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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Registro: 2022.0001057947

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento nº


2208053-83.2022.8.26.0000, da Comarca de Bauru, em que é agravante ITAÚ
UNIBANCO S/A, são agravados ACACIA BAURU AUTOMÓVEIS EIRELI EPP e
FÁBIO JOSÉ VANCIN COPPI.

ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 15ª Câmara de Direito


Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Deram
provimento em parte ao recurso. V. U., de conformidade com o voto do relator,
que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Desembargadores ELÓI ESTEVÃO


TROLY (Presidente) E JAIRO BRAZIL.

São Paulo, 30 de dezembro de 2022.

RAMON MATEO JÚNIOR


Relator(a)
Assinatura Eletrônica
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Voto nº: 28229


Agravo de Instrumento nº: 2208053-83.2022.8.26.0000
Agravante: Itaú Unibanco S/A
Agravados: Acácia Bauru Automóveis Eireli Epp e outro
Comarca: Bauru
Juiz: Arthur de Paula Gonçalves

Agravo de Instrumento Cumprimento de Sentença


Pretensão da instituição agravante da realização do
Bloqueio junto ao Renajud no que se refere a transferência,
circulação e licenciamento, além da utilização da Tabela
Fipe como fator de avaliação dos veículos Acolhimento
parcial da pretensão, apenas ao que se refere ao bloqueio
quanto a transferência, o que impedirá a alienação,
preservando os interesses de terceiros de boa-fé, sendo
desnecessário por ora, a ordem de bloqueio quanto ao
licenciamento e circulação, pois a execução deve prosseguir
da maneira menos gravosa para o devedor (art. 805, caput,
do CPC),não se tendo notícia de que os executados estejam
ocultando os veículos Quanto ao pedido de se utilizar a
tabela Fipe como fator de avaliação, melhor sorte não resta
a instituição agravante, pois o Juízo determinou que a
avaliação fosse realizada por Oficial de Justiça, o que
encontra previsão legal no artigo 870 do CPC, ressaltando
se tratar de servidor habilitado para a realização da
avaliação, cujo laudo deve prevalecer em relação à Tabela
Fipe, que detém valor meramente estimativo Decisão
Parcialmente Reformada Agravo Parcialmente Provido.

Trata-se de agravo de instrumento interposto por


Itaú Unibanco S/A, nos autos do cumprimento de sentença nº
0002973-40.2022.8.26.0071 contra a o capítulo da r. decisão de fls. 74/75 que
indeferiu o bloqueio de veículos por meio do Renajud, bem como considerou
insuficiente a estimativa de valor pela tabela FIPE.

Assevera a instituição financeira que o bloqueio


de circulação, transferência e licenciamento de veículo é admitido no regulamento do
Renajud e encontra amparo na jurisprudência. Trata-se de medida que resguarda o
bem de desgaste, desvalorização, furto, acidente, além de impedir a alienação em
fraude à execução, tudo, enfim, a contribuir com a efetividade da tutela jurisdicional.

De outro lado, a avaliação dos veículos com base

Agravo de Instrumento nº 2208053-83.2022.8.26.0000 -Voto nº 28229 IM 2


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na tabela FIPE está prevista no art. 871, IV, do CPC, que privilegia a pesquisa e
cotação do bem por meio de órgãos oficiais. O seu valor probatório, ao contrário do
que constou na decisão agravada, é mais do que suficiente. Evidente, portanto, a
necessidade de reforma da decisão agravada, para que seja admitida a estimativa de
valor por meio da tabela FIPE, nos termos do art. 871, IV do CPC.

Diante de todo o exposto, requer seja conhecido e


provido este agravo para o efeito de, reformada a decisão impugnada, ser
determinada o bloqueio de circulação, transferência e licenciamento dos veículos
HYUNDAI/CRETA 16ª PULSE, PLACA FCY6G47, ANO/MODELO 2017/2018 e
CHEVROLET/CRUZE LT NB, PLACA FDK-1444, ANO/MODELO 2011/2012,
por meio do sistema Renajud, bem como para ser admitida a avaliação com base na
tabela FIPE.

Deferido em parte a antecipação da tutela recursal


para o fim de que o Juízo de 1º Grau providenciasse o necessário quanto ao bloqueio
tão-somente para transferência dos veículos junto ao Renajud, evitando-se, dessa
forma, eventuais prejuízos para terceiros de boa-fé, anotando-se, desde logo que o
veículo placa FDK 1444 já consta com restrição anotada, cuja origem se desconhece
(fls. 54/55 autos de origem).

A parte agravada não apresentou contraminuta


(fls. 33).

É o Relatório.
Voto.

O agravo comporta provimento parcial.

Não se pode ignorar que se realiza a execução no


interesse do exequente, que adquire pela penhora o direito de preferência sobre os
bens penhorados (art. 797 do CPC), sendo que o artigo 798 do Código de Processo
Civil por sua vez reza:

"O devedor responde com todos os seus bens


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presentes e futuros para o cumprimento de suas obrigações, salvo as


restrições estabelecidas em lei."

Assim, a regra é da penhorabilidade de todos os


bens do devedor. No entanto, também há de ser lembrado que a execução deve
prosseguir da maneira menos gravosa para o devedor (art. 805, caput, do CPC).

No entanto, não se tem notícia de que os


executados estejam escondendo os veículos, os quais já se encontram penhorados
pela decisão de fls. 74/75, restando pendente a intimação dos executados com relação
a penhora, o que deverá será realizado quando da avaliação, conforme bem destacou
o magistrado de 1º Grau em sua judiciosa decisão.

Importante registrar que o bloqueio quanto a


transferência já restou deliberado por este Tribunal no despacho inicial, o que já
restou cumprido pelo Juízo de 1º Grau, impedindo, dessa forma a alienação para
terceiros de boa-fé.

Desse modo, desnecessário se mostra, pelo menos


por ora, a pretensão quanto ao bloqueio no que se refere a circulação e licenciamento,
o que poderá ser reavaliado pelo Juízo, caso o oficial de justiça não localize os
veículos para a respectiva avaliação nas diligências que realizará.

Quanto ao pedido de se utilizar a tabela Fipe


como fator de avaliação, melhor sorte não resta a instituição agravante, pois o Juízo
determinou que a avaliação fosse efetivada por Oficial de Justiça, o que encontra
previsão legal no artigo 870 do CPC.

De se lembrar que o Oficial de Justiça é servidor


habilitado para a realização da avaliação, pois verificará o estado de conservação do
veículo, assim como sua quilometragem, estado dos pneus, devendo o seu laudo
prevalecer, uma vez que goza de presunção de veracidade, inclusive em relação a
tabela Fipe, pois valor ali constante é meramente estimativo.

Assim, de todos os ângulos em que se analisa a

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questão, a reforma parcial da r. decisão recorrida é medida que se impõe única e tão
somente para que permaneça o bloqueio em relação a transferência dos veículos.

Ante o exposto, DÁ-SE PROVIMENTO


PARCIAL ao agravo.

RAMON MATEO JUNIOR


Relator

Agravo de Instrumento nº 2208053-83.2022.8.26.0000 -Voto nº 28229 IM 5

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