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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Registro: 2019.0000000181

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº


1003772-35.2016.8.26.0020, da Comarca de São Paulo, em que é apelante JOSE
ANCHIETA BOMFIM (JUSTIÇA GRATUITA), é apelado ITAÚ UNIBANCO S/A.

ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 38ª Câmara de Direito Privado


do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Negaram provimento ao
recurso. V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Desembargadores FLÁVIO CUNHA DA


SILVA (Presidente) e FERNANDO SASTRE REDONDO.

São Paulo, 7 de janeiro de 2019.

Eduardo Siqueira
Relator
Assinatura Eletrônica
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

VOTO Nº: 24483


APEL.Nº: 1003772-35.2016.8.26.002
COMARCA: SÃO PAULO (4ª VC F REG DE NOSSA SENHORA DO Ó)
APTE. : JOSÉ ANCHIETA BOMFIM (JUST GRAT)
APDO. : ITAÚ UNIBANCO S/A (REVEL)

APELAÇÃO AÇÃO INDENIZATÓRIA LEGITIMIDADE DA


INSCRIÇÃO DOS DADOS CADASTRAIS DO APELANTE
PERANTE OS ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO
REVELIA DO APELADO QUE NÃO IMPLICA
NECESSARIAMENTE NA PROCEDÊNCIA DO PEDIDO
INICIAL. Apesar da revelia do Apelado, o documento de fls.
59/61 é suficiente para impedir o decreto de procedência
pretendido pelo Apelante, afastando-se, portanto, a presunção
relativa de veracidade dos fatos articulados na petição inicial
contida no art. 344, do Novo Código de Processo Civil. Os
extratos bancários trazidos às fls. 59/61 demonstram à saciedade
que a conta bancária em questão não era usada exclusivamente
para recebimento do salário do Apelante e que, antes deste ter
deixado de movimentá-la, já continha uma dívida superior a R$
3.000,00 (três mil reais), que ao longo do tempo foi sendo
acrescida dos encargos inerentes à relação jurídica mantida entre
as partes, dando legitimidade à negativação objeto da presente
demanda. Impossibilidade de inversão do ônus da prova diante da
ausência dos elementos autorizadores para tal medida, apesar da
relação mantida entre as partes ser de consumo. SENTENÇA
MANTIDA RECURSO IMPROVIDO.

Trata-se de recurso de apelação interposto por JOSÉ


ANCHIETA BOMFIM nos autos da “AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO
MORAL COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA PELO PROCEDIMENTO
ORDINÁRIO”, movida em face de ITAÚ UNIBANCO S/A, cujos pedidos iniciais
foram julgados improcedentes, nos moldes da sentença de fls. 63/65, da Juíza
JULIANA CRESPO DIAS, da qual se adota o relatório.

Inconformado, o Apelante alega, em síntese, que: a) por


força da revelia do Apelado, o pedido inicial deveria ser acolhido integralmente; b)
Apelação nº 1003772-35.2016.8.26.0020 -Voto nº 2
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possuía apenas uma conta salário mantida perante o Apelado; c) deixou de


movimentar a conta após o encerramento de seu vínculo empregatício; d) não
deixou qualquer débito ou pendência financeira com o Apelado; e) o extrato
bancário é documento produzido unilateralmente pelo Apelado; f) não há prova
de seu estado de inadimplência; g) a inscrição de seus dados cadastrais foi
indevida; h) é inexigível o débito discutido nos autos; i) faz jus à indenização
pelos danos morais suportados pela negativação de seu nome (fls. 68/74).

Por ser beneficiário da gratuidade processual (fl. 23), o


Apelante deixou de recolher o preparo recursal.

Anoto que o Apelada não apresentou suas contrarrazões


recursais.

Por fim, destaco que o recurso foi remetido pelo Juízo a quo
para este Tribunal de acordo com o § 3º, do art. 1.010, do Novo Código de
Processo Civil.

É o relatório.

Em que pese o inconformismo contido no apelo, a sentença


não merece reforma.

Como é cediço, “A presunção de veracidade dos fatos


alegados pelo autor em face à revelia é relativa, podendo ceder a outras
circunstâncias constantes dos autos, de acordo com o princípio do livre
convencimento do juiz” (RSTJ 20/252).

Neste diapasão, apesar da revelia do Apelado, o documento


de fls. 59/61 é suficiente para impedir o decreto de procedência pretendido pelo
Apelante, afastando-se, portanto, a presunção relativa de veracidade dos fatos
articulados na petição inicial contida no art. 344, do Novo Código de Processo
Civil.

Isto porque, de acordo com as alegações do Apelante, ele


teria deixado de movimentar a conta bancária mantida perante o Apelado, que

Apelação nº 1003772-35.2016.8.26.0020 -Voto nº 3


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não possuía qualquer dívida ou pendência financeira, após ter encerrado o


vínculo com seu empregador.

Ocorre, contudo, que os extratos bancários trazidos às fls.


59/61 demonstram à saciedade que a conta bancária em questão não era usada
exclusivamente para recebimento do salário do Apelante e que, antes deste ter
deixado de movimentá-la, já continha uma dívida superior a R$ 3.000,00 (três mil
reais), que ao longo do tempo foi sendo acrescida dos encargos inerentes à
relação jurídica mantida entre as partes, dando legitimidade à negativação objeto
da presente demanda.

Ademais, apesar da relação de consumo, a inversão do


ônus da prova não é cabível no presente caso, já que o Apelante carece de
verossimilhança daquilo que alega.

Assim, forçoso o reconhecimento de que o decreto de


improcedência deve ser mantido, já que foi legítima a inscrição dos dados
cadastrais do Apelante perante os órgãos de proteção ao crédito.

Dizer mais seria acrescer folhas...

Ante o exposto, nego provimento ao recurso.

Por fim, deixo de aplicar o § 11, do art. 85, do Novo Código


de Processo Civil, uma vez que não fixada verba honorária de sucumbência pelo
Juízo a quo.
EDUARDO SIQUEIRA
Desembargador Relator

Apelação nº 1003772-35.2016.8.26.0020 -Voto nº 4

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