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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Registro: 2015.0000930235

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento nº


2217908-33.2015.8.26.0000, da Comarca de Araras, em que são agravantes PLANNER
TRUSTEE DTVM LTDA., BANCO BMG S/A, BANCO PINE S/A e GALPA
PRODUÇÕES ARTÍSTICAS S/S LTDA. - EPP, é agravado ERBA PARTICIPAÇÕES
S/A.

ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 1ª Câmara Reservada de Direito


Empresarial do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Deram
provimento ao recurso. V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra este
acórdão.

O julgamento teve a participação dos Desembargadores FRANCISCO


LOUREIRO (Presidente), FORTES BARBOSA E PEREIRA CALÇAS.

São Paulo, 10 de dezembro de 2015.

Francisco Loureiro
Relator
Assinatura Eletrônica
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Agravo de Instrumento no 2217908-33.2015.8.26.0000

Número de origem: 1005199-47.2015.8.26.0038

Comarca: ARARAS

Agvte: PLANNER TRUSTEE DTVM LTDA. E OUTROS

Agvdo: ERBA PARTICIPAÇÕES S/A

Juiz: ANTONIO CÉSAR HILDEBRAND E SILVA

Voto n.º 28.227

TUTELA ANTECIPADA. Decisão que suspende os efeitos das


assembleias de debenturistas realizadas no mês de setembro de
2015, bem como de “Escritura de Dação em Pagamento de
Direitos e Outras Avenças”. Modificação nas condições das
debêntures. Vencimento antecipado das obrigações relativas às
debêntures. Prorrogação dos vencimentos por unanimidade de
votos, em duas assembleias. Extinção parcial da obrigação por
meio de dação em pagamento. Decisão reformada para permitir o
registro da dação em pagamento e, consequentemente, assegurar o
direito da comunidade de debenturistas até que seja julgado o
mérito da demanda. Recurso provido.

Cuida-se de agravo de instrumento, com pedido de


efeito suspensivo, tirado de decisão que deferiu o requerimento de tutela
antecipada formulado por Erba Participações S/A, para o fim de suspender os
efeitos das assembleias de debenturistas realizadas em 03/09/2015 e
15/09/2015, bem como da “Escritura de Dação em Pagamento de Direitos e
Outras Avenças”, lavrada em 15/09/2015, nos autos da ação anulatória de ato
jurídico ajuizada em face de Agroz Agrícola Zurita S/A, Planner Trustee DTVM

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Ltda., Banco BMG S/A, Banco Pine S/A e Galpa Produções Artísticas S/S
Ltda EPP.

A decisão recorrida tem o seguinte teor:

“Vistos.

1) O pedido de tutela antecipada comporta acolhimento;

2) Com efeito, os poderes atribuídos à Assembleia Geral para


emissão das debêntures, são restritos ao referido ato, não
tendo referido órgão poderes para alterar as cláusulas da
emissão, depois de efetivada, conforme preconiza o artigo 59
e incisos da Lei nº 6.404/76 (Lei das Sociedades por Ações);

3) Por outro lado, embora seja em tese possível a


modificação das condições da emissão através da
"Assembleia de Debenturistas", prevista nos artigos 71 e
seguintes do referido diploma legal, é certo que há limitação
neste sentido, especialmente no § 5º, "A escritura de emissão
estabelecerá a maioria necessária, que não será inferior à
metade das debêntures em circulação, para aprovar
modificação nas condições das debêntures". Logo, matéria
não autorizada na escritura de emissão, não pode ser objeto
de deliberação pelos debenturistas, a não ser que tomada por
unanimidade;

4) Observa-se assim, que ao instituir as cláusulas de


irrevogabilidade e irretratabilidade, os debenturistas não
possuem autorização na escritura de emissão, para alterarem
as cláusulas das garantias ofertadas a não ser que esta
deliberação seja unânime, posto que os poderes da referida
assembleia, estão limitados pela própria escritura neste
aspecto;

5) Há que se ressaltar ainda que o quórum de deliberação

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acerca do vencimento alterado na assembleia, é contrário ao


estabelecido na escritura de emissão, o qual exige neste
caso, a concordância de 75% dos votos presentes e não
73,96% como ocorreu;

6) Assim, presente a verossimilhança do direito alegado;

7) Por outro lado, o receio de dano irreparável ou de difícil


reparação fica evidente Isto porque, compete ao agente
fiduciário, nos termos do que estabelece o artigo 68, § 1º,
letra "a" da Lei das S/A que: proteger os direitos e interesses
dos debenturistas, empregando no exercício da função o
cuidado e diligência que todo homem ativo e probo costuma
empregar na administração de seus próprios bens";

8) Na mesma escritura de emissão, e em cumprimento ao


referido dispositivo legal, compete ao agente financeiro,
observar o valor de R$ 3.000.000,00 (três milhões de reais),
como sinalizador de risco aos investidores, a ensejar o
vencimento antecipado dos títulos (cláusula 4.11.1, item XVI
e a prova jungida aos autos está a demonstrar que a emitente
possui débitos vencidos da ordem de R$ 30.000.000,00 (trinta
milhões de reais), ou seja, o risco para os investidores é
iminente e irreversível;

9) Verifica-se assim que a assembleia prorrogou o


vencimento dos títulos em quórum inferior ao previsto, não
podendo subsistir, pena de receio de dano irreparável ou de
difícil reparação;

10) Por conta disto, defiro o pedido de antecipação de tutela


jurisdicional e SUSPENDO todos os efeitos das assembleias
de debenturistas realizadas em 03/09/2015 e 15/09/2015,
determinando em caráter de urgência a suspensão dos
efeitos da "Escritura de Dação em Pagamento de Direitos e
outras Avenças" (Livro 3594, fls.071), até ulterior deliberação

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deste juízo;

11) No mais, citem-se com as advertências de praxe;

Intime-se”.

Alegam as agravantes que em 21.12.2011 “foi lavrada a


'Escritura Particular de 1ª Emissão de Debêntures Simples, Não Conversíveis em
Ações, com Garantia Real, em Série Única, para Distribuição Pública com
Esforços Restritos de Colocação, da Agroz Agrícola Zurita S/A', por meio da qual
a Corré Agroz emitiu e realizou oferta pública de debêntures, possibilitando a
captação de aproximadamente R$ 100.000.000,00 (cem milhões de reais). 9. Ato
contínuo, a Agravante Planner foi constituída como agente fiduciária da operação
e a Agravada, juntamente com os Agravantes Banco Pine e Banco BMG e Galpa,
compõem os investidores (debenturistas) das referidas debêntures” (p. 6).

Afirmam que em razão da corré Agroz ter deixado de


efetuar o pagamento da parcela das debêntures vencida em 20/06/2015, foi
realizada em 13/07/2015 a primeira Assembleia Geral de Debenturistas para
deliberação acerca de eventual não declaração do vencimento antecipado, o que
prevaleceu por unanimidade de votos (p. 7).

Ocorreram diversas outras assembleias, ao final das


quais, segundo as recorrentes, “os debenturistas deliberaram acerca da proposta
de aquisição da totalidade das debêntures, por seu valor integral, ofertada pelo
Banco Pine. Para surpresa dos demais debenturistas, apenas a Agravada Erba
recusou tal proposta, sem qualquer justificativa, impossibilitando, assim, que
fosse concretizada (já que condicionada à aceitação de todos os debenturistas)”
(p. 9).

Para solucionar o impasse foi então deliberado em


assembleia “aprovação da proposta de dação em pagamento, foi lavrada, na
mesma data, a respectiva 'Escritura de Dação em Pagamento de Direitos e
Outras Avenças' ('Escritura de Dação'), por meio da qual foram transferidos os

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direitos sobre os imóveis objeto da dação à Agravante Planner, na qualidade de


agente fiduciária e representante da comunhão dos debenturistas)” (p. 9).

Alegam as agravantes, em síntese, que o MM. Juízo a


quo foi induzido a erro pela agravada, “com base em interpretação equivocada e
distorcida das disposições legais e das regras constantes na Escritura de
Emissão de Debêntures, evidenciando a total ausência de verossimilhança a
autorizar a concessão de tutela antecipada” (p. 4). Além disso, não há risco de
dano irreparável à autora, ora agravada.

Em razão do exposto e pelo que mais argumentam às


p. 1/27 pedem, ao final, o provimento do recurso.

Concedida a liminar de efeito suspensivo, não


convertido o presente agravo de instrumento em agravo retido e dispensadas as
informações do Juízo a quo, porque clara a questão colocada em debate (fls.
453/462).

Contraminuta da parte contrária às fls. 466/480.

Não houve oposição ao julgamento virtual (fl. 481).

É o relatório.

1. O recurso comporta provimento, preservado o


entendimento do MM. Juiz de Direito.

Conforme ficou estabelecido em sede de análise liminar,


cujo entendimento ratifico integralmente, a decisão recorrida, muito bem escrita,
concedeu à autora da ação anulatória ora agravada tutela antecipada para o
fim de suspender a eficácia de assembleias de debenturistas e de escritura de
dação em pagamento lavrada em obediência de tais deliberações.

2. A relação jurídica entre as partes se escora em


“Escritura Particular de 1ª Emissão de Debêntures Simples, Não Conversíveis em

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Ações, com Garantia Real, em Série Única, para Distribuição Pública com
Esforços Restritos de Colocação, da Agroz Agrícola Zurita S/A” lavrada em 21 de
dezembro de 2.011.

Constou de aludida escritura quais os quóruns de


deliberações em assembleias de debenturistas. A cláusula 7.6 da escritura
dispõe:

“7.6. Todas as deliberações da assembleia de debenturistas serão


tomadas por, no mínimo, a metade das Debêntures em circulação,
exceto nos casos em que a deliberação tiver por objeto alterar as
condições (i) de Remuneração e (ii) de Data de Vencimento das
Debêntures, que dependerão de aprovação por debenturistas
representando, no mínimo, 75% (setenta e cinco por cento) dos
votos presentes à assembleia de debenturistas, observadas as
disposições previstas no artigo 71, § 5o da Lei das S.A., a respeito
do quórum mínimo legal”.

Por seu turno, o artigo 71, parágrafo 5º. da LSA,


referido na cláusula contratual, contém o seguinte:

“A escritura de emissão estabelecerá a maioria necessária, que não


será inferior à metade das debêntures em circulação, para aprovar
modificação nas condições das debêntures”

Em suma, estabeleceu como regra geral a escritura de


emissão, dentro do que permite a LSA e nos limites da autonomia privada, que o
quórum exigível para aprovação de modificações nas condições de debêntures
seria tomada por maioria absoluta (metade das debêntures em circulação).
Exceção à regra geral, a parte final da cláusula fixou que alterações que tivessem
por objeto a remuneração ou o vencimento das debêntures exigiriam maioria
qualificada de 75% dos votos presentes à assembleia.

Além dos quóruns de deliberação sobre as modificações das

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condições das debêntures, existe cláusula contratual a respeito não do


vencimento ordinário, mas sim do vencimento antecipado das obrigações
relativas às debêntures, do seguinte teor:

“o Agente Fiduciário poderá declarar antecipadamente vencidas todas as


obrigações relativamente às Debêntures na ocorrência de qualquer dos
seguintes eventos (...), que a Emissora reconhece, desde logo serem
causa direta para aumento indevido do risco de inadimplemento das
obrigações assumidas pela Emissora relativamente às Debêntures: (...) (i)
inadimplemento, pela Emissora, de qualquer obrigação de natureza
pecuniária prevista e/ou assumida nesta Escritura não sanada no prazo de
10 (dez) dias úteis, contados da data de vencimento original; (xvi)
vencimento antecipado de qualquer dívida da Emissora e/ou da Agroz
Garantidora ou da Agroz Pecuniária, em montante global ou individual
igual ou superior a R$3.000.000,00 (três milhões de reais), em razão de
inadimplemento(s) contratual(is), ou seja, em razão da falta de qualquer
prestação devida, ou de descumprimento(s), voluntário(s) ou não, de
qualquer obrigação, pela Emissora, pela Agroz Garantidora ou pela Agroz
Pecuária, que implique o vencimento antecipado de qualquer dívida, ou
dívidas em conjunto, em montante global ou individual igual ou superior a
R$3.000.000,00 (três milhões de reais)” .

Além das cláusulas negociais acima reproduzidas, cabe


a análise do conteúdo da Instrução nº 028, de 23/11/83 (doc. 15), da Comissão
de Valores Mobiliários (CVM), cuja observância é obrigatória pelo agente
fiduciário (PLANNER). O artigo 13 de referida resolução reza que, no caso de
inadimplemento da companhia, o agente fiduciário deverá usar de toda e
qualquer ação para proteger direitos ou defender interesses debenturistas,
devendo para tanto: “I - declarar, observadas as condições da escritura de
emissão, antecipadamente vencidas as debêntures e cobrar seu principal e
acessórios” .

Dispõe o parágrafo único do citado artigo 13 da

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Instrução CVM nº 028/83 que o agente fiduciário somente se eximirá de sua


responsabilidade pela não adoção das medidas contempladas nos incisos I a IV
se, convocada a assembleia dos debenturistas, esta assim o autorizar por
deliberação da unanimidade das debêntures em circulação.

Pois bem.

A questão do vencimento antecipado das debêntures


(que não se confunde com o vencimento ordinário), segundo o próprio artigo 13
da Instrução CVM 028/83, deve ser declarado pelo agente fiduciário em
observância às condições da escritura de emissão.

A escritura de emissão, por seu turno, contempla


variadas hipóteses de vencimento antecipado das obrigações com origem nas
debêntures, dentre as quais o não pagamento de quaisquer parcelas da dívida e,
ainda, a existência de outros passivos, superiores a R$ 3.000.000,00, que
possam comprometer a higidez financeira da companhia emissora.

A cláusula contratual, acima reproduzida, diz que o


agente financeiro poderá declarar o vencimento antecipado das dívidas. Disso
decorre que tal situação não decorre automaticamente de qualquer
inadimplemento, mas de um juízo de conveniência e de vantagens aos direitos da
comunidade de debenturistas.

No caso concreto, alguns pagamentos não foram


efetuados pela sociedade emissora das debêntures, e a prorrogação dos
respectivos vencimentos, em duas assembleias, se deu por unanimidade de
votos.

Na terceira assembleia a solução das parcelas em


atraso ocorreu mediante acordo de dação em pagamento de imóveis de valor
sensivelmente superior à dívida em aberto.

Logo, se o inadimplemento desapareceu, satisfeito por

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dação em pagamento aprovada com folga pela maioria dos debenturistas, em


estrita obediência à cláusula 7.6 da escritura de emissão, sob tal ângulo não há
razoabilidade na alegação de que houve alteração dos vencimentos, a exigir a
maioria qualificada de 75%.

3. Poder-se-ia cogitar, é certo, de uma segunda razão


para a ocorrência de vencimento antecipado da dívida, qual seja, a existência de
outras dívidas, de credores não debenturistas, que realmente existem e estão
comprovadas nos autos, de valor superior a R$ 3.000.000,00.

Sucede, porém, que tal causa de vencimento, a um


primeiro exame, compatível com este momento processual, tem a função de
garantia, para evitar que alterações supervenientes da situação econômica da
devedora não deteriorem ou coloquem em risco o crédito ou as garantias dos
debenturistas.

É por isso que a própria cláusula da escritura de


emissão dispõe que o agente fiduciário poderá, e não deverá declarar o
vencimento antecipado da dívida. Tal faculdade envolve um juízo de
conveniência da execução imediata de todo o crédito, ou da adoção de outra
solução que melhor atenda aos interesses dos debenturistas.

No caso concreto, o agente fiduciário não permaneceu


inerte frente à gravidade da situação financeira da sociedade emissora.
Convocou assembleia e aprovou modalidade de extinção parcial da obrigação,
mediante dação em pagamento de imóveis cujos valores, somados, superam as
parcelas em atraso.

Não tenho elementos e nem provas para qualificar o


negócio de dação em pagamento como simulação, ou melhor, negócio jurídico
indireto de prorrogação dos vencimentos da dívida.

A escritura de dação já foi lavrada e o que se permitiu à


sociedade emissora de debêntures foi a recompra dos imóveis a termo (que se

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aproxima, pois fixado para o mês de dezembro de 2.015), ou, também, pacto de
preferência, caso os prédios nesse meio tempo sejam alienados pelos
debenturistas a terceiros.

A um primeiro exame, não consigo vislumbrar qual


prejuízo tal comportamento trouxe à autora, nem qual a vantagem lhe traria a
execução total da garantia, ao invés da imediata satisfação do crédito em atraso
mediante dação em pagamento.

Finalmente, não posso deixar de observar que constou


das últimas assembleias de debenturistas circunstância relevante: um dos
credores (Banco PINE) se propôs comprar pelo valor integral os créditos dos
demais debenturistas, proposta aceita por quase todos, exceção feita à autora,
ora agravada.

Parece contraditório que a autora, ora agravada, litigue


pela invalidação de assembleia que aprovou dação em pagamento para extinguir
parte do crédito, se rebele pelo fato de não ter o agente fiduciário declarado o
vencimento antecipado de toda a dívida, mas, de modo paradoxal, se recuse
alienar pelo valor de face o seu crédito a um dos demais debenturistas.

Somados todos os fatores acima, de rigor o provimento


do recurso para permitir o registro da escritura de dação em pagamento que, em
última análise, assegura o direito da comunidade de debenturistas, até que se
julgue o mérito da própria demanda.

Dou provimento ao recurso.

FRANCISCO LOUREIRO

Relator

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