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VISTOS, etc...

Dispensado o relatório, consoante art. 38, da Lei 9.099/95, passo ao


resumo dos fatos relevantes do processo.

ARTIMINA DA SILVA SANTOS ajuizou contra BV FINANCEIRA


S/A – CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO, a
presente AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXIGIBILIDADE DE DÉBITO
c/c REPARAÇÃO DE DANO MORAL, alegando que ao tentar realizar
um empréstimo bancário, teve seu crédito negado, por protesto
realizado pela requerida, referente a um contrato de financiamento que
já se encontra devidamente quitado. Pede a declaração de
inexigibilidade do débito em questão e reparação de dano moral.
Requer os benefícios da Gratuidade da Justiça.

Audiência de conciliação atermada sob ID 73438818. As partes não se


compuseram e dispensaram a produção de prova oral.

Em sua contestação (ID 73150472), a requerida impugna o valor da


causa, a assistência judiciária gratuita e levanta preliminar de carência
de ação, por ausência de interesse de agir. No mérito, sustenta, em
resumo, que ônus para cancelamento do protesto era exclusivamente
da autora, uma vez que a mesma foi devidamente intimada da exclusão
de seu nome dos cadastros restritivos. Alega, ainda, que não há dano
moral a ser reparado. Requer, face à apreciação do mérito, a
improcedência dos pedidos autorais.

Estes os fatos relevantes. Passo a decidir.

Inicialmente, afasta-se a impugnação ao valor da causa uma vez que a


parte impugnante limita-se a consignar a incorreção da quantia
atribuída na inicial, deixando de indicar o montante que entende devido.

Acerca da preliminar de carência, por ausência do interesse de agir,


fundamenta a requerida a tese de que a autora não tentou resolver
amigavelmente o litígio. Contudo, havendo a lesão ou ameaça de lesão
a direito, consubstanciada na lide tradicional, haverá interesse de agir,
porque, ainda que exista a possibilidade de obtenção do bem da vida
por meios alternativos de solução de conflitos, ninguém é obrigado a
solucionar seus conflitos de interesses por vias alternativas, o que
também afasta tal preliminar

Com relação à assistência judiciária requerida, benefício a que se refere


a Lei 1.060/50, observo que basta que o interessado declare o estado
de hipossuficiência. A parte dissidente é que tem o ônus de provar que
a declaração não procede, se impugná-la, porque a presunção, no caso,
favorece ao declarante, desta forma, concedo à parte autora os
benefícios da Gratuidade da Justiça

A respeito do mérito, insurge-se a autora contra a manutenção de


protesto do seu nome, pela requerida, por débito que afirma estar
adimplido.

Cuida-se de relação de consumo, hipótese em que a Legislação


pertinente prevê a facilitação da defesa do consumidor e a inversão do
ônus da prova a seu favor (art. 6º, VIII, do CDC).

O débito questionado é referente a financiamento de veículo, que gerou


o contrato Nº 12035000262412, apresentando a autora o demonstrativo
de quitação, conforme ID 61446751.

Por sua vez, a requerida afirma que não incorreu em ato ilícito, pois a
negativação que gerou o protesto, oriunda da parcela Nº 08, apesar de
quitada, não foi cancelada no Tabelionato de Protestos por culpa
exclusiva da autora.

Conforme se observa do art. 26 da Lei 9.492/97, “o cancelamento do


registro do protesto será solicitado diretamente no Tabelionato de
Protesto de Títulos, por qualquer interessado, mediante apresentação
do documento protestado, cuja cópia ficará arquivada.”

Deste modo a parte mais fortemente interessada no cancelamento do


protesto, sem dúvida era a autora, que deixou de agir quando
necessário, não podendo agora se valer de sua inércia para pleitear
responsabilidade da requerida. Assim, seu pedido não merece
acolhimento.

A antecipação de tutela, concedida sob ID 61822637, deverá ser


revogada.

ANTE O EXPOSTO, e o mais que dos autos consta, com amparo no


art. 487, I, do CPC, JULGO IMPROCEDENTES os pedidos exordiais
formulados por ARTIMINA DA SILVA SANTOS contra BV
FINANCEIRA S/A – CRÉDITO, FINANCIAMENTO E
INVESTIMENTO. Revogo a antecipação de tutela. Transitada, oficiem-
se definitivamente.

Sem custas e honorários, consoante arts. 54 e 55, ambos da Lei


9.099/95, ficando ressalvada a hipótese de recurso.
Deixo de conceder à parte autora os benefícios da Gratuidade da
Justiça, uma vez não comprovada a alegada hipossuficiência.

Transitada, baixem-se e arquivem-se

P.R.I.C.

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