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EXCELENTÍSSIMO SR.(A) DR.

(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA VARA DO JUIZADO


ESPECIAL CÍVEL DO FORO REGIONAL V – SÃO MIGUEL PAULISTA/ SP

Processo nº 0007439-81.2022.8.26.0005

CLAYSON FÉLIX DOS SANTOS, já qualificado nos autos em epígrafe, que move
contra NG3 MOGI DAS CRUZES CONSULTORIA E SERVIÇOS ADMINISTRATIVOS LTDA.
por seu advogado infra-assinado, vêm, à presença de Vossa Excelência, face ao r.
despacho de fls. 392, oferecer para os fins de direito suas

CONTRA RAZÕES AO RECURSO INOMINADO

Interposto na forma do artigo 42, § 2º da Lei 9.099/95, requerendo remessa dos autos
a superior instancia a fim de que a Egrégia Turma Recursal, conhecendo do recurso a ele
negue provimento, mantendo-se a r. decisão recorrida, como medida de Direito e de
Justiça.

Termos em que pede deferimento.

São Paulo, 06 de fevereiro de 2023.

CLEISSON APARECIDO DE JESUS MARTINS


OAB/SP 463.951
CONTRA - RAZÕES DE RECURSO INOMINADO

PROCESSO Nº 0007439-81.2022.8.26.0005
JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DO FORO REGIONAL V – SÃO MIGUEL PAULISTA – COMARCA
DE SÃO PAULO

RECORRENTE: NG3 MOGI DAS CRUZES CONSULTORIA E SERVIÇOS ADMINISTRATIVOS


LTDA

RECORRIDO: CLAYSON FÉLIX DOS SANTOS

EGRÉGIO COLÉGIO RECURSAL

COLENDA TURMA

ÍNCLITOS JULGADORES

Merece ser mantida integralmente a respeitável sentença recorrida, em


razão da correta apreciação das questões de fato e de direito, conforme restará
demonstrado ao final.

DA TEMPESTIVIDADE

De acordo com o disposto no artigo 42, § 2º da Lei 9.099/95, o Recurso


Inominado deverá ser respondido no prazo de 10 dias a contar da intimação do
recorrido.
Considerando que o recorrido teve ciência em 20/01/2023; e considerando
as prerrogativas da Defensoria Pública e o reconhecimento do prazo em dobro,
conforme disciplina o artigo 186 do Código de Processo Civil, a Defensoria terá prazo em
dobro para todas as suas manifestações, que começara a contar a partir da intimação
pessoal do Defensor, podendo ainda a pedido da Defensoria Pública a intimação pessoal
da parte, quando poderá o ato processual depender de providencias ou informações
que a parte há de prestar, aplicando-se ainda aos escritórios de pratica jurídicas das
faculdades na forma da lei e as entidades que prestam assistência jurídica gratuita, em
razão dos convênios firmados coma defensoria pública, in verbis:

Art. 186. A Defensoria Pública gozará de prazo em dobro para todas as suas
manifestações processuais.
§ 1º, O prazo tem início com a intimação pessoal do defensor público, nos
termos do art. 183, § 1º.
§ 2º A requerimento da Defensoria Pública, o juiz determinará a intimação
pessoal da parte patrocinada quando o ato processual depender de
providência ou informação que somente por ela possa ser realizada ou
prestada.
§ 3º O disposto no caput aplica-se aos escritórios de prática jurídica das
faculdades de Direito reconhecidas na forma da lei e às entidades que
prestam assistência jurídica gratuita em razão de convênios firmados com a
Defensoria Pública.

No caso em tela, conforme ofício anexo, o requerente fora encaminhado


através do convênio Defensoria Pública e OAB/SP.

DOS FATOS

O Recorrido propôs a presente ação em desfavor da Recorrente


asseverando, em apertada síntese, que em dezembro de 2021 financiou uma
motocicleta pelo banco Pan em 36 parcelas de R$ 663,98 cada.

Narra que em abril de 2022, buscou os serviços profissionais da NG3 MOGI


DAS CRUZES CONSULTORIA E SERVIÇOS ADMINISTRATIVOS LTDA. para renegociar os
juros do contrato de financiamento bancário entre o Recorrido e o banco Pan, e foi
convencido pela Recorrente de que era capaz de fazê-lo pelas vias administrativas.

Para tal prestação de serviços, o autor firmou contrato com a Recorrente


para pagamento de 34 parcelas de R$ 490,00 cada, efetuado o pagamento da primeira
parcela no valor de R$ 516,81 e recebeu a orientação da Recorrente de que deveria
parar de pagar o financiamento bancário, pois a NG3 quem o faria.
Ocorre que a Recorrente não prestou os serviços contratados e,
consequentemente, a financeira ingressou com ação de busca e apreensão do veículo,
o que obrigou o Recorrido a renegociar as parcelas em atraso.

Por sentir-se enganado, lesado e financeiramente prejudicado, recorreu aos


meios judiciais para assegurar seus direitos, requereu na exordial a desconstituição do
contrato de prestação de serviços firmado entre as partes, no valor total de R$
16.660,00, bem como para condená-la ao ressarcimento de R$ 516,81 (quinhentos e
dezesseis reais e oitenta e um centavos, devidamente corrigidos, e ao pagamento de
indenização por danos morais no valor de R$ 7.063,19 (sete mil e sessenta e três reais e
dezenove centavos).

Em sede de contestação, elencou em suas exaustivas 57 páginas, em


resumo, inépcia da inicial, ausência de propaganda enganosa, princípio da livre
contratação, inexistência de responsabilidade civil, faz pedido contraposto de litigância
de má-fé, e a condenação Autor ao pagamento da multa contratual celebrado entre as
partes.
Designada audiência de conciliação, restou infrutífera, designada audiência
de instrução e julgamento, A r. Magistrada julgou a demanda totalmente procedente,
reconhecendo a nulidade do contrato celebrado entre as partes, e condenando a Ré à
indenização por dano material no valor de R$ 516,00, e indenização por dano moral
no valor de R$ 7063,19.

Assim sendo, justa e equânime foi a decisão da Magistrada de primeiro grau,


uma vez que podemos perceber que houve a correta apreciação das questões de fato e
de direito.

No Recurso Inominado, a Recorrente alega comprovação da prestação do


serviço; ausência de julgamento do pedido contraposto – manutenção da cláusula penal
do contrato; também colaciona dezenas de estafantes decisões judiciais, sobre as quais,
a maioria não versam sobre os temas discutido no presente processo.

OFENSA AO PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE RECURSAL

Não é preciso qualquer esforço para perceber que o apelo não faz
contraposição à sentença hostilizada.

É flagrante que as Razões, sobremaneira confusa, não ataca,


especificamente, os fundamentos lançados na sentença testilhada. Inexiste confronto
direto ao mérito do decisum. Passa longe disso, a propósito; são totalmente dissociados,
sem dúvida. Não se aponta, lado outro, onde se encontra o erro da decisão judicial
combatida; o eventual desacerto, dessarte.

Em verdade, de mais a mais, a peça recursal praticamente trechos dos


temas antes levantado na contestação. Portanto, não há, verdadeiramente, razões
recursais, pois, como antes afirmado, apenas faz remissões à peça defensiva; nada
acresceu.

Nesse passo, inescusável que as pretensas razões colacionam teses


totalmente dissociadas da sentença meritória.

Desse modo, defronta o princípio da dialeticidade recursal. Afinal de contas,


se falamos em dialético, obviamente supõe-se discursivo; revelando formulações
organizadas, concatenadas, expondo-se um raciocínio encadeado.

A legislação adjetiva civil põe de manifesto essa


proposição, ad litteram:

CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro


grau, conterá:

[ ... ]

III - as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade;

Nesse sentido, vale destacar Luiz Guilherme Marinoni, quando revela, verbo
ad verbum:

4. Não conhecer. O relator deve inadmitir – isto é, não conhecer – o recurso


quando esse não preencher os requisitos intrínsecos e/ou extrínsecos que
viabilizam o seu conhecimento. Inadmissibilidade é gênero no qual se inserem
as espécies recurso prejudicado e recurso sem impugnação específica –
rigorosamente, portanto, bastaria alusão à inadmissibilidade. Recurso
prejudicado é recurso no qual a parte já não tem mais interesse recursal, haja
vista a perda de seu objeto – enquadrando-se, portanto, no caso de
inadmissibilidade (ausência de requisito intrínseco de admissibilidade
recursal). Recurso sem impugnação específica é aquele que não enfrenta os
fundamentos invocados pela decisão recorrida (ausência de requisito
extrínseco de admissibilidade recursal). [ ... ]

DO DIREITO

Merece ser mantida em todos seus termos a respeitável sentença, uma vez
que a Recorrente ofendeu norma preexistente; causou dano a Recorrida; e assim
existindo nexo de causalidade entre um e outro, como poderá ser observado a seguir.

1. Norma Violada

É nítido o dever de indenizar da Recorrente, uma vez que a prestação de


serviço oferecida por ele é defeituosa, em virtude disso causou danos a recorrida. O
artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor contempla a responsabilidade objetiva
dos fornecedores no caso de serviço, assim determina a norma ofendida:

Art. 14 - O fornecedor de serviços responde, independentemente da


existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por
defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.

§ 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o


consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias
relevantes, entre as quais:

I - o modo de seu fornecimento;

II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;

III - a época em que foi fornecido.

O Autor quando procurou os serviços da Recorrente, buscava reduzir o valor


da parcela do financiamento de sua motocicleta, induzido pelos termos contratuais,
passou a realizar o pagamento diretamente à Recorrente, sendo orientado pela mesma
que não deveria mais fazer pagamentos ao Banco que financiou sua motocicleta.

Sendo assim, seguindo tal orientação teve expedido em seu desfavor


mandado de busca e apreensão, ante o inadimplemento de suas prestações.

Veja que o Recorrido deixou de pagar as prestações cheias, a quem deveria


e passou a paga-las a Recorrente, sem saber que a Recorrente nada tinha feito para
diminuir a parcela do financiamento que, tanto é que o veículo quase foi apreendido.

O próprio documento juntado pela Recorrente nas fls. 31, deixa evidente a
conduta contratual no mínimo temerária, ao passo que contraditoriamente, diz-se valer
de seus serviços para diminuir a inadimplência, e ainda assim, orienta o Recorrido a
“esconder” a motocicleta em local fechado que não seja frequentado pelo Autor, o que
inclusive pode caracterizar a conduta tipificada no artigo 171 do Código Penal
(estelionato).
Ora, evidente que a conduta da Ré/Recorrente, se amolda perfeitamente no
que está tipificado no artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor.

Medida de rescisão contratual celebrado entre as partes é o que se impõe,


reconhecendo a culpa exclusiva da Recorrente, utilizando-se de cláusulas contratuais
que indiscutivelmente prejudicam a vida financeira do contratantes, podendo causar-
lhe ainda mais embaraços cíveis e criminais em decorrência de tais atos, nesse sentido
o Código de Defesa do Consumidor preconiza:

Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento


à oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá,
alternativamente e à sua livre escolha

I - Exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta,


apresentação ou publicidade;
II - Aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente;
III- Rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia
eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas
e danos.

Sendo assim, ficou claro que a Recorrente não praticou o entabulado


contratualmente, vez que, em razão disso, inclusive, fora expedido mandado de busca
e apreensão do veículo, objeto do contrato de prestação de serviços.

Dessa forma, deverá ser mantida a r. Decisão de primeiro grau que


determinou a rescisão contratual, bem como a devolução da quantia paga (indenização
por dano material), no valor de R$ 516,00 (quinhentos e dezesseis reais), devidamente
atualizada.

DA ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DO JULGAMENTO DE PEDIDO CONTRAPOSTO

Excelências, ao analisarmos a sentença do d. Juízo de primeiro grau,


podemos verificar que ao decidir pela anulação do contrato, ante as cláusulas abusivas
e temerárias que dele consta, a Magistrada automaticamente torna improcedente o
pedido contraposto.
Veja que seria impossível a ação ser procedente para julgar nulo o contrato
e declarar a inexigibilidade de todo e qualquer valor a ele atinente, condenando a
Ré/Recorrente no pagamento de dano material no valor de R$ 516,80, e ao mesmo
tempo condenar o Autor ao pagamento de multa contratual por resilição contratual no
valor de R$ 3.700,00.

DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, requer que essa Egrégia Turma Recursal negue
provimento ao recurso inominado interposto pelo NG3 MOGI DAS CRUZES
CONSULTORIA E SERVIÇOS ADMINISTRATIVOS LTDA. , e que seja mantida a respeitável
sentença do juízo de primeiro grau em todos os seus termos, como forma de inteira
justiça, caráter inibitório de conduta lesivas e caráter também educativo;

Requer ainda, a condenação dos honorários advocatícios em 20% sobre o


valor da condenação.

Termos em que pede deferimento,

São Paulo, 06 de fevereiro de 2023.

CLEISSON APARECIDO DE JESUS MARTINS


OAB/SP 463.951

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