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AO JUÍZO DA 1ª VARA DA COMARCA DE PINHEIRO – MA

PROCESSO: Nº 0001160-89.2016.8.10.0052

VICENTINA SOARES SILVA, já devidamente qualificada, nos autos do


processo em epígrafe, em que contende com BANCO BRADESCO
FINANCIAMENTO, vem, perante ínclita presença de V. Exa., por seu advogado in
fine assinados, em virtude do sentimento de irresignação quanto a sentença de fls.,
interpor

RECURSO DE APELAÇÃO

Para o Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão, com supedâneo


no artigo 1.009 e seguintes do Código de Processo Civil, bem como nos demais
dispositivos legais pertinentes à matéria, consoante as razões de fato e de direito
ora esposadas.

Requer-se, outrossim, que após o cumprimento das formalidades constantes


do art. 1.010; §1º e 2, que os presentes autos sejam remetidos ao Egrégio Tribunal
de Justiça do Maranhão.

Pede deferimento.

Pinheiro (MA), 20 de novembro de 2023

SILVANO JOSÉ MORAES RIBEIRO


OAB/MA _____
RAZÕES DA APELAÇÃO

Apelante: Vicentina Soares Silva


Apelado: Banco Bradesco Financiamento
Processo: nº 0001160-89.2016.8.10.0052

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR RELATOR

Ilustres desembargadores desta Egrégia Corte.

A sentença prolatada pelo juízo de direito da 1ª ara da Comarca de Pinheiro,


merece reforma anulando a presente decisão, és que, houve o cerceamento da
produção da aprova por parte do apelante. Desse modo, demostraremos nos
argumentos abaixo a imprescindibilidade de reforma, e consequentemente a
anulação da sentença.

DA TEMPESTIVIDADE

É mister ressaltar que é tempestiva a contestação, eis que é apresentada no


prazo legalmente previsto de 15 dias úteis, com fulcro no art. 1.003, §5º, do Código
de Processo Civil.

DO PREPARO

A Apelante é beneficiária da justiça gratuita, sendo dispensada a


comprovação do preparo, com fundamento no art. 5º, inciso LXXIV, da CF/88, e arts.
98, 99, ambos do CPC.

SÍNTESE DO PROCESSO

A Apelante ajuizou demanda, requerendo, como plano de fundo, a pretensão


de anular um contrato consignado suspostamente contratado pela apelante.

Dentre as matérias ventiladas na peça vestibular, argumenta-se a ilegalidade


do contrato, como também, os descontos realizados no benefício da apelante.
Citada, a Ré ofereceu defesa, rebatendo, em parte, o quanto alegado pelo
Autor, afirmando que o contrato foi realizado de forma legal.

Ultrapassada essa fase processual, o Apelante fora surpreendido com o


julgamento antecipado da lide, onde o magistrado, em seu bojo, evidenciou a
seguinte fundamentação para tal desiderato processual.

“... ISTO POSTO, com apoio na fundamentação supra e nos


termos do art. 487, I C/C, art. 373, II, do NCPC, JULGO
IMPROCEDENTE O PEDIDO E EXTINGO O PROCESSO
COM JULGAMENTO DO MÉRITO.”
O julgamento antecipado do mérito, sem sombra de dúvidas, deslocou ao
Apelante cerceamento da produção de sua prova, concorrendo, destarte, pela
nulidade do ato processual ora vergastado.

PRELIMINARMENTE

NULIDADE DE SENTENÇA
(Erro In Procedendo)

CERCEAMENTO DE DEFESA

A Apelante realizou pedido de produção de provas, procedendo em


conformidade com as previsões legais. Contudo, o julgamento ocorreu em
desconformidade com o devido processo legal.
O inoportuno julgamento antecipado acarretou o cerceamento da defesa da
Apelada, que havia realizado o pedido de produção de provas, inclusive após a
contestação da defesa do Apelado.
É mister esclarecer que a Apelante é esposa do já falecido titular do benefício
previdenciário sob o qual foi realizado o empréstimo, não possui acesso a conta
bancária de seu marido já falecido, devido ao sigilo bancário. Para exercer o direito
de provar a inexistência do contrato alegado ao seu marido, precisava que o juiz
acolhesse o seu requerimento de produção de provas.
A Apelado requereu ao juiz a expedição de ofício ao Apelado para que
juntasse extratos bancário do período do suposto contrato, por não ter acesso a
conta do marido, e ainda, o contrato original.
O pedido foi realizado pela Apelante, por serem as provas objeto dos pedido,
fundamentais e indispensáveis a comprovação da inexistência da contratação do
suposto empréstimo atribuído pelo Apelado ao seu marido. Assim como para o
exame dos descontos realizados no benefício previdenciário do seu marido falecido.
Ao mesmo tempo seria também relevante a apresentação do contrato original
para a apreciação da legalidade ou ilegalidade do contrato ora apresentado pelo
Apelado.
Contudo, ocorreu o cerceamento da defesa da Apelante, o julgamento foi
antecipado, reconhecendo o juiz ser suficiente a prova apresentada pelo Apelado,
isto é, o contrato do suposto empréstimo, para o exame do mérito da lide.
Desta forma, não se tem defesa e acusação, exercendo com as mesmas
considerações seus direitos. A Apelante encontra-se em total desvantagem
processual frente ao Apelado que acha-se munido de um suposto contrato, e que
tem esse considerado como suficiente para provar suas alegações. Sem que seja
dada a oportunidade a Apelante para contrapor a esse provas que realmente seriam
capazes de provar a verdade por ela alegada.
E mesmo diante do contexto narrado, o juízo decidiu pela realização do
negócio jurídico entre as partes, ainda que seria audiência de instrução e julgamento
prescindível, assim como expedição de ofício ao Apelado e juntada do contrato
original, como pedia a Apelante.
Na decisão é afirmado que restou devidamente comprovada a verdade dos
fatos, ou seja, com base somente no suposto contrato do empréstimo foi possível o
juiz formar a sua convicção e decidir. É citado também na decisão que além do
contrato apresentado pelo Apelado, também foi juntado TED, entretanto, a Apelante
não realizou juntada do documento, visto que não lhe foi dado a oportunidade.
Diante do que cita-se o NCPC que em seu art. 355, prevê:
Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido,
proferindo sentença com resolução de mérito, quando:
I - não houver necessidade de produção de outras provas;
II - o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não
houver requerimento de prova, na forma do art. 349. Seção III
Do Julgamento Antecipado Parcial do Mérito
Sendo que a Apelante ao ser intimada para informar se possuía provas a
produzir, levantou-se, pedindo a juntada aos autos, dos seguintes meios
comprobatórios de seu direito: o contato original, a expedição de oficio ao Apelado
para juntada dos extratos do período do contrato e a realização de audiências de
instrução e julgamento. Audiências que foi também pedida pelo Apelado.
Estando nítido o cerceamento do exercício do direito da Apelante ao tentar
juntar provas para se defender, assim como o cabimento da nulidade da sentença,
por erro in procedendo.
Diante do que cita-se o NCPC que prevê a incumbência das partes com
relação ao ônus da prova, sendo que ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu
direito. A teor do in verbis:
Art. 373. O ônus da prova incumbe:
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
Portanto, a norma serve para reafirmar a ocorrência de cerceamento da
defesa da Apelante, e consequentemente a nulidade da sentença. Por entender que
a Apelante tem o direito e o ônus de apresentar as provas que requereu, visto serem
elas indispensáveis a comprovação da veracidade de suas alegações.
Dando prosseguimento cita-se também o previsto no art. 370 do NCPC:
Art. 370. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da
parte, determinar as provas necessárias ao julgamento do
mérito.
Parágrafo único. O juiz indeferirá, em decisão
fundamentada, as diligências inúteis ou meramente
protelatórias.
Assim observa-se novamente que a Apelante por não ter acesso a conta
bancária do seu marido falecido, agiu em conformidade com a norma processual,
requerendo ao juiz que providenciasse meio de prova para que ela pudesse exercer
o seu direito. No entanto, foi cerceada em seu direito de defesa, por ter os seus
pedidos ignorados, e consequentemente o seu direito negado.
Diante do que Apelante pleiteia a nulidade da sentença, entendendo ser
insuficientes e frágeis a única prova que serviu de base para a decisão, o contrato.
Não sendo cabível admitir que o processo estaria maduro para julgamento. Pois
ainda existiam provas a serem produzidos.

DO MÉRITO
Ilustres Desembargadores, a demanda ora apresentada traz o Apelado que
causou danos a Apelante, que devem ser reparados, em conformidade com a
legislação vigente. Conforme expresso nos autos, não resta dúvidas quanto à
obrigação de indenizar do Apelado a Apelante.
Visto que não restou de fato comprovado o suposto empréstimo realizado
pelo marido falecido da Apelante como alega o Apelado. E por não ser também
cabível o acolhimento do contrato apresentado pelo Apelado como única e exclusiva
prova a ser considerada na decisão do juiz.
Se fazendo necessária a perícia técnica para a comprovação da legalidade ou
ilegalidade do contrato, sendo indispensável o exame de sua autenticidade.
Por fim, sendo imperativo reafirmar que diante de todo o exposto, surge a
obrigação do Apelado em reparar os prejuízos causados a Apelante.

DO PEDIDO

Diante do narrado a Apelante requer que esta Egrégia Corte dê provimento ao


presente recurso, recebendo-o e processando-o nos seus efeitos devolutivo e
suspensivo, com fundamento no art. 1.013, caput e parágrafo 1º, do CPC.

A nulidade da sentença de primeira instância, acolhendo a preliminar por


cerceamento de defesa, pela ausência de produção de provas, erro in procedendo, e
determinando o retorno do processo ao juízo de origem. Em caso de não
acolhimento da preliminar, requer a condenação do Apelado na anulação do
contrato e na devolução dos valores recebidos indevidamente, além de dano moral,
a ser fixado;

A concessão da justiça gratuita, conforme previsão da legislação.

Nestes termos,
Pede deferimento.
Pinheiro (MA), 20/11/2023.

SILVANO JOSÉ MORAES RIBEIRO


OAB/MA ____

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