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PODER JUDICIÁRIO
São Paulo
Registro: 2022.0001055839
ACÓRDÃO
GRASSI NETO
Relator
Assinatura Eletrônica
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
PODER JUDICIÁRIO
São Paulo
Voto Nº 30914
Apelação Criminal Nº 0003507-85.2017.8.26.0191
Comarca: Ferraz de Vasconcelos
Apelante: RODRIGO MARTINS FREITAS
Apelado: Ministério Público do Estado de São Paulo
Roubo Conjunto probatório desfavorável ao réu
lastrado em depoimentos coerentes e harmônicos da
vítima e de policiais Suficiência à aferição da
materialidade, da autoria e do dolo Apreensão da res
em poder do acusado Inversão do ônus probatório
Entendimento
A palavra da vítima e dos policiais, se coerentes e em
harmonia com outros elementos de convicção existentes
nos autos, têm especial importância, tanto para confirmar a
materialidade dos fatos quanto sua autoria e dolo.
A apreensão da res em poder do acusado acarreta a
inversão do ônus probatório, competindo-lhe a
apresentação de justificativa inequívoca para a posse do
bem.
Vistos,
É o Relatório.
autoria.
Os crimes contra o patrimônio são, no mais das
vezes, praticados na clandestinidade. Em tais situações, as palavras
do ofendido assumem particular importância, não havendo porque
despreza-las.
O depoimento do Policial Militar Wendel, dando
conta das circunstâncias que cercaram a ocorrência dos fatos (fls. 145
mídia digital), compõem, ainda, o quadro harmônico que corrobora a
versão descrita pelo Ministério Público na exordial acusatória.
No que concerne ao valor dos depoimentos
prestados por policiais, os Tribunais têm deixado assente serem
inadmissíveis quaisquer análises preconceituosas.
Pondere-se que o conjunto probatório dos autos
aponta para a participação do apelante juntamente com seus
comparsas não identificados na empreitada criminosa ora analisada.
Nada foi produzido ao longo da instrução, comprovando sequer
minimamente a justificativa ofertada pelo réu em sede inquisitorial
(que adquiriu o aludido aparelho de telefonia mediante troca por um
relógio fls. 15).
A Defesa não trouxe aos autos qualquer elemento
de convicção capaz de contrapor-se às provas que incriminam o
sentenciado.
O reconhecimento operado na fase indiciária,
conquanto não tenha atendido as formalidades previstas no art. 226
do CPP, consoante se verifica do auto de reconhecimento fotográfico
de pessoa positivo (fls. 44), o ofendido reconheceu sem sombras de
dúvidas, o ora apelante como sendo o indivíduo que portava a arma
de fogo (não apreendida) e que também lhe subtraiu o aparelho de
telefonia celular.
1
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Habeas Corpus nº 102.866/MG, Relator: Ministro
Felix Fischer, Brasília 15 de maio de 2008, Diário da Justiça. 23 jun.2008, p. 1.
2
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Habeas Corpus nº 24.589/RJ, Relator: Ministro
Hamilton Carvalhido, Brasília, Diário da Justiça. 17 mar. 2003.