a realização da pericia técnica restou confirmada a existência de produtos
inflamáveis, no local de trabalho da Recorrente, inclusive, colaciona fotos no corpo do laudo.
Senão vejamos:
A r. sentença rejeitou a pretensão da obreira, acolhendo a conclusão do laudo pericial
de ser indevido o adicional de periculosidade, no que tange a exposição da Recorrente a agentes
inflamáveis.
Data vênia a conclusão pericial relativa a periculosidade, e consequentemente a
constante na r. sentença, não deve prevalecer, haja vista que a Recorrente desenvolveu suas
atividades em ambiente periculoso, fazendo jus ao respectivo adicional, não se justificando os
apontamentos periciais em contrário, bem com a fundamentação da r. sentença.
Com todo respeito ao Juízo de primeiro grau, este não dimensionou o extremo perigo
ao qual a Recorrente se submetia a cada vez que adentravam no barracão, com um volume
exagerado de combustível, o que além de revelar a perversidade da Recorrida ao colocar a vida
dos trabalhadores em risco, sem pagamento do correspondente adicional de periculosidade.
Não há como acolher a interpretação constante do laudo pericial e consequente a
conclusão da r. sentença aos fatos submetidos as suas apreciações.
Cumpre destacar, que o Anexo II, item 3, alínea “r”, da NR 16, estabelece como
área de risco a faixa de 3 metros da área de armazenamentos de combustíveis em
quantidade superior a 200 litros. Restou demonstrado através do depoimento do próprio socio-
proprietário da Recorrida, o qual confessou em Audiência de Instrução que a distância entre os
funcionários e o local onde ficava armazenado os combustíveis era em torno de 70 a 100 metros,
fatos este que podem ser constatados através de Ata de Audiência (ID nº d5cb207):
Juíza: quantos?
Réu: um (Grifos Nosso)
Resta evidente assim que, a r. sentença, data vênia, decidiu equivocadamente, visto que
a Recorrente adentrava no barracão onde estava os tanques de combustíveis, caracterizando assim
a sua exposição à agente periculoso –inflamável.
Assim, é que se requer a reforma da r. sentença (ID nº c9cefac), a fim de reconhecer,
como devido, o pagamento do adicional de periculosidade devido e não pago, durante todo o
período contratual de 30%, sobre a remuneração da Recorrente, conforme determina Súmula 191
TST. Caso assim Vossas Excelências não entendam o grau de periculosidade, requer que seja
calculado apenas sobre o salário base, bem como se requer que tal pagamento incida seus reflexos
sobre todas as demais verbas contratuais do contrato de trabalho, bem como, férias e terço
constitucional, décimo terceiro, e FGTS, nos exatos termos da exordial.
07 – ADICIONAL DE INSALUBRIDADE
Em que pese a r. sentença (ID nº c9cefac) do D. Juízo “a quo” não tenha reconhecido o
direito da Recorrente a indenização do Adicional de Insalubridade, tem-se que o mesmo incorreu
em grave erro, conforma passa a fundamentar:
Prefacialmente, a Recorrente informou em no corpo da exordial, que exercia a função
de Trabalhadora Rural e mantinha contato direto com venenos, pois preparava a calda para
pulverização dos pomares. A Recorrente ainda mantinha contato com o sol diariamente, sem que
fosse fornecido EPIs para elidir o mesmo.
E mais, no pomar da Recorrida era passado veneno todos os dias do ano, para o
crescimento, e prevenções contra as pragas. No entanto, ocorria aplicação do referido veneno,
ocasionava uma garoa, quando borrifada sobre os pomares acabando por atingir todos os
funcionários que estavam no pomar. Além disso, a Recorrente inalava o veneno, e matinha contato
direto com o referido veneno, uma vez que acabava atingindo as frutas, as quais a Recorrente
selecionava.
Tal fato é constatado através de Ata de Audiência, documento de (ID nº d5cb207),
através do depoimento da testemunha convidada pela parte da Ré, a Sra. LUCIANE BARRETO
MACHADO, qual foi precisa em dizer que acontecia de estarem passando pulverização no pomar
e os funcionários estarem trabalhando ao mesmo tempo, esta respondeu da seguinte forma:
Frise-se, Nobre Turma Julgadora, que em razão dos venenos utilizados no âmbito do
trabalho, chegava a ocasionar irritação na pele da Recorrente. E mais, a Recorrente permaneceu
exposta de maneira habitual a ruídos, ruídos estes provenientes das máquinas utilizadas na
Recorrida, como por exemplo: trator (veículos utilizados para o transporte dos funcionários ate o
pomar), bem como o mecanismo utilizado para passar o veneno (equipamento acoplado junto ao
trator) os quais faziam muito barulho.
Os ruídos referidos estavam acima do limite de tolerância previsto no ANEXO nº 1, da
NR-15, ou seja, ultrapassavam de 85 dB(A), levando em consideração que a Recorrente laborava
em regime extraordinário, o que foi reconhecido em Sentença (ID nº c9cefac), ultrapassando a
oitava hora diária, portanto o presente anexo caracteriza o respectivo agente grau médio.
Cabe ressaltar, que embora a Recorrente estivesse exposto de maneira continua a
agentes insalubres (já relatados), ficou demonstrado que jamais recebeu valor algum a título de
adicional de insalubridade, em razão de laborar em tais condições, desta forma, tem-se que a
Recorrida feriu o artigo 166, da CLT.
Posto isto, perceba Nobre Turma Julgadora que o D. Juízo “a quo” sequer levou em
consideração os fatos expostos na exordial, simplesmente concluiu pelo indeferimento do pleito
em análise por uma mera convicção do laudo pericial, de que a Recorrente não mantinha contato
com agentes insalubres.
Caso assim Vossas Excelências, não entendam o adicional de periculosidade, é que se
requer sucessivamente a reforma da r. sentença (ID nº c9cefac), a fim de reconhecer, como devido,
o pagamento do adicional de insalubridade, sobre o salário base da Recorrente, no grau médio,
no importe de 20% (vinte por cento), em virtude da exposição do mesmo à agentes insalubres,
caso assim não entenda esta Nobre Turma Julgadora o devido o adicional de insalubridade em
grau médio, é que se requer, sucessivamente, que seja deferido em grau menor, tendo como base
o salário mínimo nacional, vigente a época, bem como se requer que tal pagamento incida seus
reflexos sobre todas as demais verbas contratuais e rescisórias do contrato de trabalho, como
férias e terço constitucional, décimo terceiro e FGTS, nos exatos termos da exordial.
HONORÁRIOS SUCUMBÊNCIA
Considerando que houve procedência parcial na presente
demanda, e que o ajuizamento da ação ocorreu após a entrada em vigor da Lei
nº 13.467/2017, cabíveis horários de sucumbência recíproca, nos termos do §
3º do art. 791-A da CLT. Assim, estando ambas as partes assistidas por
advogado particular, são devidos honorários de sucumbência aos patronos de
cada parte, não sujeitos a compensação, nos termos do art. 791-A da CLT, que
ora fixo em 10% (dez por cento).
Em que pese o D. Juízo “a quo” tenha arbitrado o percentual de 10% (dez por cento),
tal percentual merece ser majorado para 15% (quinze por cento), nos termos do artigo 791-A §2º,
inciso I e IV, da CLT, pois como visto dos autos, a Reclamação Trabalhista (ID nº b52e613),
confeccionada nos autos, possui 40 (quarenta) laudas, onde as mesmas são compostas por Fatos,
Fundamentos jurídicos (Leis, Jurisprudências, Norma Regulamentadora e Convenção Coletiva de
Trabalho), e Pedidos extremamente fundamentados.
Ademais, como se não bastasse, a referida exordial, foi acompanhada de Memorial de
Cálculos (ID nº be98ca5) confeccionado por profissional credenciado, restando demonstrando que
o Patrono da Recorrente teve extremo grau de zelo profissional, realizando um trabalho
diferenciado, bem como despendendo tempo exigido para o seu serviço.
Nesta seara, deve o D. Juízo ater-se ao que dispõe o artigo 791-A da CLT para a
aplicação dos Honorários de Sucumbência, o qual assim disciplina:
Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos
honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e
o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação
da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo,
sobre o valor atualizado da causa.
§ 1º Os honorários são devidos também nas ações contra a Fazenda Pública e
nas ações em que a parte estiver assistida ou substituída pelo sindicato de sua
categoria.
§ 2º Ao fixar os honorários, o juízo observará:
I - o grau de zelo do profissional;
II - o lugar de prestação do serviço;
III - a natureza e a importância da causa;
IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu
serviço.
§ 3º Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários de
sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os honorários.
§ 4º Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em
juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as
obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva
de exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos dois anos
subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor
demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que
justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais
obrigações do beneficiário.
§ 5º São devidos honorários de sucumbência na reconvenção.
Com base no artigo 791-A da CLT, é notório que a Recorrente teve grande grau de zelo
na confecção da Reclamação Trabalhista, apresentando Fatos, Fundamentos e Pedidos, inclusive
anexando documentos probatórios de suas alegações, sem falar em Memorial de Cálculos; o que
por consequência, refletiu no trabalho realizado pelo Patrono da Recorrente, sem falar no tempo
exigido para o seu serviço, portanto, é notório que o percentual aplicado de Honorários
Sucumbenciais não reflete o trabalho, esforço, o tempo dedicado e o zelo profissional do Patrono
da Recorrente.
Destaca-se, ainda, Nobre Turma Julgadora que da análise da r. sentença, o Patrono da
Recorrente teve êxito em todos os pedidos formulados, somente Reajuste Salarial e Multa do
Artigo 467 da CLT é que foram indeferidos, em razão do entendimento do D. Juízo “a quo”.
Assim, o Patrono da Recorrente teve que dedicar tempo a redigir o presente Recurso Ordinário a
fim de reformar questões que encontravam-se incontroversas nos autos.
Com relação a Majoração dos Honorários de Sucumbência, tem-se, a título
exemplificativo, os autos de nº 0000351-07.2019.5.09.0656 (RTSum), que foi julgado pela 6ª
Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região, bem como os autos de nº 0000217-
77.2019.5.09.0656 (RTOrd), que foi julgado pela 1ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da
9ª Região, onde foi Majorado os Honorários de Sucumbência do Patrono da Recorrente, em razão
de que os patronos atuaram de forma específica e individualizada, tecendo argumentos fáticos e
jurídicos de acordo com a situação específica em análise e não com base em situações análogas
ou casos gerais.
Com base no exposto, requer-se a reforma da r. sentença (ID nº c9cefac), a fim de que
seja procedido com a majoração do percentual devido pela Recorrida ao Patrono da Recorrente,
no que tange aos Honorários Sucumbenciais, sugerindo o percentual de 15% (quinze por cento)
do valor de Liquidação de Sentença, no entanto, caso esta Nobre Turma Julgadora não entenda
pela referida sugestão, é que se requer, sucessivamente, que seja arbitrado percentual que
entenderem ser razoável ao caso em tela.
09 – DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS – PATRONO RECORRIDA
Em Sentença (ID nº c9cefac), o D. Juízo “a quo” arbitrou o importe de 10% (dez por
cento), com base de cálculo o valor efetivamente sucumbido, de acordo com os valores atribuídos
aos pedidos constantes na exordial que foram julgados improcedentes, a saber:
HONORÁRIOS SUCUMBÊNCIA
Considerando que houve procedência parcial na presente
demanda, e que o ajuizamento da ação ocorreu após a entrada em vigor da Lei
nº 13.467/2017, cabíveis horários de sucumbência recíproca, nos termos do §
3º do art. 791-A da CLT. Assim, estando ambas as partes assistidas por
advogado particular, são devidos honorários de sucumbência aos patronos de
cada parte, não sujeitos a compensação, nos termos do art. 791-A da CLT, que
ora fixo em 10% (dez por cento).
Outrossim, ante a quase total procedência da Reclamação Trabalhista, tem-se que o va-
lor arbitrado ao Patrono da parte recorrida, a título de honorários sucumbenciais, deve ser refor-
mado, em razão de que não retrata o caso em tela, sem falar que extrapola o trabalho que a parte
recorrente, mediante seu Procurador, teve nos autos, portanto, deve ser limitada a sucumbência
aos pedidos integralmente improcedentes, em percentual de 5% (cinco por cento) sobre os mes-
mos.
Ante o exposto, é que pugna pela reforma da r. Sentença (ID nº c9cefac), para que, em
sendo reformada a r. Sentença, em sua totalidade, o que se espera, é que se requer a exclusão dos
honorários advocatícios em desfavor do Patrono da parte Recorrida, caso assim não seja o enten-
dimento desta Nobre Turma Julgadora, é que se requer, sucessivamente, que os honorários de
sucumbência da parte Recorrida sejam calculados somente sobre os pedidos “integralmente” im-
procedentes, nos termos da fundamentação, bem como, em virtude da procedência quase que total
da Reclamação Trabalhista, a porcentagem da condenação do recorrente aos honorários sucum-
benciais do Patrono da recorrida, devem ser reduzidos/minorados ao mínimo de 5% (cinco por
cento).
CONCLUSÃO
Termos em que,
Pede e espera deferimento.