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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL

DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SANTA CATARINA

Processo nº...
Agravante: BELA MUSA
Agravado: GABRIELA

BELA MUSA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CPNJ nº, com sede na rua, nº,
cidade, Estado de Santa Catarina, CEP e endereço eletrô nico, representado pelo só cio e
representante Tiago, brasileiro, profissã o, estado civil, portador da Carteira de Identidade
nº, inscrito no CPF sob o nº, residente e domiciliado na Rua, Cidade de Florianó polis, no
Estado de Santa Catarina, CEP, vem à presença de Vossa Excelência, com fulcro no art.
1.015 e seguintes do CPC, interpor
AGRAVO DE INSTRUMENTO COM PEDIDO DE ATRIBUIÇÃO DE EFEITO SUSPENSIVO
Contra a decisã o interlocutó ria que atribuiu o ô nus da prova ao agravante, nos autos de
origem de nº..., movido em face da GABRIELA, já qualificados nos sequencias xxx, pelas
razõ es de fato e de direito a seguir expostas.
I - Do Preparo
A Agravante juntou a guia de pagamento do preparo recursal, com base na tabela de custas
deste Tribunal, nos termos dos artigos 1.007, caput e art. 1.017, § 1º, ambos do CPC.
II – Da tempestividade e do cabimento
O presente agravo de instrumento foi protocolado dentro do prazo de 15 dias ú teis,
iniciando-se a contagem quatro dias atrá s de que foi intimado, por ser dia ú til (segunda-
feira), nos moldes do art. 1.003, § 5º, 219 e 231, todos do CPC, assim, é tempestivo o
recurso.
Ainda, é previsto no art. 1.015, XI do CPC, o cabimento de interposiçã o de recurso de agravo
de instrumento contra decisã o interlocutó ria referente a redistribuiçã o do ô nus da prova
fundamentada no art. 373, § 1º do CPC.
III - Nome e endereço dos procuradores das partes (art. 1.016, IV do CPC)
Advogado da agravante: nome, OAB nº e endereço profissional;
Advogado da agravada: nome, OAB nº e endereço profissional.
IV – Da juntada das peças necessárias (art. 1.017 do CPC)
Tendo em vista que se trata de autos eletrô nicos, deixo de juntar os documentos do art.
1.017, I e II, do CPC com base no disposto pelo pará grafo 5º do mesmo artigo, devido ao
fá cil acesso aos sequencias principais e por ser facultativo em acrescentar arquivos que
julgue relevante.
Posto isso, pugna-se pelo recebimento do presente recurso e o julgamento pelo Egrégio
Tribunal de Justiça, com devida intimaçã o da Agravada para oferecer contrarrazõ es, no
prazo de 15 dias, conforme art. 1.019, II do CPC.
Nesses termos, pede deferimento.
Cidade, data.
Advogado, assinatura eletrô nica.
OAB nº...

RAZÕES RECURSAIS
Processo nº...
Agravante: BELA MUSA
Agravado: GABRIELA
Origem: 3º VARA CÍVEL DA COMARCA DE FLORIANÓPOLIS – ESTADO DE SANTA
CATARINA.
Eméritos Julgadores
Colenda Câ mara
DAS RAZÕES DO AGRAVO DE INSTRUMENTO
A respeitá vel decisã o interlocutó ria do juízo a quo, merece ser reformada, uma vez que a
decisã o é de difícil cumprimento pela Agravante, considerando que necessá ria reforma
para prosseguimento do feito sem prejudicar a defesa, por conta do ô nus em comprovar
fato negativo.
I - RESUMO DOS FATOS
Nos autos de origem foi protocolada inicial de Açã o de Indenizaçã o por Danos Patrimoniais
e Extrapatrimoniais movida por Gabriela, com pedido principal em indenizaçã o por danos
morais, estéticos e materiais, em razã o da queimadura da Agravada, devido à prestaçã o de
serviço de retirada de mancha a laser da empresa Bela Musa.
Apó s audiência de tentativa de conciliaçã o, foi apresentada contestaçã o pugnando todos os
fatos arguidos em inicial e solicitada a produçã o de prova pericial e audiência de instruçã o
e julgamento para oitiva das testemunhas.
Assim, com a réplica da Agravada, foi proferida decisã o de saneamento e organizaçã o do
processo, em que nã o foi reconhecida a preliminar de litispendência, sob o fundamento de
que já havia sido extinta a outra açã o. Também, como pleiteado, foi revogado o benefício de
gratuidade de justiça anteriormente concedido a Agravada.
Ainda, apresentado os seguintes pontos controvertidos: atribuiçã o de responsabilidade à
empresa Bela Musa, por falha na prestaçã o dos serviços, atribuiçã o de responsabilidade
exclusiva à consumidora Gabriela, por desrespeito à s orientaçõ es pré-procedimentais,
constataçã o de danos patrimoniais e a respectiva extensã o, por fim, a configuraçã o de
danos estéticos, morais e as respectivas extensõ es. Além disso, foi deferida a produçã o de
prova pericial e agendamento de audiência de instruçã o.
Por fim, decidiu pela inversã o do ô nus da prova, nos termos do art. 373, § 1º, do CPC/15 e
6º, inciso VIII, do CDC, impondo-se à Agravante demonstrar que prestou os serviços
adequadamente e que a consumidora desrespeitou orientaçõ es, além de, demonstrar que a
consumidora nã o sofreu os danos extrapatrimoniais alegados na inicial., por tais razõ es,
interpõ e o presente agravo de instrumento, com o intuito de reformar decisã o do juízo a
quo.
II – DO DIREITO E DAS RAZÕES DO PEDIDO DE REFORMA
O Có digo de Processo Civil, em seu art. 373, versa sobre aplicaçã o do ô nus da prova entre
as partes, vejamos:
Art. 373. O ô nus da prova incumbe:
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do
autor.
Ademais, o referido artigo, expõ e que a distribuiçã o do ô nus da prova é feita com base na
posiçã o processual das partes e, conforme inciso dois, a Agravante já demonstrou fato
impeditivo, modificativo e extintivo, este ú ltimo nã o reconhecido pelo juízo de origem.
Porém, já demonstrado que o requerimento de danos morais e estéticos se trata de valor
extremamente oneroso e iló gicos e o nã o cabimento da devoluçã o dos valores pagos.
Portanto, é autorizado a redistribuiçã o dinâ mica do ô nus da prova, nos moldes do § 1º do
art. 373, do CPC:
§ 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à
impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à
maior facilidade de obtençã o da prova do fato contrá rio, poderá o juiz atribuir o ô nus da
prova de modo diverso, desde que o faça por decisã o fundamentada, caso em que deverá
dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ô nus que lhe foi atribuído.
Contudo, mesmo com a autorizaçã o de redistribuiçã o, tem-se que observar o requisito do §
2º do mesmo artigo, em que veda a aplicaçã o do § 1º em caso de gerar um encargo
impossível ou excessivamente difícil à parte incumbida.
Pois bem, como oportunizada a Agravante a possibilidade de se desincumbir do ô nus, pelo
art. 373, § 1º, do CPC, cabe mencionar que a decisã o contrapõ e o disposto pelo Có digo de
processo Civil, diante do encargo do ô nus negativo atribuído à Agravante, ou seja, foi
determinado que comprovasse que nã o ocorreu os danos extrapatrimoniais alegados pela
Agravada.
Assim, este é o entendimento jurisprudencial:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃ O POSSESSÓ RIA. OBRIGAÇÃ O DE NÃ O FAZER.
ASTREINTE. DESCUMPRIMENTO. Ô NUS DA PROVA. 1) Pelo ordenamento vigente, aquele
que faz a alegaçã o tem o dever de provar o alegado, nos termos do art. 373, I e II, do CPC. 2)
Compete à quele que alega o ô nus de demonstrar que a parte contrá ria descumpriu a
obrigaçã o de nã o fazer. Até porque, em tese, vê-se certa impossibilidade de se constituir
prova negativa da obrigaçã o de nã o fazer, o que poderia impor produçã o de prova
diabó lica. 3) Agravo provido. (AGRAVO DE INSTRUMENTO . Processo Nº 0000859-
31.2018.8.03.0000, Relator Desembargador CARMO ANTÔ NIO, CÂ MARA Ú NICA, julgado
em 21 de Agosto de 2018)
Dessa maneira, imposta a Agravante a produçã o de prova diabó lica, deve se considerar a
complexidade de demonstrar sentimento pessoal negativo da parte Agravada, desse modo,
com base na pessoalidade de prova, cabe a parte contrá ria comprovar o dano
extrapatrimonial.
Posto isso, é devida a aplicaçã o do art. 373, § 1º do CPC, tendo em vista que a distribuiçã o
do ô nus à empresa em comprovar que nã o ocorreu dano é impossível se realizar, além de
que toda a tentativa de cumprimento do encargo se torna desnecessá ria diante da
facilidade de comprovaçã o pela parte contrá ria.
Desse modo prevê o inciso VII do art. 6º do CDC:
VIII - a facilitaçã o da defesa de seus direitos, inclusive com a inversã o do ô nus da prova, a
seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegaçã o ou quando
for ele hipossuficiente, segundo as regras ordiná rias de experiências;
No mesmo sentido, tem-se o seguinte entendimento da inversã o do ô nus da prova quando
a produçã o de provas vai além da capacidade da parte incumbida:
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO INVERSÃ O DO Ô NUS DA PROVA
VULNERABILIDADE E HIPOSSUFICIÊ NCIA TÉ CNICA DISTRIBUIÇÃ O DINÂ MICA DO Ô NUS
DA PROVA INVERSÃ O - POSSIBILIDADE RECURSO IMPROVIDO. 1 - O Superior Tribunal de
Justiça tem mitigado os rigores da teoria finalista nas hipó teses em que a parte, embora nã o
se enquadre no conceito de destinatá rio final, se apresenta em situaçã o de vulnerabilidade,
legitimando sua proteçã o. 2 É possível a inversã o do ô nus da prova para facilitar a defesa
dos agravados em Juízo, vez que, conforme narrado na petiçã o inicial, as requeridas é que
possuem a documentaçã o relativa aos reparos realizados no caminhã o acidentado, capazes
de demonstrar se nã o era caso de perda total, bem como a possível existência de nexo
causal entre os serviços realizados e os defeitos posteriores, sendo evidente a sua
vulnerabilidade e hipossuficiência técnica relativamente à instruçã o probató ria. 3 - Não se
pode ignorar que, em certos casos, a produção de provas vai além da capacidade da
parte, devendo ser aplicada a teoria da distribuição dinâmica das provas, em
interpretação sistemática do Código de Defesa do Consumidor (art. 6º, VIII) e da
Constituição Federal, segundo a qual esse ônus recai sobre quem tiver melhores
condições de produzir a prova, conforme as circunstâncias fáticas de cada caso, tudo
nos termos de consolidado entendimento do Superior Tribunal de Justiça. 4 - Recurso
conhecido e desprovido.
(TJES, Classe: Agravo de Instrumento, 030189003186, Relator : MANOEL ALVES RABELO,
Ó rgã o julgador: QUARTA CÂ MARA CÍVEL , Data de Julgamento: 06/05/2019, Data da
Publicaçã o no Diá rio: 14/05/2019). (grifei).
Por tais motivos, foi interposto o presente recurso, com o objetivo de evitar medidas
desnecessá rias e impossíveis que dificultará a ampla defesa da parte, diante da inequívoca
e presumida hipossuficiência comprobató ria do Agravante, por tratar-se de matéria
personalíssima, além de que eventual comprovaçã o referente aos danos estéticos será
produzida por perito.
III - DA ATRIBUIÇÃO DO EFEITO SUSPENSIVO
No caso exposto, o magistrado de primeiro grau realizou a redistribuiçã o do ô nus da prova
ao Agravante, como já exposto e, também foi deferida audiência de instruçã o e julgamento
em que será colhida as provas testemunhais.
Portanto, com base no art. 1.019, I do CPC, é possível o pleito de efeito suspensivo:
Art. 1.019. Recebido o agravo de instrumento no tribunal e distribuído imediatamente, se
nã o for o caso de aplicaçã o do art. 932, incisos III e IV, o relator, no prazo de 5 (cinco) dias:
I - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir, em antecipaçã o de tutela, total
ou parcialmente, a pretensã o recursal, comunicando ao juiz sua decisã o;
Ainda, anuncia que nã o há matéria do presente recurso relacionado aos incisos III e IV do
art. 932, do CPC. Assim, é cabível a aplicaçã o do inciso I do artigo citado, a fim de aplicar o
efeito suspensivo.
Assim, é pertinente que em caso da nã o concessã o do efeito suspensivo de nada adiantará o
recebimento do recurso, considerando ser necessá rio a suspensã o para que em caso de
acolhimento seja oportunizada a parte contrá ria a produçã o de prova.
Neste contexto, o art. 300 do CPC prevê o preenchimento de dois requisitos para o
deferimento da tutela, tais como a evidência da probabilidade do direito e o perigo do dano.
Posto isso, atestando o fumus boni iuris, diante da previsã o do art. 1.019, I e art. 373, § 2º
ambos do CPC.
Ainda, está presente o periculum in mora, considerando que em caso de prosseguimento do
feito, a Agravante nã o fará uso do direito da ampla defesa, contrariando entã o o disposto no
art. 5º, LV da CF e eventual agendamento de nova audiência seria desnecessá ria, entã o,
consequentemente contrariaria o art. 5º, LXXXVIII da CF, que dispõ e sobre o princípio da
celeridade processual.
Diante dos fatos narrados e do cumprimento dos requisitos, merece acolhimento a
concessã o de efeito suspensivo, para que sejam suspensos os autos principais,
possibilitando assim, a ampla defesa da Agravante.
IV – DOS PEDIDOS
a) A concessã o pelo relator, na forma do art. 1.109, inciso I, do CPC, a concessã o do efeito
suspensivo, considerando a presença do periculum in mora e o fumus boni iuris, para que
suspenda os autos principais até o julgamento do presente recurso;
b) Intimaçã o da Agravada para, querendo, apresentar resposta em 15 dias (seq. art. 1.019,
II do CPC);
c) O conhecimento do presente recurso e acolhimento dos pedidos, com consequência
reforma da decisã o agravada, tendo em vista que é contrá ria ao art. 373, § 2º do CPC;
d) Requer, por fim, a dispensa de juntada dos documentos, nos termos do art. 1.017, § 5º do
CPC.
Nesses termos, pede deferimento.
Cidade, data.
Advogado, assinatura eletrô nica.
OAB nº...

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