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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Registro: 2022.0000964348

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível nº


1000195-49.2019.8.26.0374, da Comarca de Morro Agudo, em que é
apelante/apelado COMPANHIA PAULISTA DE FORÇA E LUZ, é apelado/apelante
ALEX AUGUSTO DA SILVA.

ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 32ª Câmara de Direito


Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Deram
provimento em parte aos recursos. V. U., de conformidade com o voto do relator,
que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Desembargadores LUIS FERNANDO


NISHI (Presidente) E MARY GRÜN.

São Paulo, 24 de novembro de 2022.

KIOITSI CHICUTA
Relator(a)
Assinatura Eletrônica
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

COMARCA : Morro Agudo – Vara Única – Juiz Samuel Bertolino dos


Santos
APTES/APDOS. : Companhia Paulista de Força e Luz
Alex Augusto da Silva

VOTO Nº 50.118

EMENTA: Prestação de serviços. Fornecimento de


energia elétrica. Ação declaratória de inexistência de
débito c/c indenização por danos morais e materiais e
pedido de antecipação de tutela. Sentença de parcial
procedência. Recurso de ambas as partes. Alegação,
pela concessionária, de fraude perpetrada pelo
usuário, com base no termo de ocorrência de
irregularidade. Documentos que, por si só, não fazem
prova da suposta irregularidade. Dúvida sobre o seu
montante ou até mesmo sobre sua exigibilidade. Ré
que não comprovou satisfatoriamente a
irregularidade apontada. Condição de concessionária
que não a libera da obrigação de provar fraude.
Necessidade de demonstração de fraude que não se
faz com provas unilaterais. Não observância dos
requisitos previstos na Resolução 414/2010 da
ANEEL. Reconhecimento da inexigibilidade do débito
apontado. Dano moral, porém, não caracterizado.
Ausência de ofensa ao direito de personalidade.
Repetição de valores cobrados indevidamente de
forma simples. Sucumbência recíproca. Honorários
advocatícios a cargo da ré de 10% sobre o proveito
econômico (R$ 14.207,25) e do autor em 5% do dano
moral postulado. Provimento parcial dos recursos.
A concessionária é detentora de tecnologia de distribuição e
medição do consumo de energia elétrica. Bem por isso, cabe a
ela a demonstração de existência de fraude no relógio medidor.
O TOI, isoladamente, é imprestável para respaldar a alegada
fraude, máxime quando impugnado em processo judicial o seu
conteúdo, sendo certo que a prova pericial seria necessária para
caracterizar a fraude. Ademais, não poderia a ré exigir do autor
cobrança relativa à energia não consumida, não tendo se
desincumbido de provar a responsabilidade do autor.
O constrangimento e o aborrecimento pelos quais passou o autor
em razão da cobrança e ameaça de corte no fornecimento de
energia são consequências e não causas e ficam subsumidos pela
inexigibilidade do débito que, no caso, restou invocada e
concedida. Para que a indenização por dano moral seja devida, é
mister que o consumidor tenha sido submetido a sofrimentos que

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ultrapassem limites de ilícito civil, o que não ocorreu no caso


específico.
De outra parte, não é cabível o pedido de repetição em dobro,
uma vez que não se vê da conduta da ré má-fé ou dolo, não se
aplicando o disposto no parágrafo único do art. 42 do Código de
Defesa do Consumidor.
Há sucumbência recíproca, mas em maior desproporção em
desfavor da ré. Os honorários fixados em 10% sobre o proveito
econômico (R$ 14.207,25) mostram-se razoável e proporcional,
nos termos do art. 85, § 2º do CPC, respondendo o autor por
verba correspondente a 5% do dano moral não concedido,
observada a assistência judiciária.

Tratam-se de recursos interpostos contra r. sentença de fls.


144/148 e decisão de embargos de declaração de fls. 174/175 que julgou
parcialmente procedentes os pedidos para declarar a inexigibilidade do débito
discutido, no valor de R$ 13.489,29, determinando que a ré se abstenha de adotar
qualquer medida para cobrança de valores que entende devidos, inclusive a
interrupção no fornecimento de energia elétrica, confirmando a tutela antecipada
anteriormente concedida, condenando, ainda, a ré a restituir o requerente a quantia de
R$ 717,96, corrigida monetariamente desde cada desembolso de juros de mora de 1%
ao mês desde o ajuizamento da ação, afastando, porém, a indenização por danos
morais, arcando a ré, com o pagamento das custas, despesas processuais e que os
honorários advocatícios de 10% sejam calculados sobre o somatório dos valores
acima indicados, com correção monetária a partir do ajuizamento da ação.

Alega a ré que restou demonstrada a irregularidade no


aparelho de medição na unidade consumidora, provocando redução no registro do
montante de energia consumida. Aduz que tais irregularidades, além de oferecer risco
à segurança, impedia o registro correto de energia elétrica consumida, prejudicando o
correto faturamento nas contas mensais da unidade consumidora. Argui que a
inspeção atendeu não só o disposto na Resolução 414/2010 da ANEEL, como
também na legislação vigente, visto que atendido o princípio da ampla defesa, visto
que a vistoria foi acompanhada por um responsável pela unidade consumidora.
Ressalta que, tendo em vista, a clara existência de irregularidades na unidade
consumidora e o medidor não registrando o consumo real, cabível a cobrança dos

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valores retroativos, o qual foi consumido pelo apelado. Argui que o próprio apelado
assumiu a dívida, ao contatar a empresa e realizar acordo, no qual se comprometia a
pagar parceladamente o débito referente a irregularidade, o que afasta a alegação de
ausência de contraditório e ampla defesa do procedimento e torna exigível o valor
reconhecido perante a concessionária. Salienta que, ainda que o apelado não tenha
sido autor da fraude constatada, foi ele quem se beneficiou com a irregularidade.
Salienta que é de responsabilidade da parte apelada a integridade do sistema de
medição que fica à sua disposição por meio de depósito, nos termos do art. 167 da
Resolução 414/2010 da ANEEL. Argumenta que cobrou a energia não registrada no
medidor, mediante o critério estabelecido no art. 130, da Resolução 414/2010 da
ANEEL. Pede, por fim, que os honorários advocatícios sejam integralmente
suportados pelo apelado, ou em caso alternativo, a redução dos honorários, nos
termos do art. 85, § 2º do CPC.

De outro lado, recorre o autor, alegando que os danos morais


são devidos, uma vez procurou a companhia várias vezes para resolver a questão,
contudo, não houve solução, tendo passado por humilhação e sempre na iminência de
ter o fornecimento cortado. Diz que é pessoa pobre que depende de seus rendimentos
para sobreviver, mesmo assim por culpa da apelada fez pagamentos indevidos e foi
ameaçado de corte várias vezes sem dever nada. Invoca precedentes jurisprudenciais.
Salienta que se equivocou o Juízo “a quo” ao considerar que, no caso, não ocorreu
danos extrapatrimonial, visto que além de pagar valores indevidos, foi ameaçado no
corte de fornecimento de produto essencial, tendo que acionar o judiciário. Ressalta
que as quantias indevidas devem ser restituídas em dobro, nos termos do art. 42,
parágrafo único do CDC. Destaca que os honorários advocatícios devem ser fixados
em 15% sobre o valor da condenação. Requer a reforma da r. sentença.

Recursos tempestivos, com preparo apenas da ré (autor


beneficiário da justiça gratuita) e com contrarrazões, os autos subiram a este
Tribunal.

É o resumo do essencial.

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Consoante se depreende, o autor relatou na exordial que, no


mês de julho de 2018, seu imóvel recebeu a visita de um técnico da empresa
requerida e, ao fazer vistoria no relógio medidor, constatou irregularidades, o que
gerou a cobrança de R$ 13.489,29, com ameaças de corte de energia elétrica. Afirma
que aceitou a proposta de parcelamento do débito oferecido pela ré e efetuou o
pagamento de três destas parcelas no valor de R$ 375,63 cada, no valor total de R$
1.126,89, todavia ao contratar profissionais de sua confiança, todos foram
categóricos ao afirmar que não havia necessidade de reparos. Pleiteia a liminar
proibindo a requerida de interromper o fornecimento de energia elétrica, com a
declaração de inexigibilidade do débito no valor de R$ 13.489,29 e a repetição em
dobro das parcelas já pagas, além de indenização por danos morais.

A ré apresenta contestação, alegando que foi lavrado TOI em


razão de constatação de irregularidade no medidor que se encontrava sem os lacres,
de manipulações nas ligações elétricas, o que ocasionava ausência de computação
total de energia disponibilizada, além de oferecer risco à segurança, impedia o
registro correto da energia elétrica consumida, prejudicando o correto faturamento de
suas contas mensais, fato que acarretou na cobrança realizada. Afirma que todo o
procedimento adotado encontra-se devidamente de acordo e amparado pela
Resolução 414/2010 da ANEEL, bem como pela legislação vigente, visto que se
aplica o princípio da ampla defesa, com vistoria acompanhada pelo responsável do
imóvel. Pleiteia pela declaração de exigibilidade do débito oriundo do Termo de
Ocorrência e Inspeção (TOI).

Há recurso de ambas as partes.

No caso, a questão debatida não difere de centenas de outras


em que a concessionária, com base no termo de ocorrência de irregularidades, busca
sustentar ocorrência de fraude, deixando, ainda, de produzir única prova relevante
para sua demonstração, a perícia.

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Em tese, "é lícito à concessionária interromper o


fornecimento de energia elétrica, se, após aviso prévio, o consumidor de energia
elétrica permanecer inadimplente no pagamento da respectiva conta" (cf. Recurso
Especial 363.943, relator o Ministro Humberto Gomes de Barros).

Na hipótese dos autos, porém, o débito questionado resulta da


constatação pela concessionária de irregularidades na medição de energia elétrica da
unidade consumidora. Tal irregularidade restou apurada, inicialmente, pela
concessionária de serviços públicos, tendo sido lavrado o termo de ocorrência de
irregularidade. No caso, relata a concessionária que providenciou avaliação técnica e
apurou o débito pela diferença de consumo entre o que se verificou e o que deveria,
de fato, ter se verificado.

Logo, o débito questionado resulta da constatação pela


concessionária de irregularidades no instrumento de medição de energia elétrica da
unidade consumidora, o que ocasionou, segundo ela, registro incorreto, bem como a
"fraude" foi colocada em dúvida pelo usuário.

O Termo de Ocorrência de Irregularidade de fl. 111, emitido


no ato de inspeção, é genérico e unilateral, e não permite sua adoção simplista ou
mesmo da planilha de cálculo de revisão de faturamento. Cuida-se, à evidência, de
prova parcial e, embora tenham os prepostos da ré qualificações para a necessária
verificação, era preciso que a ré demonstrasse a efetividade da adulteração do relógio
de medição de consumo de energia elétrica, observando, para tanto, o princípio do
contraditório.

Ainda que o autor tenha acompanhado a lavratura do Termo de


Ocorrência e Inspeção (TOI), não tem conhecimento técnico para questionar as
“constatações” deste.

De toda forma, o que importa é que este Tribunal tem


posicionamento pacífico sobre a matéria, anotando, por reiteradas oportunidades, que

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o termo de ocorrência de irregularidades, dado seu caráter unilateral, não ostenta


presunção de veracidade ou de legalidade, devendo a concessionária, em havendo
impugnação judicial da sua regularidade, demonstrá-la em Juízo mediante os meios
regulares de direito, principalmente por meio de perícia.

Nesse sentido julgado desta C. Câmara:

"Prestação de serviços. Ação declaratória. Nulidade de


débito. Lançamento sustentado em Termo de Ocorrência de Irregularidade.
Alegação da concessionária/ré da ocorrência de fraude no relógio medidor de
consumo de energia elétrica instalado na unidade consumidora. Suposta fraude
apontada pela ré com fundamento em termo de ocorrência de irregularidade
produzido de forma unilateral. Documento que não se presta a fazer prova da
alegada fraude. Inversão do ônus da prova. Aplicação dos princípios consumeristas.
Concessionária que não provou a irregularidade no consumo de energia.
Procedência da ação para declarar a nulidade do débito apresentado pela
concessionária. Recurso do autor provido" (Apelação com Revisão
990.10.062475-0, Rel. Des. Ruy Coppola, J.18.03.2010). Sobre o tema as apelações
nºs 1.127.793-0/7 e 995.222-0/9 relatores os Desembargadores Francisco Occhiuto
Junior e Walter Zeni

É caso de incidência do Código de Defesa do Consumidor e,


dada a hipossuficiência do consumidor, a demonstração técnica da fraude era de
exclusiva responsabilidade da fornecedora de serviços.

Verifica-se, pois, que a concessionária não se desincumbiu do


ônus que lhe competia, de comprovar a mencionada adulteração no relógio medidor
instalado no imóvel, assim como do critério utilizado para a aferição do débito,
resultante das diferenças encontradas entre o valor inicialmente faturado e aquele
revisado no período de 05/2015 a 07/2018, contaminando o termo de ocorrência e
inspeção (TOI) e a apuração do débito.

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A tão só constatação de irregularidade (“ausência de lacres no


borne do medidor e na caixa de medição”) não é suficiente para comprovar a
existência de fraude praticada pelo autor e conferir legitimidade ao débito apurado
unilateralmente pela ré, que não se desincumbiu de comprovar a correta aferição dos
valores.

A falta de solicitação da perícia na fase administrativa não


significa perda do direito, podendo as partes, pelo princípio do amplo acesso ao
Judiciário, questionar em Juízo a alegação da fraude, competindo, então, à
concessionária, a prova de sua ocorrência. Se não o fez, cabe arcar com as
consequências de sua omissão.

A concessionária deixou de observar dispositivo da Resolução


nº 414/2010, que dispõe, no seu artigo 129, inciso II, que cabe à concessionária
quando da ocorrência de irregularidades promover perícia técnica a ser realizada por
terceiro legalmente habilitado, ou quando requerida pelo usuário, que na maioria das
vezes desconhece esta possibilidade, bem como implementar outros procedimentos
necessários à fiel caracterização da irregularidade (inc. V, alíneas “a” e “b”).

A respeito do tema:

“PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. Energia elétrica. Ação de


declaração de inexistência de débito e de condenação a obrigação de não fazer.
Improcedência em primeiro grau. Fraude no medidor de consumo de energia
elétrica. Apuração da irregularidade mediante Termo de Ocorrência e Inspeção
(TOI) e Laudo Técnico. Documentos elaborados de forma unilateral sem a
participação do consumidor que não se revelam como prova hábil à comprovação
da ocorrência de fraude. Débito daí decorrente que assim é considerado inexistente.
Ação procedente. SENTENÇA REFORMADA. RECURSO PROVIDO” (TJSP;
Apelação 1008987-78.2017.8.26.0077; Relator (a): Sebastião Flávio; Órgão
Julgador: 23ª Câmara de Direito Privado; Foro de Birigui - 3ª Vara Cível; Data do
Julgamento: 10/01/2019; Data de Registro: 10/01/2019).

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Bem por isso, o reconhecimento da inexigibilidade do débito


apontado, era medida de rigor, conforme consignado na r. sentença. E, nesse aspecto,
correta a determinação para que a ré se abstenha de cortar o fornecimento de energia
elétrica com relação ao débito discutido.

De outra parte, também deve prevalecer o entendimento do


magistrado quanto ao dano moral. A ausência de critérios objetivos tem levado
inúmeros cidadãos a postularem danos morais com base em simples aborrecimento
banal ou de mera suscetibilidade ferida, exigindo, como anota Sergio Cavalieri Filho,
"regras de boa prudência, do bom senso prático, da justa medida das coisas, da
criteriosa ponderação das realidades da vida" (cf. Programa de Responsabilidade
Civil, pág. 104). Cumpre, pois, ao Juiz seguir a trilha da lógica do razoável,
analisando a gravidade do dano em função da tutela do direito e que, no caso, é a
dignidade humana.

O autor não teve sua honra atingida ou restou submetido a


situação humilhante e vexatória passível de indenização. O transtorno e o
aborrecimento pelos quais passaram não são suficientes para gerar o dever de
indenizar. Antonio Jeová dos Santos (in Dano Moral Indenizável, p. 36) sustenta que
"o mero incômodo, enfado e o desconforto de algumas circunstâncias que o homem
médio tem que suportar em razão do viver cotidiano, não servem para a concessão de
indenização, ainda que o ofendido seja alguém em que a suscetibilidade aflore com
facilidade".

Nessa esteira de raciocínio, o transtorno e o aborrecimento


vivenciados pelo autor são consequências e não causas e ficam subsumidas pelo
reconhecimento de inexistência de débito.

De outra parte, não é cabível o pedido de repetição em dobro,


mas de forma simples, uma vez que não se vê da conduta da ré má-fé ou dolo, não se
aplicando o disposto no parágrafo único do art. 42 do Código de Defesa do

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Consumidor, com correção monetária desde o desembolso e juros de mora desde a


citação.

Nesse sentido, esta C. Câmara tem decidido:

“Prestação de serviços. Fornecimento de energia elétrica.


Declaratória de inexistência de débito c.c. indenização por danos materiais e
morais. Sentença de procedência. Concessionária ré que promove a cobrança de
valores de suposta energia elétrica consumida e não registrada em decorrência de
supostas irregularidades constatadas no relógio medidor instalado no imóvel do
autor. Cobrança baseada em Termo de Ocorrência e Inspeção (TOI) produzido de
forma unilateral. Documento que não se presta a fazer prova da alegada fraude.
Inversão do ônus da prova. Aplicação da regra do artigo 6º, VIII, do CDC.
Concessionária que não provou a irregularidade no consumo de energia. Devolução
do valor cobrado que deve ocorrer de forma simples, sob pena de enriquecimento
sem causa. (g.n). Danos morais não comprovados. Mera cobrança indevida.
Sentença reformada em parte. Sucumbência recíproca. Recurso parcialmente
provido” (Apelação Cível 1008964-59.2022.8.26.0562; Relator Des. Ruy Coppola;
32ª Câmara de Direito Privado; Data do Julgamento: 17/10/2022).

Por fim, quanto aos honorários advocatícios, bem se vê que a


ré decaiu de maior parte (inexigibilidade do débito e repetição de indébito, afastado
apenas a devolução em dobro e os danos morais), havendo sucumbência recíproca. A
fixação dos honorários advocatícios, dada a sucumbência recíproca, merece estimada
em 10% sobre o proveito econômico (R$ 14.207,25), conforme corretamente sopeada
na sentença, arcando o réu, ainda, com 2/3 das custas e despesas, ficando a diferença
pelo autor e que responderá por honorários de 5% do montante reclamado a título de
danos morais, observada a assistência judiciária.

Isto posto, dá-se parcial provimento aos recursos.

KIOITSI CHICUTA
Relator
Apelação Cível nº 1000195-49.2019.8.26.0374 -Voto nº 50118 10

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